PERFORMANCE OF THE PHARMACIST AND ITS IMPORTANCE IN THE SURGICAL CENTER
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7396100
Priscila Barbosa de Freitas
Orientadora: Fabiana Souza Pugliese
RESUMO
A unidade do centro cirúrgico é conceituada como sendo um conjunto de elementos destinados as atividades cirúrgicas. É considerado um lugar complexo, pois a presença de estresse e o risco à saúde dos pacientes submetidos a procedimentos médicos são constantes. Em relação ao quadro de colaboradores da farmácia existente no centro cirúrgico, é necessário seguir aos padrões mínimos para a farmácia hospitalar e serviços de saúde elaborados pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (Sbrafh), pelo qual exige que tenha um farmacêutico por turno e um auxiliar de farmácia para quatro salas de cirurgia para cada turno. A complexidade do centro cirúrgico faz com que o farmacêutico realize o gerenciamento dos medicamentos e materiais, indispensáveis para os procedimentos anestésicos-cirúrgicos, entretanto se dispondo também a questões administrativas e burocráticas a fim de organizar os materiais para as cirurgias programadas. A presença do farmacêutico no centro cirúrgico é primordial para que as ações realizadas sigam um fluxo de organização para o setor, sendo assim, é favorável para a redução de custos trazendo benefícios financeiros para o hospital, entretanto diminuindo perdas e desperdícios de medicamentos e materiais necessários para os procedimentos a serem executados.
Palavras-chave: farmácia hospitalar; centro cirúrgico; gerenciamento de medicamentos; farmacêutico; fluxo de organização.
ABSTRACT
The surgery center is the conception of conjunction at elementary destination for surgery activities. Is considering as a complex place, because a presence of the stress and the risks to the patient health get normally evolved in a medical procedures. In relation with the group of collaborators to pharmacy that have in the surgery center. Is necessary following the minimum patterns for the hospital pharmacy and services of health made by the Brazilian society of hospital pharmacy and services of health (SBRAFH), that want to have one pharmaceutical for every turn and pharmaceutical auxiliary for 4 rooms of surgery to any turn. The complexity of surgery center made to the pharmaceutical do the management of the medications and materials, that are indispensable for the surgery analgesics procedures, although there is some management and bureaucratic questions to the end of organization of materials in the program surgerys. The presence of pharmaceutical in the surgery center is primordial to relize the actions in a flow of organization in the sector, anyway, is favorable a reduction of costs getting financial benefits to the hospital, although less lost and waste of medications that are necessary for procedures that will be executed.
Keywords: surgery center, pharmaceutical, flow of organization, medication management, hospital pharmacy.
INTRODUÇÃO
O Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade hospitalar onde são executados procedimentos anestésico-cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter eletivo quanto emergencial. Esse ambiente, marcadamente de intervenções invasivas e de recursos materiais com alta precisão e eficácia, requer profissionais habilitados para atender diferentes necessidades do usuário diante da elevada densidade tecnológica e à variedade de situações que lhe conferem uma dinâmica peculiar de assistência em saúde. O CC é considerado como cenário de alto risco, onde os processos de trabalho constituem-se em práticas complexas, interdisciplinares, com forte dependência da atuação individual e da equipe em condições ambientais dominadas por pressão e estresse. (FABIANA,2016)
A estrutura física do Centro Cirúrgico será dividida de acordo com seus riscos, sendo classificadas em:
– Não restrita: as áreas de circulação livre (vestiários, corredor de entrada e sala de espera de acompanhantes);
– Semi-restrita: pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem provocarem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia (salas de material, administrativa, copa e expurgo);
