REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10193668
Thiago Paulino Domingos1
Resumo
A atuação da enfermagem na urgência e emergência pediátrica, tanto na rede pública quanto na rede privada, tem-se como um dos desafios possuir uma maior autonomia não somente para a realização de procedimentos, mas também para a realização de prescrição de medicamentos devidamente protocolados, uma vez que atuando o enfermeiro na emergência, em especial na pré-hospitalar, se faz necessário muitas vezes que a administração desses medicamentos devem ocorrer em questão de minutos e até mesmo de segundos a depender de cada caso. Assim, o objeto desse estudo é a atuação do profissional de enfermagem e seus desafios encontrados no antendimento de urgência e emergência tanto em crianças como em adolescentes, expondo a atuação e a autonomia do enfermeiro em situações durante o atendimento pediátrico.
Traremos ainda nesse estudo, alguns questionamentos como: Qual o nível de autonomia a equipe de enfermagem tem em casos de urgência e emergência pediátrica? Qual o treinamento/capacitação recebido pela enfermagem que atua no campo da emergência pediátrica? Através de um estudo de natureza descritiva com questionamentos estimativos, responderemos a essas e outras duvidas sobre o atendimento pré-hospitalar na urgência e emergência pediátrica.
Palavras-chave: Enfermagem. Urgência e Emergência. Pediatria. Pronto Socorro
1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………………………………………01
1.1 Justificativa……………………………………………………………………………………………………………………………………………………04
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA………………………………………………………………………………………..05
2.1 Conceito de Urgência e Emergência……………………………………………………………………………………………… 06
3. OBJETIVOS………………………………………………………………………………………………………………………08
3.1 Objetivo geral………………………………………………………………………………………………………………………………………………08
3.2 Objetivos específicos………………………………………………………………………………………………………………………………08
4. A Inserção da equipe de enfermagem no cenário de urgência. 09
4.1 Breve histórico……………………………………………………………………………………………………………………………………………09
4.2 A enfermagem no ambiente pediátrico………………………………………………………………………………………….11
5 O primeiro contato da criança e familiares com a equipe ……………………………………….12
6 A admissão da criança…………………………………………………………………………………………………….14
6.1 A avaliação de enfermagem no pronto-socorro………………………………………………………………………….14
7 Metodologia………………………………………………………………………………………………………………………15
8 Considerações Finais……………………………………………………………………………………………………….16
REFERÊNCIA…………………………………………………………………………………………………………………………18
1. INTRODUÇÃO
A assistência à saúde dos pacientes em situações de urgência e emergência pediátrica exige um cuidado técnico e emocional, tendo em vista que tal contexto exige uma nova postura dos profissionais da área de saúde. (RIBEIRO et al, 2019, p. 1).
Sendo assim, esse projeto de pesquisa busca analisar o processo de atuação da enfermagem junto a urgência e emergência pediátrica. Segundo Salviano (2017), as unidades hospitalares que prestam serviços emergenciais é imprescindível a necessidade de um conjunto de profissionais das mais variedades áreas, para que desse modo, possa ocorrer um compartilhamento de informações e saberes no âmbito de atuação.
E ainda a assistência realizada pelo profissional de enfermagem aos pacientes pediátricos demanda cuidados técnicos de caráter subjetivo, de modo a compreender a excentricidade, a particularidadee a maneira deexpressão deafeto dessa criança. É de suma importância diante de um quadro emergencial, onde há risco de morte,a construção de um plano de cuidados de enfermagem, que contenha toda assistência fundamentalpara conservação da vida, além de proporcionar atençãoao acompanhante (NEVES et al., 2016).
Para termos um melhor entendimento acerca do tema exposto, definiremos alguns termos utilizado como o de urgência e emergência, onde emergência é: “Condições que impliquem sofrimento intenso ou risco iminente de morte exigindo, portanto, tratamento médico imediato”. Já urgência é: “Ocorrência imprevista com ou sem risco potencial à vida, onde o indivíduo necessita de assistência médica imediata”. (portaria o Ministério da Saúde nº. 354). Dessa forma, ambas as definições pressupõem atendimento médico rápido e proporcional a sua gravidade, sendo a emergência mais grave que a urgência.
