ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NAS ESCOLAS PARA PREVENIR GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7365664


Patriciane Costa Amorim
Jon Anderson Sitonio Ramos de Lima
Cordenadora: Eusteclyana Patrycia Campos de Souza Santos


RESUMO

De acordo com o presente artigo, tenho como principal objetivo analisar a atuação do enfermeiro nas escolas para prevenir gravidez na adolescência. A gravidez não planejada na adolescência carrega várias sugestões biológicas, familiares, psicológicas, econômicas e sociais que alcançam o adolescente e a sociedade completa sendo um problema de saúde pública. A escola é um local bastante importante para o desenvolvimento de atividades educativas e o atendimento da enfermagem é fundamental para que se reproduzam ações voltadas a prevenção da gravidez na adolescência. A pesquisa a ser realizada neste trabalho pode ser classificada como revisão bibliográfica do tipo descritiva. Assim, conclui-se que a enfermagem abrange as dimensões psicossociais dos cuidados com adolescentes ampliando os espaços para orientação e educação sexual, no qual o tema sobre sexualidade, métodos contraceptivos e o prazer, possam ser dialogados abertamente.

Palavras-chave: enfermagem, saúde do adolescente, gravidez.

SUMMARY

From the present, my main objective is to analyze the role of the nurse article in schools to prevent education in adolescence. Pregnancy is not known in adolescence and many people think in society that it is a public and family health problem. The school is a very important place for the development of educational activities and essential nursing care for the reproduction of childhood prevention actions in adolescence. The research work to be carried out can be classified as a literature review of the type. Thus, it is concluded that nursing encompasses psychosocial dimensions of care for adolescents, expanding spaces for guidance and sexuality, without which the topic of sexuality, contraceptive methods and pleasure can be openly discussed.

Keywords: nursing, adolescent health, pregnancy.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, considerasse que cerca de 20- 25% do total de mulheres gestantes são adolescentes, apresentando que uma em cada cinco gestantes são adolescentes entre 14 e 20 anos de idade (SANTOS JÚNIOR, 1999). Assim, sucede que no Brasil, acompanha a um grande número de adolescentes que engravidam. Ao contrário do que ocorre nos restantes países ocidentais, onde tende a acontecer uma diminuição no episódio deste evento. O aumento das taxas de gravidez entre os adolescentes fundamenta-se em inúmeras causas entre elas a pobreza, baixa escolaridade, e a idade em que se gerou a gravidez (GRAVAD, 2006).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, a fase da adolescência é aquela que entende o sujeito que está na faixa etária de 10 a 19 anos (BRASIL, 2010). É um procedimento de transição entre a infância e a vida adulta, definida por mudanças biopsicossociais. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2020) o número considerado de habitantes do município é de 21.432. Desse total, 3108 são adolescentes dos sexos masculinos e femininos, na faixa etária de 10 a 19 anos.

Essas adolescentes requer a atenção em saúde, para desviar-se ou agravar tais problemas a elas. O aborto e um fator de alto risco, pois, além de ser banido, se faz o uso clandestino deste atendimento, causando complicações pós aborto, infecções e até o óbito dessas adolescentes (TABORDA et al, 2014).

Atualmente, a gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde pública, uma vez que os índices vêm crescendo gradativamente ano após ano. Com isso, o Enfermeiro no processo de educar as adolescentes na ânsia de minimizar este problema, exerce um papel de fundamental importância. Desse modo, entendesse que a adolescência é uma etapa da vida na qual ocorrem rápidas e muitas transformações, além de tudo ser vivido intensamente. Por conseguinte, vem o amadurecimento, que é o objetivo desta fase marcada por duas aquisições importantes: a capacidade reprodutora e a identidade pessoal. (VILELA, 2012). A vulnerabilidade desta faixa etária é outra questão que faz com que ela necessite de um cuidado ainda mais amplo e sensível.

A gravidez na adolescência pode trazer alguns problemas para a mãe e o filho, pode acontecer a hipertensão, anemia, desigualdade no tamanho do feto e da bacia da mãe, o parto pode ser prematuro e cesáreo. A gravidez nesta faixa etária acaba interferindo no crescimento tanto pessoal como profissional dos adolescentes, pois acabam abandonando os estudos e depois do parto para retornar não é tão fácil. Há uma maior dependência da família e sendo assim é necessário que haja a prevenção da gravidez precoce. A gravidez na adolescência, geralmente, traz consequências graves, uma vez que a adolescente interrompe seu desenvolvimento global, desorganiza totalmente sua vida, acarretando problemas psicossociais desastrosos, tornando de extrema necessidade a promoção de medidas preventivas por parte do profissional de saúde, para se evitar a gravidez prematura, o que torna relevante a realização desta pesquisa.

