ATRIBUIÇÕES DOS SUPERVISORES/COORDENADORES DAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE GRAVATÁ/PE

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10205265


 Mirella Sabrina Martins da Silva¹


RESUMO

Tendo em vista, que o debate em torno da educação, é importante conhecer as contribuições do supervisor educacional e do coordenador pedagógico para a realização dessa prática. Nesse sentido, o presente artigo apresenta uma descrição das atribuições desses profissionais, através da análise de um questionário aplicado a seis coordenadores que compõem o quadro de educadores da cidade de Gravatá/PE.  Definimos como aporte teórico os estudos de Côrrea (2009), Gimenes; Martins (2010) e Júnior (1983) a fim de definir supervisão escolar e Pimenta (2002), Gentili (2000) e Torres (2005) discutindo coordenação pedagógica e como aporte legal a LDB, 9394/96.

Palavras-chave: Educação; Supervisão; Coordenação.

ABSTRACT

In view of the debate surrounding education, it is important to know the contributions of the educational supervisor and the pedagogical coordinator to the realization of this practice. In this sense, this article presents a description of the duties of these professionals, through the analysis of a questionnaire applied to six coordinators who make up the staff of educators in the city of Gravatá/PE.  We used the theoretical framework of Côrrea (2009), Gimenes; Martins (2010) and Júnior (1983) to define school supervision and Pimenta (2002), Gentili (2000) and Torres (2005) to discuss pedagogical coordination and the legal framework of LDB 9394/96.

Keywords: Education; Supervision; Coordination.

INTRODUÇÃO

O/a supervisor/a educacional e o/a coordenador/a pedagógico da escola de educação básica é um dos responsáveis pela gestão e qualidade do processo pedagógico, exercendo influência no trabalho da equipe de professores/as, orientando uma prática educativa que possibilite a adequação a realidade do educando e as transformações da sociedade.

Dessa forma, em sua prática diária o/a supervisor/a educacional e o/a coordenador/a pedagógico/a desempenham a função de agentes integradores nas inter-relações professor-aluno e mediadores no processo de formação continuada, tendo em vista que sua competência é desenvolver um trabalho pedagógico que visa o planejamento, a execução e a avaliação da organização dos conhecimentos no ambiente escolar.

Partindo da perspectiva que o supervisor educacional e o coordenador pedagógico desempenham um papel importante no processo de ensino aprendizagem dos alunos, fomos a campo especificamente na cidade de Gravatá-PE e aplicamos um questionário a um grupo de seis coordenadoras pedagógicas com o objetivo de conhecer um pouco mais sobre suas atribuições e a dinâmica de acompanhamento dos professores. 

Realizamos a aplicação de um questionário com alguns coordenadores pedagógicos que fazem parte da rede de ensino da cidade de Gravatá/PE, os quais serão denominados de S1, S2, S3, S4, S5 e S6, 

Com base no questionário constatamos que a cidade de Gravatá/PE não possui supervisores educacionais, a equipe de coordenação pedagógica é que exerce paralelamente está função, o que de certa forma atrapalha o fluir do pedagógico, pois estas precisam se preocupar também com questões financeiras e administrativas.

A SUPERVISÃO E SEU PAPEL NO AMBIENTE ESCOLAR

Etimologicamente a palavra supervisão de acordo com o Dicionário Aurélio significa “ação ou efeito se supervisar”. Já a palavra supervisar significa “dirigir ou orientar em planos superior, superintender” (BRASIL, p. 645). Percebemos com base nessa definição que a supervisão está ligada a ideia de obediência, fiscalização.

Côrrea (2009) analisando essa etimologia da palavra supervisão aponta para esse mesmo viés. Para se chegar à origem da supervisão educacional, é necessária uma abordagem sobre a questão do trabalho no processo capitalista, pois, a supervisão surgiu com o intuito de uma melhoria na qualidade e na quantidade da produção de mercadorias nas fábricas, na qual o supervisor era responsável realmente pela fiscalização do trabalho dos empregados.

