ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO USO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202505111354


Natallia Moreira Lopes Leão1; Dheysson Lucas Borges Duarte2; Jordana Barbosa da Glória Siquiera3; Eliane Borges Da Silva Duarte4; Lorraynne Ferreira Da Silva5; Solange Maria Noleto Soares Antunes6; Caroline Vieira Carvalho7; Thales Gilherme Silva Campos8


RESUMO

Introdução: O crescimento do consumo de Suplementos Alimentares vem aumentando e se popularizando, em conjunto com a prática de atividade física. Muitos atletas e praticantes de atividade física vem consumindo os mais diversos suplementos a fim de obterem melhor forma física e desempenho em competições. A administração do mesmo sem orientação profissional e acompanhamentos, pode acarretar posteriormente problemas de saúde. Objetivo: Descrever a da atuação do farmacêutico no uso de suplementos alimentares. Materiais e Métodos: Foi realizada uma revisão de literatura integrativa, onde foram coletados os resultados dos principais estudos contidos nas bases de dados científicas BVS, Science Direct e Pubmed nas línguas portuguesa e inglesa. Resultados e Discussão: Foram selecionados 11 artigos que se enquadravam nos objetivos e nos critérios de inclusão. Elaborou-se um quadro com o propósito de apresentar de forma objetiva as principais informações coletadas. Considerações Finais: A atuação do farmacêutico no uso de suplementos alimentares enfrenta desafios, como a falta de padronização nas informações, a variedade de produtos e lacunas no conhecimento específico. Isso destaca a importância de capacitações contínuas e uma formação direcionada, garantindo orientações seguras e baseadas em evidências. O investimento no aprimoramento técnico e científico dos farmacêuticos é essencial para que possam desempenhar seu papel nesse setor em crescimento.

Palavras-chave: Suplementos Alimentares. Desempenho Físico. Atividade Física. Atenção Farmacêutica.

1 INTRODUÇÃO

A prática de atividade física é essencial para a promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas, além de ser importante para o desenvolvimento humano em todas as fases da vida (Lopes et al., 2024). Os benefícios das atividades físicas vão além da perda de peso, abrangendo melhora de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como as doenças cardiovasculares, metabólicas, psiquiátrica (como depressão e ansiedade) e câncer. Além disso, contribuem para a aprendizagem e capacidade de julgamento (Raiol, 2020; WHO, 2021).

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a atividade física pode ser definida como como qualquer atividade voluntária que gere gasto energético, como se deslocar, realizar atividades diárias de rotina, realizar atividades de lazer e praticar exercícios físicos (Brasil, 2021).

Exercícios físicos, portanto, consistem na prática da atividade física de forma estruturada e com movimentos planejados, cujo objetivo abrange manter ou melhorar a capacidade e/ou desempenho físico (Carvalho, 2019). Assim, para atingir a alta performance, têm sido cada vez mais comum a utilização de suplementos alimentares no meio fitness e esportivo (Harty et al., 2018).

Os suplementos alimentares podem ser definidos como uma fonte concentrada de substâncias necessárias ao organismo como vitaminas, sais minerais, ácidos graxos, com objetivo de complementar alguma deficiência alimentar. São comumente comercializados como substâncias ergogênicas, que são capazes de aumentar significativamente a performance física (Alves; Portela; Costa, 2022). Os mais utilizados nas atividades físicas incluem proteínas, aminoácidos, creatina, cafeína, vitaminas, entre outros (Oliveira; Santos; Silva, 2017).

No Brasil e no mundo o consumo dos suplementos tem se mostrado crescente entre os praticantes de exercícios e, especialmente, dos atletas de alta performance. De acordo com a Associação Brasileira de Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), a venda de suplementos à base de proteína, por exemplo, aumentou 10% na pandemia por Covid-19, sendo em 59% dos lares brasileiros havia no mínimo uma pessoa consumindo suplementos (Abiad, 2021).

Dentre os atletas que utilizam a suplementação como recurso para melhorar seu desempenho, encontram-se os fisiculturistas. O fisiculturismo constitui uma modalidade esportiva em que o atleta prioriza o treino de força com o intuito de promover hipertrofia muscular e baixos níveis de gordura, obtendo uma forma corporal harmônica (Fernandes et al., 2020).

Contudo, o uso indiscriminado dessas substâncias pode acarretar prejuízos à saúde dos atletas. Muitos deles utilizam essas substâncias de forma errada, sem orientação e supervisão de um profissional habilitado para a prescrição dos referidos e, principalmente, influenciados pela mídia e pelos resultados de outros atletas (Lopes et al., 2024).

