ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR FRENTE Á COVID-19: REVISÃO LITERÁRIA

HOSPITAL DENTISTRY PERFORMANCE IN THE FACE OF COVID-19: LITERARY REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10183186


Lucas Souza da Silva¹;
Trinit Di Lu Soares Germano²;
João Victor Sousa Santos².


RESUMO

Este estudo aborda a crucial atuação do Cirurgião Dentista na abordagem multidisciplinar durante a pandemia de COVID-19, reconhecendo a boca como um potencial “porta de entrada” para doenças sistêmicas. A pesquisa destaca a importância do conhecimento da saúde bucal em pacientes internados em UTIs, enfatizando a relevância da Odontologia Hospitalar na prevenção e controle de infecções, com ênfase na identificação precoce de manifestações bucais associadas à COVID-19. A discussão aborda a necessidade de protocolos diferenciados e a presença do Cirurgião Dentista como medida fundamental para reduzir a exposição a infeções decorrentes de higiene bucal inadequada. As considerações finais ressaltam o papel crucial da Odontologia Hospitalar na prevenção de complicações bucais e sistêmicas, juntamente com a importância da legislação que preconiza a presença de profissionais de odontologia nas UTIs. Em síntese, a atuação odontológica em UTIs para pacientes com COVID-19 é essencial para fortalecer a prevenção de infecções, contribuindo para a melhoria do quadro clínico durante a internação. As palavras- chave incluem COVID-19, Odontologia Hospitalar, Unidades de Terapia Intensiva, Higiene Bucal e Manejo Odontológico.

Palavras-chave: COVID-19, Odontologia Hospitalar, Unidades de Terapia Intensiva, Higiene Bucal, Manejo Odontológico.

ABSTRACT

This study addresses the crucial role of the Dentist in the multidisciplinary approach during the COVID-19 pandemic, recognizing the mouth as a potential “gateway” for systemic diseases. The research emphasizes the importance of understanding oral health in ICU patients, highlighting the relevance of Hospital Dentistry in infection prevention and control, with a focus on early identification of oral manifestations associated with COVID-19. The discussion addresses the need for differentiated protocols and the presence of the Dentist as a fundamental measure to reduce exposure to infections resulting from inadequate oral hygiene. The final considerations underscore the crucial role of Hospital Dentistry in preventing oral and systemic complications, along with the importance of legislation advocating for the presence of dental professionals in ICUs. In summary, dental care in ICUs for COVID-19 patients is essential to strengthen infection prevention, contributing to the improvement of the clinical condition during hospitalization.

Keywords: COVID-19, Hospital Dentistry, Intensive Care Units, Oral Hygiene, Dental Management.

1. INTRODUÇÃO

No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou ao mundo a existência de uma pandemia. A doença era causada pelo agente etiológico SARS-COV-2 (vírus da família do coronas vírus que, ao infectar humanos, causa uma doença chamada COVID 19), que vitimizou cerca de 2.360.280 pessoas em todo o mundo. (OPAS; OMS,2021; STATISTICAS.2021).

O coronavírus, já foi descrito em anos anteriores com outras variações que também atingiram a humanidade: em 2002, na China, como SARS-CoV-1 ou apenas (SARS), Síndrome Respiratória Aguda Grave; e em 2012, no Oriente Médio, como (MERS), Síndrome Respiratória do Oriente Médio (da Silva Moura, Moura, da Silva Pereira, & Marinho, 2020; Weissleder et al., 2020).

Alguns autores afirmam que existem duas categorias de infectados pela corona vírus: os assintomáticos ou os que por sua vez apresentam sintomas gripais (febre e tosse seca, apatia, anosmia, ageusia, falta de ar e fadiga). (MENG, HUA e BIAN 2020) O covid-19 traz consigo a urgência das equipes multidisciplinares e interdisciplinares, podendo assim, obter controle das doenças virais em sistemas precários, principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

No entanto, a medida em que o vírus era disseminado, vinha à tona as fragilidades dos sistemas de saúde e sanitários, esses sentiam o maior impacto, já que haviam assumido a chamada linha de frente no combate à doença.

O cuidado com o paciente nas UTIs, exige uma assistência contínua, fundamental para melhorar a sobrevida do “doente” proporcionando uma sensação de conforto e melhoria da qualidade de vida. Diante ao exposto, destacamos a atuação do Cirurgião Dentista no enfretamento da alteração da saúde, que tenham a boca como “porta de entrada” para algumas doenças sistêmicas

Pesquisas apontam a cavidade bucal representa a área do corpo com maior número de microrganismos, variando de bactérias, fungos e vírus (CRUZ QUINTANA et al., 2017; SANTOS JÚNIOR; IZABEL, 2019). Indivíduos hospitalizados tendem a apresentar má higiene bucal, essa ausência de atenção resulta no aumento e complexidade do biofilme dental (ou acúmulo de bactérias na superfície dos dentes), (ARAÚJO, VINAGRE e SAMPAIO,2009).

