ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ASSISTÊNCIA À GESTANTE ADOLESCENTE NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA

Health professionals’ performance in assisting pregnant adolescents in primary health care: a narrative review of the literature

Actuación de los profesionales de la salud en la asistencia a adolescentes embarazadas en la atención primaria de salud: una revisión narrativa de la literatura

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7748714


Tuanny Beatriz dos Santos Lima1
Jane Nascimento da Silva2
Tiago de Souza Leão Pereira Magnata3
Pedro Henrique Monteiro Sales4
Lorena Cupello Lobo dos Santos5
Iglesia Tolentino Bezerra6
José Victor Lima de Souza7
Kely Ferreira da Cruz da Silva8
Celijane Almeida Silva9
Aline Mayara da Cruz10
Paulo Henrique Soares Oliveira11
Jorciane da Conceição Costa Soares12
Ewerton Lourenço Barbosa Favacho13
Sara de Medeiros Vieira14
Juliana Cruz Barreto15
Ana Luisa de Melo Xavier16
Iara Barbosa Cabral17
Ana Vitória Gomes Alves18


Resumo

Viu-se a necessidade de explanar sobre a gestação adolescente, objetivando descrever sobre a atuação dos profissionais de saúde na assistência à gestante adolescente no âmbito da atenção primária à saúde.  O estudo consistiu em revisão narrativa da literatura, elaborada a partir da seleção de 20 (vinte) artigos científicos publicados nas bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), com a finalidade de sintetizar resultados de investigações sobre o tema. A coleta de dados foi realizada durante os meses de novembro e dezembro de 2022, com base em artigos científicos disponíveis na íntegra, publicados nos últimos cinco anos, correspondendo ao período de 2017 a dezembro de 2022. Os resultados obtidos relatam que a assistência durante o período gravídico deve estar voltada para o acolhimento, comunicação, interação e comprometimento do profissional, visando estabelecer uma relação de confiança com a paciente, para que ela se sinta acolhida e possa ter um acompanhamento adequado. Além disso, é importante que o espaço seja preparado para proporcionar segurança e conforto às mulheres e ao profissional, bem como que sejam disponibilizados recursos humanos e materiais suficientes para o atendimento e realização de atividades educativas. Todavia,   sugerimos que posteriormente novos estudos sejam realizados com a finalidade de melhorar a qualidade da assistência às gestantes adolescentes no âmbito da atenção primária à saúde, contribuindo para a transformação do modelo reducionista biomédico, para o modelo biopsicossocial.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Cuidado Pré-Natal; Gravidez na Adolescência; Mães Adolescentes.

Abstract

There was a need to explain about teenage pregnancy, aiming to describe the role of health professionals in assisting pregnant adolescents in primary health care.  The study consisted of a narrative review of literature, prepared from the selection of twenty (20) scientific articles published in the Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) and Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS) databases, with the purpose of synthesizing research results on the subject. Data collection was performed during the months of November and December 2022, based on scientific articles available in full, published in the last five years, corresponding to the period from 2017 to December 2022. The results obtained reported that the assistance during the pregnancy period should be focused on the reception, communication, interaction, and commitment of the professional, aiming to establish a relationship of trust with the patient, so that she feels welcomed and can have an adequate follow-up. In addition, it is important that the space is prepared to provide safety and comfort to the women and to the professional, as well as that sufficient human and material resources are made available for the care and educational activities. However, we suggest that further studies be conducted in order to improve the quality of care for teenage pregnant women in primary health care, contributing to the transformation of the reductionist biomedical model to the biopsychosocial model.

Keywords: Primary Health Care; Prenatal Care; Adolescent Pregnancy; Adolescent Mothers.

