ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO MANEJO E PREVENÇÃO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11665321


1Milene Gomes Miranda,
2Alexandre Venâncio dos Santos,
3Camilla Aparecida Dias,
4Adriana Ponciano Sarkis Rocha


RESUMO

Segundo a Organização Mundial de Saúde a adolescência é o período de grandes transformações físicas e psicossociais, pelo despertar da sexualidade e separação simbólica dos pais, apresentando influência das particularidades de vida e da personalidade em cada indivíduo, o que implica a necessidade de educação sexual para alertar os adolescentes sobre os riscos que eles podem encontrar. Diante disso os adolescentes necessitam de uma atenção especializada, pois ainda têm pouco conhecimento sobre ISTs e percebem de forma ineficaz o risco de contrair tais infecções e de engravidar precocemente. O objetivo desse estudo será realizar uma revisão da literatura sobre infecções sexualmente transmissíveis, o manejo do enfermeiro frente a educação sexual e prevenção da gravidez na adolescência. Por não se tratar de pesquisa e nem dados de seres humanos, não se faz necessário a aprovação do Comitê de Ética. Trata se de uma revisão bibliográfica, constituída pelo uso de artigos científicos. Será efetuada uma revisão de literatura sobre tal temática através de bancos de dados, como, SciELO, Sociedade Brasileira de Pediatria, Diretrizes da OMS, Ministério da Saúde, para posterior comparação das diferentes informações encontradas nesses bancos de dados, listando e abordando as principais informações sobre IST, gravidez na adolescência e o manejo da enfermagem frente a tal problemática. Foram pesquisados artigos com os seguintes descritores: IST, assistência prestada, gravidez, adolescência, educação sexual e enfermagem. Os critérios de inclusão serão: artigos publicados entre 2018 e 2023, originais, em língua portuguesa, que obedeçam às palavras chaves descritas. Essa revisão identificou o papel do enfermeiro na abordagem a IST e gravidez a população adolescente, destacando seu papel na educação sexual, prevenção de IST, planejamento familiar, analisando as estratégias de aconselhamento e orientação oferecidas pelos enfermeiros para promover comportamentos sexuais saudáveis entre os adolescentes e a propagação do conhecimento de prevenção. Com essa pesquisa levantou subsídios para implantação de politicas publicas envolvendo os adolescentes na atenção a saúde, promovendo assim a redução das taxas de IST e gravidez na adolescência. Conclui se que a gravidez na adolescência, apresenta grandes desafios tanto para as jovens mães quanto para os bebês, levando a impactos na saúde física e mental de ambos. A enfermagem não pode desempenhar apenas um papel informativo, mas também atuar como suporte emocional, contribuindo para a formação de adultos responsáveis e conscientes de sua saúde sexual. As estatísticas revelam que as ISTs e a gravidez na adolescência começam a ser desafios na saúde pública, para tal, uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde, educadores e pais, é essencial para enfrentar essa realidade complexa. A conscientização, o acesso à informação e a promoção de práticas sexuais seguras são fundamentais para a saúde e o bem-estar dos adolescentes. Utilizou como fonte financeira recursos próprios dos acadêmicos envolvidos no Projeto.

PALAVRAS-CHAVE: Adolescência, Gravidez, Enfermagem e IST

ABSTRACT

According to the World Health Organization, adolescence is a period of great physical and psychosocial transformations, due to the awakening of sexuality and symbolic separation from parents, influencing the particularities of life and personality in each individual, which implies the need for sexual education for warn teens about the risks they may encounter. Therefore, adolescents need specialized attention, as they still have little knowledge about STIs and ineffectively perceive the risk of contracting such infections and becoming pregnant early. The objective of this study will be to carry out a review of the literature on sexually transmitted infections, nurses’ management of sexual education and prevention of teenage pregnancy. As this is not research or data from human beings, approval from the Ethics Committee is not necessary. This is a bibliographic review, consisting of the use of scientific articles. A literature review will be carried out on this topic through databases, such as SciELO, Brazilian Society of Pediatrics, WHO Guidelines, Ministry of Health, for subsequent comparison of the different information found in these databases, listing and addressing the main information about STIs, teenage pregnancy and nursing management in the face of this problem. Articles will be searched with the following descriptors: STI, assistance provided, pregnancy, adolescence, sexual education and nursing. The inclusion criteria will be: articles published between 2018 and 2023, original, in Portuguese, that comply with the key words described. This review is expected to identify the role of nurses in addressing STIs and pregnancy in the adolescent population, highlighting their role in sexual education, STI prevention, family planning, analyzing the counseling and guidance strategies offered by nurses to promote healthy sexual behaviors among adolescents and the spread of prevention knowledge. The aim of this research is to raise subsidies for the implementation of public policies involving adolescents in health care, thus promoting the reduction of STI and teenage pregnancy rates. It is concluded that teenage pregnancy presents major challenges for both young mothers and babies, leading to impacts on the physical and mental health of both. Nursing cannot only play an informative role, but also act as emotional support, contributing to the formation of adults who are responsible and aware of their sexual health. Statistics reveal that STIs and teenage pregnancy are beginning to be challenges in public health. Therefore, a multidisciplinary approach, involving health professionals, educators and parents, is essential to face this complex reality. Awareness, access to information and the promotion of safe sexual practices are fundamental to the health and well-being of adolescents. It will use the resources of the academics involved in the Project as a financial source.

