ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO PSICOMOTORA EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL PÓS PANDEMIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11580537


Ana Márcia Santos Maciel;
Marcus Paulo Meireles Pereira;
Orientadora: Prof. Dra. Bruna Ferreira Macedo.


RESUMO

A paralisia cerebral ou a encefalopatia infantil crônica não progressiva é a condição que afeta a musculatura e consequentemente a motricidade do individuo, a fisioterapia visa trata-la e obter o máximo de avanço com o paciente, contudo durante a pandemia o tratamento presencial foi suspenso por todo o globo, o que pode acarretar impactos negativos para o indivíduo como um todo. OBJETIVO – Analisar os impactos motores causados pela ausência do tratamento fisioterapêutico durante o período pandêmico em crianças com Paralisia Cerebral. MÉTODO: Por meio de uma revisão sistemática da literatura através do método PRISMA, foram admitidos ensaios clínicos publicados entre 2020 à 2024. A busca envolveu as bases de dados LILACS, SCIELO e Pubmed. RESULTADOS: Foram encontrados 180 artigos, na qual 10 se tornaram elegíveis para análise. CONCLUSÃO: De acordo com os estudos analisados tornou-se possível observar que o afastamento do tratamento fisioterapêutico durante o período de isolamento da pandemia de covid, houve impacto diretamente negativo sobre indivíduos com paralisia cerebral, resultando nos retrocessos nas habilidades psicomotor já adquiridas antes do isolamento social, e assim observar-se aumento de espasmo musculares e redução da estabilidade postural assim levantando a necessidade de métodos que permitam a continuação do tratamento mesmo em tempos de pandemia.

DESCRITORES: Paralisia Cerebral, Covid, Fisioterapia, Tratamento e Encefalopatia.

ABSTRACT

Cerebral palsy is a chronic not progressive childhood encephalopathy that affectsthe individual’s muscles and consequently the motor skills. Physiotherapy aims to treat it and obtain maximum progress with the patient, however during the pandemic in-person treatment was suspended across the globe, which can havenegative impacts on the individual as a whole.

OBJECTIVE – To analyze the motor impacts caused by the asence of physiotherapeutic treatment during the pandemic period in children with Cerebral palsy. METHOD: Through a systematic reiew of the literature using the PRISMA method, clinical trials published between 2020 and 2024 were admitted. The search involves the LILACS, SciELO and Pubmed databases. RESULTS: 180 articles were found, of which 10 were considered eligible for analysis. CONCLUSION: According to scientific studies, it became possible to observe that the withdrawal from physiotherapeutic treatment during the isolatio period of the covid pandemic, had a directly negative impacto on individuals with cerebral palsy, resulting in setbacks in the psychomotor skills already acquired before social isolation, and thus na increase in muscle spasm and a reduction in postural stability are observed, thus raising the need for methods that allow treatment to continue even in times of pandemic.

DESCRIPTORS: Cerebral palsy, covid, physiotherapy, treatmant and encephalopathy.

INTRODUÇÃO:

A paralisia cerebral (PC) também conhecida como a Encefalopatia crônica não progressiva é uma doença de carácter neurológico que compromete o desenvolvimento motor fazendo com que o individuo tenha atrasos motores, espasmos e alteração de tônus. É uma condição que parte do nascimento da criança e será pertinente por toda sua vida.

A fisioterapia visa amenizar os impactos da condição na criança com PC proporcionando o avanço de marcos motores, incentivando a estabilização de postura e assim permitindo a independência funcional do indivíduo. O tratamento pode levar anos para que a criança venha a desenvolver a motricidade e funcionalidade.

Durante o período pandêmico o tratamento foi interrompido levando o afastamento das crianças com PC das clínicas e hospitais, a impossibilidade momentânea de prosseguir com o tratamento pode ter levado a consequências motoras e regresso no desenvolvimento do individuo, embora em algum momento tenha se iniciado o atendimento online e tratamento com acompanhamento virtual não se sabe ao certo o alcance do tratamento e afetividade do mesmo longe das clínicas e da orientação profissional correta.

