ATUAÇÃO FARMACÊUTICA NA HIPERTENSÃO E OBESIDADE INFANTIL

PHARMACEUTICAL ACTIVITY IN HYPERTENSION AND CHILDHOOD OBESITY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8034947


Simone C. Do Nascimento1
Quezia Da Silva Montilha1
Armstrong Emanuel de Melo Almeida2


RESUMO

Hoje o índice de obesidade na infância é alarmante e as consequências de desenvolver doenças secundarias como diabetes e hipertensão arterial tem se tornado cada vez mais comum em crianças. Esse trabalho tem como objetivo apresentar, através de uma revisão de literatura utilizando artigos em base de dados confiáveis atuação do profissional farmacêutico na hipertensão e obesidade infantil. Este é um artigo de revisão bibliográfica, que tem como fontes de dados. Atualmente, a atenção farmacêutica vem ocupando cada vez mais espaço na sociedade, mostrando a importância de se ter uma educação em saúde para que assim os medicamentos administrados tenham uma melhor eficácia terapêutica. A obesidade é uma doença que pode ser evitada e tratada com mudanças de estilo de vida, alimentação balanceada, e atividades físicas associadas com medicamentos, melhorando a qualidade de vida do paciente.

Palavras – chaves: “Obesidade infantil”; “Liraglutida”; “Hipertensão”; “Atenção Farmacêutica”.

ABSTRACT

Introduction: Today the obesity rate in childhood is alarming and the consequences of developing secondary diseases such as diabetes and high blood pressure have become increasingly common in children. Objective: To present the pharmacology of liraglutide and the importance of pediatric pharmaceutical care. Methodology: This is a bibliographic review article, which has data sources. Results and Discussion: Currently, pharmaceutical care is occupying more and more space in society, showing the importance of having health education so that the administered drugs have better therapeutic efficacy. Conclusion: Obesity is a disease that can be prevented and treated with changes in lifestyle, balanced diet, and physical activity associated with medication, improving the patient’s quality of life.

Keywords: “Childhood obesity”; “Liraglutide”; “Hypertension; “Pharmaceutical attention”.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade refere – se ao grau de excesso de gordura. Esta doença se deve ao desencadeamento do aumento exagerado do balanço energético positivo, causado pelo ganho de peso, que são consequências do estado nutricional e uma dieta desequilibrada que a pessoa apresenta. Esta doença apresenta riscos por causarem comorbidades que afetam a qualidade de vida e diminuição da expectativa de vida, uma vez que pode ocasionar outras doenças (SILVA, 2017).

A obesidade pediátrica é uma doença multissistêmica que pode ocasionar complicações a curto, médio e longo prazo, como por exemplo a hipertensão arterial sistêmica. No Brasil, entre as crianças menores de 5 anos, 15,9% têm excesso de peso. Além disso, três em cada dez crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso e, na adolescência, as taxas equivalem a 20,5%. Dessa forma, é indispensável encontrar tratamentos que sejam seguros e eficazes na obesidade pediátrica, visando benefícios para a saúde e o bem-estar desses pacientes (GUSMÃO et al., 2021).

É necessário que as famílias eduquem as crianças desde a primeira infância sobre alimentação saudável, pois ela previne a quantidade de gordura excessiva, que gera alterações metabólicas levando ao risco de desenvolver doenças associadas como a hipertensão arterial (PEREIRA, 2017).

A obesidade é uma doença crônica, podendo apresentar melhora na mudança de estilo de vida, alimentação e atividade física. Crianças após os 12 anos de idade podem realizar tratamento com uso de medicamentos para obesidade. Dentre os medicamentos que há hoje no mercado, a Liraglutida se destaca devido ter sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), (ARAUJO; CARVALHO, 2021).

Com a alta incidência do sobrepeso hoje no público infantil, é importante que o farmacêutico esteja presente no acompanhamento multidisciplinar durante o tratamento, orientando sempre que necessário sobre o uso racional dos medicamentos,mostrando os riscos e benefícios do tratamento, propondo novos hábitos de vida, como a perda de peso por meio de exercícios e dieta alimentar com nutracêuticos, além de orientá-los sobre interações medicamentosa, intervindo sempre que possível para uma melhor qualidade de vida do paciente (MARQUEZ; DIAS, 2015).