KEYWORDS: Adolescence, Pregnancy, Nursing and STI

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência, é o período atingido entre 10 e 19 anos de idade, onde é caracterizado por um período de grandes transformações físicas e psicossociais, pelo despertar da sexualidade e separação simbólica dos pais, apresentando influência das particularidades de vida e da personalidade em cada indivíduo. A adolescência se inicia com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida sua personalidade e crescimento físico, transitando assim, entre a infância e a vida adulta.

Confusão entre o mágico e o real, entre ser criança e começar a assumir responsabilidades caracterizam esse momento, tornando os adolescentes vulneráveis o que dificulta uma utilização efetiva de métodos contraceptivos e a prática saudável de relações sexuais. Somando a busca constante por novidades, experiências, associado ao uso de álcool e drogas expõem os adolescentes a riscos relacionados principalmente à sexualidade, desenvolvimento, gravidez e mais especificamente às infecções sexualmente transmissíveis (IST).

 Nesse momento, temos a descoberta do prazer sexual, o que implica a necessidade de educação sexual para alertar os adolescentes sobre os riscos que eles podem encontrar. Diante disso, a sexualidade deve ser abordada diante da necessidade de aprofundar os jovens nesse assunto de forma efetiva.

As IST são consideradas um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo. Onde a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em mais de 1 milhão de casos novos de IST por dia no mundo. Nesse contexto, a importância da escola tem sido discutida como um espaço de socialização, em que o diálogo entre amigos e professores pode ser compreendido como um espaço para tratar de aspectos relacionados às ISTs, assim como práticas de promoção da saúde.

Diante do citado anteriormente, temos a percepção de que os adolescentes necessitam de uma atenção especializada, pois iniciam sua vida sexual quando ainda têm pouco conhecimento sobre ISTs e percebem de forma ineficaz o risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis devido à falta de práticas efetivas de proteção ou engravidam precocemente. Na maioria das vezes não estão preparados para assumir tal responsabilidade devido à inexperiência, falta de acesso à informação e a sua imaturidade. Por isso, objetivou se realizar uma revisão da literatura das infecções sexualmente transmissíveis, do manejo do enfermeiro frente a educação sexual e prevenção da gravidez na adolescência.

2 METODOLOGIA

O trabalho realizado não envolveu pesquisa e nem dados de seres humanos, descartando avaliações clínicas laboratoriais, e portanto, não foi necessário a aprovação do Comitê de Ética. Tal estudo se trata de uma revisão bibliográfica, constituída pelo uso de artigos científicos. Foi efetuada uma revisão de literatura sobre tal temática através de bancos de dados, como, SciELO, Sociedade Brasileira de Pediatria, Diretrizes da OMS, Ministério da Saúde, de um modo em que serão comparadas as diferentes informações encontradas nesses bancos de dados, listando e abordando as principais informações sobre IST, gravidez na adolescência e o manejo da Enfermagem frente a tal problemática. Foram pesquisados artigos com os seguintes descritores: IST, assistência prestada, gravidez, adolescência, educação sexual e enfermagem. Os critérios de inclusão serão: artigos publicados entre 2018 e 2023, originais, em língua portuguesa, que obedeçam às palavras chaves descritas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os adolescentes estão na fase de conhecer seu corpo, de criar novas experiências, de ter as emoções na flor da pele. É nessa fase que ocorre o despertar para a sexualidade e isso acontece de maneira individual. Isso os torna suscetíveis a comportamentos de risco, com relações sexuais desprotegidas, o que aumenta o risco de contrair IST.¹

