ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO AMBIENTE DE EMERGÊNCIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

PHYSIOTHERAPY PRACTICE IN AN EMERGENCY SETTING: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202502122055


Ana Keite dos Santos Prestes1
Laura Dalboni Chagas2
Samantha de Freitas Campos3


RESUMO: O crescimento na demanda nos serviços de emergência representa um desafio substancial para os sistemas de saúde. Nesse contexto, uma estratégia promissora para otimizar o fluxo de pacientes nos Departamentos de Emergência é a integração do fisioterapeuta como membro ativo da equipe multiprofissional. Entretanto, a atuação do fisioterapeuta em departamentos de emergência é uma área em expansão no campo de pesquisa, ainda marcada por lacunas significativas a serem exploradas. Sendo assim, este estudo teve como objetivo analisar as evidências disponíveis na literatura sobre a atuação do fisioterapeuta no ambiente de emergência. Para isso, realizou-se um levantamento de publicações indexadas nas bases de dados PubMed/MEDLINE, SciELO, LILACS, BVS e PEDro e literatura cinzenta, utilizando os descritores “Emergency Service, Hospital” e “Physical Therapy Modalities”. Foram incluídos estudos primários que abordavam a atuação do fisioterapeuta no departamento de emergência, publicados nos últimos 10 anos em periódicos científicos, nos idiomas português, inglês ou espanhol. Dos 78 artigos encontrados, apenas 9 atenderam aos critérios metodológicos estabelecidos. Concluiu-se que a atuação do fisioterapeuta no ambiente de emergência consolida-se como um elemento fundamental para a qualidade e eficiência do atendimento hospitalar. No entanto, desafios persistem, como a necessidade de maior reconhecimento profissional, expansão da formação especializada e elaboração de protocolos padronizados.

Palavras-chave: Serviços Médicos de Emergência; Modalidades de Fisioterapia; Serviço de Emergência, Hospital.

ABSTRACT: The increasing demand for emergency services represents a substantial challenge for health systems. In this context, a promising strategy to optimize patient flow in Emergency Departments is the integration of the physiotherapist as an active member of the multidisciplinary team. However, the role of the physiotherapist in emergency departments is a growing area of ​​research, still marked by significant gaps to be explored. Therefore, this study aimed to analyze the evidence available in the literature on the role of the physiotherapist in the emergency setting. To this end, a survey of publications indexed in the PubMed/MEDLINE, SciELO, LILACS, BVS and PEDro databases and gray literature was carried out, using the descriptors “Emergency Service, Hospital” and “Physical Therapy Modalities”. Primary studies that addressed the role of the physiotherapist in the emergency department, published in the last 10 years in scientific journals, in Portuguese, English or Spanish, were included. Of the 78 articles found, only 9 met the established methodological criteria. It was concluded that the role of physiotherapists in emergency situations is consolidated as a fundamental element for the quality and efficiency of hospital care. However, challenges persist, such as the need for greater professional recognition, expansion of specialized training and development of standardized protocols.

Keywords: Emergency Medical Services; Physical Therapy Modalities; Emergency Service, Hospital.

INTRODUÇÃO

O aumento significativo das visitas aos Departamentos de Emergência (DE) nas últimas décadas tem gerado uma crescente superlotação nos serviços de saúde em escala global. Essa superlotação está amplamente documentada na literatura científica e está associada a impactos negativos em diferentes níveis. Para os pacientes, contribui para eventos adversos relacionados ao atraso na avaliação e no cuidado, o que eleva os índices de morbimortalidade. Na equipe assistencial, está relacionada à ocorrência de erros médicos, exaustão, estresse ocupacional e episódios de violência. No âmbito do sistema de saúde, resulta em períodos prolongados de internação, maior número de readmissões aos DE e elevação dos custos operacionais1.

O crescimento na demanda nos serviços de emergência representa um desafio substancial para os sistemas de saúde. Nesse contexto, uma estratégia promissora para otimizar o fluxo de pacientes nos Departamentos de Emergência é a integração do fisioterapeuta como membro ativo da equipe multiprofissional, contribuindo para uma abordagem mais eficiente e resolutiva no cuidado emergencial5.

Na prática clínica, a inclusão de fisioterapeutas nos serviços de emergência varia conforme o país e está diretamente relacionada à regulamentação profissional vigente em cada jurisdição2. Países como a França1, EUA6,9,3, Austrália8,12 e Canadá4, vem apresentando resultados satisfatórios ao adotarem serviços de fisioterapia em seus departamentos de emergência para o tratamento de distúrbios musculoesqueléticos e cardiovasculares.