Nesse sentido, quando se fala em supervisor/a escolar temos a ideia de que seja um/a profissional contratado/a para supervisionar o trabalho de outras pessoas, subordinado a outro profissional, formando assim uma hierarquização organizacional, uma cadeia que se sustenta com o poder exercido por quem está no topo, no caso da escola, a direção escolar.  Entretanto, o/a supervisor/a escolar acima de tudo é um educador, “[…] é o profissional da educação que atua no espaço escolar como um agente mediador e facilitador do processo ensino-aprendizagem” (GIMENES; MARTINS, 2010, p. 380). Pensar o/a supervisor/a nessa perspectiva é compreender que este/a possui diversos saberes em relação a alternativas metodológicas que visem a aprendizagem de todos/as alunos/as e não apenas de uma pequena parcela, orientando para um trabalho de forma lúdica, dinâmica, sistêmica e produtiva, de modo que o ensino se torne prazeroso.

Nesse viés as funções desse profissional estão voltadas para a melhoria escolar, como enfatizado por Corrêa (2009): 

[…] o supervisor educacional deve estar inserido no contexto escolar, articulando novas práticas educativas, favorecendo o desenvolvimento pleno de um currículo diferenciado que atenda às diferenças culturais e pessoais e ainda contribuindo para a formação continuada do corpo docente, visando ao seu crescimento profissional e à melhoria do processo ensino-aprendizagem (p.05).

O supervisor educacional ao trabalhar na perspectiva de melhoria do processo de ensino aprendizagem estimula os professores na procura pelo conhecimento que poderá subsidiar a mudança em sua prática, assim como lhe permitirá ainda ampliar o nível de conhecimento de seus alunos.

A COORDENAÇÃO E SEU PAPEL NA ESCOLA

O coordenador como parte integrante da gestão escolar, deve ter conhecimento de como são desenvolvidas as atividades dentro deste ambiente, buscando orientar e participar das práticas educativas e acompanhar o desenvolvimento dos sujeitos participantes deste processo, para Pimenta (2002):

A função de coordenação refere-se às atividades técnico-pedagógicas da comunidade escolar, envolvendo assistência técnico-pedagógica aos professores segundo diretrizes estabelecidas na filosofia da escola, promovendo e organizando o processo de sondagem de aptidões, acompanhando o desenvolvimento do aluno, realizando atendimento, quando necessário; acompanhando o trabalho docente e participando da avaliação de seu desempenho. (p.58).

O coordenador/a como um/a orientador/a, junto ao corpo de funcionários da instituição pode participar observando as atividades e contribuir com melhorias, visando à organização e a eficiência do processo de ensino aprendizagem, assessorando o/a professor/a sempre que necessário para que se possa atingir os objetivos propostos no projeto político pedagógico, tendo em vista que este é quem irá nortear as ações e objetivos da escola. É importante que ocorra essa relação de parceria entre os membros da instituição, onde os mesmos possam trabalhar em conjunto como menciona Pimenta (2000): “A organização escolar deverá ser uma comunidade onde haja a cooperação entre alunos, professores, diretores e funcionários, como forma de voltar-se à vida social democrática.” (PIMENTA,2002, p.89). Essa forma de organização escolar deve mostrar a cada um, qual a importância de seu trabalho naquele ambiente, sempre almejando um objetivo em comum, dentro de uma relação de parceria, onde todos possam participar.

Para trabalhar com a dinâmica dos processos de coordenação pedagógica na escola, um/a profissional precisa ter, antes de tudo, a convicção de que qualquer situação educativa é complexa, permeada por conflitos de valores e perspectivas, carregando um forte componente ético, o que demanda um trabalho integrado, integrador, com clareza de objetivos e propósitos e com um espaço construído de autonomia profissional. É fundamental ao profissional da coordenação pedagógica perceber-se como aquele educador que precisa, no exercício de sua função, produzir a articulação crítica entre professores e seu contexto; entre teoria educacional e prática educativa; entre o ser e o fazer educativo, num processo que seja ao mesmo tempo formativo e emancipador, crítico e compromissado.

