NURSES’ ROLE IN PROVIDING SEXUAL ASSISTANCE TO THE ELDERLY: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411301941
Renata de Araujo Morillo
RESUMO
O processo de envelhecimento provoca mudanças significativas no ser humano ao longo da vida, podendo estas ser positivas ou negativas e promover uma nova percepção sobre o modo de viver. Entre as áreas diretamente influenciadas pelas mudanças oriundas do processo de envelhecimento, a sexualidade revela-se como algo permeado de preconceitos e tabus. Sendo assim, o objetivo geral deste estudo é analisar, por meio de revisão bibliográfica a importância da atuação do enfermeiro na assistência sexual ao idoso, bem como, descrever as principais práticas utilizadas por esses profissionais junto a esta população. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que buscou responder a seguinte questão norteadora: o que as evidências científicas publicadas nos últimos seis anos (2019-2024) recomendam sobre a atuação do enfermeiro na assistência sexual ao idoso? As bases de dados eletrônicas empregadas para seleção dos artigos foram: Literatura Latino Americano em Ciências da Saúde (Lilacs), Bases de Dados em Enfermagem (BDENF) e Scielo: (Scientific Electronic Library Online). Após aplicação dos critérios pré estabelecidos na pesquisa, a busca nas bases de dados Lilacs, Scielo e Bdenf por meio da BVS – Biblioteca Virtual em Saúde pelo endereço eletrônico https://bvsalud.org/ resultou num total de 11 artigos. Concluiu-se que o enfermeiro exerce papel fundamental na assistência sexual aos idosos, podendo utilizar-se de diferentes práticas e intervenções para orientar, informar e auxiliar esta população no esclarecimento de dúvidas, prevenção de IST’s entre outros aspectos. Entre as intervenções utilizadas pelo enfermeiro nesse contexto destacam-se as ações educativas, consultas individuais e coletivas, rodas de conversas, palestras, ações voltadas para detecção e prevenção de doenças.
Palavras-chave: Envelhecimento; Idoso; Sexualidade; Assistência de Enfermagem.
ABSTRACT
The aging process causes significant changes in human beings throughout life, which can be positive or negative and promote a new perception about the way of living. Among the areas directly influenced by the changes arising from the aging process, sexuality is revealed to be something permeated by prejudices and taboos. Therefore, the general objective of this study is to analyze, through a bibliographic review, the importance of the role of nurses in sexual assistance to the elderly, as well as to describe the main practices used by these professionals with this population. This is an integrative review of the literature that sought to answer the following guiding question: what does the scientific evidence published in the last six years (2019-2024) recommend regarding the role of nurses in sexual assistance to the elderly? The electronic databases used to select the articles were: Latin American Literature in Health Sciences (Lilacs), Nursing Databases (BDENF) and Scielo: (Scientific Electronic Library Online). After applying the pre-established criteria in the research, the search in the Lilacs, Scielo and Bdenf databases through the BVS – Virtual Health Library at the electronic address https://bvsalud.org/ resulted in a total of 11 articles. It was concluded that nurses play a fundamental role in sexual assistance to the elderly, and can use different practices and interventions to guide, inform and assist this population in clarifying doubts, preventing STIs, among other aspects. Among the interventions used by nurses in this context, educational actions, individual and collective consultations, discussion groups, lectures, and actions aimed at detecting and preventing diseases stand out.
Keywords: Aging; Elderly; Sexuality; Nursing Care.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento pode ser entendido como um período do ciclo de vida que se diferencia da fase adulta pela apresentação de mudanças nas características pessoais, sendo essas biológicas, psicológicas e sociais, representando, diante disso, uma deterioração orgânica natural que abrange todo o organismo humano (Costa, 2018; Pontes, 2021).
Já, o envelhecimento populacional dá-se pelo aumento percentual da população idosa e diminuição dos outros grupos etários. No Brasil, fazem parte desse grupo as pessoas acima de 60 anos (Brasil, 2003).
Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apontam que o número de pessoas com 65 anos ou mais de idade cresceu 57,4% na população do país em 12 anos. O total de pessoas dessa faixa etária chegou a cerca de 22,2 milhões de pessoas (10,9%) em 2022 contra 14 milhões (7,4%) em 2010 (IBGE, 2022).
Clinicamente, o envelhecimento é um processo contínuo e permeado por transformações físicas, emocionais, subjetivas e sexuais, fatores esses, influenciados diretamente pela história pessoal e o contexto sociocultural ao qual estão inseridos. Nessa perspectiva, entende-se que o gênero, classe social, saúde, educação, personalidade, histórico de vida e contexto socioeconômico acarretam diferenças no envelhecimento e entre os idosos. Assim, se a idade cronológica fornece indicativos sobre aspectos corporais ou fisiológicos, ela não determina as experiências individuais dos idosos (Santos, 2011).
Como visto nos parágrafos acima, o aumento da população idosa no Brasil é uma crescente, e o processo de envelhecer provoca alterações significativas tanto no aspecto físico como emocional do indivíduo, podendo afetar também a sexualidade.
Fisiologicamente observa-se que, assim como todo o corpo, os órgãos sexuais também vão passar por transformações com o envelhecimento. No caso da mulher, essas alterações ocorrem na anatomia da região genital, da região pélvica, com a redução do tamanho do útero, a atrofia da mucosa do tecido vaginal e da vulva e o ressecamento dessa região. Já nos homens, as alterações estão relacionadas às dificuldades para alcançar a ereção, precisar de uma excitação mais demorada e a qualidade da ereção, que pode mudar com a diminuição da rigidez do pênis (Junqueira, 2024).
Ressalta-se, porém, que a sexualidade aqui estudada não se restringe apenas às relações sexuais (coito), ela envolve atitudes (sentimentos, representações e ações) e interações sociais. E, que, portanto, está condicionada aos hábitos praticados por toda a vida (Santos, 2011; Junqueira, 2024).
Os aspectos apresentados permitem-nos considerar que a sexualidade tem grande importância no bem estar e qualidade de vida do idoso, uma vez, que, integra valores e sentimentos que vão além do próprio ato sexual, mas estão relacionados com a imagem que o indivíduo tem de si mesmo, e a valorização do “eu”, bem como do outro (Almeida et al., 2015).
Portanto, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o indivíduo não se torna assexuado diante do envelhecimento e tem o direito de exercer sua vida de maneira integral, gozando inclusive da sexualidade também nesta fase. O problema em torno dessa questão, é que as discussões sobre a sexualidade do idoso ainda é pouco explorada no contexto da saúde pública e cercada de mitos, tabus e preconceitos, muitas vezes de cunho religioso, familiar, social, e até mesmo individual (Uchôa et al, 2016)
Para Corrêa et al. (2022), com o processo de envelhecimento do corpo humano, falar sobre sexualidade ainda é tabu, devida às questões culturais, gerando estigmas e preconceitos, principalmente quando um idoso relata ter vida sexual ativa. Fatores esses que levam à omissão da prática frente às consultas de rotina, ou até mesmo a procura de profissionais especializados para orientações.
Sendo assim, o objetivo geral deste estudo é analisar, por meio de revisão bibliográfica as recomendações para a atuação do enfermeiro na assistência sexual ao idoso, bem como, descrever as principais práticas utilizadas por esses profissionais junto a esta população.
Estudos sobre este tema são relevantes, pois as discussões acerca do mesmo ainda são permeadas de preconceitos e tabus. Soma-se a isso a necessidade de conscientização dos enfermeiros sobre a importância de sua atuação junto a essa população para esclarecimento de dúvidas e orientações que podem auxiliar na melhora da qualidade de vida em relação a sexualidade.