O presente estudo visa analisar a importância do tratamento fisioterapêutico presencial e observar o impacto que a ausência ao tratamento adequado pode causar a indivíduos com PC, logo assim levantado a análise do impacto que a falta de acesso ao tratamento fisioterapêutico pode causar as crianças com paralisia cerebral. O estudo visa responder: A ausência da reabilitação da criança com paralisia cerebral pode impactar seu progresso de forma negativa ?

MÉTODO

Realizou-se uma revisão sistemática da literatura (RSL) conforme os critérios descritos no Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). Realizou-se uma revisão sistemática da literatura (RSL) conforme os critérios descritos no Reporting Items for Systematic Reviews and Meta- Analyses (PRISMA) que consiste em um conjunto de 27 itens destinados a aprimorar o relato de revisões sistemáticas e meta-análises. Este método tem um foco principal nas revisões que avaliam os efeitos de intervenções, mas também pode servir como um guia para as revisões sistemáticas dentro da literatura. Diante disso, o método PRISMA possui utilidade na melhoria da qualidade de revisões sistemáticas.

Foi realizada uma revisão sistemática na literada (RSL) baseada no Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses(PRISMA) produzida e definida de modo independente por dois pesquisadores sobre o tema: A a- tuação da fisioterapia na reabilitação psicomotora em crianças com paralisia cerebral no pós covid.

Busca e identificação de artigos

A pesquisa ativa dos artigos nas bases de dados LILACS, Pubme e SciELO no qual envolvendo o cruzamento de dados de palavras-chaves colocadas segundo a classificação dos descritores da saúde (DeCS). A pesquisa foi realizada nas bases de dados de forma simplificada e também realizada por uma busca manual sendo utilizada as bases de dados. Foram utilizados e cruzados os seguintes descritores: paralisia cerebral, Covid, fisioterapia, tratamento e encefalopatia, a partir da conciliação dos operadores OR e AND, conforme as características de cada base de dado. As buscas foram realizadas no período de março a maio de 2024.

Seleção de evidências

Para alcançar a estrutura do objetivo de estudo, foi organizada uma pergunta com base na estratégia (Patient Intervetion Comparison Outcome) PICO: A ausência da reabilitação da criança com paralisia cerebral pode impactar seu progresso de forma negativa? Foram lidos os títulos e os resumos dos artigos apresentados pelas plataformas de busca, os estudos que tratava da temática dessa pesquisa foram selecionados para a leitura na íntegra. Ao realizar a leitura dos artigos foram analisados de acordo com os critérios de exclusão e inclusão pré-estabelecidos, sendo selecionados aqueles que consideravam os critérios de inclusão.

Critérios de inclusão e exclusão

Os critérios de inclusão estudos clínicos randomizados, publicados na língua portuguesa e inglesa, nos últimos 04 anos (2020– 2024) e que abrange o tema sobre: A atuação da fisioterapia na reabilitação psicomotora em pacientes com paralisia cerebral pós-covid-19. Os critérios de exclusão: revisões sistemáticas, estudos que não abordem essa temática e estudos que utilizem outras abordagens terapêuticas que não seja a fisioterapia, e artigos não indexados ou indisponíveis na íntegra nas bases de dados. Pós a leitura dos artigos fora extraída de cada estudo e alocados em uma tabela (Tabela 1).

Sumarização dos dados

Dos estudos escolhidos, foram extraídos os seguintes dados: autores e ano de publicação, características da amostra, intervenção, resultados e por fim, as conclusões pertinentes dos estudos analisados.

RESULTADOS

A busca inicial identificou 3214 estudos que foram localizados com a mesclagem dos descritores propostos conforme Tabela 1, contudo nem todos se adequavam nos critérios elegíveis. Primeiramente foi realizado a leitura dos títulos sendo excluídos 2370 estudos duplicados entre as plataformas e linguagens, ao se analisar minuciosamente os títulos foram excluídos 670 por não estarem de acordo com os critérios de inclusão. Logo após 174 artigos foram elegíveis para leitura de resumo, no qual 138 foram excluídos por estarem incompletos ou por não agregarem os critérios de inclusão, foi realizado uma leitura completa dos textos e observado que 38 estudos foram considerados não elegíveis por falta de dados completos. Ao final 10 artigos se tornaram elegíveis e foram selecionados para esse estudo de revisão sistemática conforme o fluxograma da Figura 1.

