ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO NAS UNIDADES DE SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202410311106


Ednara Cristina Silva da Silva;
Mayara Moura Silva


RESUMO

A assistência prestada pelo enfermeiro as gestantes é de suma importância, conforme foi apresentado no estudo, o pré-natal é uma ferramenta regida de cuidados com o binômio mãe e bebê, na forma de identificar, tratar ou até mesmo controlar possíveis patologias e complicações, seja no período gestacional ou até o pós-parto, assegurando a saúde materna, e o bom desenvolvimento fetal, amenizando os índices de morbimortalidade, mas no caso, o estudo acentua o atendimento em unidades básicas e os recursos consolidados a gestação de alto risco, abrangendo as complexidades e respostas para elas. O objetivo deste estudo é apresentar a importância do enfermeiro frente ao atendimento às gestantes de alto risco em unidades básicas, descrevendo as suas atribuições na assistência pré-natal e o conhecimento na interpretação dos acontecimentos, identificando as fragilidades e suas potencialidades dentro dessa contextualização. O método aplicado para a realização do estudo é uma revisão de literatura, na qual as autoras por meio de leituras de artigos e demais periódicos retirados das bases de dados Scielo, Google Acadêmico e LILACS, aplicando descritores para a melhor seleção, deu embasamento teórico a este estudo. Os resultados dos dados acentuaram a possibilidade de identificar a assistência ao pré-natal, conceitos, preconizações e protocolos de assistências atribuídas em unidades básicas para a atuação dos enfermeiros, aplicando ferramentas e potencialidades em prol do atendimento, se atendo ao processo de humanização. Conclui-se que o profissional da enfermagem junto a outros profissionais precisa das técnicas e capacitações para alcançarem dados satisfatórios quanto às atividades desenvolvidas no acompanhamento gestacional, caracterizando que é de suma importância na promoção e prevenção da saúde do binômio mãe-bebê.

Palavras-chave: Enfermagem. Gestação de Baixo Risco. Pré-natal. UBS. Unidade Básica de Saúde.

ABSTRACT

The assistance provided by nurses to pregnant women, especially those at high risk, is crucial to guarantee maternal health and good fetal development. Prenatal care is an essential tool in the identification, treatment and control of possible pathologies during pregnancy and postpartum, aiming to reduce morbidity and mortality rates. Recent studies show that, in 2020, approximately 60% of pregnancy-related deaths could have been avoided with adequate prenatal care, especially in high-risk pregnancies. In the state of Acre, between 2016 and 2021, 89 deaths related to pregnancy, childbirth and the postpartum period were recorded, reinforcing the need for prevention policies and specialized care. This study focuses on the role of nurses in basic health units, addressing the complexities of monitoring high-risk pregnancies and presenting the role of this professional in interpreting events and managing frailties. The method applied was a literature review, based on articles and journals from databases such as Scielo, Google Scholar and LILACS. The results demonstrated the importance of prenatal care in UBS and highlighted the protocols followed by nurses to humanize care and improve the quality of care. It is concluded that the continuous training of nurses is vital to guarantee satisfactory results in prenatal care, promoting and preventing complications in the mother-baby binomial.

Keywords: Nursing, High-Risk Pregnancy, Prenatal care, UBS, Basic Health Unit.

INTRODUÇÃO

O período gestacional é uma fase de experiência para a mulher, que passa por um processo de transformação em estado geral, manter o bem-estar é primordial tanto da gestante, parturiente e a puérpera que fica exposta as complicações e agravos, mesmo que esse período não seja condicionado como uma patologia, mas os cuidados são fundamentais, pois a grávida está vulnerável, condicionando a importância da assistência e a promoção da saúde e prevenção (Camacho, 2016).

De acordo com Francisquini (2018) a mulher gestante reage a uma série de formas em período gravídico-puerperal, pois ela experimenta sensações orgânicas, psíquicas e ainda sociais, que interferem em seu estudo, porém, a gravidez de alto risco condiz quando é necessária a aplicação de intervenções de grande complexidade, além do fato de que a morbidade e a mortalidade materna e perineal são potencializadas, em decorrência da gravidez.

A gravidez classificada como de alto risco, é de suma importância os cuidados e acesso das mulheres aos programas que asseguram e garantem a gestação segura do binômio mãe-bebê, além de enfatizar as políticas públicas que são desenvolvidas ao longo dos anos, promovendo a amenização da mortalidade, além do programa de Estratégia da Saúde da Família, garantindo o acompanhamento da mulher no período da gestação, dando a ambos um período saudável e sem risco (Marques, 2020).

Diante ao que vem sendo apresentado, a assistência ao pré-natal é de suma importância e essencial na garantia da saúde as mulheres e ao bebê, conferindo a ambos a efetividade do desenvolvimento ideal e adequado e todo procedimento para que o parto seja saudável e seguro, sem nenhum prejuízo à saúde do binômio mãe-bebê, compreendendo inclusive os aspectos psicossociais as atividades da educação, promoção e prevenção à saúde (Ministério da saúde, 2012).

