ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JUNTO A PACIENTES E FAMILIARES SOB CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICO: UMA PESQUISA DE MERCADO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10143963


Ester Lima Campos1
Vanessa Nascimento de Oliveira Gomes2
Juliana Reis de Alcântara Barros3


RESUMO

A discussão sobre cuidados paliativos começou nos anos 70, mas apenas na década de 90 surgiram os primeiros serviços organizados. Nos últimos anos, tem havido um crescente reconhecimento da importância da atenção integral ao paciente em cuidados paliativos, que visa proporcionar qualidade de vida e conforto aos indivíduos que enfrentam doenças avançadas e incuráveis. Assim como o suporte a seus familiares e acompanhantes. Para introduzir um serviço de psicologia adequado a demanda deste público é necessário entender melhor essa realidade, avaliando quem já vivenciou essa experiência. O estudo foi realizado em setembro de 2023, uma abordagem de pesquisa de mercado foi adotada, empregando um formulário como instrumento de coleta de dados. O formulário foi aplicado a partir do método amostral não-probabilística, bola de neve, as questões do levantamento visavam entender a perspectiva das famílias e pacientes em relação à relevância da presença do psicólogo no atendimento a pacientes sob cuidados paliativos, com o intuito de orientar a implementação desse tipo de serviço no mercado em um momento posterior. Os resultados da pesquisa enfatizam a necessidade de uma presença consistente e especializada de psicólogos nesse cenário, bem como a importância de estruturar um mercado de serviços de psicologia específico para atender a essa demanda.

Palavras-chave: serviço psicológico; cuidados paliativos, oncológicos; suporte emocional, qualidade de vida.

ABSTRACT

The discussion about Palliative Care began in the 70s, but it was only in the 90s that the first organized services emerged. In recent years, there has been a growing recognition of the importance of comprehensive patient care in palliative care, which aims to provide quality of life and comfort to individuals facing advanced and incurable illnesses. As well as support for their family members and companions. To introduce a psychology service suited to the demand of this public, it is necessary to better understand this reality, evaluating those who have already experienced this experience. The study was carried out in September 2023, a market research approach was adopted, employing a form as a data collection instrument. The form was applied based on the non-probabilistic, snowball sampling method, the survey questions aimed to understand the perspective of families and patients in relation to the relevance of the psychologist’s presence in caring for patients in palliative care, with the aim of guiding the implementation of this type of service on the market at a later date. The research results emphasize the need for a consistent and specialized presence of psychologists in this scenario, as well as the importance of structuring a specific psychology services market to meet this demand.

KEYWORDS: psychological service; palliative, oncological care; emotional support, quality of life.

INTRODUÇÃO

Os cuidados paliativos têm como objetivo proporcionar qualidade de vida e alívio de sintomas a pacientes em estado terminal, bem como oferecer suporte e assistência aos familiares nesse momento delicado. Para uma abordagem holística e humanizada, faz-se necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar, incluindo profissionais da saúde mental, como os psicólogos.

Nos últimos anos, tem havido um crescente reconhecimento da importância da atenção integral ao paciente em cuidados paliativos, que visa proporcionar qualidade de vida e conforto aos indivíduos que enfrentam doenças avançadas e incuráveis. Nesse contexto, a intervenção psicológica desempenha um papel fundamental, contribuindo para o cuidado integral e a melhoria da qualidade de vida do paciente, assim como para o suporte emocional dos familiares envolvidos nesse processo delicado.

Embora os cuidados paliativos sejam uma abordagem amplamente reconhecida para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com câncer avançado e suas famílias, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados na implementação desses cuidados e na garantia de uma assistência integral e humanizada.

No contexto brasileiro, a discussão sobre cuidados paliativos começou nos anos 70, mas apenas na década de 90 surgiram os primeiros serviços organizados, ainda de forma experimental. Atualmente, as atividades relacionadas a cuidados paliativos carecem de regulamentação por meio de legislação, e a quantidade de serviços disponíveis é limitada. Além disso, são poucos os que oferecem atendimento com base em critérios científicos e de alta qualidade. A maioria dos serviços ainda precisa implementar modelos de atendimento padronizados para assegurar eficácia e excelência na assistência.