Tabela 1 – Número de artigos encontrados após o cruzamento dos Decs nas respectivas bases de dados:

BASEDECS 1 Cerebral palsy And CovidDECS 2 Cerebral palsy And Physiotherapy Or TreatmentDECS 3 Encephalopathy And Covid And PhysiotherapyDECS 4 Physiotherapy And Encephalopathy And Treatment And CovidTOTAL
Pubmed150125999841592
SciELO181008101621
LILACS00101
Total15120691008943214

Figura 1. Fluxograma de análise e seleção dos Estudos. Fonte: Elaborado e analisado pelos autores 2024.

A tabela abaixo demonstra os principais dados extraídos dos 10 artigos que se tornaram elegíveis para o estudo ( Tabela 2).

AUTOR ANOAMOSTRAINTERVENÇÃORESULTADOCONCLUSÃO
Bhaskar et al. (8) 2022101 cuidadoresQuestionário com intuito observacional para os cuidadores avaliarem as principais diferenças e impactos em crianças que obtiveram melhoras com o tratamento antes da pandemia e como se apresentaram após o período de isolamento social.Como resultado foi possível mensurar a degradação física em 54 crianças e a intensificação nas deformidades em 34 crianças. Conclui-se que o isolamento e o afastamento do tratamento foi maléfico para o tratamento no qual regrediu os ganhos físicos e intensificou as deformidades na criança 
Biyik et   al.(2) 2021103 criançasQuestionário contendo 20 questões que visava avaliar a funcionalidade e a incapacidade para compreender possíveis alterações funcionais e musculares no período pandêmico, avaliada a motricidade grossa e o comportamento infantil. Como resultado foi possível levantar que 41% teve aumento de ansiedade, e 34% teve aumento na dor, 67% teve aumento do tônus muscular, e 60% teve redução em amplitude de movimento devido ao distanciamento do tratamento. Pode-se concluir que a ausência do tratamento e o distanciamento do mesmo afetou negativamente as crianças, tendo o impacto direto em seus ganhos o que resulta na regressão do seu tratamento.
Oliveira et al. (6) 202447 crianças com paralisia cerebralQuestionário com o intuito de identificar os efeitos da pandemia sobre crianças com paralisia cerebral que continuaram com o processo de tratamento a domicilio ou remoto e com as que se afastaram do tratamento.Como resultado foi possível observar que mesmo as crianças a continuarem a tratar-se a domicilio houve regresso no quadro de estado da mesma, também havendo um aumento no nível de ansiedade da criança. Os cuidadores creem não terem manejado adequadamente.É notável que as crianças tiveram piora, assim é possível concluir que a ausência do tratamento é um fator que irá fazer o regresso do tratamento.
Sterren et al. (10) 2024 98 cuidadores responderam pelas criançasFoi realizado para os pais um questionário com 27 questões que visava um levantamento de analise sobre o desenvolvimento psicossocial, o ambiente escolar e o tratamento da criança sendo comparado o seu estado em 2019 e o estado durante o período  de isolamento social Foi identificado que houve regressão no desenvolvimento da criança em relação a 2019 e a 2021 no qual se observa um regresso motor, e a deterioração que se tem nos vínculos de pares, contudo se é possível observar o que o autocuidado teve melhora.Na dimensão do autocuidado foi possível observar melhora, contudo, no âmbito motor e psicossocial tivesse regresso. 
Elkholi et al. (1) 2023309 criançasQuestionário no qual se tinha o objetivo avaliar os aspetos educacionais e  da saúde, assim como o estado funcional, o medo e seu desenvolvimento no isolamento social.  Foi constatado que na primeira onda da pandemia 75% das crianças haviam tido comprometimento no qual a mobilidade, a espasticidade e a amplitude tiveram o destaque.Conclui-se que a interrupção e a ausência ao tratamento gera percas no qual é perceptível nas crianças com paralisia. 
