ACTUATION OF PHYSIOTHERAPY IN COMPLICATIONS OF MALNUTRITION OF ELDERLY
Aniele Ferreira da Silva: Fisioterapeuta graduada pelo Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ;
Elane Cristina Santos Araújo: Fisioterapeuta graduada pelo Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ;
Suely Maria Santana: Fisioterapeuta graduada pelo Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ;
Sandra Suely Lima Costa Martins: Docente do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.
RESUMO
Introdução: Estudos comprovam que vem ocorrendo um aumento importante no número de pacientes idosos submetidos à internação hospitalar, ou atendidos em regime ambulatorial, apresentando estado nutricional considerado crítico. Em consonância com estes dados, é de fundamental importância o mais precocemente possível, diferenciar as alterações próprias do envelhecimento saudável, dos sinais clínicos da desnutrição no idoso. A má nutrição que acomete o idoso pode ocorrer devido ao declínio fisiológico do envelhecimento, as condições sócio-econômicas precárias, as doenças próprias da terceira idade e a interação entre nutrientes e medicamentos. Objetivo: O objetivo deste estudo é o de destacar o papel da fisioterapia na desnutrição em idosos, através de objetivos, recursos e técnicas específicas que visem promover uma melhor qualidade de vida a estes pacientes. Método: A pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica tipo levantamento. Com este propósito, foi realizada uma revisão de publicações na área de saúde sobre o tema em questão, através de artigos científicos, sites especializados na área, artigos de domínio público, além de trabalhos monográficos e citações de livros. Resultados: Com os resultados obtidos neste estudo, destacamos como a fisioterapia por meio de seus recursos e técnicas específicas, pode melhorar a capacidade funcional do paciente idoso desnutrido, na tentativa de proporcionar uma maior independência e uma melhor qualidade de vida, e assim, reduzir o tempo de internação hospitalar do mesmo. Conclusão: Preservar a mobilidade é conseqüentemente prevenir o declínio funcional em idosos. A fisioterapia tem um importante papel na reabilitação dos pacientes idosos com desnutrição, auxiliando-os tanto no alívio dos sintomas, quanto na promoção da independência e qualidade de vida. No entanto, protocolos sistematizados devem ser estabelecidos para a otimização deste processo de reabilitação para com esses pacientes.
Palavras-chave: Desnutrição; Idoso; Fisioterapia.
ABSTRACT
Introduction: Studies show that there has been a significant increase in the number of elderly patients submitted to hospital or treated in outpatient settings, with nutritional state considered critical. In line with these data, it is of fundamental importance as early as possible to differentiate the changes due to aging, clinical signs of malnutrition in the elderly. The malnutrition that affects the elderly can occur due to the physiological decline of aging, poor socioeconomic conditions, the diseases of old age and the interaction between nutrients and drugs. Objective: The objective of this study is to highlight the role of physiotherapy in malnutrition in the elderly, through objectives, resources and specific techniques aimed at promoting a better quality of life for these patients. Method: The research it is a bibliographical survey type. For this purpose, we performed a literature review on health on the issue in question through scientific articles, sites specializing in the area, public domain articles, and monographs and book citations. Results: The results from this study, we highlight how physical therapy through its resources and specific techniques can improve the functional ability of elderly patients malnourished in an attempt to provide greater independence and a better quality of life, and thus reduce the hospital stay the same. Conclusion: Preserving mobility is therefore preventing the functional decline in older adults. Physiotherapy has an important role in the rehabilitation of elderly patients with malnutrition, helping them both in relieving symptoms, and in promoting the independence and quality of life. However, protocols, should be established to optimize this process of rehabilitation for those patients.
Keywords: Malnutrition; Elderly; Physiotherapy.
Introdução
Segundo a Organização das Nações Unidas “O mundo tem hoje 600 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. A previsão é que até 2025, este número dobre. E a cifra deve crescer ainda mais até a metade do século, atingindo dois bilhões de idosos. A maioria dessas pessoas vive perto da família e de suas comunidades, mas em condições de vida que ficam longe das ideais (JUNIOR, 2007).