A motivação para abordar este tema adveio da necessidade de aprofundar conhecimentos sobre os fatores que contribuem para o aumento da gravidez na adolescência e, sobre o papel do enfermeiro na promoção de ações educativas e preventivas diante dos índices de gravidez na adolescência. A pesquisa tem sua relevância social, na medida em que busca descrever medidas preventivas da gravidez na adolescência, levando em consideração o alto índice de adolescentes grávidas no Brasil, os riscos às mães e aos recém-nascidos, a mortalidade materna e a falta de conhecimentos sobre os métodos contraceptivos, pré-natal e Doenças Sexualmente Transmissíveis. 

Além da relevância social, o estudo será de grande importância para a comunidade acadêmico-científica, pois poderá servir como fonte de pesquisa para futuros trabalhos relacionados ao tema, e contribuir com sugestões de medidas educativas que auxiliem os profissionais de saúde na prevenção da gravidez na adolescência.

É uma pesquisa exploratória, pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito, para desse modo, construir hipóteses e oferecer soluções para problema. Nos procedimentos técnicos será utilizada a pesquisa bibliográfica, pois será realizada a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Segundo Minayo (2013), qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. 

Para a metodologia optou-se por base de dados confiáveis, realizada baseando-se nos dados contidos em artigos publicados, livros e periódicos e ocorrerá na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, nas bases Scielo (Coleção de revistas e artigos científicos), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Bireme, com publicações no período de 2015 a 2022. Serão incluídos artigos com abordagem dos descritores da pesquisa nos anos entre 2010 a 2016, escritos em língua portuguesa, que estejam disponíveis eletronicamente na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases de dados LILACS, BDENF e Bireme e ainda que tratem diretamente dos descritores: violência sexual contra a mulher e atuação da enfermagem

 Essa maior vulnerabilidade aos agravos, determinada pelo processo de crescimento e desenvolvimento, pelas características psicológicas peculiares dessa fase da vida e pelo contexto social em que está inserido, coloca o adolescente na condição de maior suscetibilidade às mais diferentes situações de risco, como gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis (DST), acidentes, diversos tipos de violência, maus tratos, uso de drogas, evasão escolar.

Com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade desses adolescentes relacionados à gravidez na adolescência e outras prerrogativas, o Ministério da Saúde junto com o Ministério da Educação, criou o Programa de Saúde na Escola (PSE), que veio para ajudar o fortalecimento de ações e possibilitar a comunidade escolar a participar de programas e projetos que articulem saúde e educação, levando ao enfrentamento das vulnerabilidades que envolve o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens brasileiros (BRASIL, 2011).

2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE ADOLESCENTE

Segundo Houaiss (2001), a palavra adolescência vem do latim adolescente significa crescer até a maturidade, resultando em transformações de ordem social, psicológica e fisiológica. Sociologicamente, a adolescência é o período de transição da dependência infantil para a autossuficiência adulta. Psicologicamente falando, é uma “situação marginal” na qual, novos ajustes, que diferenciam o comportamento da criança do comportamento do adulto em uma determinada sociedade, tem que ser realizados; e, fisiologicamente, ocorre no momento em que as funções reprodutivas amadurecem (MUUSS, 1976). 

A adolescência é definida segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) como sendo o período compreendido entre 10 e 19 anos. Caracteriza-se por mudanças físicas aceleradas e características da puberdade, diferentes do crescimento e desenvolvimento que ocorrem em ritmo constante na infância. Essas alterações surgem influenciadas por fatores hereditários, ambientais, nutricionais e psicológicos (OMS, 1965).

A adolescência pode ser definida como o período de transição entre a infância e a vida adulta que envolve mudanças físicas, cognitivas e emocionais. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2019), a adolescência pertence à faixa etária de 10 a 19 anos. Já para a Organização das Nações Unidas (ONU), está na faixa de 15 a 24 anos e, no Brasil, para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, a faixa etária está compreendida entre os 12 e 18 anos de idade (BRASIL, 1990, EISENSTEIN, 2005). Por fim, em Papalia, Olds e Feldman (2006) é definida como a faixa etária que varia dos 11 aos 19 anos de idade.

Mas, existem diferenças de entendimento quanto ao período da adolescência. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) a adolescência compreende os 12 aos 18 anos incompletos. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (BRASIL, 2000), o período adolescente engloba dos 10 aos 20 anos. Mas, muito mais importante do que identificar um período em que a adolescência ocorre, é entender que este período é caracterizado por profundas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais que vão refletir no caráter do ser em formação. 

Já para Papalia, Olds e Feldman (2006) a adolescência dura aproximadamente 10 anos, dos 11 (onze) até pouco antes até depois dos 20 anos, considerando o fato de que seu 12 início e término não podem ser claramente definidos atualmente. No entanto, considera-se que o início do adolescer se dá com a entrada na puberdade, processo que conduz a maturidade sexual ou fertilidade, ou seja, a capacidade de reprodução. O cuidado com um delinear do início e término da adolescência, pode ser bastante relevante, e até o século XX, as crianças das culturas ocidentais se deparavam com o mundo adulto, quando amadureciam fisicamente ou apenas quando iniciavam um aprendizado vocacional, e hoje, o ingresso na idade adulta leva mais tempo. E em virtude disso, devem-se levar em consideração o contexto que envolve o amadurecimento do adolescente sempre que se fizer menção a sua durabilidade. (TIBA, 2015).

