ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO ESTÁGIO INICIAL DA DOENÇA DE ALZHEIMER: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Autores:
Ana Carla do Nascimento Martins
Nayanne Resende Dias



RESUMO

As doenças neurodegenerativas consistem em patologias que afetam o sistema nervoso e causam a degeneração progressiva dos neurônios, o que prejudica as funções necessárias para uma vida independente e autônoma, dentre essas doenças está a doença de Alzheimer. Os sintomas inicialmente são caracterizados pelas falhas de memória, alterações motoras, e dificuldades na realização das atividades diárias, fazendo necessária a intervenção por meio da fisioterapia. O objetivo deste estudo foi identificar quais as técnicas fisioterapêuticas mais utilizadas no tratamento inicial da doença de Alzheimer, a fim de melhorar a função motora e desacelerar seu processo degenerativo. Foi realizada uma busca bibliográfica em torno da doença de Alzheimer e a atuação da fisioterapia na mesma, nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e PubMed. Dos 12 estudos analisados sugerem que exercícios que estimulam a cognição, mobilidade, força, resistência muscular, motricidade, alcance funcional, como exercícios de alongamento, fortalecimento, coordenação motora, tarefas cognitivas, treino de equilíbrio, treino de marcha são eficazes no tratamento inicial do paciente com Alzheimer trazendo benefícios no controle da progressão da mesma. Conclui-seque a fisioterapia é capaz de intervir e contribuir de forma positiva na redução dos danos cognitivos e na preservação da capacidade funcional, sendo considerada fundamental no tratamento da doença de Alzheimer.

Palavras-chave: Alzheimer. Fisioterapia. Exercícios.

INTRODUÇÃO

As doenças neurodegenerativas consistem em patologias que afetam o sistema nervoso e causam a degeneração progressiva dos neurônios, o que, consequentemente, pode provocar demências, associadas a ataxias, caracterizadas por perda de equilíbrio e coordenação. Quando um indivíduo é afetado por demências, sua capacidade mental é prejudicada, alterando as funções necessárias para que tenha uma vida independente e autônoma, dentre essas doenças está a doença de Alzheimer (DA) (FERREIRA et al., 2016).

A DA é uma neuropatologia degenerativa que leva a deterioração de células cerebrais e não pode ser revertida, sendo caracterizada pela demência, perda de memória e perda das funções cognitivas. Manifesta de forma silenciosa e inúmeros fatores de riscos podem estar associados ao desenvolvimento da doença, os sintomas progridem de forma lenta apenas aparecendo quando há alterações patológicas decorrentes da degeneração do tecido nervoso (BITENCOURT et al., 2018).

Os sintomas são descritos em três estágios, sendo eles, inicial, intermediária e terminal, que caracterizam a evolução da doença. Inicialmente ocorrem as falhas de memória, alterações motoras, e dificuldades progressivas das atividades diárias, tornando-se necessária a intervenção fisioterapêutica a fim de retardar a progressão da DA e a conservação da qualidade de vida pelo maior tempo possível (MEDEIROS et al., 2015; FERREIRA et al., 2016; GONÇALVES; SILVA; FERREIRA, 2017).

Trabalho de Curso apresentado a Faculdade UNA, como requisito parcial para a integralização do curso de Fisioterapia, sob orientação da professora Esp. Ana Carolina Mesquita do Nascimento.

A fisioterapia é a ciência que estuda, diagnostica, previne e recupera pacientes com distúrbios cinéticos funcionais, decorrentes dos sistemas do corpo humano. No processo da DA ela tem como objetivo preservar as funções motoras e evitar deformidades, buscando a independência do paciente, além de atuar juntamente com outros profissionais da saúde prestando orientações à família (HERNANDEZ et al., 2010; MEDEIROS et al., 2015).

O tratamento fisioterapêutico é realizado através de exercícios de resistência e fortalecimento para manter e aumentar a força muscular, melhora na amplitude de movimento e equilíbrio, e melhora o metabolismo, e também promover a estimulação motora e cognitiva, aumento da capacidade funcional e de aprendizagem (LIMA et al., 2016).