– Área restrita: o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO), para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoas, equipamentos e materiais. (WANDERSON, 2019)
Além dos médicos cirurgiões que são excepcionais e que realizam a cirurgia propriamente dita, o quadro de funcionários do centro cirúrgico inclui, técnicos de enfermagem, enfermeiros, auxiliares de farmácia e farmacêutico (não fica exclusivamente dentro do setor), mas é responsável pelo gerenciamento da farmácia que fica localizada no interno do CC. (COMFARHOSP, 2011)
A organização do quadro de colaboradores da farmácia do centro cirúrgico deve obedecer aos “Padrões mínimos para farmácia hospitalar e serviços de saúde” elaborado pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (Sbrafh), 2007, no qual exige que uma farmácia haja um farmacêutico por turno e um auxiliar de farmácia para quatro salas de cirurgia por turno. (COMFARHOSP, 2011)
O atendimento é realizado por kits para facilitar o processo de débito em conta e movimentação dos materiais no controle do estoque. Os kits podem ser divididos em adulto, infantil e também em se tratando de fios, serem classificados de acordo com os tipos de procedimentos. (COMFARHOSP, 2011)
A complexidade do centro cirúrgico exige do farmacêutico a previsão e o gerenciamento dos medicamentos e materiais, indispensáveis para a realização de procedimentos anestésicos-cirúrgicos. Na atuação no centro cirúrgico o farmacêutico se dedica também a questões administrativas e burocráticas, ficando responsável por organizar, prover, acompanhar e deixar disponíveis os materiais para as cirurgias programadas. (COMFARHOSP, 2011)
Entretanto, é necessário que o farmacêutico desenvolva um serviço abrangente e de alta qualidade, coordenado adequadamente para atender as necessidades das equipes médicas e enfermagem do centro cirúrgico com intuito de propiciar a melhor assistência ao paciente. (COMFARHOSP, 2011)
O planejamento anual realizado pelo gestor da área permite que o farmacêutico identifique os problemas e proponha melhorias através de elaboração de projetos, praticando as atividades de liderança dentro do processo contínuo de mudanças e aperfeiçoamento profissional. A realização de um planejamento anual promove a motivação da equipe levando uma excelência no atendimento e alcançando maiores resultados na assistência farmacêutica prestada ao paciente cirúrgico. (COMFARHOSP, 2011)
O farmacêutico atuando internamente no centro cirúrgico contribui para o fluxo e organização do setor, agindo na redução de custos trazendo benefícios financeiros ao hospital, e controle de estoque, proporcionando também diminuição de perdas e desperdícios, prevenindo erros com medicamentos e matérias médico-hospitalares, além de um relacionamento vantajoso com os profissionais atuantes no setor, favorecendo um bom desempenho das ações. (ENEPEX, 2019)
OBJETIVO GERAL
Relacionar a atuação do profissional farmacêutico e sua importância dentro do centro cirúrgico, no qual é necessário estar presente para melhor gerenciamento do setor.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Caracterizar o centro cirúrgico;
– Descrever a atuação e as funções do farmacêutico no centro cirúrgico;
– Citar as responsabilidades burocráticas do farmacêutico no setor;
– Organizar os insumos e medicamentos para as cirurgias programadas;
– Apontar a importância do farmacêutico para o centro cirúrgico.
METODOLOGIA
Foi utilizado o formato de pesquisa descritiva, que visa descrever uma análise mais detalhada sobre o objeto abordado nos objetivos, a fim também de utilizar o método de pesquisa explicativa com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre tal tema escolhido. Para tal estudo, um dos métodos de pesquisa aplicado para se alcançar o alvo a ser analisado, é de maneira bibliográfica, no qual são coletadas informações essenciais para melhor enriquecimento de conteúdo já existentes através de revistas eletrônicas, artigos e pesquisas no Google Acadêmico e Scielo. O estudo terá caráter essencialmente qualitativo, sendo um indicativo para exibir como funciona o ambiente em que o profissional referido atua e apresentar a importância que ele contribui para o setor, analisando-se as respectivas atividades desenvolvidas na farmácia do centro cirúrgico. O ano de pesquisa está entre o período de 2001 a 2022.