Muitos jovens vivenciam a sexualidade sem regras, com tabus e sobretudo, sem camisinha. São tantos os perigos que os jovens enfrentam sem a devida prevenção, deixando evidente que a conscientização sobre as doenças sexualmente transmissíveis está cada vez mais distante dos objetivos dos jovens. ²

Os vírus, bactérias e microrganismos sãos os principais causadores das IST´s, que são transmitidos pincipalmente por contato sexual seja ele anal, vaginal ou oral sem uso de preservativo masculino ou feminino, com uma pessoa infectada. Essa transmissão também pode ocorrer da mãe para o filho durante a gestação, parto ou amamentação (transmissão vertical). Outra forma de contágio é pela utilização compartilhada de materiais perfuro cortantes, seringas ou agulhas contaminadas. Podendo ser transmitidas também por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas, segundo o ministério da saúde.¹

Existem vários tipos de ISTs com sinais, sintomas e características distintas como corrimentos, feridas e verrugas anogenitais. Algumas possuem fácil tratamento e rápida resolução, outras, porém, possuem um longo e difícil tratamento e podem persistir ativas apesar da melhora aparente do paciente e podem levar a complicações graves e até a morte. Dentre os tipos de ISTs podemos citar: AIDS/HIV, Cancro mole, Condiloma acuminado ou HPV, Gonorreia, Clamídia, Herpes, Tricomoníase, Vaginose bacteriana, Danovanose, Hepatite B entre outras¹

A adolescência é uma fase importante para o desenvolvimento do indivíduo e é nessa etapa que a maioria inicia a atividade sexual. Diante da falta de experiência são apontados como grupo de risco para as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).²

Atualmente, jovens e adolescentes estão cada vez mais cedo iniciando sua vida sexual, e esse fato aumenta os riscos de se infectar com doenças sexualmente transmissíveis e também de transmiti-las aos seus parceiros. O uso de preservativos é a prevenção mais adequada para evitar essas infecções, contudo, jovens e adolescentes e até mesmos os adultos optam em não usar preservativos, mesmo tendo um número elevado de parceiros sexuais no decorrer da vida³. São fatores que constituem fatores vulneráveis à saúde. De acordo com os Módulos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2019 apontaram que aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) ao longo do ano, o que corresponde a 0,6% da população adolescente.4

Segundo a UFMG em 2019, os jovens de 15 a 19 anos estão na faixa etária considerada de maior risco para ISTs. Isso se dá por causa do desejo de autonomia, com relações com múltiplas parcerias sexuais, uso menos frequente de preservativos e uso de drogas e álcool durante a prática sexual. Associados à maior dificuldade de acesso ao sistema de saúde, de informações, falta de acolhimento e aconselhamento, entre outras vulnerabilidades sociais e econômicas.5

A não prevenção no início da vida sexual é uma das preocupações do Ministério da Saúde. Nesse contexto, o papel dos pais é fundamental no início da vida sexual de seus filhos/filhas adolescentes, pois devem conversar sobre o assunto, explicando quais os cuidados que dever ser tomados para prevenir, ou seja, não pegar doenças sexualmente transmissíveis de seus parceiros. Contudo são notórios que a minoria dos pais que encontram coragem para dialogar com seus filhos sobre o assunto. 6

A quantidade de pessoas que optam pelo sexo com proteção está diminuindo, principalmente entre os jovens e adolescentes, resultando nos últimos anos, no âmbito nacional o aumento considerável de ocorrências de IST.  Por isso, o diálogo entre os pais e seus filhos adolescentes sobre como prevenir as infecções sexualmente transmissíveis e fazer sexo seguro é fundamental nos dias de hoje. O tema não é simples, porém é uma das maneiras de tentar amenizar as infecções e transmissões das doenças sexualmente transmissíveis.6

É essencial o diálogo entre os pais e os filhos/filhas adolescentes, pois cabe a eles conversar e explicar sobre educação sexual, bem como fazer para evitar uma gravidez precoce. Na fase da adolescência os jovens querem liberdade, pois querem fazer e experimentar várias coisas de uma vez, contudo sem responsabilidades. Frequentam festas, baladas e muitos encontros, a maioria acaba bebendo e agindo sem pensar, ou seja, sendo irresponsáveis em suas ações.6