A escola como instituição social necessita interagir com as transformações ocorridas, no mundo e no ambiente que a rodeia, já que mudanças nas práticas sociais acarretam mudanças nas instituições sociais existentes. Faz-se necessário entrar na dinâmica atual marcada pela abertura, pela interação e pela flexibilidade. As instituições, à semelhança das pessoas são sistemas abertos, estão em permanente interação com o ambiente que as cerca, que as estimula ou condiciona que lhes cria contextos de aprendizagem. A educação de qualidade é uma busca constante das instituições de ensino, para que isso se torne realidade são necessárias atividades no âmbito das relações que sustentem o trabalho em equipe. As organizações precisam cada vez mais de profissionais responsáveis, dinâmicos, com habilidades para resolver problemas e tomar decisões. Um desses profissionais é o/a coordenador/a pedagógico/a, que tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é necessário percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que se manter sempre atualizado, buscando fontes de informações e refletindo sobre sua prática como nos fala Nóvoa (1992: 36) “a experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação”. Com esse pensamento ainda é necessário destacar que o trabalho necessita acontecer com a colaboração de todos, assim o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto para motivar a sua equipe. O trabalho em equipe é fonte inesgotável de superação e valorização do profissional.

A responsabilidade e o compromisso que corresponde ao Coordenador Pedagógico está presente na formação continuada em seu cotidiano escolar. Desta forma, deve ser analisado e incorporado ao processo de desenvolvimento pedagógico dos pedagogos. Segundo Gentili (2000), “o processo de formação dos profissionais que trabalham na área educacional deve abordar valores sociais a serem desenvolvidos como: – Liberdade, autonomia, solidariedade e respeito.” 

Para Almeida (2003, p.45) “para a formação do educador é importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades, sabendo reconhecer essas necessidades e proporcionando subsídios adequados à atuação”. Desta forma, a relação entre o professor e o coordenador se estreita e ambos crescem no sentido prático das vivencias educacionais e teórico dos acompanhamentos com o suporte de textos que colaboram nessa prática, proporcionando a confiança, o respeito dentro da equipe. É aqui que entra o trabalho do professor-coordenador e fundamentalmente num trabalho de formação continuada em serviço. Ao subsidiar e organizar a reflexão dos professores sobre as razões que justificam suas opções pedagógicas e sobre as dificuldades que encontram para desenvolver seu trabalho, o professor-coordenador favorecerá a tomada de consciência dos professores sobre suas ações e o conhecimento sobre o contexto escolar em que atuam.

OS SUPERVISORES/COORDENADORES EDUCACIONAIS NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE GRAVATÁ-PE

O Município de Gravatá – PE possui vinte supervisores(as)/coordenadores(as) dentre os quais selecionamos seis para participarem da nossa pesquisa que tem por objetivo conhecer as atribuições desses sujeitos.

De acordo com os questionários aplicados e as opiniões emitidas pelos sujeitos da pesquisa constatamos que todos se denominam Coordenador/a Pedagógico, porém ao falar de suas atribuições remetem-se a elementos da supervisão, como destacado nos diferentes depoimentos abaixo:

Ser o elo de ligação entre secretaria e escola; atuar diretamente com o professor em sala em sua dificuldade” (S1, dezembro de 2014.).

Auxiliar no aspecto administrativo, gastos, despesas, conselho escolar. Vivenciar propostas interdisciplinar e formação pedagógica de orientação direta ao professor (S2, dezembro de 2014).

Observando essas colocações percebemos que há o reconhecimento de que o supervisor(a)/ coordenador (a), precisa do contato direto com o /a professor/a para que assim possa conhecer sua realidade, a fim de intervir na mesma da forma mais proveitosa, buscando reconhecer as peculiaridades de cada contexto.  Nesse viés, Orsolon (2001) pontua que esse contato de parceria possibilita a tomada de decisões capazes de garantir o alcance das metas, ou seja, o/a professor/a junto a coordenação a partir da observação da problemática irão pensar na melhor forma de resolver, pois mesmo o supervisor(a)/coordenador(a) tendo encontrado uma possível alternativa para o problema cabe ao professor analisar a sugestão e articulá-la ao seu planejamento.

Ainda em relação as atribuições do supervisor(a)/coordenador(a) destacamos:

Esclarecimento sobre o registro nos diários, preenchimento de documentos e matrícula (S4, dezembro de 2014).
Acompanhar o trabalho pedagógico, estimulando os professores a identificarem as necessidades de seus alunos (S6, dezembro de 2014).