É o despertar para o mundo novo, onde o adolescente se vê como o ator principal de sua vida e descobre sua capacidade de “mudar o mundo”. A adolescência, para Peres e Rosemburg (2010) é descrita como uma fase do desenvolvimento humano, pela qual, todos passam, e corresponde à fase de transição entre a infância e a idade adulta, ocorrendo na segunda década da vida (entre os dez e os vinte anos de idade). De acordo com Outeiral (2003), a palavra adolescência vem do latim, ad (a, para) e olescer (crescer), e quer dizer “condição ou processo de crescimento”. 

A adolescência possui algumas ambivalências quanto à definição de sua extensão, por isso, a maioria dos teóricos a descrevem como fase intermediária entre a infância e a fase adulta, ou como etapa de desenvolvimento, desencadeada pelo surgimento das transformações orgânicas da puberdade que é encerrada através do amadurecimento psicossocial.

É importante salientar, entretanto, que a adolescência não pode ser definida apenas de forma cronológica. Segundo Palacios (2019), esta é considerada uma etapa de desenvolvimento em que o sujeito irá consolidar a sua personalidade, caráter e orientação sexual, pois é quando o adolescente descobre e assume sua independência individual. 

Embora a adolescência seja um fenômeno construído socialmente e as mudanças não ocorram da mesma forma para todos, em alguns casos, esta fase pode levar à irritabilidade, entusiasmo inoportuno, timidez, insegurança e uma variedade de emoções flutuantes que, muitas vezes, tendem à tristeza.

De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2012), a instituição é um conjunto de valores e regras sociais reproduzidos no cotidiano e serve como um guia de padrão ético para as pessoas. Os autores caracterizam o grupo como o lugar onde a instituição se realiza. Desse modo, os autores dizem ainda que a coesão é a forma encontrada pelos grupos para que seus participantes sigam as regras estabelecidas. 

Para o adolescente, o grupo é relevante para o seu autoconhecimento, onde compartilha experiências sociais e familiares por ele já vivenciadas, contribuindo para a construção do seu projeto de vida e a obtenção da maturidade. Em um grupo de amigos, por exemplo, o adolescente tende a se sentir mais à vontade e se expressar com mais liberdade, facilitando esta troca de conhecimento.

 Nesse contexto, cabe ressaltar as ideias de Novello (2010, p. 92), quando este diz que “[…] o bom relacionamento social, cultivar amigos, a aceitação e reconhecimento de sua personalidade são indispensáveis para atingir a maturidade”.

Por outro lado, Bock, Furtado e Teixeira (2012), explicam que o critério básico da passagem da adolescência para a fase adulta é o determinante econômico. 

De acordo com os autores, os adolescentes vindos de famílias com alto poder aquisitivo, têm melhores opções e condições de estudo, podem escolher suas profissões e adiar o início do exercício e a passagem para a fase adulta, prorrogando então a fase da adolescência. 

Neste período, há uma busca por experiências novas para aumentar a intensidade das sensações, podendo-se dizer que os adolescentes têm um comportamento que acarreta uma maior exposição a riscos, aumentando, assim, a vulnerabilidade, comparada com os adultos, principalmente no que se refere à exposição a substâncias psicoativas, álcool e sexo sem proteção. Os parentes dos adolescentes são um pilar fundamental, devido ao vínculo social e afetivo que influência na prevenção da exposição a riscos. 

Arnett (1999) aponta que a puberdade é o processo de mudanças físicas pelas quais o corpo de uma criança amadurece e se transforma em corpo adulto, capaz de reprodução sexual. Nesta etapa, ocorrem mudanças nos processos neuroendócrinos do cérebro, concentrações hormonais e características morfológicas físicas, culminando na maturidade reprodutiva.

De acordo com Novello (2010) afirma que: 

Maduro é aquele que age e reage racionalmente de acordo com as circunstâncias, num sentido de superação das dificuldades, levando em consideração os outros. É um viver pleno e autêntico, atuando de maneira constante, eficiente, responsável e coerente, tendo em vista o bem-estar seu e dos seus semelhantes, havendo toda uma integração do emocional (NOVELLO, 2010, p. 91).

Segundo Carvalho, Salles e Guimarães (2013) a adolescência não se define apenas como transição entre a infância e a fase adulta, mas, como uma das etapas de desenvolvimento. 

Suas transformações corporais são causadoras de grande impacto na formatação da compreensão da autoimagem corporal do adolescente, e podem ser influenciadas por experiências anteriores, que o levaram a se compreender, como uma pessoa atrativa ou não, forte ou fraca, masculina ou feminina, e a aderir uma percepção de si mesmo em alguns casos contraditória a existente.