De acordo com um levantamento realizado por Hermes (2013), o psicólogo diante da terminalidade humana busca melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzindo seu sofrimento, ansiedade e depressão em face da morte. Sua atuação é importante na prevenção e em todas as etapas do tratamento e também oferece apoio emocional à família, ajudando-os a compreender o processo da doença em suas diferentes fases, além de buscar constantemente maneiras de respeitar a autonomia do paciente.

Nesse contexto, é essencial investigar o papel particular do psicólogo e compreender de que forma sua intervenção pode impactar positivamente a qualidade de vida tanto do paciente quanto de seus familiares. Esta é a temática central da pesquisa, que procura entender a perspectiva das famílias em relação à relevância da presença do psicólogo no atendimento a pacientes em cuidados paliativos, com o intuito de orientar a implementação desse tipo de serviço no mercado.

REFERENCIAL TEÓRICO

No contexto dos cuidados paliativos, a atuação do psicólogo é essencial, oferecendo suporte emocional e psicossocial tanto para os pacientes diagnosticados com câncer quanto para seus familiares, em uma fase particularmente desafiadora. Publicações selecionadas fornecem informações perspicazes sobre o significado e os benefícios da intervenção psicológica nesta situação particular.

Fundamentamos nossa pesquisa nos artigos de De Melo, Fernandes Valero e Menezes (2013), De Queiroz Ferreira, Lopes e De Melo (2011), Pantaleão, Dias e Dias (2021) e Porto e Lustosa (2010), que oferecem importantes perspectivas e contribuições teóricas sobre o tema.

Os autores destacam a necessidade de um cuidado integral ao paciente, contemplando os aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais. Além disso, os artigos enfatizam a importância da comunicação efetiva entre os profissionais de saúde e o paciente, considerando as peculiaridades desse momento crucial. As pesquisas apontam para a relevância de estratégias terapêuticas, como o apoio emocional, a terapia de luto e a promoção da resiliência, que contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes em cuidados paliativos.

No estudo de De Queiroz Ferreira, Lopes e De Melo (2011) intitulado “O papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos junto ao paciente com câncer”, é ressaltado a importância da presença do psicólogo nessa equipe multiprofissional.

Os autores destacam que o psicólogo desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar emocional do paciente e na promoção de estratégias de enfrentamento eficazes para lidar com a doença e seus desdobramentos. O artigo também evidencia a importância do trabalho do psicólogo junto aos familiares, oferecendo apoio e orientação para auxiliá-los a lidar com suas próprias emoções e desafios diante do adoecimento de um ente querido.

Pantaleão, Dias e Dias (2021), em seu artigo “A Atuação do Psicólogo nos cuidados paliativos”, abordam a relevância da intervenção psicológica nos cuidados paliativos de forma mais atualizada. Os autores destacam a necessidade de um cuidado humanizado e centrado na pessoa, que considere as necessidades biopsicossociais dos pacientes em cuidados paliativos. Os autores discutem a importância do acolhimento emocional, do suporte na tomada de decisões e da promoção da qualidade de vida no processo de adoecimento avançado. Além disso, o artigo enfatiza a importância do trabalho em equipe, ressaltando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar na qual o psicólogo desempenha um papel central na integração dos cuidados emocionais e psicossociais aos cuidados médicos.

O estudo de Porto e Lustosa (2010), intitulado “Psicologia Hospitalar e Cuidados Paliativos”, aborda a relação entre a psicologia hospitalar e os cuidados paliativos. Os autores enfatizam a importância da atuação do psicólogo no contexto hospitalar, especialmente no suporte emocional aos pacientes em situação de doença grave e incurável. O artigo destaca a necessidade de uma abordagem humanizada, que valoriza a escuta atenta, a empatia e a compreensão das particularidades e necessidades psicossociais do paciente. Além disso, ressalta-se a relevância do trabalho em equipe, em que o psicólogo atua em conjunto com outros profissionais de saúde para garantir um cuidado integral ao paciente em cuidados paliativos.

A Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) prevê uma iminente transformação no que diz respeito à formação de profissionais de saúde e à oferta de serviços de cuidados paliativos nos próximos anos. Antecipa-se um aumento na demanda por esses serviços, o que implicará na necessidade de profissionais devidamente qualificados e regulamentados. Para que essa transformação ocorra, é necessário que se promulgue legislação adequada e que a equipe de Cuidados Paliativos seja integrada nos hospitais. Além disso, é esperado que as barreiras atuais, como o desconhecimento e o preconceito que ainda persistem no Brasil, especialmente entre médicos, profissionais de saúde, gestores hospitalares e o poder judiciário, sejam superadas. Também é necessário aumentar a visibilidade desse campo de atuação junto ao público em geral, inclusive por meio de representações em filmes e novelas.(ANCP, 2020).

Com o aumento da procura por cuidados especializados é necessário compreender que os profissionais de saúde precisam estar preparados para atender essa demanda. Hermes (2013), fala sobre a falta de disciplinas relacionadas à temática da morte nos currículos profissionais, poucos serviços de cuidados paliativos na sociedade brasileira e barreiras para a adoção de uma nova abordagem no cuidado do paciente terminal.

Ainda segundo o mesmo autor, é importante reformular os currículos para capacitar os profissionais a lidar de forma mais eficaz com pacientes em fase terminal. Embora a academia não possa preparar totalmente o profissional para a prática, pode contribuir promovendo o debate. Isso permitirá que o profissional se sinta mais seguro ao enfrentar a temática da morte e ao cuidar de pacientes sem possibilidades de cura.

Assim, conduzir uma pesquisa de mercado com o objetivo de introduzir um serviço de psicologia proporciona valiosas informações e perspectivas sobre os cidadãos e consumidores, bem como sobre as tendências e demandas do mercado, baseadas na experiência daqueles que já passaram por essa situação. A pesquisa de mercado é utilizada para compreender a realidade de um mercado e melhorar a eficácia das ações relacionadas à prestação de um serviço. É uma maneira de obter informações relevantes que ajudam os profissionais a tomar decisões mais seguras e acertadas. (Da Costa Hernandez, 2014)

Essa pesquisa auxilia os profissionais de psicologia a aprimorar sua compreensão sobre os clientes, permitindo a identificação precisa de suas necessidades, o que, por sua vez, resulta em uma oferta de serviços mais adequada e pode até mesmo contribuir para a formulação de políticas públicas pertinentes.

METODOLOGIA

A presente pesquisa apresenta a natureza do método quali – quanti, pois é estruturada, usa métodos estatísticos, quantifica os dados e generaliza os resultados da amostra para a população-alvo. A pesquisa tem fins intervencionistas, pois visa não apenas explicar, mas também interferir na realidade estudada para modificá-la.

Para atingir esse objetivo, uma abordagem de pesquisa de mercado foi adotada, empregando um formulário como instrumento de coleta de dados.

Este formulário foi construído na plataforma forms.app, que tem a função de criar e coletar formulários, sem a identificação do participante da pesquisa. O formulário foi aplicado a partir do método amostral não-probabilística, bola de neve.

A população-alvo deste estudo consiste em famílias de pacientes em cuidados paliativos, que enfrentaram ou estão enfrentando as complexidades emocionais e práticas associadas a essa fase da assistência psicológica.

Os primeiros participantes foram escolhidos através do ciclo de relacionamento das pesquisadoras que já tinham vivenciado a realidade da pesquisa e estes foram indicando novos participantes que já vivenciaram a necessidade do serviço. Como método de inclusão foram utilizados todos os formulários preenchidos adequadamente pela plataforma e como critério de exclusão foram retirados os formulários que não estavam preenchidos por completo.

Os formulários de pesquisa foram disponibilizados em formato remoto e ficaram abertos para recebimento de informações durante todo o mês de setembro de 2023. Gerando um total de 20 respostas. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão resultou um total de 15 formulários analisados.

Esta pesquisa foi conduzida em conformidade com os princípios éticos da pesquisa científica. A pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), pois de acordo com a resolução nº 510, de 07 de abril de 2016, parágrafo único, que fala sobre as pesquisas que não serão registradas nem avaliadas pelo sistema CEP/CONEP, com Base no Inciso I, “ pesquisa de opinião pública com participantes não identificados”, que trata de pesquisas que tem a finalidade de consulta escrita de caráter pontual, realizada por meio de metodologia específica, através da qual o participante, é convidado a expressar sua avaliação ou o sentido que atribui a um tema, produto e serviços; sem possibilidade de identificação do participante, para fins de sua melhoria ou implementação de algo.