JUSTIFICATIVA
Na atualidade, os hospitais são compostos por equipes multidisciplinares e não como a maioria acredita que são médicos e enfermeiros, temos sim um grande quantitativo de técnicos de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros fundamentais, dentre eles não podemos deixar de destacar o farmacêutico, o profissional alvo desse trabalho que está sendo apresentado. É importante destacar que (não inferiorizando os outros profissionais que também são importantes), o farmacêutico é um elemento indispensável não só para o hospital propriamente dito, mas como para o centro cirúrgico. O centro cirúrgico por ser um ambiente que proporciona “clima de tensão” por abranger ocorrências de cirurgias, muita das vezes complexas, requer um profissional capacitado que atenda às necessidades da equipe médica em prol do paciente que aguarda pelo tratamento de cura. Além da dispensação que é a função básica e primordial, o farmacêutico é crucial estar presente e próximo a equipe médica cirúrgica, para melhor gerenciamento, eficácia e rapidez na resolução dos acontecimentos adversos que pode vir a ocorrer em uma cirurgia, a fim de minimizar o risco de dispensar uma medicação errada e controlar a quantidade de uso dos medicamentos para evitar desperdícios, pois o uso excessivo de certas drogas e até mesmo demais insumos, pode gerar quebra na área financeira da instituição, porque o centro cirúrgico que gera maior verba para o hospital.
REVISÃO DE LITERATURA
O centro cirúrgico precisa de pessoal preparado e capaz de atuar com eficácia e segurança. A organização do ambiente também é essencial para que o fluxo de cirurgias corra bem. Deste modo, é necessário organização e planejamento de toda a equipe.
1. INFRAESTRUTURA BÁSICA DE UM CENTRO CIRÚRGICO
FIGURA 1: PORTA DE ENTRADA DO CENTRO CIRÚRGICO
FONTE: JORNAL ONLINE DM PELOTAS, 2022
ESTRUTURA FÍSICA
Localização:
Na localização do Centro Cirúrgico é imprescindível favorecer a dinâmica do funcionamento e da assistência ao paciente cirúrgico. Deve ocupar área independente de circulação geral onde o fluxo de pessoas internas deverá ser livre e bloqueado para o pessoal de fora. (SILVA, RODRIGUES & CESARETTI, 2005)
De acordo com Goffi (2007) “O ambiente cirúrgico deverá se localizar próximo às unidades que recebam casos cirúrgicos, preferencialmente nos andares elevados, ao abrigo de poluição aérea e sonora e fora da interferência do tráfego hospitalar”.
Sala de Cirurgia:
É o ambiente onde são realizadas as intervenções cirúrgicas. Devido a sua grande importância, algumas normas devem ser seguidas no planejamento e construção desse local. O tamanho da sala cirúrgica varia de acordo com o tipo de cirurgia realizada. (CASSIA, 2011)
As paredes da sala de cirurgia devem ter os cantos no formato arredondado, não possuir frestas nem emendas, facilitando a limpeza e desinfecção delas. O material utilizado no revestimento precisa ser resistente proporcionando uma superfície lisa, uniforme e lavável. Além disso, o material usado na construção precisa contribuir para a diminuição da poluição sonora. Em relação à cor, deve ser clara, neutra, para que haja aumento na capacidade de iluminação. (FIGUEIREDO, LEITE & MACHADO, 2006)
Durante a execução do piso é importante que não ocorram rachaduras, fissuras e imperfeições e que eles sejam resistentes a abrasão devido à circulação de pessoas e carrinhos. Faz-se necessário a eliminação de infiltrações e umidade ascendente. (PAPE, 2010)
O piso da sala de operação deve ser de material resistente, não poroso, que proporcione fácil visualização de sujidade e fácil limpeza. É importante que não haja ralos para escoamento de líquidos, pois pode comprometer o rigor asséptico. É de suma importância que esse piso seja bom condutor de eletricidade estática, para se evitar faíscas, em consequência da associação de substâncias anestésicas inflamáveis, como o oxigênio ou óxido nitroso. (MARGARIDO & TOLOSA, 2001)
As portas da sala cirúrgica devem ter cerca de 1,20m x 2,10m, possibilitando a passagem de macas e equipamentos usados no ato cirúrgico. Algumas literaturas recomendam portas do tipo vai-e-vem, já outras preconizam o uso de portas de correr, afirmando que portas vai-e-vem, causam turbulência devido o deslocamento da corrente de ar. Recomenda-se que tenha visores de vidro para facilitar a visualização entre os dois ambientes e diminuir aberturas desnecessárias. (SILVA, RODRIGUES & CESARETTI, 2005)