Outra situação importante na atuação da enfermagem na urgência e emergência em pediatria, é o acolhimento com a classificação de risco de cada criança e/ou adolescente.
Entende-se por acolhimento, segundo o glossário de termos técnicos do Ministério da Saúde (BRASIL, 2006):
A recepção do usuário, desde sua chegada, responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo sua queixa, permitindo que ele expresse suas preocupações, angústias, e ao mesmo tempo, colocando os limites necessários, garantindo atenção resolutiva e a articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência quando necessário.
Desta maneira, o acolhimento é uma ferramenta que amplia a ação dos profissionais de saúde que atuam no SUS, permitindo a promoção do acesso e da atenção em saúde às reais necessidades de cada usuário (MEDEIROS et al., 2006).
Ou seja, em uma linguagem mais simples, o acolhimento é um modo de operar os profissionais em saúde assumem uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas adequadas aos usuários (pacientes).
Entretanto, observa-se que os Serviços Hospitalares de Emergências Pediátricas, são utilizados por pacientes para resolver queixas que poderiam ser facilmente solucionadas caso houvesse um atendimento resolutivo na Unidade Básica de Saúde. Fazendo de tais situações dos Serviços de Emergências uma porta de entrada para o atendimento, aumentando a demanda de trabalho dos profissionais de saúde, gerando excesso de atendimentos passiveis de resolução na rede básica de saúde e conseqüentemente aumentando o tempo de espera para o primeiro atendimento e superlotando os serviços de emergências.
Após o usuário ter sido acolhido e ter tido uma escuta qualificada de suas necessidades, e constatada a necessidade de consulta de urgência/emergência, ele é classificado conforme as cores vermelha, amarela, verde e azul, representando, respectivamente, paciente com risco de morte, em estado crítico ou semi-critico (porém estável), paciente que requer observação e pacientes não-graves (BRASIL, 2009).
Para a realização da classificação de risco, os serviços indicam e utilizam tecnologias em saúde, como os protocolos de atendimento para realização do Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR). O qual como já mencionado, geralmente se utiliza de cinco cores para classificar o risco e determinar o tempo previsto para atendimento médico, de acordo com o protocolo da Triagem de Manchester (1997): vermelho (prioridade I), com atendimento médico imediato; laranja (atendimento médico em até 15 minutos, podendo ser reavaliado pelo(a)enfermeiro(a) a cada 15 minutos); amarelo (atendimento médico em até 30 minutos, podendo ser reavaliado pela enfermeira a cada 30 minutos); verde (atendimento médico em até 60 minutos, podendo ser reavaliado pela enfermeira a cada 60 minutos); e azul (atendimento médico por ordem de chegada ou direcionado à unidade de atenção primária com garantia de atendimento).
O enfermeiro, ao realizar o acolhimento com classificação de risco, mostra suas competências através de ações que detectam as necessidades do usuário, que muitas vezes se encontra fora de risco de morte e fora de situação que gere vulnerabilidade, não necessitando de uma consulta em nível de emergência.
Portanto, surge outra necessidade nesse estudo, a de compreender as questões envolvidas na discussão acerca do acolhimento com classificação de risco nos casos que realmente se configuram como emergências, e podem ter seu atendimento prejudicado pela demanda não considerada de emergência que vem ocupando os leitos e aumentando a demanda de trabalho aos profissionais de saúde nos Serviços Hospitalares de Emergência Pediátricas, departamento destinado a lidar com os pacientes em iminente risco de morte, gerando assim uma sobrecarga de trabalho e um impacto na qualidade do atendimento prestado.
Pretendemos, assim, contribuir para a qualificação do trabalho e efetividade na tomada de decisões, a fim de atingir a melhoria na assistência prestada à criança (e seus responsáveis) em situações de risco desde o princípio de seu atendimento humanizado preconizado pelo SUS.
1.1 JUSTIFICATIVA
No que diz respeito à atuação da enfermagem na área de atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência pediátrica, esta análise tem como objetivo promover a ampliação do conhecimento científico, esclarecendo dúvidas e destacando o potencial e a importância desses profissionais. Nos dias atuais, é cada vez mais comum nos depararmos com situações de atendimento a crianças e adolescentes que envolvem não apenas doenças comuns, mas também acidentes de trânsito, lesões por agressões físicas, acidentes domésticos e escolares, entre outros.