Nesse viés, a equipe de enfermagem é de suma importância, cabendo a esses profissionais o acompanhamento do pré-natal e de todo procedimento necessário, contando com os primórdios desse fato, como a identificação, tratamento e controle de possíveis patologias; a prevenção de possíveis complicações em gestações ou partos, assegurando a boa saúde materna; promoção do bom desenvolvimento fatal; a amenização dos índices de morbidade e mortalidade materna e fetal; além do preparo da mulher para que ela possa exercer a maternidade (Barros, Marin; Abrão, 2012).

O enfermeiro tem um papel primordial nesse período, conforme vem sendo elucidado, ela não pode se limitar apenas à atuação da assistência em caráter individual, mas a realização da identificação dos problemas de saúde em período gravídico-puerperal, principalmente em casos da gravidez de alto risco, pois ele coordena, planeja e executa as ações para o sucesso (Ministério da saúde, 2012).

Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) o enfermeiro tem o papel preponderante, ou seja, de acordo com todos os níveis de assistência, além do fato de apresentar a esse grupo de pessoas a necessidade do acompanhamento, na promoção da saúde, prevenção, tratamento de distúrbios, assim como a informação inerente a todos os serviços que ali, são disponibilizados (Barros, Marin; Abrão, 2012).

A importância dessa pesquisa está em conhecer as ações assistenciais do enfermeiro à gestante de alto risco, juntamente com as equipes multiprofissionais e familiares, para que haja a construção de um vínculo facilitando a adesão ao pré-natal (Ferreira, Périco e Dias, 2018).  A gestação é um período de mudanças emocionais e físicas, onde a mulher deve ser acolhida de forma humanizada (Ministério da Saúde, 2022).  É de suma importância que o enfermeiro desenvolva um atendimento de qualidade, atentando aos desejos, medos e inseguranças, objetivando minimizar os efeitos do período gestacional. O presente artigo tem como objetivo geral apresentar a importância do enfermeiro na assistência à gestação de alto risco na Unidade Básica de Saúde (UBS). Abordando como esses profissionais são cruciais no acompanhamento durante essa fase delicada, garantindo o cuidado integral e humanizado que essa condição requer. Esse cuidado inclui tanto a detecção precoce de possíveis complicações quanto o apoio emocional e psicológico, promovendo o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.

Quanto aos objetivos específicos, visa, relatar sobre a importância da realização do pré-natal e as políticas públicas inerentes a esse mecanismo, como o fortalecimento da Estratégia de Saúde da Família e o Programa Rede Cegonha, que asseguram o acesso das gestantes a um cuidado contínuo e de qualidade. Além disso, busca-se identificar a atuação do enfermeiro no acompanhamento do pré-natal de alto risco nas UBS, com ênfase na coordenação de cuidados, na orientação à gestante e sua família, e na garantia de um atendimento que minimize os riscos associados a essa condição.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

A partir de então, serão apresentados os principais pontos que tenham relação com o tema, com base nas literaturas selecionadas, buscando alcançar os objetivos que foram propostos.

1.1 PRÉ-NATAL: CONCEITOS E IMPORTÂNCIA

O período de gestação é uma das maiores experiências vividas pelas mulheres, e ela passa por constantes adaptações, propagando as sensações que são vivenciadas e interferindo significativamente no bem-estar físico, e cada uma dela reage de forma diferente, exigindo um determinado cuidado na atenção destinada ao pré-natal, com um conjunto de ações e o acompanhamento com base do período, garantindo e favorecendo a gestação saudável (De Bortoli, 2017).

Nesse sentido, o pré-natal é conhecido como um conjunto de estratégias, inerente ao acompanhamento fundamental para toda gestante, com o intuito de cultivar a integridade de condições de saúde da mão e do bebê, com o objetivo primordial a atenção à saúde, o acolhimento a mulher, e que isso ocorra desde o início da gestação, garantindo-a em todo o período, inclusive, após a gestação, com o nascimento do bebê saudável, atenuando o bem-estar e a saúde do binômio mãe-bebê (De Bortoli, 2017).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016) o aprimoramento e a qualidade assistencial ao pré-natal e ao parto foram destacados nos últimos anos, devido a prioridade e de objetivos como o asseguramento do desenvolvimento saudável na gestação, permitindo o parto seguro com menos riscos a mãe e ao bebê.

Para Guerrero (2018) a assistência ao pré-natal é de grande relevância no uso de protocolos, como uma das estratégias aderidas pelo Ministério da Saúde que proporciona o maior desempenho em atribuições aos profissionais, mais precisamente ao enfermeiro, adequando a prestação do serviço de qualidade, com a possibilidade da organização de assistência, aprimorando o processo de trabalho em saúde que favorecem os profissionais, e consequentemente, das gestantes, sendo essencial no apoio a prática da atenção qualificada.

Nas pesquisas desenvolvidas pela Fundação Abrinq (2019) o pré-natal consiste na garantia de que a mulher e o bebê tenham uma gestação e um parto saudáveis, sem que haja complicações, e o acompanhamento que busca a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças e problemas que podem se agravar em caso de não detecção precoce, além disso, funciona como um processo de orientação à mulher sobre assuntos elementares que são referentes a maternidade.

De acordo a revista da fundação supramencionada o pré-natal consiste no acompanhamento que os enfermeiros fazem a gestante, desde o momento da confirmação da gravidez até o período do parto, tendo o acompanhamento puerperal que é realizado após o parto, além de monitorar periodicamente a gestante, pois esta passará por demandas fisiológicas relacionadas à gestação, como a pressão arterial, o ganho de peso, alimentação, o crescimento do bebê intra uterino, a movimentação, tudo que acontece de forma que possa agravar o período gestacional (FUNDAÇÃO ABRINQ, 2019).