As janelas precisam permitir a entrada de luz, ser do tipo basculante para facilitar a limpeza da mesma, e os vidros devem ser foscos. Há necessidade de telar as janelas para a proteção contra insetos. (FIGUEIREDO, LEITE & MACHADO, 2006)
A ventilação deve envolver aspectos que promovam condições adequadas de aeração, remova as partículas contaminantes liberadas no interior da sala e impeça a entrada de partículas potencialmente contaminadas oriundas de áreas adjacentes. É imprescindível a existência de uma entrada e uma saída de ar. Deve haver de 15 a 20 renovações completas do ar da sala de operação, em uma hora. É importante a instalação de filtros de alta eficiência HEPA (high-efficiency particulate air) com filtragem de 99,9% sobre partículas com até 0,3µm. A temperatura deve ficar entre 19° e 24°C e a umidade relativa do ar, entre 45% e 60%. (MARGARIDO & TOLOSA, 2001)
O forro deve ser de material não poroso para impedir a retenção de bactérias. Este forro pode ser autoportante, um tipo de forro no qual se pode caminhar por cima para a manutenção de luminárias e parte elétrica. É firme e possui chapas de aço. Outro tipo de forro é o forro leve, que possui o mesmo princípio do forro autoportante, porém não suporta peso. Já o forro de gesso pode também ser usado desde que seja realizado o acabamento final, com tinta acrílica ou epóxi de base aquosa. (PAPE, 2010)
O centro cirúrgico deve dispor de uma fonte geradora própria permanente e independente da energia elétrica. O sistema deve ser planejado para que impeça variações de voltagem. O aterramento é especial com fios de cobre. Preconiza-se três conjuntos com quatro tomadas cada, em paredes distintas e uma tomada para o raio X, sendo essas tomadas de voltagem tanto 110 quanto 220. A localização destas deve ser de 1,5 m do piso. (MARGARIDO & TOLOSA, 2001)
FIGURA 2: SALA DE CIRURGIA E SUA ESTRUTURA BÁSICA
FONTE: ENFERMAGEM ONLINE, 2021
1.1 EQUIPAMENTOS FIXOS DO CENTRO CIRÚRGICO
No centro cirúrgico, podemos encontrar os seguintes equipamentos:
– Foco central de teto;
– Armários embutidos;
– Negatoscópio;
– Balcão;
– Ar-condicionado central;
– Fontes de ar comprimido;
– Monitores multiparâmetros;
– Oxigênio e vácuo. (FIGUEIREDO, LEITE & MACHADO, 2006)
FIGURA 3: MONITOR MULTIPARÂMETROS
FONTE: ENFERMAGEM ONLINE, 2021
1.2 EQUIPAMENTOS MÓVEIS DO CENTRO CIRÚRGICO:
– Mesa cirúrgica;
– Mesa auxiliar;
– Mesa de mayo;
– Focos móveis;
– Suportes;
– Bacias;
– Aspirador;
– Bisturi elétrico;
– Carro de anestesia;
– Perneiras metálicas;
– Bancos móveis;
– Coxins;
– Carro de materiais de consumo. (FIGUEIREDO, LEITE & MACHADO, 2006)
FIGURA 4: MESA DE INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS
FONTE: ENFERMAGEM ONLINE, 2021
FIGURA 5: MESA AUXILIAR COM OS MATERIAIS QUE PODERÃO SER ÚTEIS PARA O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
FONTE: ENFERMAGEM ONLINE, 2021
1.3 CIRCULAÇÃO:
A circulação possui extrema importância para o fluxo interno, objetivando evitar o cruzamento de materiais ou roupas. Por isso, a acuidade das áreas serem delimitadas, sendo restritas ou não, como é exposto a seguir:
• Área restrita: constitui as salas cirúrgicas, onde as equipes atuam, sendo compulsória a utilização de vestimentas exclusivas do Centro Cirúrgico (sala de recuperação pós-anestésica, sala de radiografia, área para esterilização etc.);
• Área semi-restrita: são locais de comunicação com a área restrita, onde se permite o fluxo de pessoas e equipamentos, desde que não interfiram nas rotinas de controle e manutenção de área restrita (copa, sala de estar, expurgo e sala de preparo de materiais);
• Área irrestrita: é a totalidade de ambientes de acesso ao Centro Cirúrgico e de livre circulação interna (vestiários e corredores de entrada);
• Paciente: deve dar entrada através da porta/entrada principal;
• Equipe: deve acessar pela entrada dos vestiários, interligadas ao Centro Cirúrgico;
• Serviço de apoio: deve possuir entradas auxiliares para roupa limpa, roupa suja, materiais contaminados, exames e equipamentos. (SANTOS, 2005)
2. ROTINA DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NO CENTRO CIRÚRGICO E SUAS FUNÇÕES
Renatha Soares, supervisora de farmácia do Hospital Metropolitano, explica que o farmacêutico é o profissional responsável pelos medicamentos e materiais que serão usados em cada cirurgia.
