ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA PREVENÇÃO DE LESÕES EM ATLETAS PROFISSIONAIS DO FUTEBOL

PERFORMANCE OF THE PHYSIOTHERAPIST IN THE PREVENTION OF INJURIES IN PROFESSIONAL FOOTBALL ATHLETES


CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE – UNINORTE
ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO SUPERIOR DE FISIOTERAPIA


Autor:
Gian Michel Gonçalves Loiola Souza1;
Orientadora:
Esp. Natália Gonçalves2

1Acadêmico de Fisioterapia – UNINORTE.
2Especialista em Neurofuncional. Docente do Curso Superior de FISIOTERAPIA – UNINORTE.
Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.


RESUMO

A fisioterapia desportiva dedica-se não somente ao tratamento do atleta lesionado, mas, também, à adoção de medidas preventivas, a fim de reduzir a ocorrência de contraturas musculares e lesões. Entre as lesões mais comuns que atingem os jogadores profissionais de futebol, os resultados mostraram o estiramento muscular, localizado na coxa, ruptura de ligamento de joelho e torção articular, localizado no tornozelo. A opção mais viável é a redução de jogos durante o ano, importante melhorar o calendário. Pois, os jogadores sofrem com lesões devido ao excesso de jogos durante o ano, acumulando cansaço, sobrecarga muscular e pouco tempo de treinamento. Este estudo foi construído a partir de pesquisa bibliográfica e a busca dos dados se deu em artigos, revistas e sites. Analisando resultados, percebeu-se que a prevenção de lesões é uma especialidade que tem aumentado e vem ganhando a atenção dos fisioterapeutas que trabalham ligados ao futebol.

Palavras-chave: Prevenção. Contraturas. Lesões.

ABSTRACT

Sports physiotherapy is dedicated not only to the treatment of the injured athlete, but also to the adoption of preventive measures in order to reduce the occurrence of muscle contractures and injuries. Among the most common injuries that affect professional soccer players, the results showed muscle strain, located in the thigh, knee ligament rupture, and joint torsion, located in the ankle. The most viable option is the reduction of games during the year, important to improve the calendar. For, the players suffer with injuries due to the excess of games during the year, accumulating fatigue, muscle overload, and little training time. This study was based on bibliographic research and the search for data was done in articles, magazines, and websites. Analyzing the results, it was noticed that injury prevention is a specialty that has increased and is gaining the attention of physical therapists who work related to soccer.

Keywords: Prevention. Contractures. Injuries.

INTRODUÇÃO

Quanto à atuação do fisioterapeuta frente a lesões e contraturas musculares de jogadores de futebol profissionais, surge a parte mais delicada que é o tratamento em longo prazo, reconstrução de ligamentos ou coisa do tipo. Importante frisar que tem uma etapa que antecede a tudo isso e que vem ganhando espaço dentro da fisioterapia esportiva. (SILVA et al 2019).

Para o desenvolvimento contínuo do Fisioterapeuta quando se fala de avaliação e tratamento, tem sido, em todos os sentidos, um grande e árduo desafio para todos. Pois, essa realização somente tem se concretizado devido aos conhecimentos e a larga contribuição de muitas pessoas habilidosas. Isso é perfeito (SUSAN et al 2017).

O fisioterapeuta além de tratar e reabilitar o atleta, tem um papel importante na implementação de medidas preventivas a fim de evitar lesões e, consequentemente, o afastamento do jogador do futebol, prejudicando a equipe ao longo da temporada com a sua ausência (SILVA et al 2019).

As patologias que comprometem os músculos, articulações, ligamentos, tendões, nervos, cartilagem, discos vertebrais, vasos sanguíneos e tecidos moles são chamadas de lesões musculoesqueléticas e, as mais recorrentes são: entorse, contusão, distensão muscular, luxação, lesão ligamentar e contratura. Em relação às partes do corpo mais acometidas podemos destacar os membros inferiores com ênfase na região da coxa, joelho e tornozelo. Os jogadores que atuam no meio de campo e ataque são os que mais sofrem com lesões (SILVA et al 2019).