O padrão dietético do idoso permanece semelhante aquele estabelecido pelos hábitos da juventude, e o estado nutricional normalmente continua a ser adequado mesmo na velhice. Entretanto, há muitos fatores que começam a atuar mais frequentemente com o aumento da idade e podem levar a deficiências nutricionais. São fatores que se devem a mudanças nas circunstâncias econômicas e no modo de vida que ocorrem comumente com a aposentadoria e a incidência aumentada de doenças e incapacidades (BATISTA, 2005).
O envelhecimento fisiológico começa no final do período de crescimento, sendo que as mudanças ocorrem lentamente e são influenciadas pela herança genética, enfermidades, níveis socioeconômicos e acesso a cuidados médicos (BATISTA, 2005).
Quando se faz a avaliação do idoso, percebe-se que a partir da terceira década de vida ocorre aumento na composição corpórea onde caracteriza perda progressiva da massa magra e do tecido adiposo tendo como base final uma discreta diminuição do peso, quando o mesmo vier perder 5% do peso deve ficar atento, ou seja, sinal de alerta, pois é possível que seja decorrente de redução da massa magra (CARVALHO; PAPALÉO, 2000).
Estima-se que em censo de 1989, feito pela pesquisa nacional de saúde e nutrição (PNSN) que 37,7% dos idosos brasileiros têm baixo peso, sendo 20,7% de homens e 17% de mulheres. Levando em consideração as necessidades nutricionais do idoso, onde deve ser calculadas individualmente, levando-se em conta o estado geral, atividade física, doenças e hábitos alimentares (BATISTA, 2005).
Pacientes idosos em tratamento ambulatorial é de cerca de 20%, entre idosos hospitalizados está em média de aproximadamente 60%. Acrescenta-se que o quadro de má nutrição é frequentemente mal investigados e muito raramente notificados em estado de óbito, embora possa ser um fator coadjuvante de mortalidade de muita importância. Relatam que os doentes idosos, o risco é maior que em jovens devido à associação do próprio processo de envelhecimento, alterações na absorção, a interação de drogas-nutrientes, metabolização e a utilização deficiente de nutrientes, entre outros fatores está associada à ocorrência de várias doenças agudas ou crônicas concomitantes (CARVALHO; PAPALÉO, 2000).
A desnutrição na população idosa é bastante frequente devido a um conjunto de fatores que se interrelacionam e acarretam diversas consequências tornando o quadro clínico complexo. A má nutrição específica se caracteriza pela deficiência isolada ou múltipla de vitaminas, de minerais ou de oligoelementos. Pode ocorrer isolada ou associada à má nutrição calórica e/ou protéica (MARCHINI; FERRIOLI, MORIGUTI, 1998).
O envelhecimento é assinalado por uma perda progressiva de massa corpórea, bem como pela mudança na maioria dos sistemas do organismo: sensorial, gastrointestinal, metabólico, cardiovascular, renal, neurológico, psicossocial, musculoesquelético. Todas essas modificações influenciam direta ou indiretamente no estado nutricional do idoso, em especial, as modificações do trato gastrointestinal (TGI). Entre os fatores que comprometem o estado nutricional dos idosos podemos citar a redução da acuidade dos órgãos dos sentidos; alterações na cavidade bucal; diminuição do consumo de alimentos mais duros tipo carnes, frutas e verduras cruas; alterações gástricas e intestinais pela redução de movimentos peristálticos e da secreção de ácido clorídrico (HCl), enzimas digestivas, fator intrínseco, sais biliares; alterações metabólicas no pâncreas, fígado e rins, com dificuldades no processo digestivo; uso prolongado de medicamentos, entre outros fatores (JUNIOR, 2007).
A ingestão de alimentos, em geral pode ser diretamente relacionada com estados mórbidos de pacientes idosos. Quanto menor for à ingestão calórica, por ocasião da internação, mais previsível será que os pacientes sejam mais velhos, tenha peso menor, maior taxa de dependência funcional e maior morbidade, medida pela maior presença de doenças associadas. Pode-se afirmar que a má nutrição do idoso se correlaciona, positivamente e independentemente, com períodos de internações mais longos e maior mortalidade. A perda de peso do idoso frequentemente vem associada à anorexia, sendo esta muitas vezes diagnosticada como a causa da perda de peso. Esta anorexia está associada a um maior efeito inibidor do apetite, provocado pela colecistoquinina, menor efeito de opióides e do óxido nítrico. Uma variedade de condições sociais, psicológicas e médicas também resultam em anorexia patológica, entre elas, a síndrome depressiva, neoplasias e artrite reumatóide (MARCHINI; FERRIOLI; MORIGUTI, 1998).