Resumen

Era necesario dar explicaciones sobre el embarazo en la adolescencia, con el objetivo de describir el papel de los profesionales sanitarios en la asistencia a las adolescentes embarazadas en la atención primaria de salud.  El estudio consistió en una revisión narrativa de la literatura, elaborada a partir de la selección de veinte (20) artículos científicos publicados en las bases de datos: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) y Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS), con el fin de sintetizar los resultados de investigaciones sobre el tema. La recogida de datos se realizó durante los meses de noviembre y diciembre de 2022, a partir de artículos científicos disponibles en su totalidad, publicados en los últimos cinco años, correspondientes al periodo comprendido entre 2017 y diciembre de 2022. Los resultados obtenidos informan que la asistencia durante el periodo de gestación debe centrarse en la acogida, comunicación, interacción y compromiso del profesional, con el objetivo de establecer una relación de confianza con la paciente, para que se sienta acogida y pueda tener un seguimiento adecuado. Además, es importante que el espacio esté preparado para proporcionar seguridad y comodidad a las mujeres y al profesional, así como que se proporcionen recursos humanos y materiales suficientes para las actividades asistenciales y educativas. Sin embargo, sugerimos que se realicen más estudios para mejorar la calidad de la atención a las adolescentes gestantes en la atención primaria de salud, contribuyendo a la transformación del modelo biomédico reduccionista para el modelo biopsicosocial.

Palabras clave: Atención primaria de salud; Atención prenatal; Embarazo en la adolescencia; Madres adolescentes.

1. Introdução

A maternidade na adolescência foi reconhecida como uma questão de saúde pública no final dos anos 40 do século XX e, nos anos 60, havia se tornado um marco histórico de mudanças socioculturais na vida das mulheres. A separação da prática sexual, do casamento e da reprodução como resultado do acesso das mulheres aos métodos contraceptivos pode ser considerado uma das vitórias mais significativas para as mulheres nesta época, em termos do desenvolvimento da autonomia e liberdade reprodutiva (ERRICO, et al. 2018).

No entanto, a maternidade na adolescência também trouxe consigo consequências sociais negativas para algumas mulheres e seus filhos, uma vez que, a gravidez na adolescência também tem um impacto social significativo, entre esses, a necessidade que as adolescentes gestantes sentem de abdicar de seus estudos para se tornarem mães, limitando as suas oportunidades de gerar renda e de crescimento pessoal. Além disso, as crianças geradas nestas situações, estão mais expostas a enfrentar problemas educacionais e de saúde (BYERLEY, et al., 2017). 

Outra consequência da gravidez na adolescência é o aumento dos problemas de saúde materna, uma vez que, mulheres jovens têm maior propensão à anemia, pré-eclâmpsia e doenças relacionadas à gravidez, além disso, é muito mais comum que elas apresentem complicações durante o parto, aumentando o risco de mortalidade materna (GADELHA, et al., 2020). 

Ademais, muitas adolescentes grávidas são marginalizadas pela sociedade, e acabam recorrendo ao aborto em condições de risco, pois muitas vezes carregadas de medo, culpa, censura, vergonha, encontram no aborto a única saída para a solução dos seus problemas, correndo riscos de complicações físicas e psicológicas, visto que a maioria não tem acesso à assistência médica de qualidade, realizam abortos em clínicas clandestinas ou utilizam métodos caseiros perigosos (KOEN, et al., 2019).

Vale ressaltar que, de 7,3 milhões de meninas e jovens mulheres que dão à luz todos os anos no mundo, 2 milhões têm menos de 14 anos, conforme o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). As taxas de mortalidade dos adolescentes também são altas e atingem 70 milhões devido a complicações durante a gravidez ou o parto (LIVRAMENTO, et al., 2019).

Uma estatística preocupante são os 19.330 nascimentos de bebês com mães de 10 a 14 anos no ano de 2019; isto significa que a cada 30 minutos, uma menina de 10 a 14 anos dar á luz. Por essas razões, as mulheres jovens precisam ser informadas sobre as consequências da maternidade na adolescência. A educação é um dos fatores mais significativos na prevenção, a promoção do bem-estar dos adolescentes e jovens inclui uma educação sexual abrangente, resultando em uma percepção do significado do comportamento sexual responsável (VANIN, et al., 2020).

Os profissionais das Unidades Básicas de Saúde são responsáveis pelas iniciativas educacionais primárias sobre sexualidade responsável, promoção da boa saúde, prevenção de DSTs e gravidez precoce, fornecidas à população adolescente e jovem através dos Serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) (ALMEIDA, A. H. V. et al., 2020).

