REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10160741
Jordan Bento Teixeira1
Kevin Matheus de Farias Moura2
Elen Kérole Serrão Soares3
Grizelia de Souza Oliveira4
Ivanilda Verçoza Lima5
Rosileide Alves Livramento6
RESUMO
Introdução: A incontinência urinária é definida como qualquer perda involuntária de urina, sendo uma disfunção comum que acomete principalmente as mulheres. Objetivo: Analisar a atuação fisioterapêutica no fortalecimento da região pélvica para tratamento da incontinência urinária em mulheres idosas. Metodologia: O trabalho trata-se de uma revisão de literatura, foram utilizadas as seguintes bases de dados: Pubmed, Lilacs e Medline. Resultados: Dentre os 211 artigos encontrados nas bases de dados, foram selecionados 13 para compor essa revisão, estes por sua vez, utilizaram intervenções fisioterapêuticas para o fortalecimento do assoalho pélvico de forma isolada ou usando técnicas combinadas a fim de tratar a incontinência urinária em mulheres idosas. Considerações finais: Através desse estudo constatou-se que, as intervenções fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da incontinência urinária em mulheres idosas demonstraram eficácia. O TMAP se mostrou como opção terapêutica mais viável, comprovada pelos resultados dos estudos analisados.
Palavras-chave: Fisioterapia, Incontinência urinária, Mulheres idosas.
ABSTRACT
Introduction: Urinary incontinence is defined as any involuntary loss of urine, being a common dysfunction that mainly affects women. Objective:To analyze the physiotherapeutic performance in strengthening the pelvic region for the treatment of urinary incontinence in elderly women. Methodology: The work is a literature review, the following databases were used: Pubmed, Lilacs and Medline. Results: Among the 211 articles found in the databases, 13 were selected to compose this review, these in turn used physiotherapeutic interventions to strengthen the pelvic floor alone or using combined techniques in order to treat urinary incontinence in women elderly. Finalconsiderations:Through this study it was found that the physiotherapeutic interventions used to treat urinary incontinence in elderly women demonstrated effectiveness. TMAP proved to be the most viable therapeutic option, proven by the results of the studies analyzed.
Keywords: Physiotherapy, Urinary incontinence, Elderly women.
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento é uma fase sequenciada da existência, começando no nascimento e terminando com a morte. Através da Política Nacional do Idoso (PNI), a Lei n. 8.842/1994, determina-se como idoso toda pessoa maior de 60 anos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelam que no último censo, realizado em 2010, o percentual de idosos no Brasil era de 7,32% da população total (SANTOS, 2022).
Silva et al. (2022) afirma que o risco para o desenvolvimento de uma condição de adoecimento no processo de envelhecimento se torna cada vez mais frequente. Uma das afecções muito frequentes em idosos é a Incontinência Urinária (IU) que, apesar de não fazer parte da natureza do envelhecimento, sua relação com a mesma possivelmente se deve ao fato dos idosos sofrerem alterações nas estruturas do músculo detrusor, como o desenvolvimento de hipersensibilidade à norepinefrina e fibrose, que geram contrações involuntárias deste músculo (MARQUES et al., 2015).
A International Continence Society (ICS) define a incontinência urinária como qualquer perda involuntária de urina, sendo uma disfunção comum que acomete principalmente as mulheres. Em virtude de sua alta prevalência configura um problema de saúde pública que prejudica a qualidade de vida de milhares de pessoas (CESTARI; CESTARI; SILVA, 2016). Análise de estudos mostraram que a prevalência de algum grau de IU oscilou entre 25 e 45% nas mulheres e entre 7 e 37% nas mulheres com faixa etária entre 20 e 39 anos. Em mulheres com mais de 60 anos, dados revelam que essa taxa variou entre 9 e 39% (ARDILA, 2015).
Em seus estudos, Virtuoso, Menezes e Mazo, (2015) destacam que na população idosa feminina (≥60 anos) coexistem uma série de fatores de risco associados à incontinência urinária (IU), como a chegada da menopausa e os efeitos do parto sob a musculatura do assoalho pélvico.
Além disso, Mourão et al. (2017) destacam outros fatores de risco, são eles: idade, obesidade, raça branca, hereditariedade, partos vaginais ou traumáticos, multiparidade e gravidez em idade avançada, condições associadas a aumento da pressão intra-abdominal, deficiência estrogênica, tabagismo, doenças do colágeno, diabetes, neuropatias e histórico de infecção urinária.