As alterações na composição corporal ocorrem na terceira década de vida, havendo uma diminuição na massa magra e um aumento do tecido adiposo, justificando assim o aumento de peso que ocorre nos adultos jovens e as perdas involuntárias desde os 60 anos (REGI; JUNIOR; CASTRO, 2007).
Em muitos indivíduos a diminuição da ingestão energética é superior à diminuição do gasto energético, resultando numa perda de peso (essencialmente massa magra). A perda de massa magra tem efeitos adversos estando associada ao comprometimento metabólico, fisiológico e funcional (XARÁ; DIAS; MOTA).
As mudanças fisiológicas que interferem no estado nutricional são a diminuição do metabolismo basal, redistribuição da massa corporal, alterações no funcionamento digestivo, alterações na percepção sensorial e diminuição da sensibilidade à sede. Com exceção das duas primeiras, todas as outras podem interferir diretamente no consumo alimentar (QUINTERO-MOLINA, 1993; NOGUÉS, 1995).
Ainda de acordo com os autores, quando se inclui uma ingestão alimentar diminuída, ou seja, composta por refeições pequenas sem as refeições intermediárias pode levar a uma redução da ingestão dos macro e micros nutrientes, propiciando as deficiências nutricionais sub-clínicas. Este processo de redução do consumo de energia se deve à diminuição do gasto energético durante o envelhecimento, pois o corpo irá precisar de menos energia para as suas funções.
A pele fica mais fina, sem o tecido adiposo subcutâneo. Na verdade, o organismo pode usar ainda várias substâncias como fonte de energia além dessas, se for possível. Há grande perda de massa muscular e as feições do indivíduo ficam mais próximas ao esqueleto e caveira. A força muscular é mínima no caso e a consequência seguinte é o óbito (QUINTENO-MOLINA, 1993; NÓGUES, 1995).
Segundo Souza (2007) a desnutrição leva à confusão mental e a uma série de sintomas vagos de difícil diagnóstico. Há perda de peso, fraqueza, queda de cabelos, inchaço, alterações da cor da pele e dentre outras alterações mostradas na tabela 1.
Para Junior (2007), a desnutrição no idoso levar há várias complicações, dentro delas podemos relacionar que no sistema imune, o corpo humano não vai receber os nutrientes necessários para produzir as células de defesa. Logo, são comuns infecções intestinais subseqüentes, respiratórias e outros acometimentos. A duração das doenças é maior e o prognóstico é sempre pior em comparação a indivíduos normais. A cicatrização é lentificada. Mas que pode ocorrer um quadro de anemia ferropriva relacionada à desnutrição quando a questão do sangue. As complicações decorrentes da desnutrição podem ser a anemia severa, diminuição da secreção do ácido clorídrico no estômago e, em função disso, proliferação de bactérias, resposta muito lenta do sistema imunológico, visto que o organismo não possui nutrientes para produzir células de defesa e perda de massa por parte de vários músculos, no caso do coração, isto pode acarretar em morte. Tendo como consequências, menor atividade física devido à hipotrofia muscular ou disfunção orgânica; piora de estados mórbidos em geral; insuficiência cardíaca congestiva (proteína, tiamina, magnésio e potássio); perda de peso e massa muscular; dificuldade de cicatrização de feridas; redução dos eritrócitos e do debito cardíaco; falência múltipla de órgãos; aumento dos custos e da permanência hospitalar; Osteopenia (falta de vitamina D, cálcio, vitamina C, proteína, fósforo, sal, álcool).