Essas ocorrências são mais frequentes, especialmente em grandes cidades, e podem resultar em vítimas potencialmente graves, com possíveis sequelas. Além disso, os efeitos desses eventos podem se manifestar posteriormente, dependendo da qualidade e rapidez do serviço prestado. Portanto, é necessário examinar o papel do enfermeiro nesse contexto e ressaltar o aumento da autonomia profissional na administração de medicamentos, bem como outros fatores que podem ser determinantes para a vida dos jovens pacientes.
O estudo do tema proposto justifica-se pelo fato de que a saúde é um direito garantido pela Constituição Federal, e quando se trata de crianças, especificamente na urgência e emergência pediátrica, torna-se essencial avaliar a qualidade do acolhimento e dos procedimentos realizados pela equipe de enfermagem. Nesse sentido, o presente projeto de pesquisa tem como objetivo apresentar a necessidade e os procedimentos realizados na urgência e emergência pediátrica pela equipe de enfermagem, proporcionando um melhor entendimento do seu funcionamento. Pretende-se investigar a demanda, a atuação da equipe de enfermagem e, assim, conscientizar todos os profissionais sobre a importância do cumprimento das normas técnicas e da utilização de metodologias adequadas. Além disso, busca-se compreender a aplicação de práticas humanizadas nesse contexto.
Com essas análises e estudos, espera-se contribuir para o aprimoramento do trabalho e a tomada de decisões mais efetivas, visando melhorar a assistência prestada às crianças e adolescentes em situações de urgência e emergência, em conformidade com os princípios de humanização preconizados pelo SUS.”
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
A princípio, no final do século 18, o médico Barão Dominique Jean notou a grande necessidade de fornecer um atendimento pré-hospitalar para soldados ainda dentro do campo de batalha durante as batalhas Napoleônicas. Nesta etapa, surgiram as chamadas “ambulâncias voadoras”, tracionada a cavalos, destinadas a ganhar tempo para o transporte de feridos no campo de batalha. A condição defendida neste período era que o pessoal que trabalhava nessas “ambulâncias voadoras” deveria receber um treinamento médico para prestar atendimento no local do acidente e durante o transporte dos soldados. (PHTLS, 2008, p.7).
Esse cuidado continuou no século seguinte, levando à criação da Cruz Vermelha Internacional em agosto de 1864, que ao passar dos anos demonstrou a importância de um atendimento rápido e eficaz aos feridos pela primeira vez. (AZEVEDO, 2002 apud RAMOS; Sanna, 2005, p. 356).
No caso da enfermagem, sua presença no cuidado dos feridos foi documentada durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais do século XX, assim como as Guerras do Vietnã e da Coréia. (THOMAZ, 2000 apud RAMOS; Sanna, 2005, p. 356). Esse atendimento a civis com traumas iniciou no século XX, mas seu objetivo era apenas transportar vítimas para o hospital. Outro período importante foi durante a Segunda Guerra Mundial, pois nesse período que o atendimento a vítimas de politraumatismos começou a se alastrar, tendo assim o início do tratamento de pacientes no campo de batalha. Ao longo dos anos, a carência de criar serviços habilitados de trauma em nível pré-hospitalar de forma adequada se mostrou-se necessária e, no final da década de 60, iniciou a composição dos serviços médicos de emergência (BORTOLOTTI, 2008, p. 39).
Nos EUA (Estados Unidos da América), a intensificação dos modernos serviços médicos de emergência – SME aconteceu em 1966 por meio da pesquisa da Academia Nacional de Ciências/Conselho Nacional de Pesquisa (NAS/NRC) com o título “Morte e Incapacidade Acidentais: Doenças Negligenciadas na Sociedade Moderna” (Death and Disability de Acidentes: Uma Doença Negligenciada na Sociedade Moderna), o atendimento pré-hospitalar no país é muito carente, colaborando para o fixação de um sistema formal de atendimento a pacientes acidentados (PHTLS, 2008, p. 14).