A IU não é uma doença que ameaça a vida, mas tem um impacto altamente negativo na saúde da mulher, afetando diversos aspectos da vida cotidiana e qualidade de vida, incluindo atividades pessoais, de trabalho e lazer, isto é o que afirma Mota (2017).
Além dos prejuízos fisiológicos, os idosos acometidos com IU podem ter os sentimentos de solidão e isolamentos social potencializados, isso acontece porque geralmente são mais restritos no desempenho das funções diárias de autocuidado e de socialização, o que pode acarretar quadros de depressão e ansiedade (SILVA et al., 2022). Essa restrição social provavelmente é motivada pelo medo do idoso perder urina em público, por sua grande demanda de ir ao banheiro e até mesmo vergonha de exalar odor de urina. Em virtude do constrangimento, por idas diversas ao banheiro, ou mesmo vergonha de exalar odor de urina o que resulta em 40% menos de chances de isolamento (ULRICHI; BÓS, 2020).
As opções de tratamento são cirúrgicas e conservadoras. A cirurgia ainda é muito utilizada, porém nem sempre é um procedimento que alcança o sucesso (CÂNDIDO et al., 2017). Dentre os tratamentos conservadores destacam-se: a terapia comportamental que funciona com alterações na dieta alimentar visando não ingerir alimentos que podem irritar a bexiga e gerenciamento de fluidos; terapias medicamentosas com solifenacina, tolterodo, oxibutina, entre outros; treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP) utilizado para redução da perda de urina; entre outros (CUI et al., 2022).
Para a escolha do tratamento mais eficaz, é necessário que aspectos da mulher como um todo sejam levados em consideração, o que inclui a patologia, aspectos emocionais e sociais (JÁCOMO et al., 2014). Onde o tratamento conservador mais indicado por especialistas é o TMAP que visa fortalecer a sustentação do trato urinário inferior, de forma que as contrações voluntárias da musculatura perineal exerçam influência no fechamento uretral (SILVA et al., 2014).
Entre tais tratamentos encontra-se a atuação da fisioterapia no tratamento da IU que consiste na reeducação perineal, através de exercícios, técnicas e equipamentos com o intuito de possibilitar aumento da força de contração das fibras musculares, realizar a reeducação abdominal e uma recuperação estática lombo-pélvica (GUERRA et al., 2014). As técnicas utilizadas pelos fisioterapeutas incluem o TMAP, biofeedback, eletroestimulação, entre outras (PINTO; ESQUÍVEL, 2022).
Conforme explicam Trindade e Luzes (2017) o TMAP consiste na cinesioterapia realizada através dos movimentos voluntários do assoalho pélvico, utilizados como forma de tratamento, de forma repetida que ocasionam o aumento da força muscular, uma resistência à fadiga, otimizando a mobilidade, a flexibilidade e a coordenação muscular.
O Biofeedback, segundo Silva et al. (2014), é um aparelho utilizado para mensurar os potenciais de ação das contrações musculares do assoalho pélvico demonstrando sua intensidade através de sinais visuais, esses sinais tendem a aumentar conforme as contrações se tornam mais eficazes. O aparelho possibilita a melhor conscientização e o controle seletivo dos músculos do assoalho pélvico, advertindo a paciente por meio de sinais visuais ou sonoros qual musculatura deve ser trabalhada e, portanto, intensificam os efeitos dos exercícios perineais.
Utiliza-se também a eletroestimulação que é uma técnica aplicada por meio de eletrodos, dispostos de formas variadas, de acordo com a finalidade desejada. Os efeitos do estímulo elétrico no assoalho pélvico incluem o aumento da pressão intrauretral por meio da estimulação direta dos nervos eferentes para a musculatura periuretral, e a melhora do fluxo sanguíneo local (CESTARI; CESTARI; SILVA, 2016).
O objetivo do presente trabalho é analisar a atuação fisioterapêutica no fortalecimento da região pélvica para tratamento da incontinência urinária em mulheres idosas.