Capan et al. (3) 2023316 cuidadoresFoi realizado com os pais um questionário com o objetivo observacional de principais impactos e das diferenças em crianças que obtiveram melhorias com o tratamento e por conta da pandemia se afastaram do tratamento e seu estado depois do isolamento social.Foi levantado com o presente estudo que 280 crianças tiveram melhoras antes do período pandêmico, mas, no período de isolamento social foi observado perca de habilidades obtidas e assim resultando em regressão do estado de tratamento delas.Conclui-se que o distanciamento do tratamento foi prejudicial a 280 crianças que por conta da pausa no tratamento se notou retrocesso físico-motor em habilidades antes já obtidas.
Fulya et al. (4) 202336 criançasFoi realizado um teste e um questionário com 18 crianças que continuaram o tratamento durante a pandemia e 18 crianças que interromperam no período pandêmico seu tratamento, depois sendo comparado os resultados entre elas.  Os parâmetros de caminhada e de funcionalidade foram significativamente melhores no grupo que continuou com o tratamento mesmo durante o isolamento social comparado ao que se ausentou do tratamento.Conclui-se que os indivíduos que continuaram o tratamento durante a pandemia conseguiram melhores resultados em comparação com aqueles que se ausentaram. Logo, deve-se planejar algo que possibilite a continuação do tratamento em futuras pandemias.
Pizzighell o et al. (5) 2023110 cuidadoresQuestionário no qual foi destinado aos cuidadores visando avaliar os efeitos do isolamento social em habilidades motoras, na fala e no comportamento dessas crianças.    Notou-se um ponto positivo devido a interação com a sua família, contudo, os fatores funcionais e os comportamentais sofreram impactos no qual foram leve regresso nos ganhos obtidos em seu tratamento.  É possível concluir que o período de isolamento teve impactos diferentes sobre as crianças, com variações conforme os atributos de cada criança e de cada família.
Karatekin et al. (7) 2021110 criançasForam acompanhadas 110 crianças no centro de reabilitação no qual foi levado em conta a dor, espasticidade, e a data de administração do ácido botulínico, no qual as mesmas iriam realizar os exercícios a domicílio e a um prazo serem reavaliados.   Notou-se resultado a qual foi insatisfatório, pois no primeiro contato 5 crianças se queixaram de dor e no segundo houve um aumento considerável na espasticidade em 29 crianças.  As crianças com encefalopatia devem possuir acompanhamento em intervalos curtos por via de telemedicina e quando necessário elas devem ir para o atendimento em hospitais com o intuito de evoluir os exercícios.  
Asano et al. (9) 20211 CriançaRelato de caso clínico de 1 criança de 7 anos na qual levou se em conta as atividades funcionais, no qual foi realizado antes do período pandêmico e logo depois do período de pandemia.   Foi levantado uma redução na função motora no período  de isolamento, no qual teve redução da capacidade de manter a postura sentada, e redução da capacidade de suportar o peso das extremidades inferiores.   A frequência ao tratamento se tornar crucial e através dela se tem o ajuste a função motora o que é essencial em crianças na encefalopatia, e como resposta a futuras pausas de tratamento é necessário um esforço para a melhora dos atendimentos a distância online.  
Tabela 2 – Estudos relacionados a revisão sistemática. Fonte: elaborado pelos autores 2024.