No final da década de 1970, com o encerramento do primeiro curso Advanced Trauma Life Support (ATLS) em 1978, apontou uma nova abordagem para a atenção de pacientes traumatizados, uma vez que o trauma foi reconhecido como um distúrbio cirúrgico pelo Comitê de Trauma do American College of Surgeons Durante esta década, ainda nos EUA, os hospitais de emergência investiram nos profissionais de medicina, enfermagem e socorristas que atuam em campo para dar mais qualidade no atendimento. Surgiu o curso ATLS para médicos e um programa de aperfeiçoamento de enfermeiros de pronto-socorro denominado Nurse Trauma Life Support Course – Nurse TLS (ibid, p. 45). Ainda na mesma época surgiu o programa PHTLS (Pre Hospital Trauma Life Support) – Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado. Os primeiros cursos de PHTLS focaram em intervenções de “Suporte Avançado de Vida ( SAV )” para pacientes com trauma em campo até o ano de 1985. Em 1986 , um curso que englobava “Suporte Básico de Vida ( SBV )” também foi desenvolvido. Em 1988, os militares dos Estados Unidos ( EUA ) determinaram de forma rigorosa que seus médicos de combate fossem treinados em PHTLS. Para nós, brasileiros da área da saúde, esse treinamento é conhecido como curso de APH (Atendimento Pré-Hospitalar). Para leigos, a mesma didática é conhecida como curso de primeiros socorros, no entanto, existem muitas diferenças consideráveis.
2.1 CONCEITO HISTÓRICO DA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
No Brasil, o atendimento às vítimas em emergências vem sendo atendidas desde 1893, sugerindo que as preocupações com o atendimento pré-hospitalar são tão antigas quanto em outros países. O Senado da República do Brasil aprovou um plano para a instalação de um centro médico no Rio de Janeiro. Em 1989, no estado de São Paulo, deu-se início ao chamado projeto de resgate, em colaboração com a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Após alguns anos, no final de 1899, o Corpo de Bombeiros da Capital encomendou sua primeira ambulância de tração animal com o objetivo de realizar um serviço de referência, e a partir deste evento, manifestou-se a tradição histórica do Corpo de Bombeiros., pág. 40).
Na área médica, esses conceitos poderiam ser definidos da seguinte forma: emergência médica e urgência médica.
Emergência médica: quadro grave, clínico ou cirúrgico ou misto, de aparecimento ou agravamento súbito e imprevisto, causando risco de morte ou grande sofrimento ao paciente e necessitando de solução imediata, a fim de evitar mal irreversível ou morte.
Urgência médica: quadro grave, clínico ou cirúrgico ou misto, de aparecimento ou agravamento rápido, mas não necessariamente imprevisto e súbito, podendo causar risco de morte ou grande sofrimento para o paciente, necessitando de tratamento em curto prazo, a fim de evitar mal irreversível ou morte.
Em uma situação de emergência/urgência, a prestação dos primeiros socorros é fundamental para a manutenção e o equilíbrio da saúde do indivíduo, os acidentes são situações que acontecem inesperadamente, não escolhem hora, lugar e nem vítimas. Muitas vezes essas situações são previsíveis e geralmente ocorrem devido à quebra de normas de segurança. Podem acontecer em casa, na rua ou no trabalho e algumas necessitam de socorro imediato, a fim de minimizar os danos decorrentes da situação.
Os primeiros socorros são chamados de imediatos quando prestados de forma rápida, ainda no local do acidente, quando a vítima não se encontrar em condições do autocuidado (BRASIL, 2003).
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
- Identificar as dificuldades encontradas por parte dos profissionais de enfermagem na urgência e emergência pediátricas.
- Mostrar a importância da enfermagem na urgência e emergência.
- A participação da equipe de enfermagem em emergências pediátricas.
3.2 Objetivos específicos
- Identificar as dificuldades apontadas pelos profissionais de enfermagem para a assistência a urgência e emergência na pediatria;
- Verificar o conhecimento dos profissionais sobre as políticas públicas da pediatria existentes.
- Conhecer os saberes da equipe enfermagem sobre as ações específicas do setor de urgência e emergência pediátrica.
4 A INSERÇÃO DA EQUIPE DE EMFERMAGEM NO CENÁRIO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
4.1 Breve histórico
Hoje, o atendimento pré-hospitalar no Brasil era dividido em dois modelos, Suporte Básico de Vida (SBV) e Suporte Avançado de Vida (SAV). Porém, no ano de 2022, através da resolução 688/22, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), regulamentou o Suporte Intermediário de Vida (SIV) no atendimento pré-hospitalar em serviços públicos e privados, visando suprir o vazio assistencial que existe entre os serviços básico e avançados. Em quaiquer das modalidades serão realizados por profissionais treinados em atendimento pré-hospitalar (APH) e, sob supervisão médica, utilizará procedimentos não invasivos de salvamento. No SIV as unidades de suporte intermediário devem contar com dois profissionais enfermeiros ou um enfermeiro acompanhado de técnico de Enfermagem, além de condutor de ambulância. No SAV, esse atendimento será realizado integralmente por médicos e enfermeiros, pois nesse modelo serão utilizados procedimentos mais invasivos, mais complexos e que demandam mais conhecimento técnico e científico. Com isso, a atuação da equipe de enfermagem pode estar relacionada à assistência direta aos pacientes críticos que correm risco de morte (RAMOS; Sanna, 2005, p.358).
Para o desenvolvimento dos serviços de emergência, são necessários profissionais qualificados e que atendam aos requisitos específicos para prevenir, proteger e restabelecer a saúde durante essa assistência, seja durante o HPA ou durante as transferências intra-hospitalares. Na prática de enfermagem na APS, a capacidade de raciocinar clinicamente sobre a tomada de decisão e executar intervenções em tempo hábil é uma das competências mais importantes do profissional em enfermagem (GENTIL; RAMOS; WHITAKER, 2008, p.192).
Em relação ao conhecimento científico, com base nos dados obtidos por meio do Questionário de Conhecimentos e Competências, conforme portaria do Ministério da Saúde nº 2.048, o conteúdo teórico e as competências necessárias para a prática nos ambulatórios de urgência e emergência, os enfermeiros entrevistados o classificaram como básico ou suplementar. No mesmo estudo, 84% dos enfermeiros consideraram essenciais os procedimentos básicos de RCP e manuseio de equipamentos necessários ao atendimento de emergência (GENTIL; RAMOS; WHITAKER, 2008, p.194).
Por exemplo, neste questionário, medidas para controle de disfunção respiratória grave e manejo de equipamentos de suporte respiratório básico e avançado; sinais de disfunção respiratória generalizados em crianças; emergências traumáticas ou vítimas de trauma em pacientes adultos, gestantes, idosos e crianças. gravidade do trauma; 80% dos enfermeiros pesquisados consideraram questões básicas, como a forma como os cuidados foram prestados inicialmente e quais técnicas de gerenciamento foram usadas para pacientes gravemente traumatizados (ibid.,pp.194-195).
Seja no Brasil ou em outros países com sistemas de urgência e emergência mais avançados, o caminho percorrido desde a inserção do enfermeiro na área ainda precisa ser consolidado. No entanto, tem-se visto que durante muitos anos o país se engajou nesses serviços, o envolvimento dos enfermeiros se ampliou e se tornou um determinante essencial (RAMOS; Sanna, 2005, p. 358).
Esse acolhimento é uma operação de assistência técnica que transforma a relação entre profissão e usuário por meio de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e solidários. Acolher é buscar, prestar atenção integral a todos que procuram os serviços de saúde, ouvir suas solicitações e adotar uma postura de atendimento que acolha, escute e responda mais plenamente aos usuários. (Andrade, 2016).
A partir dos antecedentes apresentados, fica evidente a importância do tema sobre a promoção da educação permanente dos enfermeiros que atuam na área da pediatria, possibilitando melhorias na assistência prestada pelos profissionais.
4.2 A ENFERMAGEM NO AMBIENTE PEDIÁTRICO
Os departamento de urgência/emergência pediátrica, recebem crianças desde situações simples, até crianças com problemas graves de saúde que requerem atendimento e tratamentos rápidos e imediatos. Esses locais oferecem uma ampla variedade de serviços que atendem às necessidades e garantem todas as medidas possíveis de suporte à vida, proporcionando a continuidade do cuidado no local ou em outros níveis da rede de saúde. (NASCIMENTO et al., 2011).