Cabe aos profissionais da atenção primária a saúde, o acompanhando de cada estágio da gravidez a partir do momento em que ela é descoberta até o nascimento do bebê, desde que seja confirmado não haver riscos fetais ou maternos, uma vez que, os cuidados básicos de saúde que as adolescentes grávidas recebem são prestados pelos profissionais de saúde através da ESF (Estratégia e Sade da Família), anteriormente conhecida como PSF (Programa de Sade da Família), destacando a importância do atendimento centrado no acolhimento, na escuta e no estabelecimento de vínculos, afastando-se do modelo biomédico, centrado apenas nos aspectos biológicos e fisiológicos (MARQUES, et al., 2021).

Diante do exposto, este estudo objetiva realizar uma revisão narrativa da literatura acerca da atuação dos profissionais de saúde na assistência à gestante adolescente no âmbito da atenção primária à saúde. 

2. Metodologia

Consistiu em revisão narrativa da literatura, elaborada a partir da seleção de 20 (vinte) artigos científicos publicados nas bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), com a finalidade de sintetizar resultados de investigações sobre o tema, com base na questão norteadora: “qual é a atuação dos profissionais de saúde na assistência à gestante adolescente no âmbito da atenção primária à saúde?”.

Inicialmente, o tema estabelecido foi “atuação dos profissionais de saúde na assistência à gestante adolescente no âmbito da atenção primária à saúde: uma revisão narrativa da literatura”. A busca foi conduzida a partir do uso de descritores em Ciência da Saúde (DeCS): “Atenção Primária à Saúde”, “Cuidado Pré-Natal”, “Gravidez na Adolescência”, “Mães Adolescentes”.

A coleta de dados foi realizada durante os meses de novembro e dezembro de 2022, com utilização dos seguintes critérios de inclusão: artigos científicos disponíveis na íntegra, publicados nos últimos cinco anos, correspondendo ao período de 2017 a dezembro de 2022, escritos em língua portuguesa e inglesa. E, critérios de exclusão: outras formas de publicação que não fossem artigos científicos, como teses, informes científicos, resenhas críticas e monografias, artigos científicos incompletos e que ultrapassassem o período proposto, assim como artigos escritos em outros idiomas.

Após a leitura dos resumos obtidos, foram selecionados 20 (vinte) artigos que mais atenderam ao tema proposto, para comporem a presente revisão. A busca pelos 20 documentos selecionados para a construção do presente estudo foi representada no fluxograma a seguir na Figura 1: 

Figura 1 – Fluxograma sobre a busca das publicações científicas e as bases de dados. 

Fonte: Autores, (2022).

3. Resultados e Discussão

Posteriormente à análise e buscas efetivadas nas bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), com uso dos descritores em saúde selecionados: “Atenção Primária à Saúde”, “Cuidado Pré-Natal”, “Gravidez na Adolescência”, “Mães Adolescentes”, foram encontrados 13 artigos na MEDLINE e 25 artigos na base de dados LILACS, totalizando 38 trabalhos. Após análise, com base no tema proposto e critérios de inclusão e exclusão, reduziram-se a 20 (vinte) artigos para comporem o corpus do presente estudo.

O quadro 1 apresenta os artigos selecionados para construção desta revisão de literatura: 