Nessa fase, o jovem assume mudanças na imagem corporal, de valores e de estilo de vida, afastando-se dos padrões estabelecidos por seus pais e criando sua própria identidade. Segundo Ximenes Neto e colaboradores (2007, pág.279)

A adolescência é uma fase da vida humana que se caracteriza por um conjunto de transformações deixando o indivíduo exposto a um modelo de vida até então desconhecido, de certa forma vulnerável, mas, ao mesmo tempo, estabelecendo padrões comportamentais e sonhos que permearão por toda a vida. Tais padrões comportamentais se definem dentro de um ambiente que inclui a família, os pares, a escola, a sociedade que rodeia, dentre outros, onde o adolescente acaba sendo influenciado na formação e construção de sua personalidade.

2 SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA

A adolescência e marcada como um período de mudanças, que começa por volta dos 12 anos de idade aos 19 anos.

 Esse período se destaca na transição da vida infantil a vida adulta, e aí onde se inicia transformações físicas, como (aumento de mamas, crescimento de pelos pubianos e axilares, alteração de voz, aumento de estatura, menstruação, aparecimento de liquido seminal em homens, entre outros fatores) (FERREIRA, 2011).

Além do aparecimento dos processos fisiológicos á também o nível biológico onde se encontra formas adultas no sistema reprodutivo maduro, nível comportamental onde se verifica a identidade pessoal e a nível psicossocial onde se encontra a procura de relacionamentos pessoais, seja com a família, com pares ou em grupos sociais (AVIANA, 2001).

 Baseia-se esta fase da vida do adolescente onde ocorre a maturidade sexual, aumento de conflitos familiares, concretização de valores e comportamentos que definirão sua vida, cobranças com cargo profissional, estudos e responsabilidades maiores (MORAIS, 2011). 

A maturidade sexual envolve problemas cotidianos e rotineiros na vida do adolescente pois retrata a curiosidade, a descoberta de prazeres, escolha sexual, procura de parceiros diferentes, desperta a necessidade fisiológica da busca pelo sexo (BRETAS, 2003).

A iniciação sexual precoce entre adolescentes tem acarretado uma preocupação cada vez maior entre profissionais de saúde, pais e professores em decorrência da falta de conhecimentos sobre concepção e uso de contraceptivos. LOPES & MAIA (1993) referem-se a uma tendência na diminuição da idade da primeira relação sexual. No Brasil, a idade média é de 16,9 anos para meninas e 15 anos para os meninos, sendo que essa iniciação precoce não vem acompanhada de cuidados com a anti concepção. Segundo esses autores, 26% da população feminina de 15 a 24 anos já viveu uma gravidez, sendo que a mesma foi indesejada para 40% dessas jovens. 

Cabe ressaltar que atualmente as famílias vêm se deparando com inúmeras mensagens de apelo sexual nos meios de comunicação e como apontam LOPES & MAIA (1993) o corpo e a sexualidade têm sido usados exaustivamente para divulgar e vender “desde sabão em pó até toalhas de banho”, tornando-se produto consumível. Essa banalização da sexualidade tem dificultado a tarefa de educar, de associar sexo a afeto, responsabilidade e promoção da saúde. 

Diante dessa realidade, a sexualidade deve ser um tema de discussão e debate entre pais, educadores e profissionais de saúde, tendo como objetivo encontrar maneiras de informar e orientar os jovens para que protelem ao máximo sua iniciação sexual, tenham responsabilidade, autoestima e pratiquem sexo com segurança.

Os motivos que levam à gestação na adolescência são de natureza objetiva e subjetiva, relacionados ao desconhecimento dos métodos contraceptivos, dificuldade das garotas em negociar o uso de preservativos, ingenuidade, violência, interesse em uma relação mais estável, esperanças de mudança de vida social, forte desejo pela maternidade e a valorização da mulher por meio da maternidade, e outros. É inegável que a gravidez na adolescência é um problema de saúde pública, as consequências da gravidez na fase da adolescência apresentam gravidade em função de fatores: idade, fatores culturais, partejar, socioeconômicos, mas relacionamento ao recém-nascido pode se sobressair a elevação dos números de natimortos e de mortes prematuras, morte súbita nos primeiros seis meses de vida, internações e desastres na infância (PINHEIRO, 2019). 

A experiência e estudos (ARILHA; RIDENTI; MEDRADO, 1998; HEILBORN, 2002) têm demonstrado que a gravidez pode ser uma opção para adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos, como também para aqueles entre 15 a 19 anos.