A desnutrição no idoso resulta em sério comprometimento do seu estado geral e está associada ao aumento da susceptibilidade às infecções e à redução da sua qualidade de vida, acarretando maior morbidade e mortalidade. Entretanto, a desnutrição protéico-calórica é vista, infelizmente, como parte normal do processo do envelhecimento, sendo, com frequência, ignorada (OTERO et al., 2002).
Mas quando relacionamos ao sistema tegumentar, podemos observar que a pele do idoso sofre alterações que são próprias do envelhecimento, como a perda da elasticidade, tornando-se mais susceptível a lesões quando o paciente está restrito ao leito. A lesão mais frequente de ocorrer no paciente acamado são as úlceras de decúbito. Apresentando incidência de 10-20% e taxa de mortalidade de 70% ao ano. São desencadeadas por uma compressão com tempo maior que duas horas sobre uma área tecidual restrita, produzindo isquemia dos vasos sanguíneos, esta provocando anóxia, morte celular e inflamação em cadeia, levando a necrose tecidual (CHRISTOFANI, 2006).
A principal alteração que podem ser observadas no sistema musculoesquelético no que dizem respeito a encurtamento, atrofia muscular, diminuição da área da fibra, número de sarcômeros em série e aumento de tecido conjuntivo, resultando em rápida rigidez muscular. Esse aumento de tecido conjuntivo forma uma barreira mecânica que dificulta o suprimento sanguíneo para as fibras musculares, provocando diminuição dos capilares para a fibra com consequente atrofia muscular e diminuição da força muscular. Além disso, a proliferação de tecido conjuntivo faz com que as fibras colágenas tenham contato mais íntimo umas com as outras, podendo estimular a formação de ligação cruzada anormal, o que resulta em perda da extensibilidade e aumento na rigidez tecidual (FERRIOLLI; MORIGUTI, 1998).
Tendo também como consequências às contraturas que são definidas como limitação da amplitude de movimento (ADM) a ponto de impedir um desempenho normal de sua função. A imobilidade articular prolongada é o fator de risco mais reconhecido para o surgimento de artrofibrose. No processo do envelhecimento fisiológico há redução de massa muscular, com a imobilidade este processo é mais intenso e acelerado. Nota-se uma perda maior em membros inferiores do que nos membros superiores. A má nutrição e a falta de mobilidade levam a perda de massa óssea de forma rápida, isto ocorre devida a falta de atividade muscular, falta de descarga de peso corporal, baixa ingestão de cálcio e falta de exposição solar. Observa-se um declínio na resistência elástica, o osso torna-se mais quebradiço e, portanto mais susceptível as fraturas (TEIXEIRA, 2006).
Sarcopenia ou perda de massa muscular é um fenômeno constante do envelhecimento. Entre 25-75 anos a massa muscular diminui 19% no homem e 12% na mulher. Embora a etiologia da sarcopenia seja multifatorial, dentre as consequências mais temíveis estão às alterações da mobilidade e do equilíbrio, repercutindo na prevalência aumentada de quedas e fraturas. No envelhecimento normal do sistema neuromuscular ocorre diminuição do tamanho e do numero de fibras musculares, diminuição do número de unidades motoras e funcionais e aumento de colágeno intratissular. Com isso, ocorrer perda da massa muscular, fibrose muscular, diminuição da velocidade de contração rápida (fibras tipo IIa). Disfagia é a deglutição normal onde é um processo fisiológico que envolve uma atividade neuromuscular complexa cuja coordenação resulta no efetivo transporte do alimento da boca até o estômago. Onde pode ser entendida como um distúrbio que dificulta ou impossibilita a digestão de alimento ou saliva, comprometendo uma ou mais fases da deglutição: oral, faríngea, esofágica ou esôfago-gástrica (MARCHINI; FERRIOLI; MORIGUTI, 1998).
Evidencia-se redução de 25 a 50% do volume corrente, do volume-minuto, da capacidade respiratória máxima, da capacidade vital e da capacidade de reserva funcional, havendo ainda, redução da PaO2 e alterações na relação V/Q. As secreções da mucosa tendem a acumular e a tosse pode ser ineficaz por causa da piora da mobilidade ciliar e da fraqueza dos músculos abdominais. Uma explicação para a diminuição das capacidades é que o movimento diafragmático fica diminuído, há redução da excursão torácica, da amplitude de movimento das articulações costovertebrais e costocondrais, a respiração torna-se mais superficial. A mobilidade diafragmática reduzida, fraqueza dos músculos intercostais e função ciliar comprometida predispõem o individuo a infecções respiratórias e pneumonias hipostática (JUNIOR, 2007).