2. METODOLOGIA
Foi realizado uma revisão da literatura com objetivo de buscar estudos que reverenciam sobre os tratamentos fisioterapêuticos aplicados em mulheres idosas com incontinência urinária. Efetuou-se busca nas principais bases eletrônicas de dados da Lilacs, PubMed e Medline. Foram utilizados os
seguintes descritores nos idiomas português e inglês: fisioterapia/ Physiotherapy, incontinência urinária/ urinary incontinence, mulheres idosas/elderly women. Os critérios de Inclusão utilizados são: artigos disponíveis na íntegra de forma gratuita; publicados em português e inglês; publicados no período de 2013 a 2023. Os critérios de exclusão determinados são: estudos incompletos ou em andamento; títulos de artigo que não condizem com os descritores.
Reunindo as três bases de dados incluídas na pesquisa foram encontrados 211 artigos sobre o tema, após a análise mediante os critérios de inclusão e exclusão foram identificados 13 trabalhos para compor os resultados de acordo com a figura 1.
Figura 1. Fluxograma da pesquisa.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2023.
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Apresenta-se no quadro 1, as características dos estudos inclusos nesta revisão bibliográfica, com os seguintes itens: autor, ano de publicação, tema, base de dados e resultados. Dessa forma, foram incluídos: 2 estudos da Lilacs, 4 da Medline e 7 da Pubmed, totalizando 13 artigos acerca da temática.
Quadro 1. Resultados da pesquisa
Ano | Autor | Título | Base De Dados | Principais Resultados |
2017 | SILVA, L. W. S. et al. | Fisioterapia na incontinência urinária: olhares sobre a qualidade de vida de mulheres idosas. | Lilacs | A cinesioterapia do assoalho pélvico foi positiva para o bem-estar físico e emocional das participantes do estudo. Verifica-se a importância da disseminação de informações em saúde, sobre as diversas patologias que enlaçam a IU, a fim de possibilitar a realização de diagnóstico precoce e a adequada intervenção, de modo a corroborar o melhor entendimento das causas, do tratamento e da prevenção; |
2016 | VIRTUO SO, J. F. et al. | Treinamento resistido para manutenção da continência urinária após tratamento fisioterapêutico em mulheres na terceira idade: um estudo-piloto | Lilacs | Os resultados mostram: manutenção da continência, manutenção ou melhora nos itens do PERFECT, melhora das aptidões físicas e das dimensões corporais. Como conclusão: o treinamento resistido pode minimizar a recidiva da incontinência após a reabilitação. |
2015 | JAHRO MI, M. K. et al. | O Efeito dos Exercícios da Musculatura Pélvica na Incontinência Urinária e na Autoestima de Idosas com Incontinência Urinária de Esforço. | Medline | Os exercícios da musculatura pélvica foram um mecanismo de empoderamento das mulheres incontinentes na melhoria de sua qualidade de vida e autoestima, por isso recomenda-se que tais programas de exercícios sejam utilizados em centros de saúde de idosos como um fator para melhorar a promoção da saúde de idosos que sofrem de incontinência urinária. |
2023 | TANG, K. et al. | Efeito da Eletroacupuntura Adicionada ao Treinamento da Musculatura do Assoalho Pélvico em Mulheres com Incontinência Urinária de Esforço: Ensaio Clínico Randomizado. | Pubmed | Neste ensaio clínico randomizado, o tratamento combinado de 8 semanas com TMAP + EA levou a uma maior melhora nos sintomas de IUE e melhores resultados do que com TMAP + EA simulada. |
2020 | DUMOU LIN, C. et al. | Treinamento Muscular do Assoalho Pélvico em Grupo vs Individual para Tratamento da Incontinência Urinária em Mulheres Idosas: Um Ensaio Clínico Randomizado | Pubmed | Os resultados deste estudo mostram que o TMAP em grupo não é inferior ao nível recomendado para o nível individual, e o uso generalizado na prática clínica pode aumentar a capacidade de tratamento da incontinência urinária para mulheres idosas. |
2019 | WEBER -RAJEK, M. et al. | Estudo Piloto de Estudo Randomizado-Controlad o Examinando o Efeito do Treinamento Muscular do Assoalho Pélvico na Concentração de Irisina em Idosas com Incontinência Urinária de Esforço com Sobrepeso ou Obesidade. | Medline | O programa terapêutico induziu um aumento estatisticamente significativo na concentração de irisina nos participantes do estudo e a gravidade da incontinência urinária. Houve correlação negativa moderada entre os resultados do IMC e a concentração de irisina no grupo experimental. Houve correlação positiva fraca entre os resultados do IMC e a concentração de irisina no grupo controle. |