Nessa perspectiva, Sales et al., (2024) considera essencial a abordagem sexual na terceira idade e a importância de a enfermagem atuar nesse contexto.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa, cuja finalidade foi reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento acerca do tema investigado (Mendes et al., 2008). Esse método científico constitui a Prática Baseada em Evidência (PBE), a qual permite a utilização de resultados para prática clínica. A Enfermagem baseada em evidências é caracterizada pela tomada de decisões do profissional ocasionada pela aplicabilidade de informações válidas, testadas e baseadas em pesquisas (Cullum et al., 2010).
Para elaboração da presente revisão, foram utilizadas as seguintes etapas: formulação da questão de pesquisa; seleção dos artigos e estabelecimento dos critérios de inclusão; obtenção dos artigos que constituíram a amostra; avaliação dos artigos; interpretação dos resultados e apresentação da revisão integrativa. Para a primeira etapa elaborou-se a seguinte questão norteadora: o que as evidências científicas publicadas nos últimos seis anos (2019-2024) recomendam sobre a atuação do enfermeiro na assistência sexual ao idoso?
A segunda etapa constituiu-se na busca dos artigos, de forma on-line, utilizando os descritores em Ciências da Saúde (DeCS): sexualidade e idoso/ sexuality and aged/ sexualidad y anciano e assistência de enfermagem/nursing care.
As bases de dados eletrônicas empregadas para seleção dos artigos foram: Literatura Latino Americano em Ciências da Saúde (Lilacs), Bases de Dados em Enfermagem (BDENF) e Scielo: (Scientific Electronic Library Online) que é uma biblioteca virtual que publica e organiza textos de revistas científicas em formato eletrônico. Os artigos selecionados obedeceram aos critérios de inclusão: ser artigo original; ter sido publicado entre os anos de 2019 até o mês de outubro de 2024; responder à questão norteadora; e estar nas línguas portuguesa ou espanhola. Foram excluídos os trabalhos que envolviam idosos e adultos na publicação e estudos que consideravam indivíduos com idade inferior a 60 anos, pois, por definição no Brasil o idoso deve ter idade igual ou superior a 60 anos.
Posteriormente as publicações encontradas junto às bases de dados foram submetidas a uma leitura analítica para se identificar quais os artigos que correspondiam aos critérios pré-estabelecidos neste estudo.
Os dados relativos aos estudos foram resumidos em uma tabela, contendo: autores, título, delineamento do estudo e objetivos, com a finalidade de proporcionar uma análise comparativa.
Por fim, realizou-se a análise e extração das informações relevantes dos artigos selecionados. A apresentação das informações foi realizada de forma descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A busca nas bases de dados Lilacs, Scielo e Bdenf por meio da BVS – Biblioteca Virtual em Saúde pelo endereço eletrônico https://bvsalud.org/ resultou num total de 78 publicações, deste total 60 permitiam acesso ao texto completo. As publicações foram submetidas aos critérios pré estabelecidos no estudo, onde restaram 18 publicações. Deste total, foram excluídas 09 por não tratarem do tema investigado nesse estudo. Assim, a amostra de publicações para discussão foi de 11 artigos.
As características dos artigos selecionados foram descritas no quadro 1.