DISCUSSÃO

A atuação da fisioterapia na reabilitação psicomotora de pacientes na  paralisia cerebral pós covid

Diante do exposto, os artigos pesquisados dentro das plataformas de dados são representados por estudos de casos em crianças que possuem a paralisia cerebral, no qual vivenciaram o período de pandemia e que enfrentaram as dificuldades na ausência em relação ao tratamento. Na análise feita, é possível observar como foi o processo de isolamento para tais crianças, como elas reagiram dentro desse período e, como a ausência no tratamento impactou a funcionalidade de cada indivíduo. Em um estudo realizado com 309 participantes através de um questionário, segundo Elkholi1, “Foi constatado que na primeira onda da pandemia 75% das crianças tiveram retrocesso no qual a mobilidade, a amplitude e a espasticidade foram afetadas”, isso mostra como o primeiro afastamento no tratamento da reabilitação obteve impactos negativos na evolução desses pacientes.

Outro estudo realizado com 103 crianças através de um questionário por Biyik2, “foi observado que 41% tiveram aumento no nível de ansiedade, e 34% tiveram aumento em fator de dor, 67% tiveram aumento de tônus muscular e 60% tiveram redução em amplitude de movimento, 82% foram afastado da reabilitação presencial e online devido a pandemia”, no estudo representado por Biyik2 é possível identificar não somente impactos motores, mas também é possível observar os aspetos emocionais, tal como foi representado o percentual de 41% em ansiedade nessas crianças, o que é um ponto negativo em bem-estar emocional, já o percentual de 34% sugere dor devida à questões secundárias. No estudo dirigido por Capan3 no qual também foi realizado um questionário guiado por 316 participantes “Foi observado que pelo menos 280 crianças tiveram melhoria com o tratamento pré pandemia, contudo mais da metade teve deterioração dos ganhos devido ao isolamento social e ao afastamento do tratamento. Esse estudo mostra que mesmo no início da pandemia, essas crianças conseguiram evoluir no início, contudo a maioria sofreu deterioração pelo afastamento no tratamento.

Quando comparado as crianças que continuaram o tratamento durante a pandemia com as crianças que interromperam se torna notável a diferença de desenvolvimento motor, segundo Fulya ‘Os parâmetros de caminhada e de funcionalidade foram significativamente melhores no grupo que continuou com o tratamento mesmo durante o isolamento social comparado ao que ausentou-se do tratamento.’4 Logo se torna perceptível a importância da continuação do tratamento com a criança mesmo em períodos pandêmicos, embora a pandemia tenha afetado as crianças de maneiras diferentes5, ainda se mantém relevante a continuação do tratamento fisioterapêutico.

Como contramedida a interrupção do tratamento foi sugerido e realizado os atendimentos a distância, ou de outra forma a continuação dos exercícios a domicilio, contudo, de acordo com o estudo de Oliveira6 embora algumas crianças tenha tido o atendimento em suas casas ainda assim houve piora em sua motricidade, alguns cuidadores acreditam não terem realizado o manejo certo para com a criança6 e em outro estudo que também considerou os exercícios a domicilio destaca-se também não ter tido resultados satisfatórios, sendo destacado o aumento da dor e da espasticidade em alguns pacientes7 no estudo de Karatekin ele visa reduzir o tempo de intervalo, assim destaca “As crianças com paralisia cerebral devem ser acompanhadas por telemedicina em intervalos curtos”7.

Devido ao isolamento seguido de um afastamento do tratamento fisioterapêutico a é possível concluir que o declínio de acesso ao tratamento causou drásticos impactos de mobilidade as crianças com algum tipo de deficiência física8 destaca-se comum entre os artigos as principais perdas sendo perda de amplitude de movimento, redução de capacidade de manter-se sentado, e aumento da dor e espasticidade tal como é destacado por Asano em análise clínica do paciente que teve tratamento antes da pandemia e teve seu retorno pós período pandêmico9.

Em uma segunda análise, também podemos observar a parte benéfica no momento de isolamento social como mostra um estudo, que ocorreu por meio de uma aplicação de um questionário envolvendo 110 cuidadores das crianças, Pizzighello5 “O isolamento social teve impactos positivos devido a interação com a família, contudo fatores comportamentais e funcionais sofreram impactos podendo ser observados na reabilitação”. Esse estudo mostra como o isolamento social teve um papel positivo sobre a aproximação família, com mais interação e convívio com as crianças. Da mesma forma

Sterren destaca em seu estudo que “A dimensão do autocuidado sofreu um impacto positivo” 10, logo torna-se importante levantar também que o isolamento impacto positivo” social devido ao período de pandemia também trouxe benefícios como aumento da proximidade familiar e também do aumento em autocuidado não se destacando somente pontos negativos.

Com a análise destes estudos é possível observar o impacto negativo no âmbito da motricidade infantil em crianças com paralisia cerebral, demostrando que o afastamento devido ao período pandêmico causou severos retrocessos nos ganhos promovidos pelo tratamento fisioterapêutico. Alguns estudos destacam a necessidade de buscas alternativas para continuação do tratamento durante uma pandemia futura.