2013 | LABRIE, J. et al. | Cirurgia versus Fisioterapia na Incontinência Urinária de Esforço. | Medline | Para mulheres com incontinência urinária de esforço, a cirurgia inicial de sling médio-uretral, em comparação com a fisioterapia inicial, resulta em maiores taxas de melhora subjetiva e cura subjetiva e objetiva em 1 ano. |
2018 | RADZIM IŃSKA, A. et al. | O impacto do treinamento da musculatura do assoalho pélvico na concentração de miostatina e gravidade da incontinência urinária em idosas com incontinência urinária de esforço – um estudo piloto. | Pubmed | Foram incluídos na análise 74 participantes: 40 participantes do grupo experimental (GE) e 34 participantes do grupo controle (GC). O GE foi submetido ao TMAP e não houve intervenção terapêutica no GC. O TMAP efetivo causa diminuição da concentração de miostatina e melhora na gravidade da IU em idosas com IU de esforço. |
2015 | LEONG, B. S.; MOK, N. W. | Eficácia de uma nova Urina normalizada Programa de Fisioterapia de Continência para mulheres idosas residentes na comunidade em Hong Kong | Medline | Os participantes foram aleatoriamente designados ao grupo intervenção onde receberam oito sessões de Fisioterapia da Continência Urinária Programa por 12 semanas. Este grupo recebeu educação sobre incontinência urinária do assoalho pélvico treinamento muscular com palpação manual e verbal feedback e terapia comportamental. O controle grupo (n=28) recebeu orientação e educação panfleto sobre incontinência urinária. Houve melhora significativa nos sintomas urinários no grupo de intervenção |
2019 | WAGG, A. et al. | Intervenção de exercício no manejo da incontinência urinária em mulheres idosas em aldeias de Bangladesh: um ensaio randomizado por cluster. | Pubmed | Neste ensaio randomizado por conglomerados, recrutamos mulheres com idade entre 60 e 75 de 16 pares de aldeias em Bangladesh, a intervenção de exercício foi uma aula de TMAP em grupo conduzida por fisioterapeuta que foi realizada duas vezes por semana durante 12 semanas, com exercícios domiciliares entre as aulas e até 24 semanas. Uma intervenção estruturada de exercícios em grupo tem o potencial de controlar a incontinência urinária em mulheres idosas em comunidades em grande parte fora do alcance de intervenções farmacêuticas ou cirúrgicas. |
2022 a | CACCIA RI, L. P. et al. | Treinamento muscular do assoalho pélvico em grupo é uma abordagem mais custo-efetiva para tratar incontinência urinária em mulheres idosas: análise econômica de um ensaio clínico randomizado. | Pubmed | Em comparação com o TMAP individual padrão, o TMAP em grupo foi menos dispendioso, clinicamente eficaz e amplamente aceito. Esses resultados indicam que pacientes e tomadores de decisão em saúde devem considerar o TMAP em grupo como uma opção custo-efetiva de tratamento de primeira linha para incontinência urinária. |
2022 b | CACCIA RI, L. P. et al. | Nunca tarde para treinar: os efeitos do treinamento da musculatura do assoalho pélvico na forma do hiato do elevador em mulheres idosas incontinentes. | Pubmed | O treinamento da MAP resultou em redução do tamanho do hiato do elevador em direção a uma forma mais “circular”, o que foi consistentemente associado com maior força da MAP e menor gravidade da IU sugerindo que as mulheres potencialmente se beneficiarão do treinamento da MAP, independentemente da idade, gravidade da IU, IMC e tipo de IU (de estresse ou mista), com alterações que podem ser observadas na anatomia funcional do assoalho pélvico e sustentadas em longo prazo. |
2020 | WEBER -RAJEK, M. et al. | Avaliação da Efetividade do Treinamento Muscular do Assoalho Pélvico (TMAP e Inervação Magnética Extracorpórea (IMEX) no Tratamento da Incontinência Urinária de Esforço em Mulheres: Estudo Controlado Randomizado. | Pubmed | O ensaio clínico randomizado e controlado incluiu 128 mulheres com incontinência urinária de esforço, alocadas aleatoriamente em um dos dois grupos experimentais. O treinamento da musculatura do assoalho pélvico e a inervação magnética extracorpórea mostraram-se métodos eficazes de tratamento da incontinência urinária de esforço em mulheres. Os autores observaram melhora tanto no aspecto físico quanto no psicossocial. |
Um ensaio clínico prospectivo, multicêntrico, randomizado e controlado foi conduzido por Tang et al. (2023) em quatro hospitais na China envolvendo 304 mulheres com IUE que receberam TMAP durante 8 semanas os achados foram uma melhora nos sintomas da incontinência. Similarmente, o estudo de Silva et al. (2017) encontrou o mesmo resultado em sua intervenção que consistiu em sessões de cinesioterapia para o assoalho pélvico em um período de 3 meses.