Podemos observar uma mudança no sistema cardíaco do idoso, onde ocorre um aumento da freqüência cardíaca (FC) máxima, redução do débito cardíaco e diminuição da utilização de oxigênio periférico causa declínio no consumo máximo de O2, redução do retorno venoso e consequentemente redução do volume de enchimento e do volume de ejeção. Na má nutrição que ocorre no idoso tendo como consequência, contraturas dos MMII e a falta do efeito bomba dos músculos da panturrilha predispõem a estase venosa que associado a hipercoagulabilidade e lesões nas paredes dos vasos formando a tríade de Virchow facilita a formação de trombose venosa profunda. A embolia pulmonar é responsável por 20% das mortes dos pacientes acamados e é consequência da trombose venosa profunda. A isquemia arterial aguda dos MMII é causada por uma obstrução ateromatosa da artéria tendo como manifestação um quadro insidioso de palidez do membro, dor intensa, hipotermia, ausência de pulso e por fim gangrena. As contraturas de joelho e quadril são uma das causas de fechamento da luz arterial e formação de trombos, levando a isquemia do membro. A diminuição da tolerância ao ortostatismo, ou seja, hipotensão ortostática, também compõe uma das consequências da imobilidade devido à desnutrição que ocorre no sistema cardíaco (LEDUC, 2002).
Um diagnóstico seguro de desnutrição requer o uso de uma combinação de várias medições e uma conscientização de que valores anormais isolados devem ser tratados com precaução. Portanto outros autores empregaram uma combinação de seis medições (IMC, prega cutânea do tríceps, circunferência do músculo do meio do braço, atrofia muscular temporal, atrofia de gordura de Bichat e nível de albumina do soro) (CAMPOS, 2003).
O diagnóstico da deficiência nutricional não deve basear-se exclusivamente neste método. Além disso, algumas enfermidades apresentam sinais e sintomas semelhantes apresentados na desnutrição, sendo importante conhecer a história clínica do paciente para evitar um diagnóstico nutricional incorreto. A doença quase sempre ocorre em modificações do metabolismo do paciente, não só pela própria enfermidade, como também pelo tratamento efetuado. O objetivo da avaliação nutricional é diagnosticar o estado nutricional e identificar pacientes com risco aumentado de complicações devido ao seu estado carencial e, consequentemente, criar opções para tratamento com o intuito de diminuir a morbidade e mortalidade. O exame físico é um método clínico utilizado para detectar sinais e sintomas associados à desnutrição. Esses sinais e sintomas apenas se desenvolvem em estágios avançados da depleção nutricional (SOUZA, 2007).
Para o tratamento do paciente desnutrido usualmente as equipes devem consistir de uma enfermeira, uma nutricionista, um clínico, fisioterapeuta e um farmacêutico (SOUZA, 2007). O uso de medicamentos demonstra em estudos recentes que pessoas com mais de 65 anos consomem quantidade maior de suplementos vitamínicos e minerais do que as mais novas e em doses bastante elevadas, podendo resultar em intoxicações e sérios efeitos colaterais. É importante ressaltam que os fármacos podem interferir no apetite e comprometer a ingestão adequada dos alimentos, pois podem apresentar efeitos colaterais como alteração da palatabilidade, redução da sensibilidade olfativa, xerostomia, hipocloridia, náusea (MONTEIRO; GAVA, 2007).
O tratamento nutricional está indicado para pacientes desnutridos, em risco nutricional, grave disfunção metabólica, dificuldade ou incapacidade de alimentar-se através do trato gastrointestinal, incapacidade de ingerir os alimentos via oral. Existem três tipos de terapia nutricional, que são nutrição enteral, nutrição parenteral e a nutrição mista (BRITO, 2007).