O acúmulo excessivo de biofilme faz com que ele atinja sua forma calcificada. A presença de cálculo na superfície dentária contribui para um ambiente áspero e poroso que permite que as bactérias virulentas sejam absorvidas e armazenadas, causando o desenvolvimento da doença periodontal que constitui um grave risco para o quadro sistêmico de pacientes fragilizados. As bactérias e seus produtos podem colonizar tecidos já comprometidos deixando o paciente ainda mais suscetível a complicações no seu quadro atual. (RCO. 2017;1(1):18-23).

O conhecimento da saúde bucal do paciente internado em UTI e fundamental para poder evitar que o quadro clínico se agrave controlando o biofilme dental e brindando uma atenção integral e proporcionando condutas terapêuticas efetivas para sua pronta recuperação (DAMASCENA et al,2017, p.344).

Os pacientes internados em UTI devido ao comprometimento físico apresentam baixa mobilização por consequência uma má higiene bucal o que provoca alteração da microbiota bucal e uma baixa imunidade provoca no paciente infecções respiratórias devido a broncoaspiração causando pneumonia nosocomial(PN) que corresponde ao 10% de infecções em UTI (DA CRUZ et al,2004, p379).A higiene bucal torna-se importante para que ocorra o controle do biofilme, evitando assim, o desenvolvimento da pneumonia nosocomial (PN).

O objetivo do trabalho é expor a atuação de um cirurgião – dentista especialista em odontologia hospitalar no aspecto multidisciplinar frente à covid-19. A ideia é selecionar e analisar estudos, que tenha foco na integralidade e qualificação da assistência prestada por esses profissionais em UTI´S no combate ao COVID-19.

Para entendermos esse universo que aparece em movimento contínuo, é necessário verificar os protocolos de atendimento e segurança sanitária com foco em odontologia hospitalar e controle de infecções.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa narrativa descritiva, que realizou por meio de revisão literária e como base bibliografias existentes em biblioteca virtual e escrita. Os dados empregados para o rastreamento dos artigos foram: google acadêmico, LiLacs, BBO e SciELO, Ministério da Saúde do Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Possui características quanti/qualitativas acerca da problemática qual a importância da odontologia em pacientes clinicamente comprometidos, e tem como objetivo expor a atuação de um cirurgião – dentista especialista em odontologia hospitalar no aspecto multidisciplinar frente à covid-19.

A busca virtual deu-se a partir da combinação das palavras no idioma português “Odontologia” “Odontologia Hospitalar” e “UTI” “Covid-19”, “Síndrome Respiratória Aguda Grave”, “Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica”, “Pneumonia Nosocomial”.

3. RESULTADO

A revisão literária sobre a atuação da Odontologia Hospitalar diante da pandemia de COVID-19 revela a significativa contribuição desta especialidade no contexto de cuidados hospitalares. Os profissionais odontológicos desempenham um papel crucial na prevenção e controle de infecções, implementando protocolos rigorosos de biossegurança e adaptando práticas clínicas para garantir a segurança dos pacientes e da equipe de saúde. Além disso, a identificação precoce de manifestações bucais associadas à COVID-19, como lesões orais e complicações periodontais, destaca a importância da odontologia no diagnóstico multidisciplinar da doença. Este trabalho ressalta a necessidade contínua de atualização e colaboração interdisciplinar para enfrentar os desafios apresentados pela pandemia, destacando a adaptabilidade e relevância da Odontologia Hospitalar neste cenário complexo de saúde global.

4. DISCUSSÃO

A higiene como um todo é um fator de grande importância em pacientes clinicamente comprometidos internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Neste contexto, é importante reconhecer que os protocolos de condutas diferenciadas potencializam atendimentos e procedimentos realizados pelas equipes responsáveis pela manutenção da saúde desses pacientes.

Uma dessas condutas é a presença do Cirurgião Dentista como profissional capacitado para o ambiente hospitalar, diminuindo a exposição a quadros infecciosos advindos de uma higiene bucal ineficaz.

A fim de prevenir novas afecções bucais e controlar possíveis patógenos que são os principais causadores de problemas apresentados por esses pacientes, a integração da odontologia se faz necessária ainda que a prática do cuidado bucal não seja priorizada e em sua maioria é feita pelos técnicos de enfermagem dispondo apenas de conhecimentos empíricos.

Essa baixa prioridade é vista como um dos principais obstáculos enfrentado por esse profissional frente a essa demanda. diante de numerosos casos envolvendo essa questão, em 2012, a Comissão de Seguridade Social e Família através dos

Projetos de Lei (PL): nº 2.776/2008 e PL 363/2011 (Estabelecem a obrigatoriedade da presença de profissionais de odontologia nas unidades de terapia intensiva).

4.1 A prática odontológica em período pandêmico

A atenção Odontológica nas UTIs COVID é de muita importância para evitar as infecciones hospitalares principalmente do sistema respiratório. Mediante um protocolo de limpeza eliminando bactérias e fungos visto que os pacientes em processo de intubação apresentam deterioração na saúde bucal (PEREIRA et al.2002, p.34).