O exercício físico praticado regularmente é capaz de inibir boa parte das mudanças cerebrais causadas pela DA, além de prevenir e controlar outras doenças crônico-degenerativas. Pode ser realizado através da cinesioterapia associado ao padrão respiratório diafragmático, trabalhos de coordenação e movimentos finos, e treinamento aeróbico benéfico para função cardiorrespiratória (LIMA et al., 2016; GLISOI; SILVA; SANTOS – GALDUROZ, 2018).

Diante da abordagem da fisioterapia no estágio inicial da DA a pesquisa é relevante visto analisar estudos sobre exercícios motores com pacientes de Alzheimer visando gerar informações evidenciando os benefícios em indivíduos alvo para melhora da cognição e da força muscular, prevenir danos motores, diminuir complicações e deformidades, melhorar amplitudes de movimento, melhorar equilíbrio e consequentemente prevenir quedas.

Desta forma o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura no sentido de mapear quais as técnicas fisioterapêuticas mais utilizadas no tratamento inicial da doença de Alzheimer, capaz de promover a melhora da função motora, proporcionando melhor qualidade de vida para os portadores da doença.

METODOLOGIA

O presente estudo teve caráter de revisão bibliográfica. Inicialmente, buscou ferramentas teóricas para estabelecer conceitos em torno da doença de Alzheimer e atuação da fisioterapia na mesma.

Posteriormente foi realizada uma busca nas bases de dados: Scielo, Google Acadêmico e PubMed.

Para a busca dos artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chave: Alzheimer, fisioterapia, exercícios.

O fluxograma abaixo representa o processo de busca bibliográfica.

Fluxograma 1 – Apresentação da busca bibliográfica.

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Fonte: os autores.

RESULTADO E DISCUSSÃO

O quadro abaixo apresenta os artigos de revisão bibliográfica selecionados para esta produção.

Quadro 1. Mapeamento de resultados da busca de artigos científicos de revisão literária.