“Somos nós quem ficamos em contato com os médicos e enfermeiros para auxiliar no procedimento”, disse. (ASCOM, 2022)
Na sua equipe ela conta com 33 profissionais, distribuídos em cinco satélites e uma CAF. Deste total, dois farmacêuticos atuam no centro cirúrgico e um deles, é a farmacêutica Edlane Matias. (ASCOM, 2022)
Edlane explica que a programação das cirurgias é feita pelo coordenador médico 48 horas antes da data marcada para acontecer o procedimento. Após a confirmação da enfermagem, a farmácia recebe a demanda de materiais e medicamentos para os procedimentos.
“O atendimento pela farmácia é realizado por Kits (correlatos e anestesia) e também se tratando dos fios de acordo com o procedimento, ou que o médico solicitou’, apontou. (ASCOM, 2022)
Quando o paciente chega para fazer a cirurgia, ele é admitido pela enfermagem e antes do procedimento, o farmacêutico conversa com ele para saber se tem alergia a algum medicamento, se faz uso de medicamentos em casa e se tem alguma comorbidade.
“Tudo é passado para o cirurgião e anestesista.
Após o procedimento o paciente vai para a sala de recuperação pós-anestésica e recebe a prescrição do médico e nós farmacêuticos fazemos essa orientação antes dele ter alta”, disse. (ASCOM, 2022)
Para Renatha, o grande diferencial do farmacêutico que atua no centro cirúrgico é garantir ao paciente que ele não tenha problemas de alergia aos medicamentos usados no procedimento.
“Esse é o diferencial farmacêutico, colher as informações precisas sobre alergias medicamentosa, comorbidades e medicamentos que tomam de forma contínua, fazendo assim a reconciliação medicamentosa e impedindo que o paciente tenha algum problema de alergia aos medicamentos usados na cirurgia”, afirmou. (ASCOM, 2022)
3. BUROCRACIAS DE UM FARMACÊUTICO NO CENTRO CIRÚRGICO
A missão do farmacêutico é promover e incentivar a qualidade técnica do atendimento a partir de entendimento entre os profissionais, estabelecendo estratégias de avaliação e controle do processo, resgatando o profissionalismo e valorizando o trabalho. (COMFARHOSP, 2011)
Abaixo, relacionam-se algumas atividades desempenhadas pelo farmacêutico:
– Monitoramento de estoque de medicamentos, materiais especiais e convencionais observando pontos críticos de abastecimento cobrando de os setores responsáveis parecer sobre reposição, quando necessária solicitação de empréstimos de materiais de outros setores;
– Busca de soluções contínuas na melhoria nos processos;
– Participação no sistema de gerenciamento de riscos, através da elaboração das notificações referente a medicamentos e demais produtos para saúde;
– Identificação e treinamento de profissionais que têm potencial para o desempenho de tarefas específicas;
– Foco em resultados: trabalho contínuo;
– Trabalhar em equipe de forma colaborativa e integrada, cultivando o bom relacionamento e adquirindo credibilidade;
– Elaboração/atualização dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP);
– Identificar talentos e habilidades na equipe incentivando seu desenvolvimento. (COMFARHOSP, 2011)
4. ORGANIZAÇÃO DOS MEDICAMENTOS PARA AS CIRURGIAS PROGRAMADAS