O atendimento pediátrico requer dos profissionais, além do cuidado técnico, um cuidado subjetivo que enfatize a singularidade, a individualidade e a forma como a criança expressa seus sentimentos e emoções. Para promover uma assistência adequada, os profissionais que atuam nessas unidades devem passar por uma formação técnica e científica especializada, além de uma educação permanente voltada para o autoconhecimento, o que exige que eles dominem suas próprias emoções e tenham consciência de seus próprios limites e possibilidades. (TACSI, VENDRUSCOLO, 2004; AZEVEDO et al., 2010).
Outro foco para a melhoria da assistência prestada é a implantação do acolhimento do usuário e da classificação de risco. Esse ajuste é necessário devido à alta demanda pelos serviços mais complexos prestados por essas unidades. No Brasil, onde a demanda por atendimento é maior que sua capacidade absortiva, fica evidente o desequilíbrio entre oferta e demanda de atendimento, sendo fundamental a reorganização do fluxo de trabalho (AMTHAUER, 2016).
O acolhimento com classificação de risco configura-se como uma nova cultura assistencial, centrada na comunicação entre usuários, profissionais e gestores, por meio da escuta qualificada. Garantia de assistência integral e igualitária a todas as pessoas. Dessa forma, esse acolhimento é uma importante ferramenta na assistência pediátrica, pois é necessário que os profissionais estejam atentos aos desejos e atuação das crianças como indivíduos que podem expressar sua subjetividade e querem ser ouvidos (VERAS, 2015). Além claro, do acolhimento representar uma operação de assistência técnica que transforma a relação entre profissão e usuário.
5. O PRIMEIRO CONTATO DA CRIANÇA E FAMILIARES COM A EQUIPE DE ENFERMEGEM.
Quando chegam aos serviços de emergência, muita das vezes em uma fase aguda de uma doença ou acidente, a vida das crianças e adolescentes correm um alto risco, exigindo que as equipes de apoio atinjam seu potencial para prestar atendimento de urgência e emergência pediátrica o mais rapidamente possível. As equipes de enfermagem são então responsáveis pelo cuidado intensivo do paciente crítico, por meio de avaliação permanente, monitoramento e implementação de procedimentos e técnicas de terapia medicamentosa complementar. Deve também ter protocolos assistenciais, garantir a continuidade do trabalho integrado com a equipe médica, atuar na orientação e acolhimento dos familiares, entre algumas outras funções.
Nas emergências pediátricas, as crianças e adolescentes são as principais vítimas e requerem uma atenção especial, dadas as características físicas e psicológicas desse grupo populacional no país, acometido pelos problemas causados por epidemias infantis, exigindo assim recursos materiais e experiência profissional para Atendimento Urgente.
Diversos fatores levam as crianças e adolescentes para a necessidade de ajuda em uma unidade de atendimento pediátrico, incluindo doenças respiratórias, estados convulsivos, intoxicações, acidentes e traumas, muitas vezes levando à parada cardiorrespiratória. Na maioria dos casos, infecções, parasitoses e processos traumáticos são os principais motivos de internação nessas unidades.
Os profissionais que atuam em serviços de emergência, em especial a pediatria, devem passar por uma formação técnico-científica especializada, bem como por uma educação permanente voltada para o autoconhecimento pediátrico, o que exige domínio das próprias emoções e consciência de seus próprios limites e possibilidades, pois a tensão nesses ambientes de trabalho, se dá entre tantos fatores a falta de capacitação na área da pediatria, o não domínio das emoções por ver a tensão e angústia das crianças e adolescentes, e a pressão dos pais por falta de informação ou pelo tempo de espera no atendimento.
Na década de 1980, foram padronizados os cuidados pediátricos e neonatais conhecidos como suporte básico de vida e suporte avançado de vida pediátrico denominado ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Esses cursos de treinamento em RCP pediátrica foram lançados no Brasil em 1998 pela Sociedade Brasileira de Cardiologia em colaboração com a Academia Brasileira de Pediatria, priorizando a formação de profissionais médicos e, em seguida, profissionais de enfermagem.