 Pode estar incluída em projetos de vida de adolescentes do sexo feminino como também compartilhados por adolescentes homens. A maternidade e a paternidade podem se revelar, ainda, como um elemento reorganizador da vida e não somente desestruturador (BRASIL, 2006). Para Tiba (2015), os hormônios sexuais iniciam na menina aos onze anos e no menino aos treze anos de idade. Sendo que:

As características sexuais masculinas secundárias surgem geralmente nesta sequência: início do crescimento dos testículos: nascimento de pelos pubianos lisos, pigmentados; início e aumento do pênis; primeiras mudanças de voz; primeira ejaculação; surgimento dos pêlos pubianos encarapinhados, distribuídos em forma de losango com uma das pontas atingindo o umbigo; crescimento máximo; aparecimento dos pelos axilares; acentuadas mudanças de voz; desenvolvimento da barba. No surgimento das características sexuais femininas secundárias, a sequência é como segue: aumento inicial dos seios; aparecimento dos pelos pubianos lisos, pigmentados; aparecimento dos pelos pubianos encarapinhados, distribuídos em forma de triângulo, com borda superior na horizontal; menstruação; crescimento dos pelos axilares (TIBA, 2015, p. 6).

O desenvolvimento sexual na adolescência – desde o autoerotismo até a sexualidade genital adulta sofre influência de fatores biológicos, psicológicos e sociais. As características da puberdade, a infância, o ambiente familiar, o desenvolvimento psicológico, e o meio sócio cultural em que vivem moldam a experiência sexual do adolescente. A sexualidade aqui tratada não se restringe ao comportamento sexual, mas engloba também a dimensão do desejo e das atitudes. 

O primeiro contato sexual dos adolescentes muitas vezes é desprotegido. Pela maioria destes não ter orientações e informações corretas, acabam tendo o contato sem preservativos, sem conhecer o parceiro(a), muitas vezes a maioria não possui relacionamentos que são duradouros, não fazem uso de nenhum medicamento contraceptivo, não participam de grupos de orientações sexuais, ou nunca fizeram consultas ginecológicas (NASCIMENTO, 2013).

Como afirma Parker (1991), 

“cada vez mais, a sexualidade tem sido tema de discussão e debate não apenas na sociedade brasileira e sua importância fica ainda mais pronunciada quando controvérsias sobre o aborto, os direitos das minorias sexuais e, mais recentemente, a alarmante propagação da AIDS se colocaram no centro das atenções pública na vida contemporânea”. (p.17)

Em Suplicy et al. (1995), encontramos que a AIDS é uma epidemia mundial e seu combate só será possível através de um trabalho de prevenção e conscientização da necessidade de se mudar comportamentos sexuais até agora aceitos como corretos.

O aparecimento de doenças sexualmente transmissíveis nos adolescentes, jovens e homossexuais é muito mais alta, do que comparada entre adultos. As principais dentre elas são a aids, HIV, sífilis, HPV. Muitos jovens alegam não gostar de preservativos, pois incomodam, ou tem vergonha de comprar ou adquirir em postos de saúde, que por ventura são gratuitos, e por isso a transmissão dessas doenças são altíssimas. 

Estratégias governamentais de DST/AIDS visam campanhas afim de minimizar a incidência dessas doenças, melhorando a qualidade de vida das pessoas infectadas pela AIDS, juntamente com a colaboração da sociedade para combater a epidemia, fornecendo a essas pessoas os medicamentos específicos para controle da doença de pessoas que buscam seus direitos (NASCIMENTO, 2013).

Em meados de 2004, o ministério da saúde impõe a política nacional de assistência à saúde da mulher, que tem como objetivo implementar e implantar a assistência no planejamento familiar pra mulheres, adolescentes, jovens, e homens, levando a abordagem da prevenção de DST/HIV dando ênfase a proteção mais rigorosa na associação do preservativo, feminino e masculino, juntamente com outro método contraceptivo hormonal (FIGUEREDO et al, 2012).

Segundo os autores, a população e principalmente os adolescentes necessitam ser esclarecidos de que o vírus da AIDS não está mais circunscrito aos chamados grupos de risco, mas envolve a todos, independente de classe social, raça, sexo, idade, crença religiosa, desde que não se protejam em seus relacionamentos sexuais.

2.2 Gravidez na Adolescência

O índice de gravidez entre adolescentes de 10 a 14 anos, conforme explora Cavasin (2004), tende a ser maior nas regiões e estados em que há exploração sexual de adolescentes e jovens. Aproximadamente 27% dos partos feitos no Sistema Único de Saúde (SUS), no ano de 1999, foram em adolescentes de 10 a 19 anos, isso quer dizer que a cada 100 partos, 27 foram em adolescentes, um total de 756.553, naquele ano. 

A experiência e estudos (ARILHA; RIDENTI; MEDRADO, 1998; HEILBORN, 2002) têm demonstrado que a gravidez pode ser uma opção para adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos, como também para aqueles entre 15 a 19 anos. Pode estar incluída em projetos de vida de adolescentes do sexo feminino como também compartilhados por adolescentes homens. A maternidade e a paternidade podem se revelar, ainda, como um elemento reorganizador da vida e não somente desestruturador (BRASIL, 2006).

A maternidade durante a adolescência leva consequências a serem discutidas como problemas psicológicos, econômicos, sociais, complicações obstétricas tanto para a mãe quanto para a criança (PARIZ et al, 2012). Observado em algumas literaturas os adolescentes na maioria das vezes não fazem uso de qualquer método contraceptivo na primeira experiência sexual.