Quadro 1 – Artigos utilizados para construção do presente estudo

AUTOR DO ESTUDOANO DA PUBLICAÇÃOTÍTULO DO ARTIGOREVISTA CIENTÍFICA
ALMEIDA, A. H. V.; et al.  2020Prematuridade e gravidez na adolescência no Brasil, 2011-2012Cadernos de Saude Publica – Fiocruz
ALMEIDA, C. P. F.; et al.2021Assistência ao pré – natal no rio grande do norte: acesso e qualidade do cuidado na atenção básica.Revista Ciência Plural – UFRN
BYERLEY, B. M.; et al2017A systematic overview of the literature regarding group prenatal care for high-risk pregnant womenBMC Pregnancy and Childbirth
CECAGNO, S.; et al.2020Fatores obstétricos relevantes na adolescência: uma revisão integrativa no contexto nacional e internacionalArquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR
CRISPÍN-MILART, P. H.; et al.2019Detection of high-risk pregnancies in low-resource settings: a case study in GuatemalaReproductive Health
ERRICO, L. S. P.; et al.2018O trabalho do enfermeiro no pré-natal de alto risco sob a ótica das necessidades humanas básicasRevista Brasileira de Enfermagem
FERNANDES, J. A.; et al.2020Avaliação da atenção à gestação de alto risco em quatro metrópoles brasileirasCadernos de Saúde Pública – Fiocruz
FONSECA, B. S.; et al.2022A maternidade e a transmissão vertical do HIV/ AIDS em gestantes adolescentes soropositivas: Revisão integrativa.Revista Nursing -São Paulo
GADELHA, I. P.; et al.2020Determinantes sociais da saúde de gestantes acompanhadas no pré-natal de alto riscoRev Rene – Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste
GOMES, F. C. S.; et al.2022Fatores associados ao perfil psicossocial de mulheres durante o pré­natalMedicina (Ribeirao Preto, Online)
KOEN, L.; et al.2019Hospital care versus TELemonitoring in high-risk pregnancy (HOTEL): study protocol for a multicentre non-inferiority randomised controlled trialBMJ Open
LIVRAMENTO, D. V. P.; et al.2019Percepções de gestantes acerca do cuidado pré-natal na atenção primária à saúdeRevista Gaúcha de Enfermagem (RGE)
MARQUES, B. L.; et al.
2021Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado compartilhado na atenção primária em saúdeEscola Anna Nery – Revista de Enfermagem
MORAES, P.; et al.
2021
Gravidez não planejada em comunidades quilombolas: percepção dos adolescentesTexto & Contexto Enfermagem
SANINE, P. R.; et al.2019Atenção ao pré-natal de gestantes de risco e fatores associados no Município de São Paulo, BrasilCadernos de Saúde Pública – Fiocruz
SOUSA, A. J.; et al.2019Ser gestante no meio repelente: orientações, medidas preventivas e ansiedade frente ao diagnóstico positivo para o Zika VírusEnfermería actual en Costa Rica (Online)
SOUZA, I. A.; et al.2019Assistência pré-natal e puerperal e indicadores de gravidade no parto: um estudo sobre as informações disponíveis no cartão da gestanteRevista Brasileira de Saúde Materno Infantil – (Online)
SOUZA, J. E. V.; et al.2018Dilemas bioéticos na assistência médica às gestantes adolescentesRevista bioética (Impresso)
VANIN, L. K.; et al.2020Maternal and fetal risk factors associated with late preterm infantsRevista Paulista de Pediatria
VEIGA, L. L. P.; et al.2019Resultados perinatais adversos das gestações de adolescentes vs de mulheres em idade avançada na rede brasileira de saúde públicaRevista Brasileira de Saúde Materno Infantil – (Online)

Fonte: Autores, (2022).

Com base nas informações obtidas a partir do estudo de Cecagno et al., (2020), a assistência prestada pelos profissionais da atenção primária à saúde durante todo o período gestacional adolescente, não deve se restringir ao modelo biomédico, uma vez que este paradigma acaba tornando a assistência pré-natal automatizada, focada apenas nos aspectos físicos e biológicos da adolescente, isolando-as dos cuidados pré-natais básicos, pela limitação de conexões entre adolescente e profissional, prejudicando a construção de vínculos com base em uma relação de confiança. 

Para Fernandes et al., (2020),  a assistência pré-natal deve ser ampliada para abranger os problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, estresse, baixa autoestima, medo, entre outros. Além disso, os profissionais devem ser treinados para oferecer assistência nos aspectos sociais e psicológicos, como suporte emocional e informação sobre cuidados materno-fetais (SOUZA, I. A. et al., 2019). 

Conforme o estudo realizado por Gomes et al., (2022), a atenção primária à saúde deve ofertar serviços de atenção à saúde da mulher, como acompanhamento médico, exames, vacinação, visitas domiciliares, entre outros, assim como programas educacionais que ofereçam informações sobre saúde, nutrição e outros assuntos relevantes para a gestação. Para Fonseca et al., (2022), deve-se ressaltar que a assistência pré-natal deve ser centrada na adolescente, o que significa que ela deve ser o centro da atenção e dos cuidados, tendo os seus direitos respeitados e seu bem-estar, bem como o do bebê, devem ser considerados.