AUTOR/ANO/ REVISTA DE PUBLICAÇÃOTÍTULOOBJETIVOMETODOLOGIARESULTADO
Coelho et al., 2009 Rev Bras Psiquiatr.Atividade física sistematizada e desempenho cognitivo em idosos com demência de Alzheimer: uma revisão sistemáticaRealizar uma revisão sistemática dos estudos que analisaram o efeito da atividade física sistematizada no desempenho cognitivo em idosos com doença de AlzheimerRevisão sistemática da literatura orientada pela busca bibliográfica nas seguintes bases de dados: PsycINFO, Biological Abstracts, Medline, Web of Science, Physical Education Index e SPORTDiscus. A seleção dos artigos baseou-se em estudos contendo funções cognitivas como variável dependente, programas de atividade sistematizada, indivíduos acima de 60 anos com diagnóstico clínico de DA.Os estudos encontrados mostraram que a atividade física sistematizada contribuiu para melhorar pelo menos temporariamente as funções cognitivas em pacientes com doença de Alzheimer, particularmente, atenção, funções executivas e linguagem.
Medeiros et al., 2015 Revista UNILUS Ensino e PesquisaA influência da fisioterapia na cognição de idosos com doença de AlzheimerDescrever os efeitos da Fisioterapia como um tratamento paliativo na cognição dos idosos com DARevisão bibliográfica sobre a influência da fisioterapia na DA com uma busca através do Lilacs, Scielo, Medline e Bireme com 9 artigos incluídos.Visto que as dificuldades motoras dos pacientes decorrem de alterações na função cognitiva, uma intervenção terapêutica que envolva estes dois contextos se faz necessária na prevenção e tratamento
Lima et al., 2016 Boletim Informativo Unimotrisaude em Sociogerontolog ia O papel da fisioterapia no tratamento da doença de Alzheimer: uma revisão de literatura Realizar uma revisão de literatura sobre o papel do fisioterapeuta no tratamento da doença de Alzheimer. Estudo de revisão literária, onde se realizou uma pesquisa sobre o tema abordado em artigos publicados no período de 2006 a 2015 nas bases de dados LILACS, SciELO e Google Acadêmico A intervenção fisioterapêutica é fundamental na prevenção e no tratamento de DA, ela pode contribuir em qualquer fase da doença de Alzheimer ao atuar tanto na manutenção quanto na melhora do desempenho funcional do indivíduo, ajudando na motricidade, força e resistência muscular e no bem estar do paciente.
Ferreira et al., 2016 Mostra Interdisciplinar do curso de Enfermagem Doença de Alzheimer Fazer uma revisão da literatura sobre acerca da conduta terapêutica na doença de Alzheimer identificando os principais grupos farmacológicos e efeitos colaterais. Trata-se de uma pesquisa feita a partir do levantamento de referências teóricas analisadas e publicadas por meio de artigos. O trabalho apresenta a realidade da maioria dos pacientes e da família que não tem acesso ao conhecimento da doença, das unidades de saúde que não disponibiliza materiais informativos, a proposta desse estudo é auxiliar a família como cuidar de um paciente com DA, repassando as informações necessárias para a busca de tratamento adequado para o idoso com demência.