Ao analisar uma partida de futebol, percebeu-se que um atleta percorre em torno de 10 km, divididos em corrida (40%), andar (25%), trote (15%), velocidade (10%) e corrida de costas (10%). A presença de movimento brusco é uma característica do futebol e isso acontece a cada seis segundos, facilitando a ocorrência de lesões (ALMEIDA et al 2013).

Quando se trata das posições que os jogadores mais se lesionam, podemos citar primeiramente os meio-campistas, pois foram a posição mais acometida por lesão, seguidas por laterais, atacantes, defensores e goleiros. (CHIMINAZZO 2013).

Importante ressaltar que a maior parte das lesões nem sempre está relacionada a baques, mas sim aos movimentos de rotação e explosão muscular. Análises realizadas ortopedistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em oito times profissionais, concluiu que as lesões por choque entre jogadores – as chamadas contusões – representaram apenas 24,1%, contra 39,2% de lesões musculares, 17,9% de torções e 13,4% de tendinites. O referido estudo afirma ainda que o percentual de lesões no joelho é de 11,8%; no tornozelo é de 17,6 %, com o predomínio na coxa com 34,5% e o maior percentual de lesões ocorreu em membros inferiores alcançando o índice de 72,2% (LOPES 2011).

REFERENCIAL TEÓRICO

ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA PREVENÇÃO DE LESÕES

O órgão que regulamenta a profissão do Fisioterapeuta a definiu como uma ciência que direciona o estudo, faz o diagnóstico, trabalha com a prevenção e reabilitação de pessoas que necessitam alinhar algum movimento corporal ou funcionamento dos sistemas e/ou órgãos. Apesar de ter sido regulamentada há pouco mais de cinco décadas, já apresenta um papel fundamental no tratamento e predição de lesões. Na área esportiva, é muito importante, pois, auxilia no tratamento de lesões de jogadores de futebol.

A literatura aponta a fisioterapia esportiva como uma prática da medicina que atua em pelo menos quatro grandes domínios: prevenção de lesões, atendimento emergencial, reabilitação funcional e retorno ao esporte.

Segundo Amadio e Serrão (2011) para se obter resultados desejados há a necessidade de um planejamento a partir da elaboração de um treinamento eficiente e capaz de potencializar as habilidades diretamente ligadas ao desempenho da modalidade. Porém, é importante respeitar os limites do corpo. Caso utilize cargas volumosas visando melhorar o desempenho, pode sofrer efeito contrário gerando impactos durante os treinos e/ou as competições e provavelmente ocasionar lesões.

Como atribuições do fisioterapeuta que atua com jogadores de futebol, podemos destacar o trabalho preventivo para evitar as lesões provocadas durante os treinos e competições, visando um melhor rendimento. Para tal, é necessário identificar, classificar e caracterizar o perfil dos atletas a fim agir com as medidas preventivas necessárias para reduzir as possíveis lesões e proporcionar melhor desempenho diminuindo afastamento de atletas que prejudicam a equipe (DINIZ et al 2015).

Os fisioterapeutas que trabalham com atletas jogadores de futebol devem priorizar a ação preventiva de lesões. Isso fará toda a diferença em sua prática, por estar diretamente ligado aos objetivos de um atleta que busca um bom rendimento e uma performance de alto nível.

Diante dos diversos tipos de lesões associadas à prática esportiva, a fisioterapia no desporto atua em pelo menos quatro grandes domínios: primeiramente a prevenção, seguida pelo atendimento emergencial, depois a reabilitação funcional e por fim o retorno às atividades (SILVA et al., 2011).

Importante frisar que todo trabalho preventivo é programado e aplicado de maneira eficiente e eficaz, respaldado no levantamento dos fatores de risco das lesões diretamente relacionados às modalidades específicas das áreas esportivas.

Quando o fisioterapeuta consegue estruturar um programa que contemple a prevenção de lesões, é um benefício tanto para o jogador quanto ao time. Haja vista, um atleta que se lesiona, acumula prejuízo duplo, ou seja, ao time e consequentemente ao clube.