Mesmo que alguns jovens e adolescentes detenham conhecimento sobre sexo e doenças sexualmente transmissíveis, eles não têm percepção para lidar com a sexualidade em geral, aumentando os riscos de IST, bem como de gravidez indesejada. No entanto, é na busca de liberdade e de vivenciar novas experiências sexuais, que os adolescentes estão mais propícios a contraírem as ISTs, pois são imaturos e não responsáveis pelos seus atos, não pensam nos riscos à sua saúde para o futuro.7

Uma preocupação constante do processo de transição entre a infância e a fase adulta, é o ímpeto adolescente em vivenciar novas experiências, não levando em consideração às consequências e riscos à sua vida, decorrentes das práticas sexuais precoce.8

Assim sendo, o trabalho diário dos pais nessa fase da adolescência não é fácil, pois é exaustiva a repetição constante do mesmo assunto, porém para o bem dos seus filhos futuramente, é necessária tal empreitada.8

O atendimento direto ao público adolescente é um desafio, pois a maioria que necessitam não comparece nas palestras marcadas pelo setor da Saúde. Nesse contexto, para que os profissionais da saúde alcancem um número razoável de jovens e adolescentes nas palestras para o desenvolvimento de ações educativas, é necessário realizar uma parceria com as escolas que atendem esse público alvo.9 

A educação em saúde, no âmbito escolar é uma tática essencial para elevação da saúde bem como da prevenção através da sensibilização e conscientização dos adolescentes, porém os profissionais da enfermagem devem estar preparados para acolher esse público, e se acaso, surgirem dúvidas referente à sexualidade deve ser oferecido um diálogo qualificado e informações relacionadas às dúvidas existentes. Os adolescentes devido à falta de oportunidade para conhecer sua sexualidade como algo natural e sem preconceitos acabam gerando para si mesmo, sentimentos de ansiedade, dúvida, culpa e medo.9

As visitas domiciliares também são indispensáveis na educação em saúde desses jovens, pois podem ser esclarecidas as dúvidas individualmente. Esse interesse motiva a confiança do adolescente, possibilitando ao profissional da saúde reconhecer as dúvidas de cada jovem, esclarecendo as várias formas de prevenção, influenciando-os diretamente.9

Assim sendo, a atuação da enfermagem substitui os pais que não possuem as disposições para orientar seus filhos adolescentes em sua realidade, ou seja, um diálogo aberto sobre a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce, assim tendo comportamento sexual responsável e seguro, tornando-os adolescentes e futuros adultos conscientes.10

Diante da problemática do tema, o papel da enfermagem no manejo e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e da gravidez precoce em adolescentes é imprescindível, uma vez que, as IST são consideradas um dos maiores problemas de saúde pública, seguida pelo aumento de adolescentes grávidas.10

O enfermeiro atua em diferentes áreas da saúde, dentre elas na saúde do adolescente, onde suas atuações desempenhadas nas Unidades de Saúde são realizadas por uma equipe multidisciplinar, na qual o enfermeiro está enquadrado. Vale ressaltar que na equipe, as funções de todos os profissionais envolvidos são fundamentais para alcançar os objetivos propostos. São várias as medidas preventivas existentes, dentre elas, destacam-se as ações realizadas pelo enfermeiro, através de palestras e programas de educação em saúde para esclarecimento de dúvidas, proporcionando aos adolescentes orientações pertinentes ao uso de métodos contraceptivos a fim de evitar a gravidez precoce e as ISTs. Assim sendo, a cada ação realizada, o enfermeiro contribui na propagação de informações adequadas tanto sobre as doenças sexualmente transmissíveis, quanto à questão do uso do preservativo.10

O trabalho realizado pelo enfermeiro referente a esses assuntos é minucioso e o resultado é em longo prazo, pois ele não deve só orientar, mas também escutar, acolher e ajudar os adolescentes a adaptar o que é melhor para eles. É essencial que os adolescentes entendam e saibam lidar com as mudanças da puberdade, tornando-se adultos sexualmente ativos, saudáveis e responsáveis.10

Em perspectivas futuras, a adoção de programas regulares de saúde que abordam as questões da puberdade entre os adolescentes pode ser um meio com condições adequadas para sessões de debates e questionamento sobre a saúde sexual e reprodutiva.11

A gravidez precoce se demonstra como um problema de saúde pública e social, observou se que ela causa danos à saúde da puérpera (mãe) e ao seu bebê. A maioria das adolescentes, não possuem condições psicológicas e nem socioeconômicas para assumir tal responsabilidade, visto que, elas ainda estão no processo de amadurecimento físico e mental.11