Gonçalves, Silva, Ferreira, 2017 Open Journal Systems Seção: Ciências da Saúde Tratamento fisioterapêutico na doença de Alzheimer no estágio inicial: revisão da literatura Relatar através da revisão da literatura a relevância do tratamento fisioterapêutico na DA na fase inicial. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, disponibilizando auxílio teórico através de fontes seguras e teorias fundamentadas de vários autores. Percebeu-se a necessidade de reabilitação global, não apenas motora, como também ao retorno das relações pessoais e interpessoais, na manutenção da independência e do bemestar, durante um maior tempo possível. A utilização da cinesioterapia através de programas de alongamentos, mobilizações, exercícios isotônicos, isométricos, isocinéticos e exercícios aeróbios são necessários para prevenção de problemas osteoarticulares e cardiovasculares, além da hidroterapia, as atividades lúdicas, de circuito, envolvendo jogos, músicas, brincadeiras, são essenciais para estimulação cognitiva.
Glisoi, Silva e Santos- Galduróz, 2018 Rev Soc Bras Clin Med. Efeito do exercício físico nas funções cognitivas e motoras de idosos com doença de Alzheimer: uma revisãoAnalisar o efeito do exercício físico nos aspectos cognitivos e motores de idosos com doença de Alzheimer.Revisão sistemática da literatura, orientada por busca nas seguintes bases de dados: PubMed, MEDLINE, LILACS, Periódico CAPES e Web of Science. Os estudos selecionados abordavam a intervenção apenas com exercício físico sem estimulação cognitiva e estudos com desfechos motores e cognitivos. No período de 2011 a 2016.Após análise dos estudos o resultado obtido entre a comparação de um grupo em tratamento e outro não, o de tratamento apresentou melhora nas funções físicas com maior alcance funcional, melhora na mobilidade e aumento na resistência corporal, ou seja, um programa desenvolvido especificamente para pessoas com demência é eficaz na melhoria de domínios cognitivos e físicos, impactando na funcionalidade e qualidade de vida dos mesmos.
Bitencourt et al., 2018 Revista Inova Saúde Doença de Alzheimer: aspectos fisiopatológicos, qualidade de vida, estratégias terapêuticas da fisioterapia e biomedicina. Compreender os aspectos fisiopatológicos da doença de Alzheimer e a atuação do fisioterapeuta e do biomédico para minimizar as dificuldades e retardar a progressão da doença. Trata-se de uma revisão de literatura, que busca abordar os aspectos fisiopatológicos e o tratamento relacionado a pratica fisioterapêutica e a participação da biomedicina. Foram usadas em bases nacionais e internacionais, sugerindo suas respectivas traduções. Em bases de dados como: Scielo, LILACS e PubMed.Os estudos analisados sugerem a eficácia da Fisioterapia, na melhora da função motora, para manter o equilíbrio, a força e a cognição em pacientes com DA, e a biomedicina se faz importante para auxiliar nas áreas avaliam a qualidade de vida do paciente, criar estratégias educativas, de prevenção, promoção e intervenção na busca de uma velhice bem- sucedida junto aos familiares e cuidadores.
Fonte: os autores.