Nessa conjuntura, cabe mencionar que existem dois tipos de pré-natal, o de risco habitual e o de alto risco, que serão descritos e caracterizados na tabela 1, seguindo:

Dessa forma, o Ministério da Saúde adverte e preconize sobre o mínimo de seis consultas, e quando esse número for alcançado, se tem um nível satisfatório, pois evita as complexidades precoce das gestantes, pois quando alguma complexidade ou patologia é identificada, isso impossibilita a mulher de efetivas as consultas, além de outras consequências que decorrem desse fato (Slaviano, 2016).

Dentre as doenças que podem ser prevenidas com a realização e o acompanhamento do pré-natal, o monitoramento da pressão arterial na verificação de qualquer tipo de alteração, evitando a evolução para a eclâmpsia ou a pré-eclâmpsia, em que as mulheres que desenvolvem as doenças hipertensivas na gestação, podendo ser controladas com medicamentos, atividades físicas e a alimentação (FUNDAÇÃO ABRINQ, 2019).

Sendo possível ainda a prevenção do tratamento de infecções urinárias, a obesidade na gravidez, diabetes gestacional, fazendo o monitoramento e o acompanhamento adequado, assim como a efetivação dos exames laboratoriais, contribuindo com o nascimento sem nenhum dano e positivo. Em ressalva, que o pré-natal é um direito assegurado à gestante e ao bebê (Slavica, 2014).

1.1.1 Preconização ministeriais e protocolos assistenciais

No período da gestação a mãe busca maiores informações possíveis sobre o bebê e com a construção do conhecimento de forma constante, são competências tratadas com o intuito de evitar qualquer tipo de eventualidade negativa, constituindo preocupações e cuidados, mas nem sempre depende da mão o surgimento de doenças ou outro tipo de anomalia (Medeiros, 2021).

Quando a gravidez é descoberta é de grande relevância buscar os cuidados médicos e o acompanhamento de profissionais da saúde, dando início aos exames de pré-natal e com os efeitos de outros testes que serão realizados (Lopes, 2014).

Em meados de 1984, em detrimento a uma série de reivindicações o Ministério da Saúde criou o programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, incrementando propostas de descentralização, hierarquização e a regionalização dos serviços públicos, voltados a saúde da mulher e dentre esses meios, o pré-natal, parto e puerpério, dentre outras necessidades identificadas, e com o tempo o programa foi sendo aprimorado para atender o maior número de mulheres e em todas as fases de sua vida, inclusive na assistência pré-natal (Brasil, 2015).

Já em 2000, o Ministério da Saúde elaborou e efetivou um manual técnico que era a referência da organização da rede assistencial, capacitação dos profissionais e a normatização de práticas assistenciais do acompanhamento do pré-natal, criando e implantando o Programa de Saúde da Família (PSF), denominado como estratégia da família, propondo a assistência do pré-natal que ocorre em Unidades Básicas de Saúde (UBS) que é a entrada da população para o Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2015).

1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS NA ATENÇÃO AO PRÉ-NATAL

Diante as respostas que decorrem do grave problema de saúde pública no âmbito da saúde materna e infantil, os órgãos e demais instituições buscam a elaboração de estratégias em prol dos serviços de saúde ao longo dos anos e que foram reorganizados, em sentido de fortalecer as ações de prevenções e na promoção à saúde, que estabelece mudanças em ações e serviços que fortaleçam o conceito da integralidade em abordagem de questões de saúde, além do reforço quanto a equidade, na promoção de transformações que atendam às necessidades de saúde (Silva; Chistoffel; Souza, 2015).

De acordo com Brienza (2015) o marco primordial na saúde pública que foi a denominada como Carta de Ottawa, que resultou da I Conferência Internacional em prol da Promoção da Saúde, implantando na agenda política mundial os pontos primordiais, assim como a sua definição como processo de habilitação da comunidade e na atuação de melhorias da qualidade de vida e da saúde, inclusive dando maior resposta e participação no processo.

A Carta de Ottawa é considerada um dos documentos mais significantes da promoção da saúde, sendo pautada em combinações estratégicas de políticas públicas saudáveis, desenvolvimento de habilidades pessoais, criação de ambientes saudáveis e reorientação dos serviços de saúde. Diz ainda que o conceito de promoção da saúde atual é uma estratégia inovadora, que propõe a articulação de saberes técnicos e populares, a destinação de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados, na busca de qualidade de vida para a população (BRIENZA, 2015, p. 18).

As políticas públicas de saúde que são voltadas ao binômio mãe-bebê instauraram medidas e métodos, porém com a diferenciação da abordagem da saúde da mulher, contemplando diversos segmentos, dentre eles, os aspectos clínico-ginecológico e educativo, o controle do pré-natal, parto e puerpério (Ministério da saúde, 2004).