A pesquisa de Weber-Rajek et al. (2019) e a de Virtuoso et al. (2016) entram em consenso a eficácia do treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) na resolução do quadro de perdas urinárias. Dumoullin et al. (2020) também demonstra resultados positivos com este tipo de método, porém sua aplicação é feita em grupo constatando eficácia e redução de custos no tratamento.
O estudo de Cacciari et al. (2022a) avaliou 362 mulheres com idade maior que 60 anos com incontinência urinária de esforço ou mista. A intervenção consistiu em doze sessões semanais de 1 hora de TMAP realizadas individualmente (um fisioterapeuta por mulher) ou em grupos (um fisioterapeuta por cada oito mulheres). Ambos os grupos obtiveram ganhos no tratamento. O estudo multicêntrico e randomizado, Labrie et al. (2013) também utilizou o TMAP como tratamento convencional. Sua amostra foi dividida em dois grupos: grupo tratamento convencional e cirurgia. Porém, seus resultados demonstraram que as mulheres aleatoriamente designadas para se submeter à cirurgia inicial tiveram significativamente mais chances de ter melhora aos 12 meses do que aquelas designadas para receber fisioterapia inicial. A cirurgia também resultou em melhora maior do que a fisioterapia em todos os desfechos secundários.
Os estudos realizados por Cacciari et al. (2022b), Leong e Mok (2015) e Weber-Rajek et al. (2020) utilizaram o TMAP associado a outras técnicas como terapia comportamental, biofeedback, programa virtual de dança e inervação magnética extracorpórea. Os efeitos observados foram maior força nos MAPs, alívio dos sintomas e eficácia no tratamento tanto no aspecto físico quanto no psicossocial.
Na pesquisa de Radzimińska et al. (2018) evidenciou-se que o TMAP efetivo causa diminuição da concentração de miostatina e melhora na gravidade da IU em idosas com IU de esforço, o tratamento consistiu em A intervenção compreendeu um programa de treinamento planejado de 4 semanas com 12 sessões terapêuticas de TMAP supervisionada durante 45 minutos. O tipo e a dificuldade do exercício foram ajustados individualmente à aptidão psicofísica dos participantes. Com um resultado similar, Wagg et al. (2019) e Jahromi et al. (2015) corroboram com o estudo de Radzimińska et al. (2018), os pesquisadores utilizaram um programa de exercícios em grupo de TMAP, em mulheres com idade entre 60 e 75, complementado com um plano de exercícios em casa, os resultados apontaram que ele foi bem-sucedido em diminuir a incontinência urinária.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desse estudo constatou-se que, as intervenções fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da incontinência urinária em mulheres idosas demonstraram eficácia. O TMAP se mostrou como opção terapêutica mais viável, comprovada pelos resultados dos estudos analisados.
Observou-se que a fisioterapia é de suma importância no tratamento da IU feminina, em muitos casos, os benefícios deste tratamento conservador se dão mediante a combinação de duas ou mais modalidades terapêuticas, porém isso depende de cada quadro. Assim, conclui-se que a fisioterapia, conforme abordado na literatura, é um elemento eficaz e imprescindível para as idosas incontinentes, por isso se faz necessário cada vez mais estudos na área para confirmar a confiabilidade e aperfeiçoar o uso dessas técnicas de terapia.
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1Acadêmico do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro;
2Acadêmico do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro;
3Acadêmica do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro;
4Acadêmica do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro;
5Acadêmica do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro;
6Professora orientadora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro.