ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12660738


Adailda Saraiva Dias Mendes; Beatriz Ignácio dos Santos; Gisele Cardoso Carvalho; Kamila Araújo Martins; Kiria Vaz da Silva Hamerski; Maria Fernanda Leão Dantas; Milla tatyelle Lopes de Carvalho; Roberto Istefaní Lima de Araujo; Vandeleide Moreira Neves Resplandes; Willane Martins Marques.


Resumo

O tratamento de pacientes críticos é um tema cada vez mais importante na literatura científica e objeto de novas pesquisas. Pacientes em cuidados intensivos são pacientes potencialmente fatais que necessitam de cuidados especializados em um ambiente adequadamente preparado para receber e servir esses cuidados complexos.  Consequentemente, o objetivo do trabalho é analisar as principais responsabilidades do enfermeiro intensivista na literatura científica em relação às boas práticas de enfermagem no contexto da unidade de terapia intensiva adulto. 

Trata-se de uma revisão de literatura integrada, descritiva e qualitativa, realizada no primeiro semestre de 2021 na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) utilizando os seguintes descritores (DeCS/MEsH): Cuidados intensivos; Unidade de terapia intensiva adulto e unidade de terapia intensiva. Esta revisão integrativa foi composta por oito artigos que atenderam aos critérios de inclusão pré-estabelecidos.

Este estudo permitiu analisar as atribuições dos enfermeiros na unidade de cuidados intensivos adulto, onde têm um papel central na tomada de decisão, formação e gestão da equipa de enfermagem, bem como na execução de procedimentos mais complexos, e na as tarefas dos enfermeiros são reforçadas. a necessidade de enfermagem. a representação do profissional enfermeiro no campo da pesquisa e tem como finalidade promover e incentivar novas pesquisas científicas, enfatizando o papel do enfermeiro na terapia intensiva de adultos.

Palavras chave: Unidade de Terapia Intensiva de adulto. Enfermagem de cuidados intensivos. Cuidados intensivos.

1 INTRODUÇÃO

O cuidado de pacientes críticos é um tema cada vez mais importante na literatura científica. Paciente crítico é um paciente com possível risco de morte, por isso necessita de tratamento complexo, assistência especial e devidamente preparada para admissão (MAURICIO et al., 2017).  

Essa classificação dos pacientes segue critérios pré-estabelecidos entre o tipo de patologia presente, parâmetros laboratoriais alterados ou funções fisiológicas prejudicadas. Caso atinjam determinados requisitos, ocorre a validação para admissão na terapia intensiva (WHITE et al., 2017). Uma vez na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), recebem atendimento competente e locais onde esse cuidado pode ser prestado.

Nesse contexto, informações epidemiológicas sobre pacientes considerados graves são de extrema importância para planejar e ajustar tecnologias, recursos humanos e materiais para atender a demanda necessária (MAURICIO et al., 2017). Unidades de terapia intensiva são áreas dentro de um hospital que necessitam de especialistas especiais, materiais e técnicas especiais para atender pacientes críticos e com alto risco de morte, necessários para diagnóstico, monitoramento dos sinais vitais e tratamento de acordo com a condição do paciente (GOMES et al., 2019).  dentre esses profissionais se destaca o enfermeiro. Sua atuação é de grande relevância, pois o enfermeiro, juntamente à equipe de enfermagem, é o responsável pelo cuidado direto ao paciente crítico, sendo-lhe atribuídas funções privativas da profissão (administrativas, gerenciais, dimensionamento de colaboradores e insumos necessários para o funcionamento da unidade) (COFEN, 2017). 3 Segundo Bucosk et al (2020), as patologias que mais ocasionam internações em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto são as de origem cerebrovasculares  (30%), pulmonares (30%) seguidas das cardiovasculares (20%) tendo como comorbidade predominante a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), sendo predominante a internação de idosos de 60 anos ou mais (60%), sexo masculino (90%) e de etnia branca (60%).

Os autores atribuem esses achados ao aumento da expectativa de vida, às mudanças no estilo de vida e aos comportamentos de risco à saúde, como alimentação inadequada, sedentarismo, consumo de álcool e tabagismo, que aumentam a incidência de doenças crônicas na fase aguda. , precisa de ajuda muito complexa. Com a crescente demanda por cuidados intensivos, especialmente com a pandemia de Covid19 no ano passado, os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, têm buscado informações científicas baseadas em evidências para prestar o melhor cuidado possível aos pacientes. O desafio foram, entre outros, os problemas multifatoriais que dificultam seu funcionamento, como o acúmulo de funções, o número de leitos médicos excedendo o permitido pela legislação vigente e a necessidade de monitoramento constante de pacientes críticos. Esse cenário evidenciou que o enfermeiro precisa consumir e produzir conhecimentos específicos a partir de sua prática laboral. Um enfermeiro de cuidados intensivos ou de cuidados intensivos deve conhecer e rever as evidências sobre o impacto das boas práticas em pacientes gravemente enfermos para determinar o seu papel na unidade de cuidados intensivos.  Portanto, o estudo objetiva analisar na literatura científica o impacto de algumas atribuições do enfermeiro intensivista frente às boas práticas de enfermagem no âmbito de uma unidade de terapia intensiva adulto.

2 METODOLOGIA 

Revisão integrada, descritiva e qualitativa da literatura realizada no primeiro semestre de 2021. O método refere-se à compreensão de determinado fenômeno ou problema de saúde por meio de diferentes fontes de dados utilizando uma metodologia ampla. O estudo seguiu 6. etapas: 1) Identificação do sujeito; 2) Escolha da questão de pesquisa; 3) determinação de critérios de inclusão e exclusão; 4) classificação dos estudos selecionados; 5) Análise e interpretação dos resultados e 6) Apresentação dos dados síntese da avaliação (ERCOLE et al., 2014). A questão de investigação é: Quais são as evidências do impacto das boas práticas de cuidados em pacientes gravemente enfermos? de

Para responder a esta questão foram utilizados artigos encontrados na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e devidamente cadastrados no DeCS/MeSH com descritores: Cuidados intensivos; UTI adulto e terapia intensiva com o operador booleano AND. O processo de seleção e inscrição está apresentado na Tabela 2. Como critérios de inclusão:  estudos observacionais primários e um guia de prática clínica em português, espanhol e inglês, disponível na íntegra e gratuitamente, indexado, publicado nos últimos cinco anos e que responde à questão de pesquisa em seus textos. Os critérios de exclusão são: resumos de periódicos, monografias, dissertações e teses.

Quadro 2 – Processo de busca e seleção dos estudos analisados.

Descrições combinadasBliblioteca Virtual em Saúde(BVS)Processo de exclusão de artigosTotal de estudos selecionados para a revisão
Cuidados de enfermagem AND cuidados intensivos de adultos AND cuidados intensivos  LILACS=0
MEDLINE=125
BDENF=0
IBECS=1
LILACS/BDENF= 6
LILACS/BDENF/ COLNAL=1
LILACS/LIPECS= 4 n=137
Título e resumo não respondia a questão de pesquisa=33 Artigos pagos=91 Artigos de revisão=5 n=129n=8

Fonte: Elaborado pelos autores

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

A presente revisão integrativa foi composta por 8 artigos que atenderam os critérios de inclusão previamente estabelecidos. Para melhor visualização do processo de busca foi elaborado um quadro com as principais informações sobre cada artigo selecionado para análise desse estudo, como pode ser visto no Quadro 3.

Quadro 3 – Identificação de artigos, relação de autores, título, ano, país, objetivos, métodos, e resultados esperados dos 8 estudos selecionados para a revisão