Segundo informações apontadas por Cardoso, Santos e Mendes (2017) a realização do pré-natal é uma representação do papel em termos de prevenção e a detecção precoce das patologias, sejam elas maternas como fetais e permitindo o desenvolvimento saudável do bebê, amenizando os riscos da gestante, além das informações de vivências que devem ser trocadas entre as mulheres e demais profissionais de saúde, como a propagação de experiências e dos conhecimentos, promovendo a compreensão no processo de gestação.

De acordo com Caldeira (2020) a assistência ao pré-natal deve ser um procedimento adequado, sendo necessária a efetivação dos procedimentos precoce e assídua, contando com uma equipe de profissionais capacitados, contando com internações, exames e os tratamentos necessários, adequando ainda os equipamentos e instrumentos, de registros de estatísticas para a qualidade da assistência prestada.

1.3 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PRÉ-NATAL

De acordo com o que vem sendo abordado, o pré-natal é uma ferramenta de grande relevância e pode ser realizado e acompanhado pelo enfermeiro devidamente capacitado e com formação para os cuidados necessários, e essas atribuições são regidas no ordenamento jurídico brasileiro, por meio da Lei de nº 7.498 de 1986 pelo Exercício Profissional da Enfermagem em junção ao decreto de nº 94.406 de 1987, em que ambos abordam sobre os profissionais enfermeiros e a efetivação de realizar consultas de enfermagem de pré-natal de risco habitual (Brasil,1986; Brasil, 1986).

A Lei supramencionada, adota uma conjuntura na prescrição de enfermagem, por esse profissional, desde que acentuado e abordados em Programas de Saúde Pública e em uma rotina aprovada pela instituição de saúde, em ressalva a possibilidade de que possa prestar assistência a parturiente, puérpera e a realização da educação em saúde (Brasil, 1986).

O enfermeiro é o profissional de suma importância e com as técnicas, por meio das consultas que servem como orientação às gestantes de forma precisa e clara, em detrimentos ao seu conhecimento, contribuindo de forma significativa para a satisfação e os cuidados inerentes a saúde, sendo capacitado e com respaldo em exercer essa área (Ferreira, Périco e Dias,2018).

Na contemporaneidade, a assistência que é prestada pelo enfermeiro vem crescendo significativamente, acentuando as ações para a promoção da saúde da mulher em todas as fases vivenciadas pela gravidez, e o pré-natal que é realizado pelo enfermeiro tem sido primordial para a melhoria na assistência às gestantes, favorecendo o aumento da cobertura que contribui significativamente com a humanização no atendimento (Pasala, Wall, Bendet).

De acordo com Carvalho (2015) o pré-natal é compreendido como uma ferramenta e mecanismo na promoção do acompanhamento da gestante desde a concepção até o trabalho de parto pela equipe multiprofissional, assim o enfermeiro no processo fica responsável pelo acompanhamento da gestante e a compreensão de todas as fases, buscando sanar as dúvidas e com cuidados no binômio mãe-filho.

Existe um manual próprio e destinado aos enfermeiros para que eles possam lidar com o pré-natal e suas concepções, na competência de que o enfermeiro possa prestar assistência com base em algumas atribuições, seguindo com as seguintes ideologias propostas por Sousa e Brito (2020).

Cadastrar a gestante no SISPRENATAL; fornecer, verificar e atualizar o cartão da gestante; realizar a consulta de gestação de risco habitual; solicitar exames; prescrever medicamentos padronizados pelo programa pré-natal; fazer exame clínico das mamas e coleta para o exame citopatológico do colo do útero; realizar orientações sobre a importância do pré-natal como: lactação, vacinação, fatores de risco, periodicidade das consultas; identificar gestantes com sinal de risco e encaminhá-las para consulta em serviço de referência, desenvolver ações de educação em saúde em grupo ou individuais; fazer a busca ativa de gestantes faltosas; realizar visitas domiciliares no período da gestação e no puerpério; acompanhar a fase de lactação; fazer orientações à mulher/companheiro sobre planejamento sexual e reprodutivo (SOUSA; BRITO, 2020, p. 12).

Existem outros requisitos que os profissionais devem se ater, assegurando as melhorias na assistência ao pré-natal como fator primordial no investimento da qualificação dos profissionais que oferecem a assistência, no caso, destacando que o enfermeiro pode estar diretamente atuando na atenção primária ao programa do pré-natal (Sousa; Brito, 2020).

A atuação do enfermeiro em detrimento às ações da assistência em caráter integral à saúde da mulher, considerando que o enfermeiro de acordo com sua formação, esteja devidamente habilitado na realização das consultas e a assistência ao pré-natal de alto risco, um procedimento que é complacente com a lei, conferindo a ele a habilitação necessária para o exercício de suas atribuições (Brasil,1986; Brasil,1987).

Cabe mencionar que a consulta de enfermagem, na rede básica de saúde é realizada de acordo com o roteiro acentuado pelo Ministério da Saúde, nele consta a consulta do enfermeiro e algumas solicitações de exames complementares, as vacinações, a realização da anamnese acerca de aspectos epidemiológicos, assim como os antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos, obstétricos, dentre outros que façam uma revisão da situação atual da gravidez, em ressalva que os exames físicos deverão ser completos, constatando a avaliação geral em junção aos demais exames (Ministério da Saúde, 2021).