Discutir gravidez na adolescência implica a necessidade de competência, empatia, respeito e muita paciência, pois os adolescentes estão em processo de aprendizado da autonomia, do cuidado e controle de si e da sua sexualidade. A gravidez na adolescência não se refere exclusivamente à desinformação sexual, mas também ao desejo de ter um filho na adolescência, seja para a adolescente testar a sua feminilidade através de um teste da sua capacidade reprodutiva ou seja pelo próprio desejo de ser mãe, por acreditar que um filho pode fazer seu parceiro ficar, também se refere ao mau uso de métodos contraceptivos e a imaturidade para tomar decisões.12

Do ponto de vista biológico, temos como fatores de risco para a mãe: risco de pré-eclâmpsia, hipertensão, anemia, diabetes gestacional, complicações no parto que podem levar ao óbito materno-infantil, vulnerabilidade mental. E para o bebê: baixo peso ao nascer, parto prematuro, doenças respiratórias, complicações neonatais e até mesmo óbito, anemia, icterícia e problemas neurológicos.12

Já pelo ponto de vista social, observamos que questões como escolaridade, início precoce de atividades sexuais, ausência de educação sexual, situação socioeconômica vem se apresentando diretamente como fatores de risco para a gravidez precoce, tal fato ainda pode trazer o encurtamento da adolescência, diminuição das oportunidades futuras, abandono escolar e do trabalho, queda no orçamento financeiro familiar, além de ter chances de abandono pelo parceiro, conflitos e abandono familiar, discriminação social o que interfere na estabilidade emocional desta jovem.12

O enfermeiro apresenta um papel crucial na prevenção da gravidez precoce, ele por meio de palestras, programas de educação em saúde podem trazer orientações pertinentes ao uso de métodos contraceptivos a fim de evitar a gravidez precoce e as ISTs, sobre anatomia e fisiologia do sistema reprodutor. Ele deve não só orientar, mas também escutar, acolher e ajudar os adolescentes a moldar o que é melhor para eles.12

Os jovens necessitam de entender e saber lidar com as mudanças da puberdade para que se tornem adultos com uma vida sexual saudável. A adoção de programas regulares de saúde que abordem as questões da puberdade entre os adolescentes pode ser uma fonte de qualidade para discutir a saúde sexual e reprodutiva.13

A enfermagem deve desempenhar um papel complementar para substituir os pais que não possuem as habilidades para orientar seus filhos adolescentes no sentido de um comportamento sexual responsável e seguro. E também temos o papel indispensável e competência legal para atuar em ações de promoção em saúde, consultas de enfermagem, no acolhimento e em visitas domiciliares, além, obviamente, de sua importante função na educação em saúde desses jovens.12

Os métodos contraceptivos são formas de se evitar a gravidez e a contaminação por IST. A escolha do método deve ser individual e deve contar com o auxílio de um profissional especializado, não existe um método 100% eficaz, todos possuem uma possibilidade de falha. Os métodos contraceptivos podem se dividir em métodos de barreira que evitam o contato direto entre os órgãos sexuais e impedem a entrada do esperma no útero, prevenindo assim, contra ISTs e gravidez. Temos o preservativo masculino e feminino, ou camisinha, consistem em uma capinha de látex fina, resistente, que “veste” o pênis durante a relação sexual. Quando ocorre a ejaculação, retém o esperma, impedindo que entre em contato com a vagina, ou camisinha feminina que parece um saco plástico, composto de dois anéis flexíveis em cada extremidade. Ambas devem ser colocadas antes do início da relação sexual.14

Também temos o diafragma, que é uma capinha de látex que a mulher coloca no fundo da vagina em até 2 horas que antecedem a relação sexual, o que cobre o colo do útero e impede a entrada do esperma no útero. Indica-se que ele seja utilizado juntamente com um espermicida para garantir maior segurança. Ele deve ser retirado 6 á 8 horas do ato sexual, devendo ser lavado com água e sabão e armazenado em estojo para um posterior uso.14

Já o espermicida, consiste em uma substância química que recobre a vagina e o colo do útero, impedindo a entrada do esperma no canal cervical bioquimicamente, imobilizando os espermatozoides ou destruindo-os. Porém possui baixa eficácia.14

Os métodos anticoncepcionais hormonais são constituídos por hormônios que agem impedindo a ovulação ou que atuam dificultando a passagem dos espermatozoides para o interior do útero. Possui a desvantagem de evitar apenas a gravidez, sendo então ineficaz contra as ISTs.14