A pesquisa desenvolvida, tem finalidade mercadológica usada para entender a realidade atual da prestação de serviço de psicologia para público escolhido com o objetivo de modificação da realidade.

Após a coleta de dados, os formulários preenchidos foram compilados e os dados foram submetidos a uma análise quantitativa e qualitativa. As respostas às questões de múltipla escolha foram codificadas e analisadas utilizando software estatístico forms.app. A análise incluiu medidas estatísticas descritivas, como médias, desvio padrão e frequências, para resumir as respostas dos participantes. Os resultados encontrados estão apresentados em formato de gráfico no capítulo reservado para resultado e discussões. Assim como as respostas abertas e os comentários adicionais foram submetidos a análise, para isto foi utilizado o aplicativo Wordle para a construção de Nuvens de Palavras. A técnica serve como ferramenta de apoio ao processamento de dados na pesquisa qualitativa, de forma a permitir identificar rapidamente as palavras-chave mais relevantes.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A equipe de cuidados paliativos tem como objetivo oferecer suporte para melhorar a qualidade de vida de pacientes com doença grave ou em estágio avançado, como certos tipos de câncer. O psicólogo que faz parte desta equipe deve ter formação profissional na área, buscando estratégias para ajudar o paciente e seus familiares a lidar e processar as intensas experiências emocionais vivenciadas na fase terminal da vida.

Considerando esse contexto, a seguir são apresentados o resultado e a discussão da coleta de dados da pesquisa que teve como objetivo compreender a perspectiva das famílias sobre a importância da presença do psicólogo no atendimento a pacientes em cuidados paliativos. O intuito é orientar a implementação desse tipo de serviço no futuro.

Na análise do perfil demográfico dos participantes da pesquisa sobre a prestação de serviços de psicologia a familiares de pacientes com câncer em cuidados paliativos, alguns padrões importantes emergem. A média de idade dos participantes foi de 35 anos, indicando uma faixa etária relativamente jovem em relação a esse contexto específico de cuidados paliativos. Além disso, observa-se uma notável predominância do gênero feminino, com 80% das respostas identificando-se como mulheres. Por outro lado, o gênero masculino representou 13% das respostas, enquanto as mulheres trans constituíram 7%. Essa distribuição de gênero destaca uma maioria significativa feminina entre os participantes. Segundo Renk (2022), o cuidado pode ser compreendido através de uma ética feminina, que se baseia na receptividade, na relação e no reconhecimento do cuidado recebido. As mulheres desempenham o cuidado aos outros com significado emocional, considerando-o uma obrigação e um aspecto central de sua identidade. Isso demonstra a profundidade do envolvimento feminino no processo de cuidar, que vai além de uma simples tarefa e reflete valores e identidade.

Além disso, dentro da análise dos dados da pesquisa, foi avaliado o grau de parentesco dos participantes com pacientes oncológicos, o qual revela que o grau de parentesco mais relevante e frequente foi o de “filho(a)”. Isso sugere que a maioria dos entrevistados tinha um vínculo direto com o paciente, possivelmente como cuidadores primários ou membros da família que desempenham um papel fundamental no apoio ao paciente. Essa informação é crucial para direcionar os esforços de apoio psicológico, pois os filhos desempenham um papel significativo no contexto de pacientes oncológicos, e sua necessidade de suporte emocional pode ser uma prioridade.

Gráfico 1– Parentesco com Paciente Oncológico

Fonte: De autoria própria (2023)

Com relação à pergunta sobre o contato com psicólogos em um ambiente de cuidados paliativos oncológicos, percebe-se no gráfico 2 discrepâncias alarmantes. Apenas 28% dos participantes relataram ter tido contato com apoio psicológico, enquanto expressivos 72% afirmaram não ter tido esse contato. Essa disparidade sugere que há uma lacuna significativa na oferta e acesso aos serviços psicológicos para pacientes em cuidados paliativos oncológicos, objetivo principal do estudo, indicando a necessidade de melhorias nesse campo para atender às necessidades emocionais dos pacientes.