No Brasil, a atuação do fisioterapeuta nos serviços de emergência ainda carece de consolidação e reconhecimento pleno2. Somente em 2018, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) regulamentou oficialmente a participação desse profissional na assistência à saúde em unidades de urgência e emergência, incluindo sua atuação nos Departamentos de Emergência3. Apesar disso, as evidências científicas apontam resultados promissores da fisioterapia nesse contexto, especialmente na atenuação de sinais e sintomas respiratórios por meio de técnicas como manejo da ventilação mecânica invasiva e não invasiva, oxigenoterapia e cinesioterapia7.

A atuação do fisioterapeuta em departamentos de emergência é uma área em expansão no campo de pesquisa, ainda marcada por lacunas significativas a serem exploradas20. Apesar do avanço em algumas regiões, em muitos países, especialmente no Brasil, a inserção desse profissional em equipes multidisciplinares nos serviços de emergência permanece limitada13. Diante desse cenário, o presente estudo tem como objetivo analisar as evidências disponíveis na literatura sobre a atuação do fisioterapeuta no ambiente de emergência, enfatizando suas contribuições para o manejo clínico e os benefícios terapêuticos da inserção desse profissional no contexto de emergência em saúde

METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, um método que possibilita a síntese e análise crítica de evidências científicas disponíveis sobre um determinado tema, contribuindo para a construção do conhecimento na área da saúde. A revisão foi desenvolvida, seguindo as seguintes etapas metodológicas: 1) identificação do problema e elaboração da questão norteadora; 2) definição dos critérios de elegibilidade; 3) exploração sistemática da literatura; 4) avaliação e seleção dos estudos; 5) processamento e interpretação dos dados; 6) apresentação dos resultados obtidos10.

A pergunta norteadora foi elaborada com base na estratégia PVO (Population, Variables, Outcomes), sendo formulada da seguinte maneira: “Qual é o papel do fisioterapeuta no ambiente de emergência, à luz das evidências científicas disponíveis?”. No contexto dessa estratégia, a População (P) corresponde aos pacientes atendidos em situações de emergência, a Variável de Interesse ​​(V) se direciona à atuação fisioterapêutica, e o Desfecho (O) se refere as intervenções realizadas e seus resultados clínicos10.

Foram incluídos estudos primários que abordavam a atuação do fisioterapeuta no departamento de emergência, publicados nos últimos 10 anos em periódicos científicos revisados ​​por pares, disponíveis na íntegra e nos idiomas português, inglês ou espanhol. Foram excluídos artigos duplicados, editoriais, resumos de congressos, relatos de caso, revisões narrativas e estudos que não abordavam diretamente o tema proposto.

A busca ocorreu de forma independente por dois revisores, entre os meses de setembro e dezembro de 2024, nas bases de dados PubMed/MEDLINE, SciELO, LILACS, BVS e PEDro. Dada a escassez de estudos disponíveis nas bases indexadas, também foram considerados artigos provenientes da literatura cinzenta. Os descritores utilizados ​​foram extraídos dos vocabulários controlados DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings), sendo combinados com os operadores booleanos AND e OR, resultando na seguinte estratégia de busca:“Emergency Service, Hospital” OR “Hospital Emergency Service” OR “Emergency Hospital Service” OR “Hospital Service Emergency” OR “Emergency Room” OR “Accident and Emergency Department” OR “Emergency Wards” OR “Emergency Departments” OR “Emergency Units” OR “Hospital Emergency Room” OR “Emergency Outpatient Units” OR “Hospital Emergency Services Utilization” OR “Emergency Services Utilization” OR “Emergency Medical Services” OR Medical “Emergency Service” OR “Emergicenter” OR “Emergency Health Service” OR “Emergency Care” AND “Physical Therapy Modalities” OR “Physical Therapy Techniques” OR “Physiotherapy (Techniques)” OR “Group Physiotheraphy” OR “Physical Therapy” OR “Physiotherapy Services”.

A seleção dos artigos foi conduzida em duas etapas. Na primeira, realizou-se a leitura dos títulos e resumos para verificar a conformidade com os critérios de inclusão. Na etapa subsequente, os artigos elegíveis foram analisados ​​na íntegra para confirmar sua relevância para o estudo. Por fim, os dados extraídos foram organizados em uma tabela, facilitando a análise comparativa dos achados.