É sabido que uma das funções principais do coordenador/a é a realização da formação continuada numa perspectiva mediadora, que busque incentivar a inovação das práticas curriculares, no entanto, em Gravatá – PE esses coordenadores/as desempenham outras funções além da pedagógica: a financeira e a burocrática. Em todas as falas é perceptível, embora implicitamente que esse profissional é visto como um mediador entre secretaria e escola, nas propostas de formação e nas atividades burocráticas de preenchimento de diário que seria função de um supervisor. Por isso consideramos esses profissionais como coordenadores/supervisores, tendo em vista que desempenham as duas funções paralelamente. 

Um dado do questionário nos chamou atenção, alguns coordenadores mesmo exercendo essa função dúbia que perpassa tanto pelo campo da supervisão escolar como o da coordenação pedagógica, por vezes se distanciam dessa possível homogeneização e atribuem ao supervisor a função apenas de fiscalizar:

 Acredito que um supervisor é um cargo de hierarquia que o afasta do professor, ele está para supervisionar e exigir (S1, dezembro, 2014).
O supervisor fiscaliza todas as funções atividades que devem ser realizadas no administrativo (S2, dezembro, 2014).

Na fala de S1 é nitidamente presente a visão da década de 70 em que o supervisor era visto como mero fiscalizador, temido por todos, que independente das circunstâncias cobrava produção, no sentido escolar, planos de aula, diários preenchidos, notas, provas. Em contrapartida outros supervisores(as)/ coordenadores(as) quase não identificam essa diferença, considerando os dois como parte integrante do processo ensino-aprendizagem “ambos os papeis são semelhantes” (S3, dezembro, 2014).

Diante do exercício das duas funções, supervisores (as)/coordenadores (as), procuramos identificar qual o critério de escolha desses/as profissionais, tendo em vista que o seu trabalho não se restringirá apenas ao pedagógico, mas também ao financeiro e ao burocrático. 

A escolha dos coordenadores dar-se mediante o levantamento do histórico do professor, uma sondagem com o coordenador desse professor em que é observado se este cumpre com os seus deveres, o modo que se relaciona com os demais integrantes do coletivo escolar em que está inserido, a responsabilidade com os fatores pedagógicos, precisa ser efetivo, mas não pode estar no período probatório, e necessita ser pós-graduado (concluído ou cursando), entre outros aspectos (D1, dezembro, 2014). 

Percebemos diante da fala da diretora de ensino que não há concurso para essa função na cidade e que a lógica adotada para a escolha desses profissionais é “bom professor, bom coordenador”, mas também existe toda uma parte burocrática que de acordo com o que foi declarado pela diretora de ensino está visando o cumprimento da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional: 

Art. 64 – A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum 

A fala dos supervisores(as)/coordenadores(as) nos proporcionou ainda perceber que existe uma discrepância em relação a quantidade de escolas atendidas e acima de tudo a quantidade de salas atendidas por esses supervisores (as)/coordenadores(as) que varia entre aqueles/as que atendem as escolas do campo e os/as que atendem as escolas da cidade.  Os supervisores(as)/coordenadores(as) da cidade geralmente ficam com uma ou duas escolas e o quantitativo de turmas fica entre oito e vinte turmas. Já aqueles/as responsáveis pelas escolas do campo o quantitativo de escolas fica entre onze e treze e a quantidade de turmas varia entre dezesseis e vinte seis, segundo os supervisores(as)/coordenadores(as) desses respectivos setores.  Através de conversas informais no período em que o questionário estava sendo respondido um supervisor(a)/coordenador(a) expôs seu descontentamento em relação a essa divisão:

 […] a divisão entre as escolas do campo e da cidade é muito diferente. Eu sei que na cidade as escolas são grandes e as dos sítios são de base, mas deveria ser dividido por turmas e não por escola, já que temos essa variação de quantidade de sala (S6, dezembro, 2014).

Ao fazermos um paralelo das informações é possível perceber que a forma como essa divisão está sendo realizada não proporciona que todas as turmas sejam atendidas devidamente no que concerne ao aspecto pedagógico, pois as atribuições destacadas anteriormente por esses profissionais, formação, questões financeiras e burocráticas apropria-se de boa parte do tempo dos supervisores(as)/ coordenadores(as) que seria dedicado a esse aspecto. Mais uma vez percebemos que como acontece em tantos outros lugares do nosso país que as “inchações burocráticas e outros males da chamada gerência científica são questões a serem enfrentadas no interior dos sistemas escolares” (JÚNIOR, 1983, p.100), pois a supressão do tempo destinado ao apoio pedagógico em detrimento de tarefas outras distancia esses profissionais dos principais beneficiados com essa relação entre professor/a e supervisor(a)/coordenador(a), o/a aluno/a, tendo em vista que o seu processo de aprendizagem passa a ser segundo plano.