Nesse contexto, surgiu a necessidade de explorar essa temática visto que cabe aos profissionais de saúde, e entre eles o farmacêutico, informar e orientar o atleta/desportista sobre o uso adequado dos suplementos em geral. Uma vez que o uso deve ser orientado quanto a dosagem, a influência dos alimentos e a interação com outros medicamentos.

O consumo de Suplementos Alimentares tem crescido significativamente, de tal modo que tem sido comum praticantes de exercícios físicos em academia e profissionais de alta performance, como os fisiculturistas, relatarem que fazem uso de pelo menos uma substância. É comum que na prática essas substâncias sejam utilizadas de forma indiscriminada, sem orientação e supervisão de um profissional, o que pode comprometer a saúde do indivíduo.

Assim sendo, o estudo é de suma importância visto ser uma área que pouco tem sido comentada, e a Atenção Farmacêutica identifica e avalia problemas/riscos relacionados à segurança, efetividade e desvios da qualidade dos Suplementos Alimentares, por meio do acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico. A partir da perspectiva apresentada, essa pesquisa teve como objetivo descrever a da atuação do farmacêutico no uso de suplementos alimentares.

2 METODOLOGIA

A presente pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão integrativa, descritiva e exploratória. Conforme Ercole, Melo e Alcoforado (2014), a revisão integrativa é uma abordagem metodológica ampla que permite a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais, possibilitando uma compreensão mais completa dos fatos.

Além disso, a pesquisa desenvolveu uma abordagem descritiva, conforme Malhotra et al., (2019), que consiste na observação, registro e análise dos fatos com o objetivo de descrever funções ou características do treinamento. Essa abordagem foi marcada pela formulação de hipóteses específicas que nortearam a investigação.

No que se refere aos objetivos, a pesquisa se baseou no método exploratório, cujo propósito foi aprofundar o conhecimento sobre o tema em questão, proporcionando uma melhor delimitação do problema, direcionando os objetivos e auxiliando na formulação de hipóteses (Prodanov; Freitas, 2013).

Para alcançar os objetivos propostos, foram realizados leituras e fichamentos em diversas publicações, incluindo artigos científicos, com a utilização dos bancos de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Science Direct e PubMed. A pesquisa incluiu artigos publicados entre 2017 e 2024, utilizando os descritores: suplementos alimentares, desempenho físico, atividade física e Atenção Farmacêutica.

Foram excluídos artigos indisponíveis na íntegra nas bases de dados, bem como aqueles que não estavam alinhados ao tema da pesquisa ou que incluíram custos financeiros para aquisição.

Os dados coletados foram analisados e apresentados na forma de texto descritivo, com o propósito de atender os objetivos da pesquisa, inferindo o que os diferentes autores ou especialistas escreveram sobre o tema. Este estudo foi desenvolvido sem a necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos, resolução do CNS (466/2012), por se tratar de uma revisão cuja informações foram obtidas em materiais já publicados e disponibilizados na literatura.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a realização da pesquisa, foram selecionados 11 artigos que se enquadravam nos objetivos e nos critérios de inclusão (Figura 1).

Figura 1 – Fluxograma da seleção dos artigos.

Fonte: Autores da Pesquisa (2025).

Formulou-se um quadro abrangendo o autor, o ano, o objetivo, o resultado, além do desenho do estudo e o país de publicação, com o propósito de apresentar de forma objetiva as principais informações coletadas dos artigos referentes a temática em estudo, bem como propiciar uma melhor compreensão acerca da discussão dos resultados encontrados da presente pesquisa.

Quadro 1 – Estudos relacionados a da atuação do farmacêutico quanto ao uso de suplementos alimentares (2017 a 2024).

Fonte: Autores da Pesquisa (2025).

A partir da RDC Nº 243 de 26 de julho de 2018, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reuniu diversas outras categorias de alimentos funcionais, suplementos, vitaminas e minerais em uma única categoria: os suplementos alimentares. Foi considerado o marco regulatório desses produtos (Molin et al., 2019).

De acordo com a Anvisa o objetivo dessa criação foi contribuir para a segurança na comercialização desses produtos, redução da assimetria de informações no mercado, facilitar o controle sanitário e a gestão de risco, facilitar a comercialização e a inovação e simplificar o estoque regulatório vigente. O novo marco regulatório apresenta definições, regras de composição, qualidade, segurança e rotulagem (Brasil, 2021).

Além da referida resolução, outras normatizações contribuem para regulamentar os suplementos, como a Instrução Normativa nº 28, de 26 de julho de 2018, que estabelece listas de constituintes, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar (Brasil, 2018b; Brasil, 2021).