COMO OS JOGADORES DE FUTEBOL SOFREM TANTAS LESÕES

O futebol, esporte preferido dos brasileiros, por ser coletivo, de contato e necessitar que jogadores realizem movimentos bruscos, desencadeia muitas lesões. Principalmente nos membros inferiores e, quando se trata do futebol profissional cujo objetivo é o alto rendimento, a situação fica mais delicada, principalmente porque inclui o interesse de crescimento dos clubes e o das organizações esportivas. Com isso exige-se mais do jogador e favorece o surgimento das lesões musculoesqueléticas que comprometem a saúde dos mesmos.

Para Lourenço (2012), no Brasil, o marketing esportivo, o famoso patrocínio é a principal fonte de recursos para clubes de futebol e times de outras modalidades de esportes.

Para Silva et al (2019), além da necessidade de aperfeiçoamento das capacidades físicas relacionadas à força, resistência, flexibilidade, agilidade e velocidade, o jogador profissional de futebol, também busca o sucesso e reconhecimento profissional. Por esta razão é atingido pela realização de esforços físicos e psíquicos profundos, alcançando o seu limite fisiológico de exaustão e aumentando os riscos eminentes de lesões oriundas do contato físico intensivo, como aceleração, desaceleração, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, e mudanças abruptas de direção.

Vale ressaltar que o futebol mudou a sua configuração passando a ser uma ferramenta de implementar o comércio e consequentemente o lucro das empresas patrocinadoras. Para tal, os jogadores profissionais de futebol são mais exigidos, haja vista, os excelentes resultados nas

competições, atrairão novos patrocinadores. Sendo assim, o esporte passa por uma transição deixando de ser o esporte de alto rendimento para o esporte-espetáculo, na tentativa ideológica de realizar megaeventos com fins de maximizar o lucro das empresas e instituições envolvidas (SILVA et al 2019).

PRINCIPAIS LESÕES SOFRIDAS PELOS JOGADORES DE FUTEBOL

De acordo com Silva et al (2019), a lesão é um episódio mal recebido que pode ocorrer por meio de acidentes entre jogadores; métodos impropriados de treinamento; falta de condicionamento físico adequado; fraqueza muscular; tendinosa e ligamentar. Evidenciamos ainda o excesso de jogos dos campeonatos por temporada como um fator que contribui para o aparecimento da lesão no esporte em virtude da fadiga do atleta por esforço e pouco repouso o que ocasiona contraturas e desequilíbrios musculares.

Em relação à lesão do ligamento cruzado anterior, um dos fatores de risco é a alta intensidade da força do músculo quadríceps, que aumenta a força de cisalhamento anterior na tíbia o que sobrecarrega levando a necessidade de maior atividade dos músculos isquiotibiais, restritores secundários a anteriorização da tíbia. Outro fator que aumenta o risco de lesão de ligamento cruzado é a fraqueza do isquíostibiais, por desencadear um desequilíbrio em relação ao quadríceps associado a um atraso motor no tempo de contração de isquiotibiais o que ocasionaria uma falha, com isso aumenta a probabilidade do atleta se lesionar.

METODOLOGIA

Para a realização do presente estudo, foi efetuada extensa revisão bibliográfica por parte do autor, que contou com obras literárias em livro, artigos, sites e revistas. A coleta de dados e revisão de literatura ocorreu no período de março a setembro de 2021.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Estudos divulgados na Revista Brasileira de Medicina no Esporte apresentam dados comparativos entre jogadores e apontam a média de lesões por jogo, por hora e partidas disputadas. O referido estudo apontou média de 3,3 lesões por jogo, 128,1 lesões por 1.000 horas de jogo e 148,6 lesões por 1.000 partidas disputadas.