O objetivo deste estudo é o de destacar o papel da fisioterapia na desnutrição em idosos, através de objetivos, recursos e técnicas específicas que visem promover uma melhor qualidade de vida a estes pacientes.
Metodologia
A pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica tipo levantamento. Com este propósito, foi realizada uma revisão de publicações na área de saúde sobre o tema em questão, através de artigos científicos, sites especializados na área, artigos de domínio público, além de trabalhos monográficos e citações de livros.
Resultados
Antes de traçar- se uma conduta fisioterapêutica com seus respectivos objetivos deve-se obter as necessárias informações na avaliação global do idoso, para que seja coerente o tratamento de cada paciente, uma vez que a desnutrição como qualquer outra patologia compromete de forma assimétrica as pessoas idosas. Os aspectos mais importantes há serem avaliados são: coloração da pele; úlceras de pressão; manchas na pele e descamação; tônus muscular; mediante a inspeção e palpação podemos estar observando a presença de contraturas; alterações posturais; já na perimetria o trofismo. No caso a avaliação funcional é de fundamental importância, pois através dela podemos notar as limitações do idoso, ADM (fraqueza muscular); marcha (presença de alterações posturais); como é bastante comum que de acordo com que o envelhecimento natural acontecer, é bastante comum no idoso quando acometido por desnutrição ter comprometimento respiratório e ausculta pulmonar; expansibilidade torácica; padrão respiratório; freqüência respiratória, como também os comprometimentos circulatório, perfusão; TVP e por último na avaliação os comprometimentos neurológico como a cognição; coordenação e o equilíbrio.
Diante do exposto podemos dizer que a úlcera é uma lesão da pele, causada pela interrupção do suprimento sanguíneo para a área, provocada por diversos fatores como pressão, cisalhamento e fricção ou os três juntos.
De acordo com Smeltzer; Bare (2005) com o envelhecimento na pele do idoso vai surgindo mudanças fisiológicas naturais. Onde perde elasticidade, ficando seca e escamosa deixando mais susceptíveis a irritações.
Potter; Berry (2004) diz que o dado relativo à avaliação da mobilidade serve para obter dados relativos à qualidade do tônus e força muscular.
Na avaliação funcional avalia a capacidade do individuo realizar suas tarefas da vida diária, utilizando como parâmetro a escala de Baennel e o índice de Katz para saber a pontuação e independência; assistência ou dependência desse paciente.
Inspeção realizada com o paciente a certa distância do examinador de frente de costas e de lado, na posição estática observa fácies e características gerais do corpo, nível dos ombros e pelve, presença de edemas, cicatrizes, derrames. Na Inspeção dinâmica estudo da marcha.
Palpação pode ser dos tecidos moles e estruturas ósseas. Pode localizar um sintoma doloroso.
Perimetria é a medida de circunferência dos membros, utilizando a fita métrica para essa avaliação, na coxa torna-se ponto de partida a borda supra-patelar. Em individuo de estatura baixa demarca 5, 10, 15 e nos de estatura alta demarca-se 7,14,21. No braço e antebraço (região proximal, terço medial e região distal.
Para o encurtamento, perda da extensibilidade, aumento da rigidez tecidual e contraturas ou limitação da ADM (amplitude de movimento) é indicado o alongamento global, pois esta manobra aumenta a mobilidade dos tecidos e com isso melhora a ADM através do aumento do comprimento das estruturas que antes possuíam encurtamento adaptativo e tornaram-se hipomóveis com o tempo. Quanto à atrofia muscular e diminuição da força muscular, fazem-se exercícios resistidos de forma manual ou mecânica, além de exercícios isométricos, concêntricos e excêntricos por estes favorecerem o aumento da capacidade máxima de produzir força, ou seja, o aumento da força muscular, a qual é obtida primordialmente pelas adaptações neurais e o aumento no tamanho da fibra muscular (KISNER; COLBY, 2004).
A imobilidade articular juntamente com suas decorrentes complicações que compreendem a redução de massa muscular e massa óssea, ambas ocasionadas pela desnutrição são prevenidas ou tratadas pela Cinesioterapia. Este recurso fisioterapêutico tem por objetivos com a realização de exercícios passivos e ativos manter, corrigir e/ou recuperar uma determinada função, ou seja, restabelecer a função normal do corpo ou até mesmo manter o bem estar do paciente (GUIMARÃES; CRUZ, 2003).