Quadro 1 – Síntese dos principais estudos apresentados na revisão bibliográfica
Autor (ano) | Título | Revista | Objetivo do estudo |
Carvalho, A.A., Lisboa, I.A.M. 2024 | Assistência de enfermagem na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) na terceira idade. | Revista Extensão | Abordar sobre a assistência de enfermagem na prevenção de IST na terceira idade. |
Silva, E.M., 2023. | Enfermagem e a valorização do sexo na terceira idade | Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE | Compreender as questões relacionadas à sexualidade na melhor idade e como os profissionais de enfermagem podem desempenhar um papel fundamental na promoção da saúde sexual desse grupo |
Barroso, E.R., et al. 2023 | A enfermagem no contexto da assistência à sexualidade da pessoa idosa: revisão integrativa | Brazilian Journal of Implantology and Health Science | Analisar através de uma revisão de literatura, a atuação do enfermeiro acerca da assistência à sexualidade do idoso. |
Oliveira, G.C.B. et al., 2023 | Sexualidade da pessoa idosa e a assistência da enfermagem: contribuições para a saúde | Brazilian Journal of Development | Revisar as contribuições da enfermagem para a saúde sexual e reprodutiva dos idosos |
Galvão, L.C.N., et al., 2022 | Sexualidade na terceira idade. análise do papel do enfermeiro no enfrentamento dos tabus e vulnerabilidades | Studies in Health Sciences | Demonstrar que a sexualidade na terceira idade deve ser abordada de forma natural e saudável; informar os cuidados necessários para promover a saúde sexual do idoso; conscientizar a população idosa e seus familiares acerca da evolução social e cultural no Brasil |
Côrrea, C.P., et al. 2022 | A Sexualidade do idoso e a atuação do enfermeiro frente à prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) em idosos | Research, Society and Development | Realizar uma revisão integrativa da literatura acerca da Sexualidade do idoso e a atuação do enfermeiro frente à prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) em idosos. |
Silva, N.C.M., et al. 2021 | Sexualidade e avaliação de sintomas físicos e psicológicos de idosos em assistência ambulatorial | Revista Brasileira de Enfermagem – REBEN | Analisar a relação entre as vivências afetivas e sexuais e a intensidade de sintomas físicos e psicológicos dos idosos. |
Sousa Junior, E.V., 2021. | Diagnósticos de enfermagem relacionados à sexualidade de idosos: Contribuições para a prática. | Revista Enfermería Actual | Identificar na literatura situações relacionadas à sexualidade dos idosos e, por meio delas, traçar diagnósticos de enfermagem tendo como suporte teórico a North American Nursing Diagnosis Association (NANDA 2018-2020). |
Reis, R.P., et al. 2020 | A atuação do enfermeiro frente à sexualidade na terceira idade: uma revisão integrativa | Revista Eletrônica Acervo Saúde | Descrever a atuação do enfermeiro frente à sexualidade na terceira idade. |
Souza, C.L. et al., 2019 | Envelhecimento, sexualidade e cuidados de enfermagem: o olhar da mulher idosa | Revista Brasileira de Enfermagem – REBEN | Analisar a percepção da mulher idosa sobre sexualidade e a prática do cuidado de enfermagem nesse contexto. |
Evangelista, A.R. et al., 2019 | Sexualidade de idosos: conhecimento/atitude de enfermeiros da Estratégia Saúde da Família | Revista da Escola de Enfermagem da USP | Avaliar o conhecimento e a atitude dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família sobre sexualidade na velhice |
Fonte: Autoria própria (2024).
Embora a quantidade de artigos publicados no período compreendido pelo estudo não seja tão expressiva, a análise das publicações revela uma unanimidade entre diferentes autores sobre a importância do enfermeiro na assistência sexual ao idoso, uma vez, que, as ações praticadas por esses profissionais diminuem as dúvidas, os medos e contribuem para o bem estar físico e emocional dessa população (Reis et al., 2020; Silva et al., 2021; Galvão et al., 2022).
Isso acontece, pois, diante de perspectivas positivas em relação as vivências sexuais, como por exemplo, atração física, prazer sexual, cuidado e apoio recíproco com o parceiro, os idosos desenvolvem maior disposição, bem estar, bom humor, e melhora nas suas relações sociais e qualidade de vida (Silva et al., 2021)
Nessa perspectiva, é importante que a assistência da enfermagem a essa população inclua informações referentes as infecções sexualmente transmissíveis, a auto estima, respeito as limitações entre outros aspectos.
De acordo com Oliveira et al., (2023) é importante que a enfermagem informe a pacientes idosos e seus familiares que o envelhecimento não tornou estes indivíduos assexuados e o sexo faz parte dessa etapa da vida e deve ser visto como algo bom e saudável.