Atualmente não existe regulamentada uma classificação específica para os diversos tipos de suplementos alimentares. Antes do marco regulatório de 2018 os produtos com caraterísticas não farmacológicas eram categorizados como suplementos vitamínicos e minerais, substâncias bioativas e probióticos, novos alimentos apresentados em formatos farmacêuticos, alimentos com alegações de propriedades funcionais apresentados em formatos farmacêutico, suplementos para atletas, complementos alimentares para gestantes e nutrizes e medicamentos específicos isentos de prescrição, os quais passaram a integrar uma única categoria a de “Suplementos Alimentares” (BRASIL, 2022).

Embora as categorias descritas tenham sido reunidas na categoria de suplementos, existem outras normatizações que regulam composições específicas dos referidos (Quadro 1).

Quadro 1 – Regulamentação dos Constituintes dos Suplementos.

Tema EspecíficoAtos Normativos Complementares
Aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologiaRDC Nº 239/2018
Rotulagem de alimentos embaladosRDC Nº 727/2022
Rotulagem nutricionalRDC Nº 360/2003
Padrões microbiológicosRDC Nº 724/2022
IN Nº 161/2022
RegularizaçãoRES Nº 22/2000
RES Nº 23/2000
RDC Nº 27/2010
Comprovação de segurançaRES Nº 17/1999
RDC Nº 241/2018
Fonte: Brasil (2021).

Desde que aprovado, o marco regulatório apresentou algumas atualizações (Quadro 2).

Quadro 2 – Atualização do Marco Regulatório dos Suplementos Alimentares.

Atos PrincipaisAlterações
RDC nº 243/2018Art. 5º alterado pela RDC nº 466/2021, para atualizar a remissão aos atos que estabelecem os aditivos e coadjuvantes autorizados.
IN nº 28/2018Listas de constituintes, limites mínimos e máximos, alegações e rotulagem complementar foram atualizadas pela IN nº 76/2020 e pela IN nº 102/2021.
RDC nº 239/2018Listas de aditivos e coadjuvantes autorizados foram atualizadas pela RDC nº 281/2019, RDC nº 322/2019, RDC nº 397/2020, RDC nº 437/2020, RDC nº 466/2021 e RDC nº 588/2021.
RDC nº 27/2010As listas dos alimentos com obrigatoriedade de registro e dispensados de registro foram atualizadas pela RDC nº 240/2018, para inclusão dos suplementos alimentares. Posteriormente, essas listas foram alteradas pela RDC nº 319/2019 e pela RDC nº 460/2020, sem alterações nos requisitos definidos para os suplementos alimentares.
Fonte: Brasil (2021).

A atuação do farmacêutica no que se refere às ações de dispensação ao usuário encontra-se regulamentada na Resolução do Conselho Federal de Farmácia – CFF Nº 661, de 25 de outubro de 2018, que dispõe sobre o cuidado farmacêutico relacionado à suplementos alimentares e demais categorias de alimentos na farmácia comunitária, consultório farmacêutico e estabelecimentos comerciais de alimentos e dá outras providências (CFF, 2018).

Na pesquisa realizada por Gomes et al., (2017), no município de Cananéia – SP, evidenciou-se a relevância do farmacêutico como referência profissional na orientação sobre o uso de suplementos alimentares. Observa-se que 21% dos homens e 10% das mulheres buscaram auxílio desse profissional, um percentual superior ao de indivíduos que procuraram um nutricionista, profissional técnico capacitado para especificar e indicar tais produtos. Esse comportamento pode ser justificado pelo fato de que 50% dos consumidores de suplementos adquiriram esses produtos em farmácias, tornando o farmacêutico um dos principais agentes acessíveis para esclarecimento de dúvidas. Os resultados também apontam uma preocupação significativa: a automedicação e o consumo sem qualquer orientação profissional ainda são predominantes, especialmente entre as mulheres, das quais 50% afirmaram não procurar qualquer tipo de aconselhamento.

De acordo com Rabelo e Oliveira (2018), no estudo que realizaram no município de Dores do Indaiá – MG, o farmacêutico é um profissional adequado para fornecer orientações sobre o uso de suplementos alimentares, incluindo seus efeitos farmacológicos, posologia, possíveis soluções adversas e contraindicações. Além disso, sua atuação pode ser integrada a outros profissionais da saúde, promovendo um cuidado interdisciplinar voltado para o bem-estar do indivíduo. Contudo, é essencial que mais estudos sejam conduzidos para aprofundar a compreensão do papel da orientação farmacêutica no uso seguro e eficaz desses produtos, com Atenção Farmacêutica focada em otimizar, melhorar a saúde e garantir tanto a segurança quanto a eficácia.