 A gravidez em muitas adolescentes pode ser considerada um momento de realização e felicidade, vinda de um momento de prazer, para outras, no entanto pode ser considerada como desespero, medo e tristeza. A responsabilidade de se tornar mãe não é uma tarefa fácil, ainda mais para jovens que necessitam muitas vezes parar os estudos, despesas aumentadas, e o dinheiro para si própria que terá de ser investido a criança que vira (AMARAL, 2014).

Atualmente, a gravidez na adolescência tem se tornado um grande problema de saúde pública, assumindo proporções significativas. A maternidade precoce pode acarretar muitos problemas na saúde das adolescentes, que param de estudar, não conseguem obter sua independência financeira e passam a ter problemas sociais (YAZLLE et al., 2002).

Porém, conforme Duarte (2002) compreender a gravidez na adolescência não é um episódio, mas um processo de busca, onde a adolescente pode encontrar dificuldade e acaba por assumir atitudes de rebeldia. As pesquisas realizadas pela Secretaria de Saúde de São Paulo mostram que o aumento do crescente número de gravidez na adolescência não é a desinformação, é comum ouvir das adolescentes que, engravidaram porque se sentiram abandonadas; ou tinham medo de ficar sozinhas, ou precisavam fazer alguma coisa na vida.

Conforme Persona et al., (2004) mais da metade das adolescentes engravida por outras causas que não o desejo pela maternidade em si. Engravidar para não perder o namorado, para sair da casa dos pais e evitar o clima familiar desagradável, para afirmar sua feminilidade através da fertilidade, para encontrar nos cuidados com o filho um objetivo para sua vida, para aplacar a solidão na companhia do filho, dentre outros, por uma vida tortuosa, a tentativa de preencher um vazio interior.

Chipkevitch (1994) nos mostra que a gravidez na adolescência nem sempre é percebida como um problema, muitas vezes, as adolescentes encontram na gravidez precoce o realizar do sonho, pode tornar-se independentes, muitas não querem ficar em casa, onde têm que se submeter e obedecer ao autoritarismo dos pais; já outras adolescentes veem uma maneira de superar uma carência qualquer, pois mobilizam toda a família voltando as atenções para si. 

Segundo Lopes e Maia (2001) muitas vezes, a adolescente mantém relações sexuais sem preservativo porque está apaixonada e tem medo de que o namorado a rejeite se ela insistir. Até porque para as adolescentes, a sexualidade é a expressão do desejo, da escolha, do amor, por isso a sexualidade se abre para a dimensão do sexo propriamente dito. Geralmente a primeira relação é carregada de expectativas e o jovem casal tem receio de quebrar o romantismo do momento se parar e tirar um preservativo do bolso ou da bolsa. 

A maioria das adolescentes vivencia essa trajetória do desenvolvimento psicossexual de maneira insatisfatória com as pressões sociais e a necessidade de desempenho, o que se constitui em fonte de ansiedade, angústia, medo e culpa. (Lopes & Maia 2001 p.11).

Os adolescentes não planejam em longo prazo, seu ritmo de vida é acelerado, voltado para as suas necessidades urgentes, bem como seus planos e sonhos, todos voltados para o aqui e o agora.

Uma pesquisa realizada pelo médico Dr. Galleta (1998), com adolescentes grávidas, no setor obstétrico do Hospital das Clínicas em São Paulo demonstrou que 60 % das jovens atendidas no hospital desejavam a gravidez, enquanto 25% (um quarto) tinham planejado a gravidez e apenas 7% não queriam a gravidez e não aceitavam este fato.

A gravidez na adolescência desejada, ou não, provoca um conjunto de impasses comunicativos no âmbito social, familiar e pessoal. No âmbito social, lamenta-se as falhas dos programas de educação sexual que, aparentemente, mostravam de modo claro e convincente como iniciar e usufruir com segurança a experiência da sexualidade.

 No âmbito familiar, a gravidez na adolescência parece indicar dificuldades nas relações entre pais e filhas e nas condições textuais para o desenvolvimento psicológico da filha. No âmbito individual, a jovem gestante se questiona “por que isso aconteceu justamente comigo?” e “que será de minha vida?”. Em outras palavras, a gravidez na adolescência traz sérios problemas para programas de saúde pública, para projetos educacionais, para a vida família, e para o desenvolvimento pessoal, social e profissional da jovem gestante como vem sendo reconhecido pela literatura (DIAS, 2000). 

 A pesquisa demonstrou também sobre a informação contraceptiva que 92% das adolescentes conheciam pelo ao menos um método anticoncepcional, enquanto 60% conheciam mais de três métodos. Com estes dados, se levanta a discussão que em torno deste fenômeno existe um complexo de fatores envoltos.

O nascimento de um filho na juventude tem repercussões distintas para a trajetória de moças e rapazes e é muito afetado pela condição de classe. O processo de decisão em torno da gravidez extrapola os limites do casal. As famílias de origem são atores fundamentais na decisão sobre manutenção ou não da gestação, estabelecimento de união conjugal, provimento de recursos materiais e financeiros que viabilizam o sustento da criança. Os jovens geralmente recorrem aos pais para que apoiem a chegada do futuro neto (Magalhães et al, 2009).