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Discorrer sobre a intervenção farmacêutica na hipertensão e obesidade infantil.

2.2 Objetivo Específico

  • Descrever sobre a obesidade infantil e suas consequências;
  • Apontar os medicamentos mais utilizados para tratar a hipertensão e a obesidade infantil;
  • Comentar sobre a atuação do farmacêutico no seguimento farmacoterapêutico em crianças obesas e hipertensão.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada a partir de uma revisão bibliográfica descritiva e exploratória, relacionada sobre as doenças secundarias que a obesidade pode causar, como por exemplo a hipertensão arterial. É importante mostrar como o farmacêutico pode atuar na atenção farmacêutica diante deste caso.

As fontes aqui utilizadas são bases de dados confiáveis como Scielo, BVS, Revistas cientificas e outros. Informações presentes no site do Ministério da Saúde, Conselho Federal de Farmácia e Sociedade Brasileira de Pediatria.

A análise de dados utilizadas foram através de descritores: “Obesidade infantil”, “Intervenção farmacêutica”, “Liraglutida” e “Maleato de Enalapril”. Foram coletados 67 artigos, sendo citados 31. Os critérios de inclusão foram os artigos completos de acordo o tema definido, nos idiomas português e inglês traduzidos online, no intervalo dos anos de 2013 a 2023. Os artigos excluídos consistiram naquelas que possuíam somente resumo, os anteriores ao ano de 2013 e os com assuntos repetidos.

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Hipertensão arterial e sua relação com a obesidade infantil

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para eventos cardiovasculares e sua detecção precoce é essencial para melhorar a saúde e reduzir a taxa de morbidade da população. Grande parte dos diagnósticos ocorrem em pacientes já na idade tardia. Entretanto, a hipertensão arterial também pode desenvolver na infância e na adolescência. Na infância essa doença pode estar associada a obesidade, dieta inadequada e sedentarismo (BEZERRA et al., 2013).

Para realizar uma avaliação da hipertensão arterial na infância existem alguns fatores que se devem ser analisados como idade, sexo e percentil de estatura. Esses fatores devem seguir um referencial de tabela de valores normais da pressão arterial. Para se obter um diagnóstico mais preciso é necessário que seja aferida a pressão arterial três vezes, em situações diferentes para que assim se confirme o aumento da pressão arterial (GOMES; FALCAI, 2017).

A hipertensão infantil é causada em muitos casos em crianças por conta do sobrepeso. Quanto maior o grau de obesidade, maiores são as chances de atingir valores elevados da pressão arterial (FARIAS et al., 2018).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o excesso de peso é um fator preocupante pois não afeta somente os adultos, mais também as crianças e os idosos. Só no ano de 2020, 39 milhões de crianças menores de 5 anos acima do peso. O sobrepeso é um fator para o desenvolvimento doenças secundarias, prejudicando dessa forma a saúde. Nesses casos, estão relacionadas dificuldades respiratórias, aumento do risco de fraturas, hipertensão, marcadores precoces de doenças cardiovasculares, resistência à insulina, efeitos psicológicos, morte prematura e incapacidade na vida adulta (WHO, 2021).

Hoje em dia a obesidade é considerada uma epidemia do século. O índice de sobrepeso no mundo é alarmante pois, pesquisas mostram que 1 bilhão de pessoas estão no sobrepeso e outras, centenas de milhões são obesos e há um aumento elevado de casos de crianças e adolescentes obesas (MARQUEZ; DIAS, 2022).

O farmacêutico tem um papel importante na equipe multidisciplinar em atendimento aos pacientes obesos e hipertensos, por meio de uma abordagem farmacoterapêutica, que auxiliam na redução dos efeitos adversos dos medicamentos administrados na perda de peso, garantindo uma eficácia farmacológica dos medicamentos prescritos e possibilitando uma melhora no quadro clínico do paciente (MENDES, 2018).