Muitas vezes no processo de realização de suas funções é comum esses profissionais encontrarem inúmeras resistências por parte do coletivo escolar, professores, pais, alunos, comunidade e a própria gestão.

Em relação ao professor/a os/as supervisores(as)/coordenadores(as) enfatizaram:

Falta de comprometimento por parte de alguns professores que não querem vivenciar os projetos, preencher documentos […] (S2, dezembro, 2014)

O/a supervisor(a)/coordenador(a) é um dos agentes de mudanças da prática do/a professor/a, tendo em vista que este/a é um/a mediador/a no processo de formação pedagógica, porém este/a não pode fazer nada sozinho/a. O/a professor/a ao assumir uma sala de aula tem diversas responsabilidades para com a formação do aluno que está em sua sala. De acordo com o Plano de Cargos e Carreiras (PCC) do município de Gravatá – PE além de realizar planejamentos e ministrar aula este possui outras atribuições, dentre as quais destacamos:

Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade; Elaborar boletins de controle e relatórios […] para manter um registro atualizado que permita dar informações à diretoria da escola e aos pais. (PCC, 2008, p. 29).

Nesse sentido, percebemos que esses/as professores/as estão a descumprir a lei e acima de tudo estão privando o aluno de gozar de uma educação integral que vise não somente o pedagógico, mas também o social.

Em relação à gestão os/as supervisores(as)/ coordenadores(as) destacaram:

A gestão não disponibiliza transporte para nós coordenadores do campo realizarmos o acompanhamento das escolas, falta de espaço e tempo para reuniões (S3, dezembro, 2014).

           Em relação a gestão, é sabido que o/a supervisor(a)/coordenador(a) necessita manter uma interação com essa instância, pois como afirma Orsolon (2001) a gestão escolar é muito importante no desenvolvimento de movimentos que venham a desencadear a mudança no processo pedagógico. A falta de transporte para a realização das visitas de acompanhamento e a falta de espaço para reuniões impede a reflexão dos trabalhos realizados. Nesse sentido, o longo prazo entre um contato e outro acaba por restringir as poucas reuniões a questões burocráticas e resolver problemas e dificuldades da prática (TORRES, 2001). 

A ausência de momentos de estudo e reflexão resultam em uma prática utilitária por parte do/a professor/a em que o/a aluno/a é visto/a como uma caixa vazia que precisa ser preenchida, os saberes desses sujeitos não são considerados. Faz-se necessário que as instituições de ensino assumam esta responsabilidade de formar professoras/es com uma visão de uma prática reflexiva, “[…] sejam seres pensantes, intelectuais, capazes de gerir a sua ação profissional” ( ALARCÃO, 2003, p.46), por isso as reuniões pedagógicas são tão importantes  para  romper com a ideia que a principal função da/o professora/o é transmitir o conhecimento para suas/eus alunas/os, tendo em vista que essas/es já possuem conhecimentos de mundo que podem ser aprofundados, ao mesmo tempo que subsidia a aprendizagem de novos conhecimentos. 

Os/as supervisores(as)/coordenadores(as) tem um papel fundamental na busca pelo conhecimento e para isso é necessário como nos afirma Vasconcellos, (2002):

Uma sólida formação em termos de uma concepção de educação e de seus fundamentos epistemológicos e pedagógicos, aliada a um conhecimento dos conceitos fundamentais de cada área do saber, bem como a uma cultura geral que lhe permite ter uma visão de totalidade da prática educativa (p.35).

Compreendemos que primeiramente para poder mediar a formação os/as supervisores(as)/coordenadores(as) necessitam dominar alguns conhecimentos relativos a cada área de conhecimento para assim poderem aprofundar junto com o/a professor/a nos encontros pedagógicos.