A adolescente que engravida, além de exercer o papel de filha, passa a exercer o papel de mãe, e ressignifica, nesse processo, a sua relação com a própria mãe.

 A posição da adolescente gestante, no contexto familiar, é redimensionada, na medida em que ela precisa desenvolver habilidades e assumir responsabilidades relacionadas ao cuidado do bebê e de si mesma (CONCEIÇÃO, 2010).

Existe ainda um problema ainda mais sério que se dá quando a família dessa jovem não traz apoio a mesma quanto a gravidez, deixando-a à mercê de discriminação, desamparo, sem expectativas quanto ao futuro, bem como quanto a subsistência do filho. 

O que pode trazer a ela transtornos psicológicos/mentais, além de deixá-la exposta a situações de violência domiciliar e ainda sofrer com o abandono do pai do bebê (MARANHÃO et al., 2018). 

3 ATUAÇÃO DE ENFERMAGEM

A gravidez da adolescência e como uma estratégia luta da adolescente para exerce alguma forma de poder, justamente porque mostra ao seu meio social que ela realizou justamente o que se espera dela naquele momento. As adolescentes buscam a gravidez para adquirir valor social e, ao mesmo tempo, foi fundamental para a compreensão de que cuida na adolescente implica considerar a adolescente um sujeito ativo em seu campo social (Maturana 2007).

De acordo com Arcanjo et al (2007) É preciso conhecer, mas de perto a realidade da gravidez na adolescência. Há questões muitas complexas que merecem atenção especial, independentemente de quais motivos que levam a jovem engravidar- é preciso prove de serviço para adolescente. A capacidade dos provedores de serviços para adolescente deverá incluir, além de aspectos técnicos, treinamento em técnica de comunicação.

Conforme Almeida et al (2008) A enfermeira como profissional capacitada para assistir ao indivíduo em todas as etapas de vida, necessita estar inserida no Programa de Educação Sexual das escolas, promovendo ações e programas voltados para a saúde do adolescente e sua família os quais devem atender as reais necessidade de ambos. É fundamental que todos, governo, profissionais de saúde e de educação, família, escola e sociedade não economizem, não só para exercer sua sexualidade, mas, principalmente para exercer seus direitos com responsabilidade, sendo respeitados e respeitando os outros.

Cabe a Equipe de Saúde da Família desenvolver ações de atenção primária e organizar a rede de saúde do seu território, bem como promover articulações intra e intersetoriais, estabelecendo parcerias e corresponsabilidades para a elaboração, condução e avaliação de ações destinadas a prevenção de agravos, promoção e assistência a saúde de adolescentes e jovens (BRASIL, 2013). O enfermeiro deve incentivar o adolescente a agir em nome da sua saúde e bem-estar, e na garantia dos seus direitos, quanto à acessibilidade aos serviços de saúde, de forma integral e ações que promovam o empoderamento, autonomia e autocuidados Gurgel et al. (2011). 

A enfermagem e toda a equipe de saúde da família têm um papel de extrema importância, pois tem uma visão ampla de cuidado, contribuindo para as ações de uma assistência humanizada. Esses profissionais atuando também dentro das escolas, levando a uma junção entre saúde e educação buscando a diminuição da gravidez na adolescência.

A atribuição do enfermeiro na Estratégia de Saúde da Família (ESF) engloba o apoio e supervisão do trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS), o oferecimento de assistência aos que necessitam de cuidados, a organização cotidiana da ESF, a programação de ações e a execução de atividades juntamente à comunidade. (SOUZA, et. al., 2012). Henriques, Rocha e Madeira (2010) afirmam que o enfermeiro julga o atendimento aos adolescentes um trabalho árduo, pois, muitas vezes o mesmo não sabe lidar com a situação e atribuem ao próprio adolescente o obstáculo no atendimento. 

Entende-se, pois, que a atenção primária se constitui como um importante e considerável espaço de atuação, no qual os profissionais enfermeiros podem trabalhar desencadeando o estímulo às potencialidades do adolescente, através do exercício da promoção da saúde, visando fazê-los capazes de cuidar da sua saúde.

Conforme Almeida et al (2007) a enfermeira como profissional capacitada para assistir ao indivíduo em todas as etapas de vida, necessita estar inserida no Programa de Educação sexual das escolas. Promovendo ações e programas voltados para a saúde do adolescente e sua família os quais devem atender as reais necessidades de ambos. É fundamental que todos, governo, profissionais de saúde e de educação, família, escola e sociedade não economizem, não só para exercer sua sexualidade, mas, principalmente para exercer seus direitos com responsabilidade, sendo respeitados e respeitando os outros.