Em relação ao farmacêutico atuar na pediatria, é importante que sejam realizados o acompanhamento e monitoramento de pressão arterial em crianças que adquiriram hipertensão arterial secundária, uma vez que a adiposidade em crianças colabora não só para a hipertensão na infância, como também na vida adulta, dessa forma, é possível avaliar a evolução do tratamento e o que necessita ser modificado para se obter um resultado satisfatório (FREITAS et al., 2016)

4.2 Ação farmacológica do maleato de enalapril na hipertensão infantil

De acordo a Sociedade Brasileira de Pediatria (2019), o tratamento farmacológico para crianças com hipertensão é prescrito nos principais casos: hipertensão sintomática, hipertensão secundaria e hipertensão que não responde ao tratamento não farmacológico. Nos casos em que há diagnosticado de hipertensão secundaria, é importante que sejam avaliados a doença de base na escolha do medicamento. Após a avaliação médica, o tratamento inicial pode ser feito com as seguintes classes de medicamentos: Inibidor da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA), Bloqueador do Receptor da Angiotensina (BRA) ou bloqueador dos Canais de cálcio (BCC) ou Diurético Tiazídico.

A Hipertensão sintomática tem como causa a hereditariedade em 90% dos casos. Os sintomas são zumbidos no ouvido, dores de cabeça, dores no peito, tonturas e visão embaçada. (BRASIL, 2004).

Já a Hipertensão secundaria tem como causas principais o ganho de peso, obesidade abdominal e aumento de gordura generalizada. Os sintomas mais comuns são sudorese fria, dor toráxica, palidez cutânea, ansiedade excessiva e palpitações (BARROSO et al., 2021).

O maleato de enalapril é um fármaco de primeira escolha indicado para tratamento de hipertensão arterial em crianças, podendo ser administrado seu uso na faixa de 1 mês de vida a 16 anos de idade. As doses devem ser aumentas gradativamente, até que seja estabelecido o controle da pressão (GOMES, 2011).

Seu mecanismo de ação consiste na dilatação dos vasos sanguíneos para ajudar o coração a bombear sangue com mais facilidade para todas as partes do corpo. Ele atua inibindo a enzima conversora de angiotensina no sistema renal. Após a absorção, o enalapril, um pró-fármaco, é hidrolisada para analaprilato, seu metabólito ativo, altamente específico, de longa ação e não-sulfridílico, que inibe enzima conversora de angiotensina. A enzima conversora de angiotensia é uma α-dipeptidase que catalisa a conversão de angiotensina I para a substância pressora, angiotensina II. A inibição da enzima conversora de angiotensina resulta em diminuição da angiotensina plasmática II, e aldosterona circulante e aumento compensatório nos níveis de angiotensina I e renina. Dessa forma não ocorre vasoconstrição e, portanto, diminui a pressão arterial e reduz a resistência arterial periférica (GOMES, 2011).

Depois de muitos estudos, o enalapril foi o primeiro fármaco a ser aprovado para ser administrado em crianças para terapia anti-hipertensiva, por ser bem tolerado em suas doses utilizadas, apesar de poder causar tosse, apresentou uma boa eficácia terapêutica e resultados positivos para tratamento (SALGADO; CARVALHAES, 2003).

4.3 Ação farmacológica da liraglutida para tratar obesidade infantil

O tratamento farmacológico para a obesidade são a curto prazo e atuam apenas para prevenir a progressão da doença, sendo necessário que o tratamento seja realizado de forma individualizada, tendo como princípio mudança no estilo de vida com orientação nutricional, farmacológica e pratica de atividades físicas. A Liraglutida, é uma nova ferramenta terapêutica para diabetes mellitus tipo 2, e possui uma eficácia considerável no controle glicêmico e perda de peso (JÚNIOR; MEIRA; FILHO, 2021).

A liraglutida atua por dois mecanismos, primeiro atuando na saciedade, através do Sistema Nervoso Central, causando assim a redução do apetite. E segundo aumentando a concentração pós-prandial de leptina, dessa forma resultam na perda de peso. Com isso, é possível controlar os níveis de açúcar no sangue, retardar o esvaziamento gástrico pós-refeição, causando a sensação de saciedade, levando consequentemente ao emagrecimento do indivíduo (CONTE; CAMPO, 2015).