Corroborando com o Rabelo e Oliveira (2018) Ghosn et al., (2019) destacam que o farmacêutico desempenha um papel crucial na suplementação alimentar, sendo visto como um profissional responsável por orientar os pacientes sobre o uso seguro de vitaminas e suplementos dietéticos. A pesquisa indicou que a maioria dos farmacêuticos na região de Al-Khobar (Arábia Saudita) considera essencial ter conhecimento sobre suplementos vitamínicos e informar os pacientes sobre possíveis efeitos adversos. Além disso, os farmacêuticos demonstraram uma atitude positiva em relação à sua função de aconselhamento sobre a utilização segura desses suplementos.

A orientação farmacêutica no momento da aquisição de suplementos alimentares em farmácias e drogarias desempenha um papel fundamental na promoção do uso seguro e adequado desses produtos. Podendo prevenir gastos desnecessários, evitar o consumo excessivo, minimizar possíveis efeitos adversos e reduzir o risco de utilização prejudicial, contribuindo para a preservação da saúde dos pacientes a longo prazo (Rabelo; Oliveira, 2018).

No estudo realizado na cidade de Ohio (noroeste dos Estados Unidos), a educação específica sobre suplementos alimentares é crucial tanto para atletas quanto para profissionais de saúde, incluindo farmacêuticos, a fim de abordar questões de segurança e interações medicamentosas. As principais barreiras que os farmacêuticos enfrentam no fornecimento de aconselhamento sobre suplementos esportivos incluem falta de conhecimento (64%), falta de tempo (22%) e falta de evidências sobre eficácia e segurança (14%) (Howard et al., 2018).

No estudo de Harnett et al., (2019) realizado na Califórnia (EUA) os farmacêuticos identificaram várias áreas-chave para melhoria na gestão e recomendação de suplementos alimentares. Primeiro, há uma necessidade significativa de educação e treinamento contínuos para aprimorar o conhecimento dos farmacêuticos e mantê-los atualizados sobre as últimas pesquisas, diretrizes e melhores práticas. Além disso, desenvolver estratégias para garantir altos padrões em segurança de suplementos alimentares e garantia de qualidade é crucial. Isso inclui implementar melhores medidas de controle de qualidade e garantir a segurança dos produtos disponíveis aos consumidores. Por fim, os farmacêuticos enfatizaram a importância de recursos adequados no local de trabalho, como acesso a informações e ferramentas atualizadas, para dar suporte à sua capacidade de fornecer orientação precisa e confiável aos pacientes. Abordar essas áreas contribuirá para um uso mais seguro e eficaz de suplementos alimentares.

No estudo de Ung et al., (2019) também realizado na Califórnia (EUA), existe uma lacuna significativa entre a conscientização sobre o uso de suplementos alimentares e a adoção de responsabilidades profissionais pelos farmacêuticos nesse contexto. As barreiras identificadas são diversas e complexas, destacando a necessidade de uma abordagem colaborativa entre as principais partes interessadas. Dessa forma, é essencial um esforço coordenado para apoiar os farmacêuticos na implementação de práticas que garantam o uso seguro e adequado desses suplementos.

Os farmacêuticos comunitários na Arábia Saudita demonstram conhecimento adequado e uma atitude positiva em relação a vitaminas e suplementos nutricionais. No entanto, os resultados deste estudo sugerem a necessidade de um foco maior no treinamento para aprimorar as habilidades de comunicação dos farmacêuticos, pois essa habilidade desempenha um papel essencial no aconselhamento e na melhoria das práticas desses profissionais. Para os farmacêuticos, a pesquisa oferece um caminho para apoiar a criação de programas regulares de atualização sobre vitaminas e nutrição, abordando as deficiências observadas entre os farmacêuticos comunitários (Alshahrani, 2020a).

As farmácias comunitárias, na região de Aseer (Arábia Saudita), são consideradas importantes fornecedoras de produtos e suplementos para redução de peso, pois oferecem fácil acesso a prestadores de cuidados de saúde com tempo de espera zero. Esta situação fez suplementos alimentares de peso sem receitas, produtos facilmente acessíveis à população em geral (Alshahrani, 2020b).