CONCLUSÃO

Com base nas evidências levantadas é possível observar os impactos que a pandemia causou ao tratamento fisioterapêutico a crianças com paralisia cerebral, sendo notável que o afastamento do tratamento causa impactos negativos na motricidade deteriorando a amplitude de movimento, alterando o equilíbrio postural e resultando também no aumento de espasmos musculares. Diante disso, destaca-se a importância do tratamento continuo da fisioterapia em crianças com paralisia cerebral, colocando em destaque que o afastamento do tratamento resultará no retrocesso dos seus ganhos obtido ao longo das sessões.

O tratamento fisioterapêutico tem se mostrado efetivo em crianças com PC, é inegável os ganhos obtidos com seu tratamento, contudo, em caso do afastamento do tratamento se terá redução dos ganhos, a tentativa de continuação a domicílio sendo orientada é uma alternativa em caso de outra pandemia ou em caso de necessidade de afastamento do tratamento, contudo o

mesmo não tem resultados tão significativos quanto ao tratamento presencial, sendo necessário uma boa orientação sobre o manejo com a criança e também um período de intervalo muito curto entre uma consulta e outra para se analisar se o manejo está correto e se os exercícios estão condizentes com o estado atual da criança.

O estudo evidência a necessidade do tratamento fisioterapêutico mesmo em período pandêmico, pontuando que o afastamento do tratamento terá impactos negativos para a criança.

REFERÊNCIAS:

1-Elkholi SM, Aldhahi MI, Al Awaji NN. Exploring the Influence of the Coronavirus Disease 2019 Pandemic on the Accessibility of Rehabilitation Services Provided to Children with Disabilities: A Cross-Sectional Study. Medicina (Kaunas, Lithuania) [Internet]. 2023 Apr 26 [cited 2024 May 20];59(5):837.

2-Bıyık KS, Özal C, Tunçdemir M, Üneş S, Delioğlu K, Günel MK. The functional health status of children with cerebral palsy during the covid-19 pandemic stay-at-home period: a parental perspective. The Turkish Journal of Pediatrics. 2021;63(2):223

3-Capan N, Ozden Ozyemisci Taskiran, Evrim Karadag-Saygi, Ebru Yilmaz Yalcinkaya, Huner B, Aydin R. The impact of the COVID-19 pandemic on children with disabilities and their parents or caregivers. 2023 Jan 1 [cited 2023 Jul 18];1(1):75–82

4-Fulya Senem Karaahmetoğlu, Esra Pehlivan, Zeynep Betül Özcan. The activity levels and quality of life of physically disabled children who continued or did not continue rehabilitation during the COVID19 pandemic. Work. 2023 Dec 15;76(4):1285–91.

5-Pizzighello S, Uliana M, Michela Martinuzzi, Matteo, Cipriani M, Breda M, et al. The perceived impact of Covid-19 pandemic on the children with cerebral palsy: the parents’ perspective explored within the “6-F words” framework. Child and Adolescent Psychiatry and Mental Health. 2023 Feb 15;17(1).

6-Oliveira P, Isabella Pessóta Sudati, Gabrielle L, Carolina A. Physical Therapy Services During COVID-19 Pandemic: Perception of Families of Brazilian Children With Physical Disabilities. Pediatric physical therapy. 2024 Mar 29;36(2):217–23.

7-Karatekin BD, İcagasioglu A, Sahin SN, Kacar G, Bayram F. How Did the Lockdown Imposed Due to COVID-19 Affect Patients With Cerebral Palsy? Pediatric Physical Therapy. 2021 Jul 27;Publish Ahead of Print.

8-Bhaskar AR, Gad MV, Rathod CM. Impact of COVID Pandemic on the Children with Cerebral Palsy. Indian Journal of Orthopaedics. 2022 Jan 18;

9-Asano D, Kikuchi N, Yamakawa T, Morioka S. Decline in Motor Function during the COVID-19 Pandemic Restrictions and Its Recovery in a Child with Cerebral Palsy: A Case Report. Children. 2021 Jun 17;8(6):511.

10-Natalia Herrera Sterren, Fantini F, Berra S. Terapias, vínculos y calidad de vida de niños, niñas y adolescentes con parálisis cerebral: vivencias y percepciones de sus cuidadores durante la pandemia. Andes pediatrica. 2024 Feb 27;95(1):61