Dentre eles temos os anticoncepcionais injetáveis que age inibindo a ovulação e causando espessamento do muco cervical. Anticoncepcional oral ou pílula, que são comprimidos que contém hormônios esteroides isolados ou em associação com outros hormônios. Sua finalidade básica é impedir a concepção. Implante subcutâneo, é a base de Progesterona, que impede a ovulação. Ele é introduzido sob a pele e vai liberando doses diárias no organismo. O anel vaginal é um plástico flexível que libera estrógeno e progesterona na parede vaginal. Cada anel é destinado a um ciclo de uso (3 semanas de utilização, seguida por uma semana sem o anel), ele é inserido no fundo do colo do útero.14

Temos também o adesivo anticoncepcional, constituído por um pequeno adesivo que é utilizado sobre o corpo, deve ser trocado semanalmente (3 semanas de uso e uma sem). Agem evitando a ovulação e dificultando a penetração dos espermatozoides no óvulo.14

Os  métodos comportamentais ou naturaissão técnicas para obter ou evitar a gravidez mediante a observação de sinais e sintomas que ocorrem no organismo feminino. Ogino-Knaus ou tabelinha, se baseia na observação de vários ciclos menstruais, a fim de determinar o período fértil.14

Temperatura basal, fundamenta-se em observar as alterações da temperatura basal que ocorrem ao longo do ciclo menstrual, onde deve ser verificada diariamente a temperatura basal, pela manhã (oral, vaginal ou retal), registrar a temperatura, quando houver o aumento persistente por 4 dias significa que este é o período fértil.14

Muco cervical ou Billings, se baseia na auto-observação das características do muco cervical. No período fertil temos o muco transparente, elástico, escorregadio e fluido, a vulva fica mais úmida e lubrificada.14

Os métodos sintotérmicos se baseiam em parâmetros indicadores de possível ovulação, como: aumento da temperatura basal, dor abdominal, sensação de peso nas mamas, mamas inchadas e doloridas, variação no humor ou libido, distensão abdominal e outros.O coito interrompido, se baseia no autocontrole por parte do homem para que ele retire o pênis da vagina, antes que ejacule, evitando que o esperma seja depositado na vagina.LAM (método da amenorreia da lactação), evita a gravidez porque o funcionamento dos ovários é reduzido e não ocorre a ovulação.14

Dispositivo intrauterino é um objeto plástico flexível em forma de T, que pode ser adicionado cobre ou hormônios. É inserido dentro do útero pela vagina e evita a gravidez. Pode ser retirado quando a mulher desejar ou caso venha provocar algum problema.14

Por fim os métodos definitivos são métodos cirúrgicos que garantem a esterilização. Podem ser realizados tanto na mulher, por meio da ligadura das trompas, como no homem, através da vasectomia. Como estes métodos são de caráter definitivos, deve-se levar em consideração a possibilidade de arrependimento da mulher ou do homem.

Anticoncepção de emergência ou “pílula do dia seguinte”. Deve ser usado somente em situações emergenciais, para evitar uma gravidez indesejada após relação sexual desprotegida, e não de forma regular para substituir outro método anticoncepcional.14

4 CONCLUSÃO

Mediante aos artigos e banco de dados encontrados foi possível analisar que durante a adolescência há uma grande demanda para educação sexual, as grandes mudanças e novidades na vida desses jovens implicam na sua busca pela sexualidade e  abre portas para as ISTs. Esse artigo demonstrou que abordagem adequada da sexualidade contribui significativamente para a prevenção dessas infecções, comportamento de risco e gravidez precoce. Durante a confecção desse artigo nota-se que o enfermeiro deve implementar programas de educação sexual nas escolas, tirando possíveis duvidas e buscando ter uma participação ativa dos educadores e apoio dos familiares. Ao abrirmos oportunidades para dialogar e discutir suas duvidas sem preconceitos e julgamentos podemos ter adolescentes mais conscientes e responsáveis, capazes de fazer escolhas saudáveis e seguras.

REFERÊNCIAS

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1Estudante de graduação em enfermagem , UNIFENAS 0009-0005-8399-8623 Autor para correspondência tel: (35) 999511907 e-mail: milene.miranda@aluno.unifenas.br

2Estudante de graduação em enfermagem , UNIFENAS 0009-0008-32718961

3Estudante de graduação em enfermagem , UNIFENAS 0009-0001-6269-6870

4Enfermeira e Mestre em ciências da saúde, docente pela UNIFENAS 0000-0002-8075-6486