Identificação dos artigosTítuloAutores, ano,país e base de dadosObjetivos e métodosPrincipais resultados
A1Avaliação da nutrição enteral em Unidade de Terapia IntensivaTHERRIER, S. et al 2021, Brasil; LILACS, BDENF – EnfermagemAvaliar a infusão da nutrição enteral em pacientes adultos internados em unidade de terapia intensiva. Estudo descritivo, quantitativo e longitudinal.Foi avaliada a administração da nutrição enteral, responsabilidade da enfermagem, que monitora a infusão e identifica fragilidades que possam comprometer o fornecimento do aporte aos pacientes. Os achados permitem afirmar que com início precoce da infusão o resultado é satisfatório. Destaca-se a qualidade da equipe estudada composta majoritariamente de enfermeiros graduados. Deve haver prevenção de complicações do uso da sonda nasoenteral (14%), instabilidade  hemodinâmica  e  clínica (12%), e estase gástrica (12%).
A2Impacto de ter uma enfermeira especialista certificada em enfermagem de cuidados intensivos como enfermeira-chefe nos resultados dos pacientes da UTI.FUKUDA, T; SAKURAI, H e KASHIWA , GIM 2020b, Japão; MEDLI NEAvaliar o impacto da presença de uma enfermeira especialista certificada em cuidados intensivos (CNS) como enfermeira-chefe da UTI em uma UTI aberta sobre os resultados clínicos. Estudo de coorte retrospectivo. OBS: O Enfermeiro com prática avançada (APN) e que possui mestrado, no Japão é considerado um Enfermeiro Especialista Certificado, um -CSN- como nos EUA.Estudo de Coorte, realizado no Japão durante cinco anos, comparando antes e depois de ter um CNS como enfermeira- chefe na UTI, mas com foco nos resultados dos pacientes. Embora não possa ser generalizado, por ter sido feito em apenas um hospital, a presença de uma CNS como enfermeira chefe foi associada à melhores resultados dos pacientes e menos pacientes em ventilação na UTI. Habilidades clínicas e gerenciais podem contribuir muito para pacientes em UTI.
A3Comunicação entre equipes e a transferência do cuidado de pacientes críticos.PETRY,L e DINIZ,M B C 2020,Brasil; LILACS, BDENF – EnfermagemCompreender o processo de comunicação entre os profissionais de saúde durante a transferência do cuidado intra- hospitalar do paciente crítico. Estudo qualitativoEmbora o estudo esteja limitado por ter sido realizado em apenas dois cenários de uma única instituição hospitalar, alguns fatos ficaram evidentes: as fragilidades no conhecimento dos profissionais quanto aos seus papéis, especialmente dos enfermeiros que iniciam o processo de transferência; uma comunicação verbal estabelecida de modo superficial; falta de padronização nas informações do instrumento de transferência; um certo desinteresse resultante da fragilidade da inexistência de uma rotina que sinalize a necessidade de aprimoramento.
A4Esforços para reduzir o tempo de permanência em uma UTI de baixa intensidade: mudanças na UTI decorrentes da colaboração entre enfermeiros especialistas certificados como enfermeiros-chefe e intensivistas.FUKUDA,T, SAKURAI, H e KASHIWA ,G .I.M. 2020a,Japão ; MEDLINEInvestigar se a cooperação entre CNSs na posição de enfermeiro-chefe de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e intensivistas altera o tempo de internação de pacientes em UTI. Estudo de coorte retrospectivo unicêntrico. Enfermeiro Especialista Certificado (CNS, como nos EUA).Enfermeiro Especialista Certificado, CSN- são enfermeiras de prática avançada. A enfremeira-chefe atuou como elo entre o médico principal e intensivistas e entre enfermeira da UTI e o anestesiologista. A colaboração mostrou estar associada a menor permanência na UTI e menos internações de longo prazo na UTI e o grau de gravidade das necesidades da UTI. Os cuidados multidisciplinares da Enfermeira CSN salva vidas bem como influência na subsequente atividade de vida e qualidade de vida do número de pacientes no pós-operatório.
A5Aplicação dos padrões de contenção física do Joanna Briggs Institute para pacientes críticos do departamento de emergência seguindo as diretrizes CONSORT.WEN, X. et al 2020, China; MED- LINEExplorar o efeito dos padrões de contenção física do Joanna Briggs Institute (JBI) na melhoria da contenção física em pacientes críticos e de emergência. Estudo de coorte prospectivo.Estudo controlado (com consentimento dos pacientes ou familiares) de treinamento padronizado de enfermeiros para reduzir eventos adversos no uso de contenção física para pacientes críticos. Incluiu avaliação pré-contenção, reunião de tomada de decisão de contenção e alternativas à contenção, além de educação exaustiva a pacientes e familiares sobre o tempo e necessidade face ao maior risco à saúde. Os enfermeiros melhoraram o uso dos padrões de contenção física que requerem atenção especial, obtiveram conhecimentos jurídicos sobre o procedimento, cuidados humanísticos e efeitos adversos da contenção. Houve uma diferença significativa no uso de contenção e na incidência de eventos adversos antes e depois da aplicação dos padrões de restrição física do Joanna Briggs Institute (JBI), organização internacional de pesquisa e desenvolvimento especializada em recursos para prática baseada em evidência destinada a profissionais de saúde.
A6O efeito do programa educacional de capacitação de enfermeiros na cultura de segurança do paciente: um ensaio clínico randomizado.AMIRI, M., KHADEMIAN, Z., e NIKANDISH, R. 2018, Irã; MEDLINE.Determinar o efeito da capacitação de enfermeiros e supervisores por meio de um programa educacional sobre a cultura de segurança do paciente em UTI adulto. Ensaio clínico randomizado.Estima-se que 400.000 mortes anuais poderiam ser evitadas, pois acontecem devido a erros médicos, de prescrição e administração de medicamentos, etc. O motivo está na falta de comunicação e capacitação. O treinamento da equipe é necessário para a segurança do paciente. Estudos relatam os efeitos da capacitação do enfermeiro na cultura de segurança do paciente. Neste trabalho, os profissionais foram divididos em grupo experimental e grupo controle. Estabeleceram então um programa de capacitação sobre segurança do paciente e, posteriormente, foi aplicado um questionário. Os resultados do grupo experimental, sobre a cultura de segurança do paciente, foram significativamente maiores do que os do grupo controle. Um aspecto interessante foi o de falar abertamente, especialmente as enfermeiras que relataram dificuldades ao defender os pacientes por se sentirem intimidadas por médicos. Portanto, é necessário capacitar enfermeiros a falar.
A7Cumprimento dos enfermeiros com as diretrizes de prevenção de infecção da corrente sanguínea associadas ao cateter centralALOUSH, S. M. e ALSARAIR, H. F. A. 2018. Jordânia; MEDLINEAvaliar a conformidade dos enfermeiros com as diretrizes de prevenção de infecção de corrente sanguínea associada ao cateter central (ICSAC/CLABSIs) relacionadas à manutenção do cateter central e os preditores de conformidade. Estudo observacional com delineamento transversal descritivo.O estudo considerou enfermeiros com pelo menos 1 ano de experiência, trabalhando em tempo integral na UTI. Verificou-se que a proporção enfermeiro-paciente impactou o resultado e foi o único preditor significativo. Enfermeiros com uma proporção de 1:1 têm menos carga de estresse e isso resulta na melhora dos resultados do paciente. É necessário estar atento à carga de trabalho do enfermeiro, que envolve múltiplas funções. Daí a importância do dimensionamento da equipe.
A8POSITIVE DEVIANCE COMO ESTRATÉGIA NA PREVENÇÃO E CONTROLE DAS INFECÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA NA TERAPIA INTENSIVAOLIVEIRA, F.T. et al, 2017,Brasil; MEDLINEDescrever a aplicação do Positive Deviance (PD) como estratégia na prevenção e no controle da infecção de corrente sanguínea no uso de Catéter Venoso Central (CVC). Estudo longitudinal, prospectivoEstudo aplicado com equipe médica e de enfermagem. Para melhoria de processo de trabalho e desenvolvimento da equipe. Apesar de identificar necessidade de maior capacitação teórico/prática sobre prevenção de infecções, a chefia da enfermagem se destacou estabelecendo uma rede de apoio para futuras ações. Maior destaque fica para a adesão da equipe de enfermeiros, sendo que apenas estes profissionais da equipe de enfermagem propuseram ações PD que foram instituídas e avaliadas no estudo, como o uso da haste flexível estéril para realização da antissepsia do local de inserção do CVC e de sua placa de fixação que foi a ação de maior adesão.
Fonte: Elaborado pelos autores