A farmácia satélite situada em um Centro Cirúrgico tem por objetivo, fornecer materiais e medicamentos antes, durante e após cada procedimento cirúrgico. A maioria dos hospitais e clínicas utiliza o sistema de montagem de kits ou bandejas para dispensação de materiais e medicamentos aos pacientes, que podem ser divididos de acordo com as necessidades de cada instituição ou específicos para cada tipo de cirurgia. (MATTOS, 2005)
FIGURA 6: KITS CIRÚRGICOS PARA AS CIRURGIAS
FONTE: SECRETARIA DE SAÚDE SANTA CATARINA (HOSPITAL INFANTIL JOANA DE GUSMÃO), 2020
Algumas dificuldades relacionadas com a montagem dos kits e ao controle do estoque em farmácias satélites, incluem: erros de transferências de materiais e medicamentos da Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) para a farmácia satélite; erros na montagem manual dos kits; falhas na hora de lançar os itens utilizados em cada procedimento; falta de materiais e medicamentos para a montagem do kit. Essas falhas geram uma série de outros problemas que podem prejudicar a gestão de estoque, como: ausência do controle real do estoque; compras erradas (excesso de estoque); perdas e sobras de medicamentos e materiais; produtos perdidos devido ao prazo de validade e; elevação dos gastos devido às compras mal gerenciadas (PASCHOD, 2009).
FIGURA 7: PRATELEIRAS COM CAIXAS ORGANIZADORAS DE MEDICAMENTOS
FONTE: SECRETARIA DE SAÚDE SANTA CATARINA (HOSPITAL INFANTIL JOANA DE GUSMÃO), 2020
5. A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NO CENTRO CIRÚRGICO
O profissional farmacêutico tem a profissão e função reconhecida no âmbito hospitalar no Brasil, desde 2008 por meio da Resolução nº 492, de 26 de novembro de 2008 emitida pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) . Esta resolução regulamenta o exercício profissional da categoria nos serviços de atendimento e gestão da farmácia hospitalar nas unidades de saúde, de 3 natureza pública ou privada no Brasil (BRASIL, 2013). O CFF por meio da Resolução nº 300, de 03 de janeiro de 1997, aperfeiçoou e atualizou o conceito de farmácia hospitalar e estabeleceu relações entre o profissional farmacêutico e sua atuação frente as unidades de farmácias hospitalares (FERNANDO, 2013).
O farmacêutico é o único profissional da área da saúde com competência e formação para prestar a devida atenção farmacêutica, que neste caso consiste basicamente em acompanhar o tratamento farmacológico dos pacientes, garantindo uma terapia efetiva e segura através do desenvolvimento de ações voltadas para promoção da saúde do paciente. (FERNANDO, 2013).
O farmacêutico na farmácia hospitalar exerce funções como o controle de estoque, armazenamento, assistência farmacêutica, manipulação da medicação (fracionamento de dose), controle de qualidade, dispensação, além da seleção e compra dos medicamentos. Todas estas atividades são amparadas pela Resolução nº 492 de 26 de novembro de 2008 que regulamenta as atividades do farmacêutico na assistência à saúde, no âmbito hospitalar (CFF-GO, 2008).
Segundo Araujo e Freitas (2006) a Assistência Farmacêutica é o que garante que todo investimento feito nos medicamentos seja convertido em saúde e qualidade de vida ao paciente. O medicamento por si só não deve ser entendido como sinônimo de saúde é necessário um acompanhamento multiprofissional para que ocorra a correta empregabilidade e manejo dos medicamentos e correlatos. (FERNANDO, 2013).