Uma vez que a leptina é um hormônio do sistema endócrino, ela possui algumas funções como a quantificação de gordura corporal e a interrupção da ingestão alimentar. Dessa maneira, a leptina age em sua maior produção no tecido adiposo, local de estoque energético do corpo. Logo após ser produzida, a leptina vai para a corrente sanguínea e chega ao cérebro no hipotálamo, que gera um sinal de que os nutrientes ingeridos já têm seu estoque suficiente. Por isso na obesidade, existe a necessidade deste hormônio ser controlado (NERES; NETTO; GUSMÃO, 2019).

Dessa forma esse mecanismo da liraglutida indica que precisa haver um controle da leptina para que se tenha um controle na ingestão alimentar. Assim esses sinais são produzidos pelo organismo com a finalidade de controlar a fome e à saciedade que são processados no hipotálamo. De acordo com a figura 1, o hipotálamo é uma estrutura do cérebro que avalia e processa as informações que recebe, dentre elas concentrações de nutrientes, estiramento estomacal, níveis adequados de hormônios da leptina e colecistocinina (MORANTE; GALENDE, 2016).

Figura 1: Mecanismo de Ação da Liraglutida.

Fonte: CONTE; CAMPO, 2015.

Estudos mostrem que a administração da liraglutida na dose de 3,0 mg na perda de peso apresentou resultados satisfatórios quando combinado com dieta e atividade física. Também ocorreram diminuição significativa de 0,4% nos níveis de hemoglobina glicada e diminuição na pressão arterial sistólica em 3,0 mmHg (WHARTON et al., 2019).

Outros estudos mostram que a liraglutida é eficaz para auxiliar no emagrecimento em crianças e adolescentes que apresentam condições genéticas de grande influência de obesidade. Porém deve – se haver precaução e cuidados nas dosagens, pois há variações de 0,6 a 3,0mg de liraglutida, devendo ser administrada de acordo a necessidade de perda de peso por faixa etária, uma vez que quanto maior a dosagem, mais efetivo é o tratamento, sendo a dose máxima a de 3,0mg do fármaco (ARAÚJO; CARVALHO, 2021).

A liraglutida passou por testes clínicos em crianças em diferentes faixas etárias, e mostraram resultados significativos diante da redução de IMC. Os pacientes apresentaram uma boa adesão ao fármaco, apesar dos efeitos adversos que poderiam acontecer, como náuseas, diarreia e vomito, entretanto, as crianças que passaram pelo estudo, apresentaram boa tolerabilidade ao medicamento e não houve alterações nos exames laboratoriais, perderam o peso e reduziram o IMC gradativamente, sendo assim o estudo concluíram que a Liraglutida é uma droga que pode ser administrada na infância (GUSMÃO et al., 2021).

4.4 A importância do farmacêutico

É através da legislação do Conselho Federal de Farmácia, a Resolução Nº 585 de 2013, que permite o farmacêutico atuar junto as equipes de saúde que visam a promoção, proteção, recuperação em saúde, cuidando do paciente, familiares e comunidade, com o objetivo de promover o uso racional de medicamentos e minimizar a farmacoterapia para que melhore a saúde do paciente em todos os lugares em níveis de saúde (CFF, 2013).

Enquanto que legislação do Conselho Federal de Farmácia, a Resolução Nº 586 de 2013, é formalizado a prescrição farmacêutica, onde todo processo de cuidado deve ser documentado. O farmacêutico deve identificar a necessidade do paciente, estabelecer objetivos terapêuticos, seleciona a melhor terapia ou intervenção farmacológica, podendo prescrever os medicamentos que são isentos de prescrição, fazer acompanhamento dos medicamentos prescritos pelo médico, avaliar os resultados e demais atribuições clinicas que visam o bem-estar do paciente (CFF, 2013).