O quadro abaixo apresenta os artigos originais selecionados para esta produção.

Quadro 2. Mapeamento de resultados da busca de artigos científicos de produção original.

AUTOR/ANO/ REVISTA DE PUBLICAÇÃOTÍTULOOBJETIVOMETODOLOGIARESULTADO
Hernandez et al., 2010 Revista Brasileira de FisioterapiaEfeitos de um programa de atividade física nas funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas em idosos com demência de AlzheimerAnalisar os efeitos de um programa de atividade física regular, sistematizado e supervisionado sobre as funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas de idosos com demência de AlzheimerDezesseis idosos com idade média de 78,5±6,8 anos foram alocados em dois grupos: grupo intervenção (GI; n=9) e grupo rotina (GR; n=7). O GI praticou seis meses de atividade física sistematizada, e ambos os grupos foram avaliados por meio dos seguintes testes: Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB), Timed Up and Go (TUG) e de Agilidade e Equilíbrio Dinâmico (AGILEQ) da bateria da American Alliance for Health Recreation and Dance (AAHPERD). Houve interação significativa entre os grupos e momentos para o teste AGILEQ. O teste U Mann Whitney apontou diferenças significativas intergrupos. Na análise intragrupo, o teste de Wilcoxon mostrou piora significativa no MEEM, TUG e EEFB do GR, mas não do GI. O coeficiente de Spearman mostrou correlação significativa entre os resultados do MEEM e AGILEQ. Chegando a conclusão que a atividade física representa uma importante abordagem não farmacológica, beneficiando as funções cognitivas e o equilíbrio com diminuição do risco de quedas, e também a agilidade e o equilíbrio que estão associados com funções cognitivas em idosos com DA.
Groppo et al., 2012 Revista brasileira de educação física e esporteEfeitos de um programa de atividade física sobre os sintomas depressivos e a qualidade de vida de idosos com demência de AlzheimerAnalisar os efeitos de um programa de exercícios físicos sobre os sintomas depressivos e a percepção da Qualidade de vida (QV) de pacientes com Doença de Alzheimer (DA) e de seus cuidadores.Seis idosas realizaram um programa de exercícios físicos durante seis meses, outras seis compuseram o grupo controle. O MiniExame do Estado Mental, a Escala de Qualidade de Vida e a Escala de Depressão em Geriatria foram aplicados para avaliação das variáveis. Os dados foram analisados através de uma ANOVA \”two-way\” e correlação de Pearson, com nível de significância de 5% (p < 0,05).Os resultados mostraram que o programa proposto pode auxiliar na redução dos sintomas depressivos de pacientes com DA, mas não promoveu melhoras significativas na percepção da QV destes pacientes e nem de seus cuidadores. Entretanto, menores comprometimentos da percepção da qualidade de vida foram observados em pacientes e cuidadores que eram fisicamente ativos.
Ferretti et al., 2014 Revista Fisioterapia BrasilEfeitos de um programa de exercícios na mobilidade, equilíbrio e cognição de idosos com doença de AlzheimerAnalisar os efeitos de um programa de exercícios de força e equilíbrio na mobilidade, equilíbrio e cognitivo de idosos com Alzheimer.A pesquisa foi realizada com 12 indivíduos com idade entre 65 e 85 anos, divididos em Grupo Controle (GC) e Grupo Experimental (GE). Ambos os grupos foram avaliados no início e ao final das seis semanas de intervenção. O GE desenvolveu um protocolo de exercícios de força e equilíbrio, e o GC recebeu orientações domiciliares.O GE apresentou melhora nas variáveis equilíbrio e mobilidade e o GC apresentou declínio em ambas as variáveis.
Castilho Júnior et al., 2019 Open Journal SystemsUm programa de exercícios físicos influencia na funcionalidad e de idosos institucionali zados com doença de Alzheimer?Avaliar o impacto de um programa fisioterapêutico de exercícios físicos na independência de idosos com Doença de Alzheimer institucionalizado sTrata-se de um estudo de abordagem quantitativa do tipo intervencionista com idosos portadores da Doença de Alzheimer. O método de avaliação baseou-se no Índice de Barthel que consiste em um questionário que avalia o grau de independência do idoso, com perguntas que variam de 0 a 100. Foi realizada uma intervenção fisioterapêutica com exercícios de alongamento e fortalecimento muscular e treino de marcha e equilíbrio. Após a intervenção, compararam-se os dados iniciais e finais por meio da estatística descritiva através de tabelas.Os resultados indicaram melhora na funcionalidade entre o pré e o pós-teste. Conclusão: com este estudo demonstrou-se que a fisioterapia pode intervir e contribuir de forma positiva no tratamento para melhora do nível de independência dos pacientes acometidos com Alzheimer.
Dias et al., 2020 Revista Pesquisa em Fisioterapia – BahianaProtocolo de exercícios terapêuticos em grupo para pessoas com doença de AlzheimerVerificar o efeito de um programa de exercícios fisioterapêuticos sobre a saúde dos idosos com DA.Foi realizado um estudo longitudinal, em idosos com DA frequentadores de um Centro-Dia. Os participantes foram selecionados por meio de características demográficas e condições de saúde. Para análise das variáveis de desfecho foram avaliados pré e pós intervenção com os testes: Timed Up and Go (TUG), Caixa e Blocos, Escala de Berg e Alcance funcional em pé e sentado. Em seguida foram submetidos a um protocolo de intervenção em grupo. Utilizou-se para análise estatística o Teste T- Student Pareado e a correlação de Pearson.Foram realizadas 28 sessões com 11 idosas, com idade média de 88 anos, frequência semanal no Centro Dia de 4 vezes e pontuação média no MEEM de 12. Obtiveram significância estatística no teste Alcance Sentado pré 22,3 e pós 28,2 com p = 0,003 e, no teste de TUG pré 16,9 e pós 2,5, com p = 0,009. Além disso, o teste Berg e TUG apresentaram correlação negativa. O protocolo proposto contribuiu para melhora na saúde funcional observadas no aumento do alcance funcional e da mobilidade das idosas.
Fonte: os autores.