De acordo com Santana (2011) a coxa é a região mais acometida corroborando com estudos. O quadríceps femoral tem importante papel na execução do passe, chute ao gol e saltos. Já os músculos isquiotibiais tem função de estabilização do joelho em mudanças de direção. Eles controlam as corridas e atuam travando a perna por contração excêntrica no movimento do passe e do chute. (SILVA et al 2019)

Para Lopes (2011), várias fibras formam as coxas que, ao se movimentarem, escorregam entre si. Os músculos posteriores são as principais vítimas. Pois, caso eles travem ou mesmo rompam os movimentos de rotação, assim surgirão as lesões no joelho. As mais comuns são rompimentos do ligamento cruzado anterior, do ligamento colateral-tibial e do menisco.

Para Chiminazzo (2013), existe um período mínimo aproximadamente de dois meses e meio de preparação da equipe para não comprometer a construção de uma base fisiológica sólida e, assim obter as reservas energéticas que possibilitarão aos atletas sustentar, em alto nível, as exigências de uma temporada longa, intensa e produtiva.

Quando nos referimos às posições que os jogadores mais se lesionam, a que demonstrou ser a posição mais acometida por lesão foi a dos meio-campistas, depois os laterais, seguida pelos atacantes, defensores e goleiros.

Observando os dados, percebemos as limitações quanto ao registro das lesões, pois não foi possível identificar o tempo de afastamento dos atletas, bem como informações mais minuciosas como a gravidade dessas lesões e os mecanismos de lesão. Restando analisar tais dados em futuras análises e intervenções.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização deste, percebemos a importância da fisioterapia no âmbito esportivo, que se dedica ao trabalho de medidas preventivas a fim de reduzir lesões musculoesqueléticas para não prejudicar o atleta profissional e o clube de futebol durante a temporada, podendo assim trazer prejuízo no aspecto financeiro e competitivo.

Como é do conhecimento de todos, o futebol é um dos esportes mais populares do mundo. É também o responsável pelo alto índice de lesões musculares ocasionadas durante partidas de futebol. Por ser um esporte de contato físico, precisa que os atletas realizem movimentos curtos, de aceleração, desaceleração e mudança de direção. De acordo com Federação Internacional de Futebol (FIFA) existem aproximadamente 200 milhões de atletas licenciados pela entidade. Em uma análise realizada com jogadores profissionais da primeira divisão do campeonato francês durante dez temporadas, os autores encontraram quantidade elevada de entorse (26,8%), seguido de lesões musculares (17,9%), contusões (13,8%) e fraturas (5,9%). Percebemos com isso a necessidade da atuação do Fisioterapeuta no esporte para diminuir as ocorrências, reabilitando o atleta de maneira eficiente e deixando-o em plena condição de atuação.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA et al. Incidênciadelesãomusculoesqueléticaemjogadoresdefutebol. Ver. Bras. Med. Esporte. Vol. 19. Núm. 2. 2013

AMADIO, A. C.; SERRÃO, J. C. A biomecânica em educação física e esporte. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 25, p. 15-24, dez. 2011.

CHIMINAZZO, João Henrique, 2013. Dossiê do Futebol Brasileiro. Disponível em http://duosports.com.br/web/wp-content/uploads/2013/10/174274366-DOSSIE-DO- FUTEBOL-BRASILEIRO.pdf.

LOPES, Artur. Quaissãoasprincipaislesõesdeumjogadordefutebol?2011. Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-sao-as-principais-lesoes-de-um-jogador-de- futebol.

SANTANA, Tarcizio Marcos. A prevalência de lesões no futebol de campo masculino. EscoladeEducaçãoFísica,FisioterapiaeTerapiaOcupacional, UFMG. Belo Horizonte – MG, 2011. Disponível em: http://www.eeffto. ufmg.br/biblioteca/1909.pdf. Acesso em: 28 Mar 2019.

SILVA, Wender M. et al. Incidênciade lesões musculoesqueléticasem jogadores de futebolprofissionalno Brasil, Vol. 11/ Nº. 3/ Ano 2019.

SUSAN, B. O’Sullivan et al, 2017. Fisioterapia: avaliação e tratamento 6ª ed. Editora: Manole, 2017.