Percebe-se que os enfermeiros precisam estar atentos a uma série de cuidados, abordando os aspectos da saúde, dos bem-estar materno e fetal, ouvindo possíveis dúvidas e anseios da mulher, além disso, é necessário que saiba sobre a alimentação e os hábitos, a movimentação fetal, algumas mudanças, e passando todos os remédios e vitaminas necessárias para acompanhar o desempenho de forma plausível (Ministério da Saúde, 2021).

É por meio dos cuidados da enfermagem, que os enfermeiros possam promover as orientações gerais acerca dos cuidados com a gestação, as alterações fisiológicas e emocionais, os cuidados com o recém-nascido, amamentação, vacinação, dentre outros fatores, e o profissional acaba criando um vínculo com as pacientes, mostrando a importância da qualidade e da humanização, uma parceria que acarreta com momentos de reflexão até que se possa atingir as etapas e garantias da gestação saudável (Brasil,2023).

1.3.1 Política Nacional de Humanização

A humanização no cuidado em saúde é um movimento integrador das relações humanas, que demanda melhorias no atendimento e um ambiente propício para o desenvolvimento do cuidado. Ainda que a produção acerca do tema seja demasiada, há certa confusão sobre o conceito relativo à humanização (Versiani, 2015).

O termo humanização já existe a bastante tempo e possui muitas perspectivas quanto ao significado existente, e assim, proporciona as novas e diferentes formas para a sua conceituação mais concreta, fazendo com que haja uma reflexão justa para a resolução desse problema que é o estresse do profissional que resulta do atendimento desumano e inadequado aos pacientes (Brasil, 2023).

O conceito de humanização na prática assistencial de saúde se liga às questões paradigmáticas dos direitos humanos de modo amplo e conectado à realidade social, sempre com vistas à melhoria da qualidade do atendimento a pacientes, e mais precisamente às gestantes (Mongiovi, 2014).

A palavra “humanização” deriva do latim humanus; para o autor um humanista é alguém que tem uma visão do mundo voltada prioritariamente aos valores humanos e a vida. A humanização é um processo reflexivo, pressupondo além de um tratamento, um cuidado digno, solidário e acolhedor por parte dos profissionais de saúde, deve-se promover atendimento com caráter de prolongar à vida ou prevenir maiores complicações na vida do paciente (Donoso, 2016). 

Desde a década de setenta, a humanização já era debatida como um tema relevante nos Estados Unidos, no Brasil a partir da década de noventa, como um conjunto que apontava o caráter impessoal e desumanizado da assistência à saúde, vindo mais tarde a transformar-se em propostas que visam modificar as práticas assistências (Salviano, 2016). 

O tema “humanização” tem sido frequente objeto de pesquisas dos profissionais da área da saúde e, em especial, de enfermeiros, preocupados com a qualidade da assistência que tem sido prestada aos seus pacientes. No entanto, quando essas pesquisas se propõem o estudo e a discussão do tema, elas se restringem mais a aspectos teóricos do que às reais possibilidades de sua implementação, ou seja, é mais no discurso que na prática que essa discussão acontece (Pinto, 2018).

Segundo Versiani (2015) para um atendimento humanizado o enfermeiro deve coordenar a sua equipe visando cuidados específicos e qualitativos a fim de proporcionar um tratamento eficaz com ausência de complicações, para tanto deve usufruir de conhecimentos técnico-científicos para que o trajeto terapêutico, juntamente com uma conduta ideal a essa gestante para a obtenção do resultado esperado. Com isso, é indispensável uma postura eficiente e atenciosa de toda a equipe de enfermagem às gestantes de alto risco.

O Ministério da Saúde atribui o termo humanizar a melhorar as condições de atendimento à gestante em unidade básica de saúde, ouvindo o que a mesma venha a descrever que está sentindo para alcançar um tratamento de suas queixas mais eficientes (Ministério da Saúde, 2023). Tornar o procedimento humanizado é desenvolver condições para que as dimensões sejam atendidas (Ministério da saúde, 2023). Deve ainda desenvolver características essenciais ao ser humano como a sensibilidade, o respeito e a dignidade, criando assim um ambiente mais acolhedor, tanto no período de pré-natal quanto após a gestação, o pós-parto (Versiani, 2015).

Ainda segundo Cassiano (2015) para um atendimento humanizado deve-se investir no acompanhamento, proporcionando através da atenção diferenciada, conforto e segurança, a identificação e tratamento precoce de possíveis complicações que podem surgir no período gestacional, priorizando uma assistência que considere a humanização correspondente à aplicação de uma postura diferenciada, estabelecendo relações com princípios de empatia, respeito e carinho.

Assim sendo, o Ministério da Saúde, com o objetivo de promover melhorias nos padrões de assistência aos usuários no ambiente hospitalar, em 2001, lançou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, que veio a ser transformado posteriormente na Política Nacional de Humanização (PNH)-Humaniza-SUS no ano de 2003, buscando pôr em prática os princípios de transversalidade; indissociabilidade entre atenção e gestão; protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos coletivos. Desse modo, produzindo mudanças no modo de gerir e cuidar (Carvalho, 2015).

A PNH foi criada com o intuito de reformular as práticas assistenciais em saúde, e expandir a perspectiva de humanização para toda a esfera da saúde, tendo princípios norteadores como “a valorização da dimensão subjetiva e direito dos usuários, a sua autonomia e protagonismo, a construção de redes cooperativas e solidárias de produção de saúde, o fortalecimento do trabalho em equipe multiprofissional” (Mongiovi, 2014).