Sobre as intervenções do enfermeiro nesse contexto, Sousa Junior et al., (2021) relatam que os profissionais podem atuar no diagnóstico de enfermagem frente à sexualidade de idosos, visando direcionar os processos de trabalho e a promoção de uma assistência integral.
Em estudo de revisão integrativa coordenado por Reis et al., (2020) foram evidenciadas como práticas da assistência de enfermagem a esta população: o desenvolvimento de protocolos de atuação e programas de educação a saúde; a adoção de medidas preventivas quanto às disfunções eréteis, menopausa, andropausa; a divulgação de métodos clínicos e ou cirúrgicos para a expressão da sexualidade; na abordagem da atividade sexual, preconceitos, receio, vergonha, culpa e falsas ideologias.
Entre os idosos que vivem em instituições de longa permanência os enfermeiros devem proporcionar ambientes que promovam a intimidade e expressões sexuais de maneira segura e respeitosa, para isso, é preciso conhecer as necessidades sexuais dos idosos e, garantir a privacidade dos mesmos (Silva, 2023).
Além dos aspectos acima os enfermeiros podem oferecer suporte na forma de tratamentos médicos e terapias que visam abordar problemas como a disfunção erétil, a atrofia dos órgãos sexuais e as alterações hormonais. Eles podem trabalhar em parceria com outros profissionais de saúde visando atender as demandas dos pacientes (Silva et al., 2021).
Compete aos enfermeiros também o desenvolvimento de ações voltadas a promoção da saúde sexual dos idosos, como por exemplo, a avaliação da saúde sexual nessa faixa etária, garantindo que todas as dimensões da saúde sexual (física, mental, emocional e social) sejam abordadas. Isso pode incluir o aconselhamento sobre métodos de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e o fornecimento de informações sobre a importância da atividade sexual para o bem-estar físico e mental (Silva, 2023).
Importante salientar que a assistência de enfermagem na sexualidade do idoso, requer dos profissionais a conscientização sobre a importância de estratégias que possibilitem rastrear, prevenir e fornecer o tratamento de IST’s para o público idoso, tendo em vista a sua vulnerabilidade ocasionada pela falta de informação (Maximiano e Passos, 2022).
Barroso et al., (2023) e Carvalho e Lisboa (2024) chamam a atenção para necessidade de intervenções voltadas a prevenção das IST’s nessa população. Isso se faz necessário pois nos últimos anos têm aumentado a prevalência dessas infecções entre os idosos.
A vulnerabilidade de idosos às IST’s é relacionado à não concordância dos avanços de meios de prolongamento da vida sexual, com a importância de métodos preventivos, e o enfermeiro é o profi ssional que ganha um papel de destaque na atenção básica à saúde, por ser o mais competente para trabalhar na prevenção a idosos vetores ou não de algum agente infectante (Carvalho, Lisboa, 2024, p. 49).
Essas intervenções podem ser realizadas através de rodas de conversas e palestras, mapeamento local, a fim de conhecer a realidade dos idosos, verificando se existe uma grande problemática de fatores associados a ITS’s nesse público.
Colaborando com as afirmações acima Côrrea et al., (2022) ressaltam que depois do diagnóstico da infecção pelo paciente idoso, o enfermeiro tem como uma de suas atribuições encaminhar o indivíduo para um profissional especializado na área. Este deve estar apto para abordar sobre IST’s com o idoso, para que se tenha uma assistência adequada onde se possa incluir estratégias para os tratamentos, referenciar encaminhamentos e tomar medidas profiláticas.
Os aspectos apresentados permitem-nos considerar que a atuação do enfermeiro nesse contexto pode ocorrer a partir da adoção de diferentes práticas voltadas a promoção da saúde.