Desta forma, é importante que o profissional farmacêutico esteja inserido no acompanhamento de pacientes que possuem essa patologia, uma vez que é possível o farmacêutico atuar nas orientações do uso racional de medicamentos e atividades não farmacológicas. A pratica de atividade física é um fator importante para essas crianças, o farmacêutico acompanha os resultados que a pratica de atividades físicas proporciona, apresentando as medições do IMC e P.A no decorrer do tratamento. A atividade física exerce papel fundamental por ser um instrumento eficaz tanto na redução de massa corpórea (IMC) como no nível basal das pressões arteriais sistólica e diastólica, garantindo assim uma melhora na saúde cardiovascular (FREITAS et al., 2016).

4.5 Intervenções farmacêutica na equipe multidisciplinar na equipe multidisciplinar no cuidado de crianças hipertensas

No que diz respeito ao farmacêutico estar na equipe multidisciplinar no cuidado ao paciente, cabe a ele atuar na efetividade da saúde pública no acompanhamento farmacoterapêutico e também contribuir no desenvolvimento de tecnologias que envolvam os medicamentos e a prestação de serviços de saúde. No acompanhamento farmacoterapêutico é realizado registros dos medicamentos utilizados na farmacoterapia de cada paciente, a orientação sobre os medicamentos que podem ocasionar o ganho de peso e elevar a pressão arterial, a identificação de fármacos antiobesidade, acompanhar a perda de peso durante o tratamento e auxliar sempre que necessário no ajuste da posologia dos medicamentos, garantindo assim uma eficácia terapêutica para garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente(BORSATO et al., 2009).

Os serviços de cuidado farmacêutico abrangem procedimentos realizados pelo profissional, com foco na promoção e o uso racional de medicamentos, visando o alcance de resultados terapêuticos planejados. Esses procedimentos englobam consultas farmacêuticas, podendo ser realizadas em consultórios que proporcionam um atendimento individual e privativo, bem como em visitas domiciliares para casos de pacientes que possuam dificuldades de locomoção ou não. (ANGELO, 2018).

A intervenção de cuidado farmacêutico possui duas vertentes sendo elas educação em saúde e uso racional de medicamentos. Isso possibilita que o paciente obtenha promoção em saúde, assistência farmacêutica para o uso racional de medicamentos no momento da dispensação, serviços de clínica farmacêutica de maneira individual e compartilhada, com informações que possibilitam o acesso não só aos medicamentos, mas também aos resultados obtidos a partir deles (BRASIL, 2014).

Existem casos de pacientes que são polimedicados como casos de hipertensos e diabéticos e que necessitam de muitos medicamentos necessitando de uma ampla prescrição medicamentosa, ficando ainda mais susceptíveis a erros de prescrição e administração. Contudo, os cuidados farmacêuticos melhoram desfechos clínicos além de econômico, uma vez que o acompanhamento realizado com a educação em saúde, mudanças de hábitos de vida e tratamento com o uso racional dos medicamentos possibilitam uma melhor adesão (CFF, 2016).

De acordo o Ministério da Saúde (2014), o farmacêutico deve ter como público – alvo aqueles pacientes que apresentarem maior risco de danos ligados ao uso do medicamento, como em casos de pacientes que são polimedicados, pacientes com baixa adesão ao tratamento, aos que tem dificuldades de acesso aos medicamentos prescritos, pacientes que passaram por internação nos últimos seis meses, pacientes que tem mais de um serviço médico com receitas conflitantes e pacientes com maior número de diagnóstico. Com a presença de um profissional farmacêutico é possível realizar estratégias para a recuperação do paciente, evitando o uso inadequado de medicamentos e administração irracional.

A intervenção farmacêutica no controle da hipertensão arterial infantil está relacionada ao controle e monitoramento da pressão arterial e no acompanhamento da farmacoterapia deste paciente junto a equipe médica. A utilização de protocolos padronizados de monitorização e uso de equipamentos corretos são procedimentos que influenciam diretamente o sucesso terapêutico. A intervenção prestada a ceiança obesa e hipertensa engloba vários fatores como: acompanhamento clínico do quadro de hipertensão arterial uma vez que essa alteração pode influenciar o funcionamento de todo o organismo do paciente; rotineiras aferições da PA; avaliação da segurança e efetividade da farmacoterapia; avaliação de possíveis interações medicamentosas, no caso de pacientes polimedicados; ações e procedimentos relacionados à farmacovigilância, uso racional de medicamento e adesão ao tratamento (OLIVEIRA; MENEZES, 2013).