Desse modo, observa-se a importância da incorporação de práticas mais humanizadas, buscando identificar as reais necessidades dos pacientes que estejam vivenciando o período que atribui diversos sentimentos relacionados ao medo devido ao período de gravidez, ampliando sua percepção e autonomia no processo e adaptação ao período que enseja em alto risco (Cassiano, 2015).

1.4 ACOMPANHAMENTO DO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO EM UNIDADES DE SAÚDE

A comunicação entre a equipe de enfermagem em todos os passos e ações que forem tomadas com cada paciente, além das trocas de plantões que é completamente eficaz na compreensão da necessidade para o benefício de um ser humano, além de contribuir com o lado humano e profissional do enfermeiro, servindo como estratégia para avanços no que concerne à saúde do binômio mãe e filho em período de gravidez e do pós-parto (Martins; Benito, 2016).

Percebe-se que a comunicação de forma adequada contribui com inúmeros pontos positivos no tratamento e cuidados com a gestante, onde os profissionais se unem e criam laços e costumes de estarem sempre nesse método de reformulação de atitude plausível, colaborando também com o atendimento humanitário às gestantes de alto risco que seja por necessidade, atribuindo o atendimento adequado, principalmente pela necessidade (Ministério da Saúde, 2023).

Os enfermeiros nem sempre são valorizados adequadamente, onde outros profissionais são vistos como os melhores e que merecem méritos, mas esse cenário deve ser modificado, cada profissional tem sua importância e o enfermeiro é aquele que tem maior tempo de acesso com o paciente, a comunicação, o conhecimento de cada paciente, de suas dores e necessidades, são ferramentas elementares e compreensíveis para adequações necessárias e outros fatores (Martins; Benito, 2016).

Quando o hábito de comunicação é utilizado frequentemente, ele se torna um costume benéfico e faz com que a equipe se torne mais eficiente e eficaz com o trabalho prestado, além de colher informações, competem com a visão de prevenir e evitar que o quadro seja agravado, são boas ações e o trabalho em conjunto dos profissionais que os deixam preparados e com a orientação adequada para agir de forma certa, além da segurança que é passada ao paciente em momento tão necessário (Ministério da Saúde, 2023).

Broca e Ferreira (2015) abordam que a enfermagem é uma profissão praticada em equipe, em que a atuação de seus membros se complementam. Também por isso, é preciso valorizar e entender as múltiplas relações que permeiam o processo de comunicação no cuidado em saúde/enfermagem e enfrentar o desafio de ser um agente transformador, adotando uma prática baseada na comunicação sensível.

Por fim, a comunicação é uma ferramenta relevante nos serviços e atendimentos realizados pelos enfermeiros, um processo de interação que produz eficácia no tratamento, sendo necessária sempre nas capacitações desses profissionais a orientação quanto a isso, além da relação entre os seres humanos e de fazer com que a gestante em um momento tão delicado se sinta bem em meio a sua situação (Ministério da Saúde, 2023).

A atenção primária à saúde das gestantes envolve as condutas de prevenção de doenças e agravos, na promoção da saúde materno-fetal e o tratamento frente aos possíveis problemas acarretados no período gestacional, objetivando a atenção às gestantes na amenização das taxas de morbimortalidade materno-infantil, de acordo com as ações adotadas em medidas satisfatórias e o acompanhamento do pré-natal (Neves, 2020).

O enfermeiro que atende na unidade básica de saúde, exercendo o papel humanizados em junção as gestantes de alto risco, em que a primeira consulta se inicia com o contato entre o profissional e a gestante, que a partir de então um vínculo de confiança é estabelecido, contribuindo para o pré-natal de qualidade (Ministério da Saúde, 2023).

2 METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão de literatura, conduzida com o objetivo de analisar a atuação do enfermeiro na assistência pré-natal a gestantes de alto risco nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). A pesquisa seguiu o método dedutivo, utilizando como base questionamentos já elaborados, e foi fundamentada em dados científicos disponíveis.

Para a seleção dos artigos, foram consultadas as bases de dados Scielo, BVS, Google Acadêmico, CAPES e LILACS. Os descritores utilizados para a busca incluíram: “atuação do enfermeiro no pré-natal”, “gravidez de alto risco”, “unidades básicas de saúde” e “assistência pré-natal”. O período de publicação considerado foi de 2010 a 2020, e os artigos selecionados estavam disponíveis na íntegra e escritos em língua portuguesa.

Os critérios de inclusão foram: artigos que abordassem diretamente a atuação do enfermeiro no acompanhamento de gestantes de alto risco, o pré-natal e as práticas de saúde desenvolvidas nas UBS. Os critérios de exclusão foram: artigos que não tratassem especificamente do tema ou que abordassem outras áreas da saúde.

A partir dessa pesquisa, foram selecionados 15 artigos que embasaram teoricamente o estudo, com foco na importância da atuação do enfermeiro no cuidado integral e humanizado a gestantes de alto risco.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o entendimento mais eficaz acerca da contextualização apresentada neste estudo é de grande relevância demonstrar informações referentes aos principais arquivos e pesquisas que foram utilizados, o quadro abaixo representa uma breve demonstração.