Gráfico 2– Contato com psicólogo em um ambiente oncológico de cuidados paliativos.

Fonte: De autoria própria (2023)

Na pergunta sobre os benefícios do acompanhamento psicológico, o “Suporte emocional” foi o benefício mais marcado e relevante, com 89% das respostas, seguido pela “Redução do estresse e ansiedade”, na faixa de 84%. Outros benefícios, como “Ajuda no enfrentamento da doença”, “Melhora na qualidade de vida” e “Orientação para familiares”, foram igualmente considerados importantes, com 74% de marcações cada. Portanto, o suporte emocional se destacou como o benefício mais valorizado pelos participantes da pesquisa. Isso sugere que, embora haja reconhecimento da importância de vários benefícios, o suporte emocional se destaca como a principal necessidade identificada pelos participantes da pesquisa.

Gráfico 3– Principais benefícios do acompanhamento psicológico em cuidados paliativos oncológicos

Fonte: De autoria própria (2023)

Essa ênfase deve guiar a abordagem de prestadores de serviços psicológicos no contexto avaliado. De acordo com levantamento realizado por Barreto (2023) a psicologia hospitalar desempenha um papel crucial no suporte emocional e psicológico oferecido aos familiares de pacientes em terminalidade de vida, com suporte emocional e estratégias de coping, dessa forma auxiliando os envolvidos a lidarem com o estresse, a ansiedade e o luto associados à condição de terminalidade. Mas também, observamos desafios, como a necessidade de treinamento especializado para os profissionais da área e a importância da comunicação efetiva entre a equipe médica e a equipe de psicologia hospitalar.

Quanto à forma desejada de recebimento de prestação de serviço psicológico, o gráfico nº 4 reflete uma preferência destacada por atendimento psicológico no hospital, com 56% dos participantes escolhendo essa opção. Também, no mesmo gráfico, é observado que as preferências por atendimento na residência e de forma remota representam 39% cada, o que sugere uma demanda significativa por essas modalidades. Essa distribuição equilibrada enfatiza a importância de oferecer opções flexíveis de atendimento, adaptadas às necessidades dos pacientes.

Portanto, os prestadores de serviços de saúde mental devem considerar uma abordagem abrangente para atender às diversas preferências dos indivíduos que buscam apoio psicológico. De acordo com Silva (2022) a relação entre internet e psicologia tem se tornado cada vez mais intensa e frequente. Em países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, sessões de atendimentos psicoterápicos online já são praticadas há algum tempo nos últimos dez anos. No entanto, no Brasil, apenas em 2018 o Conselho Federal de Psicologia (CFP) adicionou em sua regulamentação a possibilidade de oferta desse serviço. Dado o aumento da adoção do formato remoto, há um potencial significativo de crescimento nesta modalidade. Cabe destacar, que a possibilidade de fornecer serviços de forma remota amplia o alcance e a acessibilidade, permitindo atingir um público maior e expandir as oportunidades de negócios.

Gráfico 4– Preferência quanto a forma de receber a prestação do serviço psicológico

Fonte: De autoria própria (2023)

A nuvem de palavras abaixo, trata da pergunta sobre a importância do serviço recebido, ao observar a nuvem, as palavras maiores e mais intensamente coloridas indicam aquelas com maior frequência de ocorrência. Isso é essencial para entender o foco, e observarmos a maior incidência do instrumento.

Figura 1– Nuvem de palavras sobre a importância do serviço psicológico recebido.

Fonte: De autoria própria (2023)

Os participantes desta pesquisa anônima destacaram a importância crucial do serviço psicológico em um ambiente de cuidados paliativos oncológicos, tanto para os pacientes como para suas famílias. A presença de um psicólogo é vista como um suporte fundamental em uma jornada repleta de desafios emocionais. Isso sublinha a necessidade de apoio emocional para enfrentar as complexidades dessa situação.