5 ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NA PEDIATRIA

O cuidado farmacêutico, voltado para o público pediátrico, é um dos maiores desafios para os profissionais da área, tanto pela escassez de estudos científicos direcionados à utilização de medicamentos por essa população como pela dificuldade imposta pelo processo fisiológico de crescimento da criança, que permite muitas variáveis tanto no diagnóstico quanto no tratamento do paciente. (PERY, 2017).

Hoje a farmacoterapia pediátrica enfrenta obstáculos devido a demanda de medicamentos na população infantil. As indústrias farmacêuticas mostram que na produção dos medicamentos estão a falta de estudos clínicos direcionados a crianças, por motivos legais, éticos e econômicos. Diante disse, a disponibilidade de medicamentos que atendam a demanda pediátrica é pequena e leva a barreira de adequação na farmacoterapia pediátrica, que é a causa de diversos erros de medicação em crianças como doses e formas farmacêuticas, levando a necessidade de ajustes. Ainda há poucos medicamentos adaptados a população infantil. (PERY, 2017).

Devido à escassez de estudos a classe pediátrica, o farmacêutico visa garantir a segurança do paciente durante o seu tratamento, a eficácia e segurança dos fármacos que são, em sua maioria, desconhecidas no organismo infantil. Portanto, cabe ao farmacêutico identificar as possíveis reações adversas que acometam o paciente e notificá-las (MEDEIROS; OLIVEIRA, 2020).

Desta forma, é importante que o profissional farmacêutico esteja inserido no acompanhamento dos pacientes, uma vez que é possível o farmacêutico atuar na nas orientações de atividades farmacológicas para que não ocorram erros de medicação, e não farmacológica que melhor atendam as necessidades do paciente, como a mudança do estilo de vida por exemplo. (FREITAS et al., 2016).

O farmacêutico não pode prescrever ou ajustar a dose de medicamentos para pacientes hipertensos e obesos, mas ele pode contribuir em medidas não farmacológicas, que usam a prática de exercícios e a mudança na alimentação, que culminam para uma melhora significativa na qualidade de vida das crianças acometidas. A atividade física exerce papel fundamental por ser um instrumento eficaz tanto na redução de massa corpórea (IMC) como no nível basal das pressões arteriais sistólica e diastólica, garantindo assim uma melhora na saúde cardiovascular (FREITAS et al., 2016).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obesidade na infância é um problema de saúde pública e é importante que se faça um controle através da prevenção como a nutrição e hábitos de vida saudável através de práticas de atividade física, que reduz os riscos de doenças secundarias.

Tanto o enalapril para hipertensão quanto o liraglutida para obesidade tem se mostrado eficaz em crianças. Esses medicamentos apresentam potencial terapêutico durante o tratamento quando associado com atividades físicas, mudança de estilo de vido e diminuição da massa corpórea.

É importante que o farmacêutico esteja realizando um acompanhamento farmacoterapêutico com esse público infantil que usam esses medicamentos, auxiliando no uso racional dos medicamentos, realizando controle de perda de peso, e monitorando a pressão arterial. O farmacêutico é um profissional importante no tratamento desses pacientes, uma vez que está capacitado em realizar a intervenção farmacêutica

Com a pratica dos serviços de intervenção farmacêutica junto com demais profissionais de saúde, é possível verificar se a administração da liraglutida e o enalapril está apresentando resultados satisfatórios e como está a evolução ao longo do tratamento, garantindo assim que o paciente obtenha uma qualidade de vida mais saudável, dessa forma, é possível reduzir chances de ter demais complicações de saúde.

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1 Acadêmicas do 9º período do curso de Farmácia da Faculdade de Educação de Jaru – FIMCA/UNICENTRO, e-mail: simone20nascimento@hotmail.com.

2 Professor Orientador, Biomédico, Especialista Docência em Ciências da Saúde, pela Faculdade de Educação de Jaru – FIMCA/UNICENTRO, E-mail: armstrong.almeida@unicentroro.edu.br.