RESULTADOS

A pesquisa identificou inicialmente 78 artigos, que, após seguirem os passos metodológicos de avaliação, foram reduzidos a um número final de estudos que atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos na metodologia. A estratégia metodológica que conduziu a esse resultado está detalhada na Figura 1.

Na primeira etapa de triagem, 38 artigos foram excluídos por estarem duplicados, por não estarem nos idiomas selecionados ou por não se enquadrarem no objetivo do presente estudo. Em seguida, a leitura dos resumos resultou na exclusão de 17 artigos adicionais, que não atendiam aos critérios de inclusão predefinidos, restando 23 estudos para análise completa do texto na íntegra.

Após a etapa final de avaliação metodológica, 14 estudos foram excluídos, restando 9 artigos elegíveis, que foram incluídos na revisão por atenderem rigorosamente aos critérios estabelecidos. A Tabela 1 apresenta esses estudos de forma detalhada, proporcionando uma visão clara e organizada dos artigos selecionados.

Figura 1. Estratégia de seleção dos estudos

Tabela 1. Caracterização dos estudos identificados

Autor/AnoTipo de estudoObjetivoResultados principais
Ferreira et al., 20195Revisão de escopoFornecer uma revisão geral da literatura sobre a atuação de fisioterapeutas no departamento de emergência (DE), analisando suas funções, níveis de treinamento, perfil dos pacientes atendidos, segurança, eficácia, eficiência, custo-efetividade e a prestação de cuidados de baixo custo.A atuação do fisioterapeuta no departamento de emergência (DE) demonstra eficácia e custo-efetividade no manejo de condições musculoesqueléticas de baixa urgência, além de contribuir para maior eficiência no atendimento e redução de cuidados desnecessários.
Gagnon et al., 20214Ensaio clínico controlado randomizadoAvaliar os efeitos do acesso direto à fisioterapia para pacientes com distúrbios musculoesqueléticos (DME) no departamento de emergência (DE) sobre desfechos clínicos (como dor e funcionalidade) e o uso de recursos de saúde (como medicamentos, exames e retornos ao DE).O acesso direto à fisioterapia no DE para pacientes com DME resultou em menor dor e melhor funcionalidade em 1 e 3 meses. O grupo intervenção utilizou menos recursos, com menor retorno ao DE, menor uso de medicamentos prescritos (incluindo opioides) e menor consumo de medicamentos sem prescrição.
Martins et al., 20222Transversal retrospectivoCaracterizar a abordagem fisioterapêutica e o perfil clínico-funcional de pacientes internados na unidade cirúrgica de emergência de um hospital terciário.As intervenções mais comuns foram aspiração (69%), terapia de reexpansão pulmonar (51%) e cinesioterapia no leito (37%). Concluiu-se que a atuação do fisioterapeuta no PS é diversificada, com foco no manejo da VM e técnicas motoras e respiratórias.
Matifat et al., 201911Revisão sistemáticaAtualizar as evidências sobre o cuidado prestado por fisioterapeutas a pacientes com distúrbios musculoesqueléticos (MSKD) em departamentos de emergência (DEs) e fornecer recomendações atualizadas para esses modelos de atendimento.A fisioterapia no departamento de emergência mostrou-se eficaz na redução da dor e da incapacidade, além de diminuir o tempo de espera e a quantidade de solicitação de exames. Adicionalmente, os pacientes relataram satisfação igual ou superior em comparação aos cuidados médicos habituais.
Pugh et al., 20209Prospectivo observacionalAvaliar o impacto da fisioterapia no departamento de emergência sobre a realização de exames de imagem, a administração e prescrição de opioides e o tempo de permanência em pacientes com dor musculoesquelética.A fisioterapia no departamento de emergência foi associada à redução da solicitação de exames de imagem, menor administração de opioides no setor e menor tempo de permanência no pronto-socorro.
Sutton et al., 201512Estudo prospectivo, observacional, de coorte.Avaliar a segurança e os benefícios do serviço de fisioterapia de contato primário em um departamento de emergência, comparando com a equipe médica, em termos de eventos adversos, tempo de permanência no hospital e solicitação de exames de diagnóstico por imagem em pacientes com traumas leves.O serviço de fisioterapia de contato primário pode gerenciar com segurança casos de traumas no departamento de emergência, reduzindo o tempo de permanência dos pacientes e a necessidade de exames de imagem.
Almeida et al., 201713Observacional retrospectivoIdentificar a atuação da Fisioterapia no pronto atendimento de um hospital referência em trauma e queimados, durante um período de 90 dias, analisando os procedimentos fisioterapêuticos realizados e o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes atendidos.Os principais procedimentos fisioterapêuticos realizados foram o controle de ventilação mecânica e a aspiração endotraqueal. Desse modo, a atuação da fisioterapia no pronto atendimento, especialmente por meio de técnicas respiratórias, contribuiu para a otimização do tratamento clínico dos pacientes, demonstrando seu papel na amenização dos sinais e sintomas, particularmente relacionados à função respiratória.
Cordeiro e Lima, 201714Revisão SistemáticaDescrever o papel do fisioterapeuta nas unidades de emergência (UE).A inserção do fisioterapeuta nas unidades de urgência e emergência (UE) está associada à redução do tempo de internação hospitalar em pacientes com lesões musculoesqueléticas periféricas, agravos cardiovasculares e respiratórios, sem a ocorrência de eventos adversos. Além disso, a atuação fisioterapêutica contribui para a diminuição do quadro álgico e o aumento da satisfação dos pacientes.
Silva et al., 202415Estudo observacionalTraçar o perfil de emergências cardiovasculares e avaliar a atuação fisioterapêutica em pacientes adultos atendidos no serviço de emergência de um hospital no interior do estado de São Paulo.As emergências cardiovasculares mais prevalentes foram insuficiência cardíaca, síndrome coronariana aguda, infarto agudo do miocárdio, bradiarritmia e crise hipertensiva. As principais intervenções fisioterapêuticas foram o manejo da ventilação mecânica invasiva, manobras de reexpansão pulmonar, auxílio à intubação orotraqueal, ventilação mecânica não invasiva, manobras de higiene brônquica, cinesioterapia e sedestação.