De acordo com estudos realizados por Benuti (2021), diversos autores têm evidenciado a eficácia dos programas educativos para promover a adesão dos pacientes ao tratamento recomendado, fornecendo informações sobre suas condições de saúde. No entanto, a especificidade do papel do psicólogo nessas atividades ainda não está claramente definida. Além de transmitir informações, o psicólogo deve realizar um diagnóstico da situação do grupo-alvo e identificar questões subjetivas que possam influenciar a forma como os pacientes lidam com sua doença e tratamento, propondo intervenções efetivas. É necessário incluir o psicólogo de forma específica na elaboração e implementação desses programas, tornando-os “psicoeducativos” com base nessa abordagem.

Como em qualquer pesquisa, o estudo realizado apresentou limitações quanto à amostra e tempo. Tratava-se de um grupo específico, limitando o acesso a esses entrevistados, bem como existiu a restrição do tempo que o formulário ficou aberto para receber novos questionários respondidos, permitindo considerar os resultados encontrados apenas para a população em questão. Desta forma, é necessário novos estudos que permitiriam ampliar o entendimento do fenômeno estudado e buscar confirmação empírica dos resultados obtidos.

Com base nessa pesquisa, existem várias áreas de pesquisa e desenvolvimento a serem exploradas. Estudos qualitativos podem aprofundar as experiências de pacientes e familiares em cuidados paliativos, investigando barreiras de acesso aos serviços psicológicos e desenvolvendo diretrizes específicas e a formação de profissionais de saúde específicos para atendimento desta demanda.

Os resultados da pesquisa enfatizam a necessidade de uma presença consistente e especializada de psicólogos nesse cenário, bem como a importância de estruturar um mercado de serviços de psicologia específicos para atender a essa demanda. Em suma, este estudo confirma que a atuação do psicólogo em cuidados paliativos oncológicos é fundamental para promover o bem-estar emocional, facilitar a tomada de decisões e enfrentar desafios éticos, reforçando a importância desse profissional na assistência integral a pacientes e familiares, seja diretamente nos hospitais, residência e até mesmo remoto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa buscou entender o impacto do apoio psicológico na qualidade de vida de pacientes e familiares, bem como a perspectiva das famílias sobre a importância desse serviço especializado. A atuação do psicólogo em cuidados paliativos oncológicos se mostrou essencial para auxiliar na adaptação à doença, no enfrentamento do luto e no fortalecimento do vínculo terapêutico. Além disso, evidenciou-se um papel importante na assistência à família, fornecendo suporte emocional, comunicação eficaz e auxílio na tomada de decisões.

Conduzir uma pesquisa de mercado para introduzir um serviço de psicologia é essencial para obter informações e perspectivas valiosas dos cidadãos e consumidores. Isso permite entender as tendências e demandas do mercado, além de aprimorar a compreensão dos profissionais da psicologia sobre os clientes. Com base nessa pesquisa, é possível identificar com precisão as necessidades dos clientes, oferecendo serviços mais adequados e contribuindo para a formulação de políticas públicas relevantes.

Uma vez que é observada a importância do papel do psicólogo e a falta de profissionais especializados nessa demanda específica. Assim como foi observado o formato de implementação desse serviço, com maior demanda no hospital, mas com uma perspectiva de fornecimento do serviço no formato remoto.

Um desafio para a implementação desse serviço é a necessidade de regulamentação legal e profissional, que permitirá a inclusão dos cuidados paliativos nas coberturas dos planos de saúde. Além de reduzir os custos dos serviços de saúde, os cuidados paliativos proporcionam benefícios significativos aos pacientes e seus familiares.

É crucial conscientizar a população brasileira sobre os cuidados paliativos para impulsionar uma mudança na abordagem do sistema de saúde em relação a pacientes com doenças ameaçadoras à vida, sendo uma necessidade tanto em termos de saúde pública quanto humanitária.

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1 Discente do Curso Superior de Bacharelado de Psicologia da Faculdade Carajás CampusMarabá – PA e-mail: esterxplive11@gmail.com

2 Discente do Curso Superior de Bacharelado de Psicologia da Faculdade Carajás Campus Marabá – PA e- mail: vnoliveyra@gmail.com

3 Docente do Curso Superior de Bacharelado de Psicologia da Faculdade Carajás CampusMarabá – PA Mestre em Psicologia. e-mail:julianareisalcantarabarros@gmail.com