Quadro 2 – Filtragem dos artigos segundo combinações dos DeCS e bases de dados.

TítuloAutor e anoObjetivoPrincipais achados
01Processo de comunicação na equipe de enfermagemPriscilla Valladares Broca; Márcia Ferreira – 2015Pesquisa cujo objetivo foi analisar o processo de comunicação na equipe de enfermagem, com base nos elementos teóricos preconizados por Berlo e King, e discutir suas contribuições para o cuidado de enfermagem.Para a equipe de enfermagem, a comunicação se expressa de diversas formas, sendo algo amplo abrangendo muito mais que a própria fala. A equipe se consolida como um sistema social, que pode ser influenciado pela hierarquia, o poder e o status.
02Qualidade da assistência à gestante em diferentes modelos de atenção primáriaAntonio Prates Caldeira; Kenia Rabelo Santana – 2020Avaliar a qualidade da assistência à gestante em dois modelos de Atenção Primária à Saúde, comparando-se as Unidades de Saúde da Família com os Centros de Saúde tradicionais. Foram realizadas entrevistas com amostra aleatória de puérperas nas três maternidades do município, avaliando-se alguns indicadores de assistência e de desfecho da gestação, ao longo de dez meses. Foram analisadas 379 entrevistas, das quais 159 eram referentes à assistência exclusiva nas Unidades de Saúde da Família (42%) e 220 eram referentes à assistência exclusiva nos Centros de Saúde (58%). 
03Percepção do profissional de enfermagem acerca do cuidado humanizado do ambiente escolarDelvandio Carvalho; Nato Santos – 2015Objetivou-se neste estudo analisar a percepção do profissional de enfermagem acerca da humanização do cuidado no contexto hospitalar. Os resultados revelam que os profissionais de enfermagem possuem diversas concepções acerca da humanização e que apesar de reconhecerem sua importância convivem com dificuldades que interferem na sua promoção no cotidiano de trabalho. 
04Fatores que possibilitam a atuação do enfermeiro na atenção pré-natalCleunir Bortoli – 2017Conhecer os fatores que possibilitam a atuação do 
enfermeiro, no âmbito da atenção básica, na atenção 
pré-natal.
Evidenciaram-se o uso de protocolos 
na atenção pré-natal, como 
orientação da prática profissional, e o acolhimento 
como estratégia para estabelecer o 
vínculo com a 
gestante.
05O cuidado e a enfermagem em um contexto históricoMiguir Donoso; Maria Donoso – 2016Contextualizar a enfermagem frente às suas origens e ao desenvolvimento de sua prática. O texto perpassa pelas origens do cuidado ligadas à religiosidade, a perda da hegemoniada igreja quando as religiosas foram expulsas dos hospitais, a figura de Florence Nightingale como precursora da enfermagem moderna e a enfermagem e suas origens no Brasil, frisando o exercício formal da enfermagem com a Lei nº 7.498/86. 
06Principais dificuldades em acompanhar as gestantes pela equipe de saúde da famíliaAline Neves – 2020O objetivo de identificar quais as principais dificuldades encontradas, em acompanhar gestantes, pelos profissionais da Equipe de Saúde da Família (ESF). Optou-se por analisar os dados encontrados na literatura, comparando-os com aqueles encontrados na unidade básica, aliados a experiência vivenciada pela autora. Foi dado enfoque nas dificuldades encontradas pela equipe de saúde em seguir o protocolo estipulado para efetivação do pré-natal nas unidades básicas. Concluindo, é de essencial importância a produção de protocolos que garantam: ações de planejamento familiar, atenção pré-natal e integralidade da atenção da equipe de saúde.
07Significado de parto humanizado para gestantesClara Versiani; Marcia Barbieri – 2015Compreender o significado de parto humanizado na concepção de gestantes.As gestantes definiram que o parto humanizado deve ser pautado nas bases filosóficas da humanização do parto e nascimento, preconizado pelo Ministério da Saúde, que tem como princípios o relacionamento interpessoal e uma assistência competente.

Fonte: Elaboração própria (2024)

Dos 7 (sete) artigos que foram selecionados e serão mais utilizados para o desenvolvimento da pesquisa, grande parte enfatiza sobre importância dos enfermeiros no acompanhamento de gravidez de alto risco, em que as seis bases de dados mais utilizadas foram BVS, Google Acadêmico, Pubmed, CAPES e SCIELO.

De acordo com Versiani e Barbieri (2015), o diálogo é uma das ferramentas primordiais para o consenso e compreensão entre o profissional de enfermagem e a gestante, proporcionando a integralidade quanto à exposição da individualidade, emoções e complexidades externas. O enfoque na saúde da mulher nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é fundamental, pois valoriza ações em prol da saúde e a eficácia dessas intervenções. A importância da comunicação eficaz é reforçada por estudos que indicam que a introdução de tecnologias de comunicação, como prontuários eletrônicos e aplicativos de saúde, pode facilitar a troca de informações entre os membros da equipe de saúde, promovendo uma resposta mais ágil e integrada às necessidades das gestantes (Baltor et al., 2014).