Segundo o estudo de Veiga et al., (2019),  em termos de assistência, os profissionais de saúde devem se preocupar com a saúde e o bem-estar da adolescente grávida, dando-lhe conselhos com orientações sensíveis e atenciosas. É fundamental que estes profissionais consigam identificar e reconhecer os sinais e sintomas da gravidez, assim como fornecer conselhos e orientações apropriadas para administrar as mudanças na saúde da adolescente grávida durante o período de gravidez (SOUZA, J. E. V. et al., 2018).

De acordo com os estudos de Crispin-Milart et al., (2019) e de Sousa, et al., (2019), os cuidados à adolescente grávida devem envolver ainda o monitoramento dos sinais vitais e da saúde geral da mulher grávida, a realização de exames laboratoriais e a monitorização dos sinais e sintomas da gravidez. Esta monitorização deve ser realizada regularmente durante o período de gravidez e pós-parto para garantir que a saúde da mulher grávida e do bebê seja a melhor possível (MORAES, et al., 2021). 

Consoante aos estudos anteriores, Sanine et al., (2019), evidenciou que a assistência durante o período gravídico deve estar voltada para o acolhimento, comunicação, interação e comprometimento do profissional, visando estabelecer uma relação de confiança com a paciente, para que ela se sinta acolhida e possa ter um acompanhamento adequado. Além disso, é importante que o espaço seja preparado para proporcionar segurança e conforto às mulheres e ao profissional, bem como que sejam disponibilizados recursos humanos e materiais suficientes para o atendimento e realização de atividades educativas (ALMEIDA, C. P. F. et al.,2021).

4. Considerações Finais

O presente estudo revelou que as ações assistenciais profissionais voltadas às pacientes adolescentes grávidas, mostraram-se baseadas no paradigma biomédico, afastando-se das necessidades mais extensas da população adolescente. Os profissionais de saúde recebem treinamento para suas funções quando aderem à atenção primária à saúde, entretanto, com um treinamento em saúde dominado por princípios hegemônicos, as práticas atuais não indicam uma mudança na forma como as pacientes são assistidas.

Os processos educacionais em grupo que apoiam as gestantes adolescentes no desenvolvimento de habilidades de vida, devem ser incorporados à rotina diária de atendimento. Para que essas participantes encontrem respostas positivas para as necessidades de segurança, reconhecimento e aceitação, os profissionais devem ser treinados para desenvolver ações que incentivem a autonomia materna, simultaneamente, em que promovam uma compreensão e aceitação compartilhadas.

As adolescentes grávidas devem ser encorajadas a estarem abertas às políticas de saúde que apoiem suas necessidades como mulheres, mães e esposas, permitindo assim, a compreensão das várias formas pelas quais sua sexualidade pode ser expressa. Compete à saúde pública brasileira, facilitar e permitir o acesso à informação e métodos contraceptivos com a garantia de monitoramento clínico, sobretudo, garantindo o direito ao atendimento em caso de aborto, acesso ao pré-natal, e à maternidade segura por meio de profissionais capacitados.

Todavia,   sugerimos que posteriormente novos estudos sejam realizados com a finalidade de melhorar a qualidade da assistência às gestantes adolescentes no âmbito da atenção primária à saúde, contribuindo para a transformação do modelo reducionista biomédico, para o modelo biopsicossocial.

Referências

ALMEIDA, A. H. V.; et al.  Prematuridade e gravidez na adolescência no Brasil, 2011-2012. Cad. Saude Publica., v. 36, n. 12, e00145919, 2020.

ALMEIDA, C. P. F.; et al. Assistência ao pré – natal no rio grande do norte: acesso e qualidade do cuidado na atenção básica. Rev. Ciênc. Plur., v. 7, n. 3, p. 61-80, 2021.

BYERLEY, B. M.; et al.  A systematic overview of the literature regarding group prenatal care for high-risk pregnant women. BMC Pregnancy Childbirth., v. 17, n. 1, 2017.

CECAGNO, S.; et al.  Fatores obstétricos relevantes na adolescência: uma revisão integrativa no contexto nacional e internacional. Arq. ciências saúde 

UNIPAR., v. 24, n. 3, p. 197-202, 2020.