A falta de implantação da assistência farmacêutica intra-hospitalar pode ocasionar vários problemas para os pacientes usuários dos serviços de saúde. Isso ocorre porque durante a rotina estressante do hospital existe uma dificuldade de comunicação e muitas vezes de atenção entre os membros da equipe multiprofissional hospitalar o que dificulta a implantação desta pratica farmacêutica. Então a dispensação se torna uma das atividades da farmácia hospitalar, que não pode coexistir com erros, requerendo a presença do farmacêutico em tempo integral, como orientador dessa prática. Portanto deve ser realizada a assistência farmacêutica de forma que se obedeça às especificações exigidas por cada grupo de medicamentos, promovendo o uso adequado e correto dos mesmos (FERNANDO, 2013).
As farmácias satélites são importantes centros de distribuição rápida de materiais e medicamentos aos setores estratégicos e críticos de um hospital, porém, sem um controle rigoroso do processo de armazenamento, dispensação e utilização dos materiais, as taxas de perdas, desvios e divergências nos estoques, tornam-se altas e frequentes, gerando gastos desnecessários ao local de assistência à saúde. (HELLEN, 2015)
Diversos fatores influenciam na decisão de não se ter um profissional farmacêutico no setor. Quando a empresa tem a opção de não aumentar o quadro de funcionários, os farmacêuticos presentes dividem-se entre todas as atividades e esse acúmulo de rotinas, pode ser a causa da gestão incorreta de estoques. Por isso é de extrema importância que exista um profissional qualificado, como o farmacêutico, que esteja presente em todas as farmácias, acompanhando a rotina, e controlando o desenvolvimento do setor, para assim acompanhar o desenvolvimento dele, evitando falhas, gastos desnecessários, contribuindo para melhorias na gestão dos estoques. (HELLEN, 2015)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da pesquisa abordada, foi observado que a função do farmacêutico vai além da dispensação de medicações, esse profissional é indispensável no setor, pois o centro cirúrgico é um local de alta complexidade e requer profissionais capacitados para tais funções, para melhor gerenciamento dos medicamentos e demais materiais necessários para que a cirurgia do paciente ocorra de maneira contínua sem intercorrências, e não só durante o procedimento cirúrgico mas também para o pós cirúrgico, quando o cliente segue para o quarto, os cuidados farmacêuticos possam continuar em um bom fluxo.
O farmacêutico além de ser responsável pela farmácia satélite de centro cirúrgico, tem que coordenar todas as outras que ficam subdivididas por todo ambiente hospitalar, por isso é primordial realizar um planejamento anual pelo gestor da instituição para que as atividades ocorram de maneira organizada entre os profissionais.
FIGURA 8: PROFISSIONAL FARMACÊUTICO ATUANDO NO CENTRO CIRÚRGICO
FONTE: PORTAL HOSPITAIS BRASIL (HOSPITAL SAMARITANO DE SÃO PAULO), 2018
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMFARHOSP – COMISSÃO DE FARMÁCIA HOSPITALAR . Plataforma CFF. Atuação do farmacêutico no centro cirúrgico. Nordeste: Comfarhosp – Comissão de Farmácia Hospitalar , 2011. Disponível em: https://cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/131/encarte_f_hospitalar.pdf. Acesso em: 19 set. 2022.
ENEPEX – ENCONTRO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO . Plataforma UFGD. Importância da atuação do profissional farmacêutico no centro cirúrgico . Mato Grosso do Sul: ENEPEX – Encontro de ensino, pesquisa e extensão , 2019. Disponível em: http://eventos.ufgd.edu.br/enepex/anais/arquivos/3836.pdf. Acesso em: 19 set. 2022.
ASCOM CRF/AL. Plataforma CRFAL. Centro Cirúrgico: Farmacêutico é o profissional responsável pelos medicamentos, insumos e correlatos. Alagoas : Ascom CRF/AL, 2022. Disponível em: https://www.crf-al.org.br/2022/07/centro-cirurgico-farmaceutico-e-o-profissional-responsavel-pelos-medicamentos-insumos-e-correlatos/. Acesso em: 3 out. 2022.