Alguns pesquisadores baseados em protocolos de seguranças e em equipamentos de proteção individual (EPI), defendem a utilização de clorexidina na higiene bucal de pacientes internados na UTI, reiteram que é seguro, tolerável e não tem efeitos colaterais reduzindo razoavelmente a colonização de bactérias no biofilme oral. (BERALDE e ANDRADE 2008, P.713).

4.1.1 manejo odontológico de pacientes com covid

A atenção odontológica em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para pacientes com COVID-19 desempenha um papel crucial na prevenção de infecções hospitalares, especialmente no sistema respiratório. Além da importância de protocolos de limpeza eficazes para eliminar bactérias e fungos, o manejo odontológico abrange diversos aspectos relacionados à saúde bucal dos pacientes (GOMES, 2023).

Antes de iniciar qualquer intervenção odontológica, é essencial realizar uma avaliação detalhada da saúde bucal do paciente, identificando cáries, doenças periodontais e outras condições. Pacientes em UTIs, sobretudo os submetidos à intubação, enfrentam desafios específicos, como a acumulação de placa bacteriana e o desenvolvimento de mucosite oral. Estratégias preventivas, como a aplicação de agentes antimicrobianos e orientações sobre higiene bucal, são fundamentais para evitar complicações (MINA, 2010).

A utilização de clorexidina na higiene bucal, conforme sugerido por Beralde e Andrade (2008), demonstra-se segura e eficaz, embora seja importante considerar outras opções de antissépticos, levando em conta a individualidade do paciente. O monitoramento odontológico contínuo durante a internação é crucial, incluindo verificações regulares da saúde bucal, ajustes nos protocolos de higiene e a identificação pronta de complicações.

Profissionais de saúde, incluindo dentistas e equipes de enfermagem, precisam receber treinamento adequado para implementar protocolos de manejo odontológico em pacientes com COVID-19, garantindo o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e aderindo rigorosamente às diretrizes de controle de infecção. A colaboração estreita entre a equipe odontológica e as equipes médicas e de enfermagem é essencial, promovendo uma abordagem integrada e eficaz (PASSOS, 2022).

Considerando esses aspectos no manejo odontológico de pacientes com COVID-19 em UTIs, é possível fortalecer a prevenção de infecções hospitalares, contribuindo para a melhoria do quadro clínico geral durante o período de internação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário pandêmico da COVID-19 trouxe desafios sem precedentes para o sistema de saúde global, evidenciando a necessidade de abordagens multidisciplinares e interdisciplinares no cuidado dos pacientes, especialmente aqueles internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Neste contexto, a atuação da Odontologia Hospitalar se destacou como uma peça fundamental na prevenção e controle de infecções, especialmente no que diz respeito à saúde bucal dos pacientes.

A revisão literária realizada revela que a presença do Cirurgião Dentista nas equipes multidisciplinares em UTIs desempenha um papel crucial na mitigação dos riscos associados à má saúde bucal. A higiene bucal adequada, implementada por profissionais capacitados, demonstrou ser uma estratégia eficaz na redução da colonização de bactérias no biofilme oral, especialmente em pacientes submetidos à intubação (SILVA, 2021).

A importância da atenção odontológica vai além da prevenção de infecções bucais; ela se estende à prevenção de complicações sistêmicas, como a pneumonia nosocomial. Pacientes internados em UTI, devido à limitação de mobilidade e cuidados precários, apresentam maior suscetibilidade a infecções respiratórias, tornando a higiene bucal uma medida crucial para o controle do biofilme e a prevenção dessas complicações.

A implementação de protocolos específicos, como o uso de clorexidina na higiene bucal, destaca-se como uma prática segura e eficaz, contribuindo para a redução da colonização bacteriana e melhorando a sobrevida dos pacientes. A colaboração estreita entre profissionais de odontologia, equipe médica e de enfermagem é essencial para uma abordagem integrada e eficiente no manejo odontológico de pacientes com COVID-19 em UTIs (SILVA, 2021).

Além disso, a pesquisa destaca a necessidade de reconhecimento e valorização da Odontologia Hospitalar, superando obstáculos como a baixa prioridade dada a essa prática. A presença legislativa, como evidenciada pelos Projetos de Lei, reforça a importância de incluir profissionais de odontologia nas UTIs, reconhecendo a integralidade do cuidado ao paciente.

Em conclusão, a atuação do Cirurgião Dentista em UTIs durante a pandemia de COVID-19 é essencial para garantir a integralidade do cuidado, prevenir complicações bucais e sistêmicas, e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A pesquisa reforça a importância da atenção odontológica como parte integrante da abordagem multidisciplinar no enfrentamento dessa crise de saúde global.

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¹Discente Do Curso De Odontologia Da Faculdade Metropolitana
²Docente Do Curso De Odontologia Da Faculdade Metropolitana