A importância das intervenções da enfermagem nesse contexto foi relatada no estudo de Souza et al., (2019) ao descrever que o cuidado de enfermagem é essencial para que ações específicas sejam efetivas e promovam a saúde em todos os seus aspectos, inclusive os que envolvem a sexualidade na terceira idade, pois se compreende que o envelhecimento possui alterações inerentes ao seu processo.
Para tanto, é fundamental que os profissionais de enfermagem sejam capacitados e orientados para desenvolver ações que promovam a saúde sexual dos idosos.
Nessa perspectiva, os enfermeiros precisam estar atualizados sobre a “sexualidade do idoso” e comprometidos em transmitir informações que promovam melhorias na saúde coletiva. Ressalta-se que isso só será possível se o enfermeiro durante o planejamento da assistência levar em consideração fatores que influenciam a saúde da família, incluindo aspectos culturais, classe social, dinâmica familiar e a interação com os profissionais de saúde (Silva, 2023).
Também preocupados com esta questão Evangelista et al., (2019) realizaram um estudo de corte transversal, com enfermeiros da ESF para avaliar o conhecimento e a atitude dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família sobre sexualidade na velhice.
Os resultados obtidos demonstram que embora os enfermeiros possuem conhecimento sobre a sexualidade na velhice, os mesmos ainda possuem atitudes conservadoras sobre o assunto. Portanto, é necessário capacitar os profissionais para atuarem nesse contexto.
Reforçando as afirmações acima Oliveira et al., (2023) argumentam que a capacitação é necessária, pois muitos profissionais desconhecem as dimensões da sexualidade na vida da pessoa idosa havendo necessidade de maiores estudos por parte destes profissionais para desvelarem uma assistência qualificada acerca deste assunto.
Segundo Galvão et al., (2022) ao atuar nesse contexto o enfermeiro deve estar apto ao para o entendimento e esclarecimento diante de ações inapropriadas que são perceptíveis por meio de expressões sexuais, comportamento cognitivo e até mesmo quanto a capacidade de consentimento dos idosos.
Em resumo, a assistência de enfermagem ao paciente idoso precisa levar em consideração a sexualidade desta população como ativa até o fim da vida, para que possa garantir as metas de cuidado por meio de intervenções que visem à prevenção de ISTs, principalmente por meio de atividades educativas, tanto no atendimento individual quanto coletivo (Côrrea, et al., 2022).
Os aspectos apresentados permitem-nos considerar a terapia ocupacional no cuidado ao idoso com demência importante alternativa de tratamento não farmacológico, pois apresenta benefícios e melhora sobre a qualidade de vida dessa população.
CONCLUSÃO
Atendendo aos objetivos do estudo concluiu-se que o enfermeiro exerce papel fundamental na assistência sexual aos idosos, podendo utilizar-se de diferentes práticas e intervenções para orientar, informar e auxiliar esta população no esclarecimento de dúvidas, prevenção de IST’s entre outros aspectos.
Entre as intervenções utilizadas pelo enfermeiro nesse contexto destacam-se as ações educativas, consultas individuais e coletivas, rodas de conversas, palestras, ações voltadas para detecção e prevenção de doenças.
Observa-se, porém, que a fim de garantir a efetividade das ações desenvolvidas o enfermeiro deve manter-se capacitado, e buscar novos conhecimentos acerca da população idosa, e da sexualidade nessa fase da vida, bem como, livrar-se de preconceitos e tabus.
Por fim, as publicações analisadas demonstraram que o enfermeiro deve atuar continuamente na assistência sexual aos idosos estabelecendo uma relação de confiança entre as partes e, assim, conhecer as demandas dos seus pacientes e auxiliar na melhora da qualidade de vida em relação a sexualidade.
Por se tratar de um tema ainda permeado de preconceitos e, desconhecido de alguns profissionais sugere-se a realização de estudos com abordagem prática a fim de que os profissionais de saúde possam identificar as vivências afetivas e sexuais dos idosos e assim tenham subsídios para planejamento da assistência junto a essa população.
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