GRAZIELLA, Hellen; JORGE, Larissa C. Boneco VACD.16-1.cdr. A importância do farmacêutico na gestão de estoques de medicamentos e materiais de um centro cirúrgico. Curitiba: Hellen Graziella, Jorge, Larissa Comarella, 2015. Disponível em: https://r.search.yahoo.com/_ylt=AwrFeIV0Vnlj88MkcCrz6Qt.;_ylu=Y29sbwNiZjEEcG9zAzEEdnRpZAMEc2VjA3Ny/RV=2/RE=1668925172/RO=10/RU=https%3a%2f%2frevistas.ufpr.br%2facademica%2farticle%2fdownload%2f40087%2f26372/RK=2/RS=DWhuZjeB_7jjoCpdq4JIe5aywK0-. Acesso em: 8 nov. 2022.
PEREIRA, Fernando B, et al., unigy. A importância do farmacêutico na farmácia hospitalar. Goiás : Fernando Barros Pereira, Gilmar da Costa Lima, Aline de Sousa Brito, 2013. Disponível em: https://unigy.edu.br/repositorio/2013-1/Farmacia/A%20IMPORT%C3%82NCIA%20DO%20FARMAC%C3%8AUTICO%20NA%20FARM%C3%81CIA%20HOSPITALAR.pdf. Acesso em: 20 nov. 2022.
TEIXEIRA, Cassia M S; et al. Inesul. Centro cirúrgico: compreendendo sua estrutura e organização . Londrina: Cassia Maria Santos Teixeira, Paulo José Abruceis, William Diego Ciconha, 2011. Disponível em: https://www.inesul.edu.br/revista/arquivos/arq-idvol_15_1320352584.pdf. Acesso em: 20 nov. 2022.
MARTINS, Fabiana Z; DALL’AGNOL, Clarice M. Revista gaúcha de enfermagem. Centro cirúrgico: desafios e estratégias do enfermeiro nas atividades gerenciais. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/GCCd3Fykn6dvqDc6dkCqHbM/?lang=pt&format=html. acesso em: 27 nov. 22
RIBEIRO, Wanderson A, et al., Revista pró-universus. cirurgia segura: a enfermagem protagonizando a segurança do paciente no centro cirúrgico. Disponivel em: http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RPU/article/view/1684. Acesso em: 27 nov. 22
SILVA, Maria D A; RODRIGUES, Aparecida L; CESARETTI, Isabel U R. Enfermagem na Unidade de Centro Cirúrgico. 2 ed, São Paulo: E.P.U. 2005.
MARGARIDO, N. F; TOLOSA, E. M. C. Técnica cirúrgica prática. São Paulo. Atheneu, 2001. PAPE, Nidia C. Acabamentos para salas limpas. Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação. 44 ed. 34-41, 2010.
FIGUEIREDO, Nébia M A; LEITE, Joséte L; MACHADO, William C A. Centro Cirúrgico: Atuação, Intervenção e Cuidados de Enfermagem. 1 ed, São Caetano do Sul: Yendis, 2006.
SANTOS, Nívea C M. Centro Cirúrgico e os Cuidados de Enfermagem. 2 ed, Tatuapé: Iátria, 2005.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº 492, de 26 de novembro de 2008. Regulamenta o exercício profissional nos serviços de atendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde, de natureza pública ou privada. Brasília, 2008.
ARAUJO, A.L.A.; FREITAS, O. Concepções do profissional farmacêutico sobre a assistência farmacêutica na unidade básica de saúde: dificuldades e elementos para a mudança. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, vol. 42, n. 1, jan./mar., 2006.
MATTOS, E. Impacto farmacoeconômico da implementação do método de dispensação de drogas em forma de kit em procedimentos cirúrgicos e anestésicos.2005. 153 f. Dissertação (Mestrado em ciências) – Programa de Mestrado em Ciências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
PASCHOAL, M. Estudo do consumo de materiais de um centro cirúrgico após a implementação de um sistema informatizado. 2009.192 f. Tese (pós-graduação em enfermagem) – Programa de Pós- Graduação em Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.