CRISPÍN MILART, P. H.; et al. Detection of high-risk pregnancies in low-resource settings: a case study in Guatemala.. Reprod. Health., v. 16, n. 1, 2019.

ERRICO, L. S. P.; et al. O trabalho do enfermeiro no pré-natal de alto risco sob a ótica das necessidades humanas básicas. Rev. bras. enferm., v. 71, n. 3, p. 1257-1264, 2018.

FERNANDES, J. A.; et al. Avaliação da atenção à gestação de alto risco em quatro metrópoles brasileiras. Cad. Saúde Pública (Online)., v. 36, n. 5, p. 14-14, 2020.

FONSECA, B. S.; et al. A maternidade e a transmissão vertical do HIV/ AIDS em gestantes adolescentes soropositivas: Revisão integrativa. Nursing (Säo Paulo)., v. 25 n. 290, p. 8137-8150, 2022.

GADELHA, I. P.; et al. Determinantes sociais da saúde de gestantes acompanhadas no pré-natal de alto risco. Rev Rene (Online)., v. 21, n. 42198, 2020.

GOMES, F. C. S.; et al. Fatores associados ao perfil psicossocial de mulheres durante o pré­natal. Medicina (Ribeirao Preto, Online)., v. 55, n. 1, 2022.

KOEN, L.; et al. HOspital care versus TELemonitoring in high-risk pregnancy (HOTEL): study protocol for a multicentre non-inferiority randomised controlled trial. BMJ Open., v. 9, n. 10, e031700, 2019.

LIVRAMENTO, D. V. P.; et al. Percepções de gestantes acerca do cuidado pré-natal na atenção primária à saúde. Rev. gaúch. enferm., v. 40, n. 1, e20180211, 2019.

MARQUES, B. L.; et al. Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado compartilhado na atenção primária em saúde. Esc. Anna Nery Rev. Enferm., v. 25, n. 1, e20200098, 2021.

MORAES, P.; e al. Gravidez não planejada em comunidades quilombolas: percepção dos adolescentes. Texto & contexto enferm., v. 30, n.1, e2000109, 2021.

SANINE, P. R.; et al. Atenção ao pré-natal de gestantes de risco e fatores associados no Município de São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica., v. 35, n. 10, e00103118, 2019.

SOUSA, A. J.; et al. Ser gestante no meio repelente: orientações, medidas preventivas e ansiedade frente ao diagnóstico positivo para o Zika Vírus. Enferm. actual Costa Rica (Online)., v. 36, n. 1, p. 48-61, 2019.

SOUZA, I. A.; et al. Assistência pré-natal e puerperal e indicadores de gravidade no parto: um estudo sobre as informações disponíveis no cartão da gestante. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. (Online)., v. 19, n. 4, p. 983-989, 2019.

SOUZA, J. E. V.; et al. Dilemas bioéticos na assistência médica às gestantes adolescentes. Rev. bioét. (Impr.)., v. 26, n. 1, p. 87-94, 2018.

VANIN, L. K.; et al. Maternal and fetal risk factors associated with late preterm infants. Rev Paul Pediatr., v. 38, n. 1, e20018136, 2020.

VEIGA, L. L. P.; et al. Resultados perinatais adversos das gestações de adolescentes vs de mulheres em idade avançada na rede brasileira de saúde pública. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. (Online)., v. 19, n. 3, p. 601-609, 2019.


1Faculdade Unibras da Bahia, Brasil

2Centro Universitário UNICBE, Brasil

3Universidade de Pernambuco, Brasil

4Faculdade Estácio de Sá, Brasil

5Universidade Federal Fluminense, Brasil

6Universidade Estadual do Piauí, Brasil

7Universidade de Gurupi, Brasil

8Universidade Gama Filho, Brasil

9Centro Universitário UNIFACISA, Brasil

10Centro Universitário da Vitória de Santo Antão, Brasil

11Universidade Federal do Amazonas, Brasil

12Universidade Federal do Amazonas, Brasil

13Universidade da Amazônia, Brasil

14Universidade Federal de Campina Grande, Brasil

15Universidade Federal do Sul da Bahia, Brasil

16Universidade Estadual da Paraíba, Brasil

17Universidade Federal de Goiás, Brasil

18Centro Universitário Unifavip Wyden