O tratamento das fraturas, provenientes da perda de massa óssea e resistência elástica variam de acordo com o local afetado, mas em ambas a fisioterapia tem o principal objetivo de readquirir a função deste membro e a independência o mais breve possível. Para isto o fisioterapeuta utiliza analgesia não farmacológica com TENS e/ ou massagens, o Laser para cicatrização, alongamento, Cinesioterapia, exercícios metabólicos, isométricos, resistidos e dentre outras técnicas e recursos fisioterapêuticos disponíveis que podem ser adotados com o intuito de melhorar o quadro do paciente desnutrido (FILHO, 2004).
Nas complicações respiratórias, a fisioterapia atua por meio das terapias de higiene brônquica e de expansão pulmonar. Portanto a Terapia de higiene brônquica utiliza técnicas não invasivas e invasivas que realizam a depuração das vias aéreas, tendo como principais objetivos deslocar e eliminar as secreções presentes nas vias respiratórias e consequentemente favorecer o intercâmbio gasoso, elas compreendem a aerosolterapia, drenagem postural, percussão torácica, vibrocompressão torácica, técnicas de estimulação da tosse, terapia expiratória manual passiva (TEMP), Flutter, Pressão Positiva nas Vias Aéreas (EPAP) e aspiração traqueobrônquica (SCANLAN; MYSLINSKI, 2000).
Complementando o tratamento pulmonar, a Terapia de expansão pulmonar visa prevenir ou corrigir atelectasias, estas que favorecem o aumento proporcional da FR, crepitações na ausculta pulmonar, ruídos pulmonares brônquicos, redução dos ruídos respiratórios na presença de secreções superabundantes, taquicardia ou ainda hipoxemia (WILKINS; SCANLAN, 2000). Assim sendo, estas manobras têm como objetivos aumentar a ventilação alveolar e impedir a ocorrência da hipoventilação pulmonar, por meio de suas técnicas envolvendo manobras manuais, manobras orientadas pelo fisioterapeuta e as manobras com uso de aparelhos, compreendendo a Manobra de Compressão e Descompressão Pulmonar, cinesioterapia respiratória, Incentivadores Respiratórios, Respiração por Pressão Positiva Intermitente (RPPI) e a Oxigenoterapia (PRESTO; PRESTO, 2003).
Dentre as complicações cardiovasculares, vale ressaltar que a trombose venosa profunda é prevenida com a realização de exercícios ativos de bombeamento, ou seja, movimentos de dorsiflexão, flexão plantar e circundução do tornozelo de forma regular durante o dia e sendo empregada enquanto o paciente estiver em repouso. Caso o paciente não consiga realizar tais exercícios ativamente ou o mesmo não deambula, o fisioterapeuta realiza os movimentos passivamente (KISNER; COLBY, 2004).
Conclusão
O idoso com desnutrição provoca um grande impacto na saúde pública, pois os profissionais na sua maioria, não possuem uma visão ampla de abordagem geriátrica não estando preparados para o atendimento integral ao idoso doente.
Deve-se ter em mente a necessidade da sociedade de entender que o envelhecimento de sua população é uma questão que ultrapassa a esfera familiar e a responsabilidade individual, alcançando o âmbito público.
Por este motivo, é de vital importância que se promova o envelhecimento saudável ou ativo, a manutenção e a melhoria da capacidade funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde e a reabilitação daqueles que apresentam algum déficit de sua capacidade funcional, de modo a garantir-lhes permanência no meio que vivem, exercendo de forma independente sua autonomia e suas funções na sociedade.
A reabilitação de funções e atenção focada nos problemas que são buscados ativamente é fator preponderante para minimizar as condições desfavoráveis e o alto custo para a atenção a este estrato etário.
Portanto, a fisioterapia entra como coadjuvante no tratamento das complicações na desnutrição da pessoa idosa e que pode está bastante debilitado devido ao seu estado carencial. Então com isso podendo favorecer uma melhor qualidade de vida para esses indivíduos.
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