O papel do farmacêutico no aconselhamento sobre produtos para redução de peso é crucial, pois eles demonstram atitudes positivas em relação à segurança e eficácia desses produtos. Mais de 80% dos participantes do estudo afirmaram que é fundamental que os profissionais ofereçam orientações sobre os produtos farmacêuticos. Além disso, a maioria dos entrevistados concorda que os farmacêuticos devem discutir regularmente esses produtos com outros profissionais de saúde. Contudo, existe uma preocupação em restringir o uso de agentes redutores de peso em pacientes obesos que não conseguem emagrecer por meio de dieta e exercício, destacando a necessidade de uma educação contínua sobre esses produtos (Alshahrani, 2020b).

O conhecimento dos farmacêuticos sobre suplementos alimentares é considerado baixo, com apenas um terço dos farmacêuticos alcançando o nível mínimo de conhecimento. As principais lacunas de conhecimento incluem a Ingestão Dietética Recomendada (RDA) para a vitamina K, evidências crescentes sobre o papel carcinogênico do uso inadequado de multivitaminas e a possibilidade de que multivitaminas contenham ingredientes tóxicos não rotulados em suplementos dietéticos (Brunelli et al., 2022).

Al-Hadi e Mikael (2024), em sua pesquisa realizada em Bagdá, Iraque, destacam que entre as barreiras enfrentadas pelos farmacêuticos na educação dos pacientes sobre suplementos alimentares incluem diversos fatores. Em primeiro lugar, alguns clientes acreditam ter conhecimento suficiente sobre os suplementos alimentares, o que dificulta a acessibilidade das orientações fornecidas (n = 10). Além disso, há uma confiança limitada na competência do farmacêutico por parte de alguns pacientes (n = 3). O baixo nível educacional de determinados pacientes também representa um desafio significativo para a comunicação eficaz sobre o uso adequado dos suplementos (n = 1). Outras barreiras incluem a promoção do produto nas redes sociais, que pode influenciar as escolhas dos pacientes (n = 1), o custo dos suplementos, que pode ser um fator impeditivo para a adesão (n = 1), e a agenda lotada dos pacientes, que dificulta a disponibilidade para buscar orientação (n = 1).

Sendo assim, o papel dos farmacêuticos é fundamental para garantir o uso adequado de suplementos alimentares pelos pacientes, especialmente no que diz respeito ao uso concomitante com medicamentos. É essencial aumentar a conscientização sobre suplementos alimentares, a fim de que os profissionais de saúde possam orientar melhor seus pacientes (Chiba, 2023).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atuação do farmacêutico através da Atenção Farmacêutica no uso de suplementos alimentares, embora crescente em diversos países do mundo, ainda enfrenta desafios importantes. Muitos profissionais lidam com dificuldades relacionadas à falta de padronização nas informações disponíveis, à ampla variedade de produtos no mercado e às lacunas no conhecimento específico sobre suplementação. Essas limitações evidenciam a necessidade de capacitações contínuas e de uma formação mais direcionada, que permita ao farmacêutico oferecer orientações seguras, baseadas em evidências e adaptadas às necessidades individuais dos consumidores. Investir no aprimoramento técnico e científico dos farmacêuticos é fundamental para que possam exercer plenamente seu papel nesse segmento em constante expansão.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa IN Nº 28, de 26 de julho de 2018. Estabelece as listas de constituintes, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar dos suplementos alimentares. 2018.

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WHO. World Health Organization. Physical activity fact sheet. Genebra: WHO. 2021. Disponível em: https:// Physical activity (who.int). Acesso em 10 maio 2024.


1ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3238-6126
Universidade de Gurupi (UNIRG)
E-mail: natallia.moreira@unirg.edu.br

2ORCID: https://orcid.org/0009-0002-8070-7438
Universidade de Gurupi (UNIRG)
E-mail: dheyssonl.17@gmail.com

3ORCID: https://orcid.org/0009-0001-2155-4091
Universidade de Gurupi (UNIRG)
E-mail: jordana_barbosa@hotmail.com.br

4ORCID: https://orcid.org/0009-0006-1815-4501
Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS)
E-mail: elianeborges30101972@gmail.com

5ORCID: https://orcid.org/0009-0009-0130-4691
Centro Universitario (UNIPLAN)
E-mail: lorraynneferreira97@gmail.com

6ORCID: https://orcid.org/0009-0003-4402-8259
Universidade de Gurupi (UNIRG)
E-mail: solangejas@hotmail.com

7ORCID: https://orcid.org/0009-0000-2275-9374
Universidade de Gurupi (UNIRG)
E-mail: carolinevieira337@gmail.com

8ORCID: https://orcid.org/0009-0007-1210-173X
Doutorando em Biodiversidade e Biotecnologia (UFT)
E-mail: thales.campos@mail.uft.edu.br