Os serviços de atendimento de urgência, principalmente nos grandes centros urbanos, possuem alta demanda de pacientes infantis e as equipes tendem a trabalhar de forma rápida e eficiente para minimizar situações de risco de vida, onde os profissionais devem ser capacitados por meio de cursos especializados e treinamentos em serviço, e a valorização profissional da equipe faz parte desse processo de formação. As equipes de enfermagem reconhecem a necessidade de capacitação para atender crianças em situações de emergência, enfatizando fatores importantes como habilidades e tempo.
Além dos danos físicos e de vida que uma criança sofre em uma emergência, não devemos esquecer a carga emocional, a dor e o sofrimento dos pais e o fato de gerar tensão e angústia em um ambiente de cuidado. As famílias precisam de comunicação e informação para aliviar suas emoções, os enfermeiros devem ter essa sensibilidade especial no trato com os familiares, demonstrar habilidades de comunicação adequadas em cada situação e desfrutar de formas de conforto físico e mental para não somente os pais e pacientes, mas para toda equipe, evitando um ambiente de estresse e desgastes maior. As equipes devem estar também preparadas para tomar decisões independentes e complementares sob o comando exclusivo de um líder que transmita segurança e confiança.
6. A ADMISSÃO DA CRIANÇA
Uma sala de emergência é um serviço que aceita pacientes com condições médicas que implicam em morte iminente ou sofrimento grave. Os serviços de emergência pediátrica são serviços que atendem crianças com problemas agudos que necessitam de atendimento e tratamento imediatos (MACHADO, 2013). No serviço de urgência, a nível nacional, cada componente da equipe tem uma função definida pela Lei n.º. 7.498, de 25 de julho de 1986 (COREN, 2011).
A situação de emergência foi definida como uma situação imprevista, com ou sem risco de morte, exigindo intervenção imediata em cuidados de curta duração (RESOL.CFM nº 1.451/95).
Na sua prática profissional, os enfermeiros colocam em prática os conhecimentos adquiridos durante a sua formação profissional. Consequentemente, o papel do enfermeiro no gerenciamento do cuidado à criança na rotina de emergências pediátricas é continuamente influenciado por situações inesperadas que exigem conhecimento científico e muita experiência.
A admissão da criança no pronto-socorro pediátrico é feita na maioria das vezes através do acolhimento, e se houver risco de vida, a criança deve primeiramente ser encaminhada para uma triagem de enfermagem, cuja função é controlar as necessidades e proporcionar à criança esses primeiros cuidados quando a risco iminente, mantendo sempre cuidados imediatos em situações perigosas a vida. Nesse sentido, a triagem é uma importante ferramenta de informação para que a equipe de atendimento pediátrico, que a partir dessas informações coletadas, consiga ter uma visão geral das crianças que dão entrada em atendimentos.
6.1 A AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM NO PRONTO-SOCORRO
Uma das práticas da enfermagem no pronto-socorro (PS), e que muitos enfermeiros tem receio na hora do atendimento e as vezes dúvidas, se trata da prescrição de medicamentos e exames laboratoriais. É competência asegurada por Lei do exercício profissional da enfermagem (Lei 7.498/1986). A legitimidade da atuação do enfermeiro quanto a prescrição de medicamentos e solicitação de exames laboratoriais, imagens diagnósticas ou dispositivos também é reforçada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), através do documento de amplicação do papel dos enfermeiros na Atenção Primária á Saúde (APS), documetno este que caracteriza as práticas entre as setes atividades clinicas avançadas, definidas pelo Conselho Internacional dos Enfermeiros (ICN).
A avaliação de enfermagem no pronto-socorro é uma das etapas principais e fundamentais no atendimento à criança e ao adolescente, pois busca detectar as condições de risco de vida, a fim de determinar prioridades para orientar os cuidados e corrigir as condições em tempo hábil para garantir a manutenção das funções vitais de preservação da vida.