No entanto, Neves (2020) acentua que, em todos os níveis de assistência, um dos papeis fundamentais dos enfermeiros frente ao atendimento nas UBS é a orientação e o acompanhamento do pré-natal, devendo garantir que as gestantes compreendam a importância desse acompanhamento para promover, prevenir e tratar condições que possam surgir durante e após a gravidez. Essa capacitação contínua dos enfermeiros também é necessária para garantir que, além da comunicação, eles estejam preparados para lidar com o uso de novas tecnologias, o que potencializa a eficiência do atendimento e reduz as chances de erros durante o processo de cuidados (Bortoli, 2017).

O Ministério da Saúde estabelece que toda gestante tem o direito de realizar no mínimo seis consultas durante o período de gestação. Essas consultas são realizadas nas UBS para garantir uma gestação saudável e um parto seguro. Mesmo com a alta demanda de internações e outras complicações que podem surgir, esse acompanhamento é essencial para garantir um desfecho positivo (NEVES, 2020).  Além disso, as consultas devem integrar a avaliação de parâmetros físicos e emocionais, utilizando tanto a comunicação verbal quanto a não-verbal para criar um ambiente acolhedor e humanizado (Carvalho e Santos, 2015).

Donoso e Donoso (2016) destacam que o pré-natal é essencial para garantir a saúde da mulher e do bebê, prevenindo complicações que possam surgir durante o período gestacional. A falta de assistência pode levar a complicações graves, como mortalidade neonatal, baixo peso ao nascer e outros fatores de risco que tornam a gestação de alto risco para o binômio mãe-bebê. Nesses casos, as ferramentas tecnológicas e a implementação de equipes multidisciplinares são recomendadas como uma maneira eficaz de otimizar o acompanhamento e a comunicação, garantindo que todas as necessidades das gestantes sejam atendidas (Baltor et al., 2014).

Em termos de desafios, cabe mencionar que muitos brasileiros, especialmente aqueles que moram em áreas remotas, enfrentam dificuldades para acessar o acompanhamento pré-natal. Esses desafios incluem a distância das UBS, a estrutura física inadequada, a falta de profissionais de saúde, e a sobrecarga de consultas. Tais condições impactam negativamente a qualidade do atendimento prestado. A integração de tecnologias de comunicação e soluções móveis pode ajudar a mitigar alguns desses desafios, permitindo que as informações sejam compartilhadas mais rapidamente e com mais precisão, melhorando a eficácia do atendimento (Bortoli, 2017; Carvalho e Santos, 2015).

Para Carvalho e Santos (2015), os municípios mais afastados enfrentam dificuldades ainda mais acentuadas, como a limitação de recursos e a falta de capacidade técnica para atender a alta demanda. Mesmo com a existência de programas de apoio, a situação ainda é complexa, o que exige ações de gestão mais robustas e adaptadas às necessidades locais. Iniciativas como a telemedicina e o uso de aplicativos móveis para acompanhamento remoto de gestantes podem ser soluções viáveis para enfrentar essas barreiras geográficas e melhorar o acesso ao cuidado pré-natal (Carvalho e Santos, 2015).

Diante do exposto, o acesso ao acompanhamento pré-natal é um indicador fundamental de saúde, visto que condições como prematuridade, desnutrição e baixo peso ao nascer estão diretamente relacionadas às condições de saúde materna. A eficácia do acompanhamento durante o pré-natal é comprovada na prevenção de complicações e na melhoria da saúde da gestante e do bebê (Broca e Ferreira, 2015). A comunicação eficaz, aliada à adoção de tecnologias que facilitem o fluxo de informações entre a equipe de saúde, pode garantir um atendimento mais completo e humanizado, reduzindo os riscos e melhorando os resultados para as gestantes de alto risco (Baltor et al., 2014).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante ao que foi apresentado nessa pesquisa, os objetivos foram devidamente alcançados, enfatizando o quão importante é o enfermeiro no acompanhamento do pré-natal de gestantes, no objeto deste estudo, as de alto risco com atendimento em unidades básicas, um campo prático que é compreendido pelos receios, inseguranças, e principalmente com o contato inicial com o enfermeiro que acarreta a determinação de embasar teoricamente o tema.

Foi demonstrado que os enfermeiros enfrentam algumas dificuldades para a execução de suas atividades, além de complexidades das próprias gestantes, concretizando a necessidade de elaboração estratégica para o atendimento em locais mais afastados, a organização quanto as informações no cartão do pré-natal dessas gestantes, dentre outras ações que efetivem a qualidade na função da realização do pré-natal.

Nessa vertente, mesmo com as limitações de consultas do pré-natal as gestantes estão satisfeitas com o atendimento que é recebido por grande parte dos enfermeiros, que recebem essas pessoas e buscam humanizar da dar maior qualidade ao atendimento, sendo uma situação de extrema importância na prevenção da saúde em período gestacional, amenizando as taxas de morbimortalidade do binômio mãe-bebê, sendo fundamental o desempenho e interpretação dos fatos por parte dos enfermeiros.

Por fim, as Unidades Básicas de Saúde são regidas por um protocolo fundamental no atendimento à gestante de alto risco, com atividades em prol do pré-natal, em ressalva as transformações existentes que visam aprimorar as consultas, proporcionando as medidas favoráveis que sejam apropriadas às necessidades das gestantes, além das interações que são fundamentais, reforçando que os enfermeiros trabalhem em junção a equipe multidisciplinar.

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