DISCUSSÃO

Os resultados dessa revisão evidenciam que a atuação do fisioterapeuta no ambiente de emergência é fundamental para a otimização do cuidado aos pacientes, especialmente naqueles com condições respiratórias, cardiovasculares e musculoesqueléticas.

Um dos principais achados deste estudo reforça a efetividade da fisioterapia no manejo de emergências respiratórias, conforme evidenciado por Almeida et al.13 e Silva et al15. Esses estudos destacaram que as intervenções mais frequentes incluem o controle da ventilação mecânica, a aspiração endotraqueal e as manobras de reexpansão pulmonar. Resultados semelhantes foram relatados por Freitas et al.18 em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Rio Grande do Sul, onde as condutas fisioterapêuticas mais utilizadas foram a terapia de remoção de secreções, as manobras de expansão pulmonar e a aspiração das vias aéreas. Essas práticas são fundamentais para prevenir complicações pulmonares, melhorar a oxigenação e reduzir a necessidade de ventilação mecânica prolongada, promovendo uma recuperação mais rápida e eficaz em pacientes críticos19.

No contexto das emergências cardiovasculares, como insuficiência cardíaca, síndrome coronariana aguda e infarto agudo do miocárdio, a atuação do fisioterapeuta mostrou-se essencial. As técnicas de manejo ventilatório e reexpansão pulmonar, por exemplo, foram amplamente utilizadas, contribuindo para a melhoria da função respiratória e a estabilização hemodinâmica dos pacientes15.

A mobilização precoce foi uma das estratégias adotadas nas abordagens fisioterapêuticas, com a cinesioterapia sendo a técnica mais utilizada. Martins et al.2 reforçam essa abordagem ao evidenciar que a atuação do fisioterapeuta no ambiente de emergência é ampla, abrangendo desde a cinesioterapia no leito até técnicas motoras e respiratórias. De forma semelhante, o estudo de Tousignant-Laflamme et al.16 evidenciou que a inclusão do fisioterapeuta no pronto-socorro de um hospital universitário contribuiu para a prevenção de complicações associadas à imobilidade em idosos.

Além das emergências respiratórias, a fisioterapia tem se mostrado eficaz e custo-efetiva no manejo de distúrbios musculoesqueléticos no pronto-socorro, conforme destacado nas pesquisas de Ferreira et al.5 e Matifat et al.11. O acesso direto à fisioterapia no departamento de emergência (DE) foi associado a menor tempo de espera, menor necessidade de exames complementares e redução do uso de analgésicos, incluindo opioides4,9. Esses resultados ressaltam o impacto positivo da fisioterapia na redução da superlotação hospitalar e na otimização do fluxo de atendimento, beneficiando tanto os pacientes quanto a equipe multiprofissional.