Diante dos artigos encontrados foi verificado que a intervenção por meio de atividades proporciona ao idoso portador da DA melhora da cognição e da função motora, melhora do equilíbrio e da capacidade funcional, além de contribuir na qualidade de vida dos pacientes e retardar a progressão da doença, abaixo destaca-se as condutas fisioterapêuticas utilizadas nos achados.

No estudo de Hernandez et al. (2010), que objetivou analisar os efeitos de um programa de atividade física regular, sistematizado e supervisionado sobre as funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas em idosos com Alzheimer, utilizaram um protocolo de exercícios com atividades de alongamento, treinamento com pesos, circuitos, jogos pré-desportivos, sequências de dança, atividades lúdicas e relaxamento, também foram utilizados aparelhos auxiliares como pesos, caneleiras, bastões, medicine ball, theraband e gymnastics ball, visando o desenvolvimento da capacidade funcional, coordenação, agilidade, equilíbrio, flexibilidade, força e capacidade aeróbia.

Em geral, foi observado que houve redução no tempo de execução no protocolo de exercícios no grupo intervenção, já no grupo que não realizava atividade física observou declínio significativo em todas as variáveis analisadas na pesquisa.

Groppo et al. (2012), realizaram um estudo com o objetivo de analisar os efeitos de um programa de exercícios físicos sobre os sintomas depressivos e a percepção da qualidade de vida de pacientes com Alzheimer e de seus cuidadores, foram submetidos a um programa de exercícios físicos onde enfatizavam a capacidade funcional, agilidade, equilíbrio, resistência de força e capacidade aeróbia, associados às tarefas cognitivas, como contagem regressiva, reconhecimentos de formas, cores, tarefas de fluência verbal, etc. A agilidade foi desenvolvida com exercícios que envolviam mudança de direção e mobilidade, o equilíbrio foi trabalhado por meio de circuitos com estimulações nos sistemas somatossensorial, vestibular e visual com materiais de diferentes densidades e dimensões para realizar as tarefas motoras, para resistência de força o protocolo envolvia exercícios com grandes grupos musculares de longas séries e baixa sobrecarga, e atividades de marcha que estimulassem a mobilidade e deambulação.

Foi observado que os pacientes do grupo de treinamento tiveram uma redução nos sintomas depressivos e melhora na qualidade de vida, enquanto o outro grupo apresentou um declínio acentuado (GROPPO et al., 2012).

Ferreti et al. (2014), ao analisarem os efeitos de um programa de exercícios de força, mobilidade, equilíbrio e cognição em idosos com Alzheimer, formaram dois grupos, um de controle que recebeu orientações domiciliares, e um experimental que realizou um programa de exercícios constituído por um circuito de equilíbrio e força. Trabalharam a marcha háluxcalcanhar em solo estável, flexão do joelho mantendo a extensão dos quadris na posição em pé, com tornozeleira de 0,5 kg em ambos os MMII, equilíbrio também em solo estável, subir e descer degraus (step 15cm), marcha lateral em solo estável, adução de quadris na posição sentada com bola de borracha entre os joelhos, equilíbrio bipodal na prancha retangular como apoio na parede e mini-agachamento deslizando a coluna na parede, foram realizados ainda marcha hálux-calcanhar sobre espuma de média densidade, flexão do joelho mantendo a extensão dos quadris na posição em pé, com tornozeleira de 01 kg em ambos os MMII, equilíbrio tandem sobre espuma de média densidade, subir e descer degraus (step 30cm), marcha lateral em solo instável, adução de quadris na posição sentada com Magic-circle entre os joelhos, equilíbrio bipodal na prancha retangular realizando flexão plantar e dorsiflexão, e mini-agachamento deslizando a coluna na parede com bola.

Evidenciou que os idosos representantes do grupo experimental melhoraram os escores dos testes de mobilidade e equilíbrio, o outro grupo apresentou aumento no tempo para realização dos mesmos testes colaborando para o aumento do risco de quedas (FERRETI et al., 2014).

Castilho Junior et al. (2019), realizaram um estudo a fim avaliar o impacto de um programa fisioterapêutico de exercícios físicos na independência de idosos com Alzheimer institucionalizados, onde foi aplicado um protocolo de atendimento com 30 sessões de 40 minutos, 3 vezes na semana para 4 idosos entre 60 e 70 anos na fase leve da DA. O protocolo contou com atividades de alongamento e fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e treino de marcha. Os idosos quando comparados a pré e pós intervenção com a fisioterapia demonstraram melhora na mobilidade, nas atividades e no uso do toilet, além de manter os idosos mais ativos e independentes.

Dias et al. (2020), com o objetivo de verificar o efeito de um programa de exercícios fisioterapêuticos sobre a saúde dos idosos com DA realizaram um estudo aplicando um protocolo de exercícios fisioterapêuticos dividido em três fases: preparatória, ativa e de desaquecimento. A fase preparatória continha exercícios de alongamento de cabeça, membros superiores e membros inferiores, exercícios de mobilidade e flexibilidade articular. A fase ativa iniciava com circuito funcional que envolviam equilíbrio, alcance funcional, coordenação motora global e fina, duplas tarefas para cognição, exercícios de mobilidade de tronco e membro superior, e força muscular. Na fase de desaquecimento eram realizados exercícios de relaxamento muscular em braços, pernas, glúteos, coluna e pés, exercícios de expressão facial, automassagem facial e exercícios respiratórios. Nos resultados, todas as variáveis avaliadas apresentaram modificações tanto na função psicomotora quanto no desempenho motor, evidenciando que o protocolo de exercícios proposto foi efetivo para manutenção da saúde funcional dos idosos, mobilidade e diminuição do risco de quedas.