Além das dificuldades enfrentadas com professore/as e gestão, os/as supervisores(as)/ coordenadores(as) também encontram empecilhos com alunos/as e comunidade escolar. No que concerne a categoria aluno/a e comunidade escolar os/as supervisores(as) /coordenadores(as) destacaram a indisciplina e a falta de compreensão como principais dificuldades:

A indisciplina dos alunos e a falta de acompanhamento dos pais” (S1, dezembro de 2014).
Falta de compreensão da comunidade para as dificuldades encontradas” (S5, dezembro, 2014).

Esses elementos destacados como problemas pelos supervisores(as)/ coordenadores(as) sempre existirão, pois estamos em uma sociedade de constante mudança e nem sempre a escola consegue acompanhar esse ritmo tornando-se enfadonha para os/as alunos/as. Já em relação ao acompanhamento dos pais/mães, percebemos que cada vez mais eles trabalham em jornadas ampliadas, o que dificulta o acompanhamento o processo de escolarização de seus/as filhos/as. Como enfatizado por Torres (2001) é necessário refletir e analisar coletivamente na busca de um saber coletivo para os problemas enfrentados na escola.

Na perspectiva de Libâneo (2002, p. 35) o/a supervisor(a)/coordenador(a) educacional é “um agente de mudanças, facilitador, mediador e interlocutor”, um profissional capaz de fazer a articulação entre direção, professores, alunos e comunidade escolar no sentido de colaborar no desenvolvimento individual e social, no entanto, isso não significa que o coordenador/supervisor ao mediar essa interação não enfrentará dificuldades, pois a relação entre pares exige renúncia, diálogo e responsabilidade que se torna coletiva. 

CONSIDERAÇÕES

Com base no referencial teórico e na análise do questionário aplicado com os coordenadores/supervisores da rede de ensino da cidade Gravatá-PE pudemos perceber que estes reconhecem a importância do trabalho de mediação que executam, levando o professor a ressignificar a sua prática a fim de melhorar o processo de ensino-aprendizagem.

Percebemos ainda que mesmo estes se denominando coordenadores pedagógicos suas funções se estendem para além desses, englobando diversos aspectos que competem a supervisão, por isso a denominação coordenadores/supervisores. No entanto, além das atribuições que competem a essas duas categorias observamos que alguns desses coordenadores ainda são responsáveis pela questão financeira, o que de certa forma nos remete a ideia de coordenador/supervisor como aquele que exerce diversas funções e de certa forma deixa a desejar nas suas verdadeiras atribuições. Isso não significa que estes não a realizam por incompetência, pois o fazer do coordenador/supervisor está diretamente ligado ao coletivo escolar e envolve gestão, professores, alunos e comunidade e quando estes não estão dispostos a cooperar o trabalho torna-se bem mais trabalhoso.

REFERÊNCIAS

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ALMEIDA, Laurinda R. PLACCO, Vera. O coordenador Pedagógico e o espaço de mudança. São Paulo: Ed. Loyola, 2003.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27839.

CORRÊA, Cíntia Chung Marques. A identidade dos supervisores educacionais das escolas municipais de Petrópolis. 2009. Disponível em http://www.ufsj.edu.br/ portarepositorio/File/vertentes/cintia_chung.pdf, acesso em dezembro de 2014.

GENTILI, Pablo. Qual Educação para qual cidadania? Reflexões sobre a formação do sujeito democrático.  Porto Alegre, 2000.

GIMENES, Oliria

 Mendes.  MARTINS, Adriana Auxiliadora. Supervisão escolar: entre os ditames da legislação e os desafios da prática pedagógica In Revista da Católica, Uberlândia, v. 2, n. 3, p. 380-390, 2010.

JÚNIOR, Celestino Alves da Silva, Prática e Supervisão In ALVES. Nilda. Coordenação e supervisão. Rio de Janeiro, Cortez, 1983.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos para quê? 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

NÓVOA, Antônio.  Formação de professores e formação docente.  In NÓVOA, Antônio. (org.)  Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

ORSOLON, Luzia Angelina Marino. O coordenador/formador como um dos agentes de transformação da/na escola In ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (org.) O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. São Paulo: Edições, Loyola, 2001.

PIMENTA, Sela Garrido.  O pedagogo na escola pública. Edição Loyola, São Paulo, 1991.4ª edição junho de 2002.


 ¹Pedagoga e Mestranda em Ciências  da Educação pela ESL. E-mail:mirellasabrina2009@hotmail.com