Outro aspecto relevante é a segurança da atuação do fisioterapeuta no atendimento primário de urgência e emergência, conforme demonstrado pelo estudo de Sutton et al.12, que indicou que o serviço de fisioterapia de contato primário pode gerenciar casos de trauma de forma segura e eficiente, reduzindo o tempo de permanência hospitalar e a solicitação de exames de imagem. Da mesma forma, Cordeiro e Lima14 observaram que a presença do fisioterapeuta na emergência está associada à redução do tempo de internação em pacientes com lesões musculoesqueléticas periféricas e agravos cardiovasculares e respiratórios, sem aumento de eventos adversos, além de favorecer a diminuição do quadro álgico e maior satisfação dos pacientes.

Estudos anteriores evidenciam que a atuação da fisioterapia no serviço de emergência hospitalar gera resultados positivos, como a melhoria do prognóstico e a diminuição do tempo de internação, o que contribui para a redução dos custos hospitalares. Além disso, esse atendimento agiliza a recuperação dos pacientes, permitindo seu retorno às atividades diárias em um período mais curto, beneficiando tanto o indivíduo quanto a sociedade17.       

Apesar dos benefícios evidenciados, ainda há desafios a serem superados, como a falta de padronização na atuação fisioterapêutica nas emergências e a necessidade de maior reconhecimento do profissional dentro das equipes multidisciplinares. A escassez de diretrizes institucionais pode limitar a implementação sistemática da fisioterapia no pronto-socorro, conforme destacado por Ferreira et al.5. Além disso, a presença do fisioterapeuta em serviços de urgência ainda não é uma realidade uniforme, o que pode impactar a qualidade do atendimento e os resultados clínicos dos pacientes20.

Diante dos resultados obtidos, fica evidente que a atuação do fisioterapeuta no ambiente de emergência é essencial para aprimorar a assistência hospitalar. Sua intervenção não só promove melhores desfechos clínicos e funcionais para os pacientes, como também contribui para o incremento dos recursos hospitalares. Dessa forma, reforça-se a importância de desenvolver estudos futuros que explorem a padronização de protocolos fisioterapêuticos no pronto-socorro e avaliem o impacto econômico da inclusão desse profissional na equipe de emergência.

CONCLUSÃO

A atuação do fisioterapeuta no ambiente de emergência consolida-se como um elemento fundamental para a qualidade e eficiência do atendimento hospitalar. Este estudo evidenciou que intervenções como manejo da ventilação mecânica, aspiração endotraqueal, manobras de reexpansão pulmonar e cinesioterapia precoce são eficazes na prevenção de complicações, redução do tempo de internação e otimização de recursos hospitalares, diminuindo a necessidade de exames complementares e o uso excessivo de medicamentos. No entanto, desafios persistem, como a necessidade de maior reconhecimento profissional, expansão da formação especializada e elaboração de protocolos padronizados.

Portanto, para fortalecer a atuação do fisioterapeuta nesse contexto, é essencial promover políticas institucionais e acadêmicas que valorizem e aprimorem sua prática. Além disso, são necessárias novas pesquisas que explorem o impacto da fisioterapia em diferentes perfis de pacientes e contextos hospitalares, bem como estudos que avaliem sua eficácia e custo-efetividade. A ampliação dessa prática não só beneficia os pacientes, oferecendo um atendimento mais qualificado, mas também reduz custos ao sistema de saúde, contribuindo para um modelo assistencial mais eficiente e resolutivo.

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1Instituto Estadual de Educação em Saúde Pública de Rondônia (IESPRO), Residência Multiprofissional em Cuidados Intensivos no Adulto  – Porto Velho (RO), Brasil. E-mail: anakeiteprestes@gmail.com. ORCID- 009-0001-8172-9279

2Instituto Estadual de Educação em Saúde Pública de Rondônia (IESPRO), Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência – Porto Velho (RO), Brasil. E-mail: dalbonilaura@gmail.com. ORCID- 0009-0009-2996-3437

3Instituto Estadual de Educação em Saúde Pública de Rondônia (IESPRO), Coordenação de Residências Multiprofissionais  – Porto Velho (RO), Brasil. E-mail: samanthadefreitascampos@gmail.com. ORCID- XXXX