Após a análise dos artigos foi possível identificar que exercícios de alongamento e, fortalecimento muscular, circuitos visando a capacidade funcional, coordenação motora, tarefas cognitivas, agilidade, mobilidade e flexibilidade, capacidade aeróbia, treino de equilíbrio e treino de marcha são eficazes no tratamento inicial do paciente com Alzheimer.

Nos artigos de revisão bibliográfica já realizados anteriormente a este estudo foi possível identificar que exercícios, tais como os que estimulam a cognição, mobilidade, força, resistência muscular, motricidade, alcance funcional realizados na fase precoce da doença trazem benefícios no controle da progressão da mesma. Sendo assim, a fisioterapia é considerada fundamental na prevenção e no tratamento da Doença de Alzheimer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo demonstrou que a fisioterapia é capaz de intervir e contribuir de forma positiva na redução dos danos cognitivos e na preservação da capacidade funcional, auxiliando por meio de exercícios na melhora do equilíbrio, da amplitude de movimento, da mobilidade e da coordenação, promovendo estimulação motora, fortalecimento muscular, a fim de prevenir e retardar distúrbios cinéticos funcionais, diminuindo assim o risco de complicações e deformidades. Se destacam atividades que envolvam percepção, agilidade, força, resistência, motricidade e deambulação, contribuindo significativamente na melhora física, psicológica, social e na manutenção da qualidade de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITENCOURT, E. M.; et al. Doença de Alzheimer: aspectos fisiopatológicos, qualidade de vida, estratégias terapêuticas da fisioterapia e biomedicina. Revista Inova Saúde, Criciúma, v. 8, n. 2, p. 138-157, 2018.

COELHO, F. G. M.; et al. Atividade física sistematizada e desempenho cognitivo em idosos com demência de Alzheimer: uma revisão sistemática. Rev Bras Psiquiatr., São Paulo, v. 31, n. 2, p. 163-170, 2009.

CASTILHO JÚNIOR, V. M.; et al. Um programa de exercícios físicos influencia na funcionalidade de idosos institucionalizados com doença de Alzheimer? Open Journal Systems, São Paulo, 2019.

DIAS, C. Q.; et al. Protocolo de exercícios terapêuticos em grupo para pessoas com doença de Alzheimer. Revista Pesquisa em Fisioterapia – Bahiana, São Paulo, v. 10, n. 3, p. 520-528, 2020.

FERREIRA, A. M.; et al. Doença de Alzheimer, Mostra Interdisciplinar do curso de Enfermagem, v. 2, n. 2, p. 1-8, 2016.

FERRETI, F.; et al. Efeitos de um programa de exercícios na mobilidade, equilíbrio e cognição de idosos com doença de Alzheimer. Revista Fisioterapia Brasil, v. 15, n. 2, p. 119-125, 2014.

GONÇALVES, A. S. Q.; SILVA, E. A. S.; FERREIRA, A. N. G. Tratamento fisioterapêutico na doença de Alzheimer no estágio inicial: revisão de literatura. Open Journal Systems Seção: Ciências da Saúde, v. 8, n. 8, 2017.

GLISOI, S. F. N.; SILVA, T. M. V.; GALDUROZ, R. F. S. Efeito do exercício físico nas funções cognitivas e motoras de idosos com doença de Alzheimer: uma revisão. Rev Soc Bras Clin Med, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 184-189, 2018.

GROPPO, H. S.; et al. Efeitos de um programa de atividade física sobre os sintomas depressivos e a qualidade de vida de idosos com demência de Alzheimer. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 26, n. 4, p. 1-8, 2012.

HERNANDEZ, S. S. S.; et al. Efeitos de um programa de atividade física nas funções cognitivas, equilíbrio e risco de quedas em idosos com demência de Alzheimer. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 68-74, 2010.

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MEDEIROS, I. M. P. J.; et al. A influência da fisioterapia na cognição de idosos com doença de Alzheimer. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 12, n. 29, p. 15-21, 2015.