É importante que o profissional avalie o contexto no qual o adolescente está inserido e considerar sua solicitação. Se um adolescente procura o serviço de saúde com alguma questão relacionada a sua vida sexual, é importante que ele seja acolhido, ouvido e atendido. Além disso, esse adolescente também deve ser convidado a participar de algum programa especifico para essa faixa etária na Unidade de Saúde, para que tenha um espaço no qual possa discutir de forma mais ampla essa sua etapa de vida e as demandas correspondentes (SMS, 2006).

De fato, o papel do profissional de saúde/ educação junto aos adolescentes é, a partir de seu conhecimento técnico, discutir com eles as diversas possibilidades de caminhos a serem percorridos, suas implicações, para que possam fazer sua escolha agora mais instrumentalizados para protagonizar suas ações. Cabe ao profissional saber respeitar e apoiar esta escolha. É muito comum ser tomada como um fracasso da nossa pratica educativa a ocorrência de casos de gravidez “apesar da nossa situação”. 

É importante ter em mente que nossa ação não é contraceptiva e que vários fatores além da informação e de nossa atuação influenciam os desejos e atitudes destes adolescentes.

Os supracitados autores, destacam que é necessária uma comunicação satisfatória entre enfermeiro e o adolescente, uma vez que o modo pelo qual os homens se expressam é de grande importância no processo de entendimento. Portanto, a comunicação é elemento fundamental na relação entre o profissional e o adolescente. 

Para a aceitação do adolescente no espaço de saúde, é importante permitir que ele seja escutado e que possa expor suas ideias, sentimentos e experiências, sendo respeitado e valorizado. (SANTOS, et.al., 2012). Outra questão a ser evidenciada é que a relação existente entre o profissional e o adolescente é permeada por conflitos e questionamentos. Por ser um sujeito em transformação, seu atendimento é dificultoso.

Mesmo que o adolescente tenha o direito de decidir se aprende ou não, a enfermeira tem a responsabilidade de apresentar a informação que irá motivar a pessoa quanto à necessidade de aprender. Os ambientes educacionais podem incluir domicílios, hospitais, centros de saúde comunitários, locais de trabalho, organizações de serviços, abrigos, ação do usuário ou grupos de apoio (FIGUEIREDO, 2005).

A educação em enfermagem deve oferecer caminhos que visem à construção do saber e que possibilitem a formação de pessoas críticas, criativas e preparadas para atuarem de forma afetiva para os problemas de saúde da população. Além disso, deve oferecer subsídios para que o futuro profissional possa atuar na educação permanente da equipe de enfermagem (FIGUEIREDO,2005). 

Segundo Gurgel et al. (2011) um ambiente acolhedor de promoção e proteção, mediado pela enfermagem, com ações voltadas aos princípios da atenção como respeito, privacidade, confidencialidade e sigilo, deve fortalecer a autonomia do adolescente. Isso possibilita uma relação de vínculo e um ambiente seguro, permitindo que o adolescente tenha uma vida sexual mais responsável. 

Poucos serviços de saúde oferecem um atendimento de qualidade aos adolescentes em relação ao planejamento familiar, a tríade família x saúde x escola ainda não estão preparados para fornecer informações e orientações necessárias para este público. Na maioria das vezes não existe um atendimento específico para o adolescente, ele é atendido junto com as outras pessoas.

Através de palestras educativas em unidades de saúde e escolas e, da equipe multiprofissional, deseja-se fortalecer o vínculo entre adolescentes e o enfermeiro para um atendimento integral e individual através da consulta de enfermagem.

CONCLUSÃO 

Buscou neste trabalho de forma objetiva enfatizar as ações de enfermagem na prevenção de gravidez na adolescência, devido ao grande número de casos que ocorrem frequentemente, por falta de estratégias sensibilizadoras e preventivas voltadas para os adolescentes.

A gestação na adolescência é cada vez mais comum entre jovens, pela imaturidade e vulnerabilidade da vida sexual imaturo. É essencial à participação da enfermagem na inclusão da educação sexual no conhecimento desses jovens. A escola é o local mais favorável para o desenvolvimento de atividades educativas, decretando ações que proponham a saúde. Os enfermeiros devem dispor ações focada para a educação sexual e reprodutiva desses jovens, a fim de esclarecer sobre os riscos de uma gestação precoce.

É fundamental asseverar o acesso aos métodos contraceptivos com orientação, sem discriminação; é essencial acrescentar os espaços para orientação e educação sexual, onde o tema sobre sexualidade, métodos contraceptivos e o prazer, possam ser dialogados abertamente. Todos esses dados, teve como identificação que era indispensáveis ações de incorporação nos programas de saúde. 

O enfermeiro do Programa Saúde da família é habilitado para atuar em equipe multiprofissional no progresso de ações e planejamento, execução, assessoria, avaliação, controle e supervisão de programas de saúde. O enfermeiro é um profissional com formação acadêmica voltada para a educação aos adolescentes. Com capacidade para perceber quais estratégias de estágio deve aproveitar junto a determinada comunidade, pretendendo, acima de tudo, à busca do serviço de saúde para clientela.

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