No pronto-socorro, o enfermeiro deve adotar um estilo de liderança , ser participativo, compartilhando ou delegando funções, e as habilidades primordiais para o gerenciamento de enfermagem são comunicação, relacionamento interpessoal, liderança, tomada de decisão e competência. Para os enfermeirros no atendimento de emergência pediátrica, além do estilo e habilidades citadas, requer ainda do profissional experiência e treinamento, começando pela avaliação da criança (anamnese), até processos complexos de atendimento e diagnósticos para a prevenção e o atendimento da vida da criança.
7. METODOLOGIA
A presente pesquisa adotará a abordagem de revisão de literatura, buscando e analisando artigos e outras publicações relacionadas ao tema específico. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, conforme definido por Gil (2009, p.44), que consiste em utilizar material já elaborado, como livros e artigos científicos. De acordo com Gil (2009, p.45), a principal vantagem desse tipo de pesquisa é permitir ao pesquisador abranger uma ampla gama de fenômenos, que seria difícil de investigar diretamente.
Para esta pesquisa, foram consultados autores como Gil (2009), Dória (2011), Nascimento (2017), Ribeiro (2019), Salviano (2017), Piva, Lago e Garcia (2017), além de fontes diversas, como pesquisas na internet, livros, artigos científicos e revistas, tanto em formato físico quanto digital. Cada informação pesquisada foi analisada minuciosamente, garantindo a qualidade e precisão dos dados utilizados.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A necessidade de um bom atendimento, seja na Unidade Básica de Saúde (UBS), seja na urgência e emergência, principalmente na pediatria, se faz cada vez mais necessária, e para que esse serviço preste atendimento de qualidade e atenda às necessidades das pessoas, devemos contar com profissionais cientificamente fundamentados e bem treinados, além claro, de oferecer também boas condições de trabalho para os profissionais de saúde.
No desenvolvimento desta pesquisa, buscou-se compreender um pouco da parte histórica da urgência e emergência e também como os enfermeiros atuam nesse serviço em específico na área da pediatria, pois desempenham um papel fundamental no atendimento das crianças e adolescentes.
Constatamos que os enfermeiros estão sempre altamente envolvidos no atendimento pré-hospitalar, e principalmente quando envolve a área pediátrica devido ao seu papel direto no atendimento, seja no atendimento clínico ou causas externas como traumas entre outras emergências. Em relação ao treinamento, vimos também que é de suma importância que tais profissionais se especializem, e dominem aliteratura e a prática da área em que atua, pois isso influencia na tomada de decisões do melhor comportamento para cada momento. Mostra também que esses profissionais se preocupam em manter-se atualizados e com o objetivo de prestar uma ajuda rápida, segura, com base científica, para garantir o bem estar de cada criança atendida.
Em relação à autonomia na pediatria, percebe-se que ela dependerá de vários fatores, como políticas institucionais que utilizam vários protocolos, conhecimento científico, domínio e segurança do profissional, etc.
Em relação a esses aspectos, percebe-se que, uma vez que esses profissionais são mais bem formados, ainda no currículo de graduação, a atuação do enfermeiro de urgência e emergência pode ser ampliada, pois o tema mostra que o tema é pouco abordado. Os profissionais que atuam nessa área estão sempre buscando conhecimento e comprovando na prática que, apesar de todas as adversidades, o enfermeiro pode tomar as decisões corretas sem depender da regulamentação médica.
Esta projeto de pesquisa busca incentivar a capacitação dos profissionais de enfermagem que atuam no atendimento de urgência e emergência pediátrica, contribuindo na prática profissional dos profissionais enfermeiros, reduzindo a demora no atendimento e a carência de profissional nessa área. Evidentemente, algumas questões exigem uma discussão mais aprofundada, pois há todo um aspecto jurídico, protocolos e regras a serem cumpridas.
Portanto, seguido o que se apresenta no projeto, tem-se a expectativa de um melhor entendimento acerca do trabalho por parte desses profissionais de saúde, dentre esses a equipe de enfermagem que trabalha no acolhimento de urgência e emergência pediátrica. Espera-se que se desenvolva o estímulo para a compreensão de todo o processo que a enfermagem atua na área da pediatria que exige procedimentos com uma alta capacidade de resposta, implicando dos profissionais agilidade, técnica e ao mesmo tempo humanização em todo esse processo.
REFERÊNCIAS
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