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

EstudoSociodemografia e ClínicaMotivos de internaçãoDesfeço das internações
Bezerra, 2012Prevalência do sexo feminino (50,36%). A média de idade foi de 65,81 anos. Tempo de            permanência: média de 5,46 diasRelacionadas às doenças cardiovasculares e às doenças do aparelho respiratório47,85%  dos pacientes foram ao óbito,   50% pacientes receberam alta da UTI e 2,15% foram transferidos             para outro hospital.
Antunes     e Oliveira, 2013Predominância do sexo masculino (77,4%) e idade variando entre 14 e 72 (com idade média de 58 anos). Tempo de permanência: 45,2% dos pacientes tiveram tempo superior a 15 dias.Pneumonia por aspiração; cirrose do fígado decorrente do consumo de álcool e lesão cerebral traumática. Outras condições também foram registradas como doença renal crônica e sangramento gastrointestinal superior48,3% dos pacientes             tiveram alta, e 30,7% foram ao óbito
Oliveira, 2013-Predominância de pacientes do sexo masculino (58,7%), com idade a partir de 60 anos (50,7%). Antecedentes pessoais: HAS, DM e DPOC; cardiopatias e sequelas de AVE. Tempo médio de internação: 18,87  dias,  uso  de  VM  foi adotado em 56,2% pacientesA principal causa de internação na unidade foi o acidente vascular encefálico (AVE). outros motivos: TCE; TRM; as doenças neuromusculares; as pneumonias; as crises convulsivas e IRA51,9% dos óbitos foram em pacientes em uso de ventilação mecânica invasiva e com idade igual ou superior a 60 anos
França; Albuquerque e Santos, 2013Houve uma predominância do sexo masculino (55,9%) com idade média 54,1 anos para homens e 52,3 para mulheres. Tempo de internação: média de 7,6 dias, sendo maior para os homens (8,5 dias)Motivos prevalentes foram Cardiopatia, Insuficiência respiratória aguda (IRA) Diabetes Mellitus (DM) e Acidentes vascular encefálico (AVE).48 óbitos, 48 altas e 6 transferências
Del-Pintor; Gil e Godoi, 2014Prevalência de pacientes homens (50,4%) e acima de 60 anos (72,7%) – Tempo de internação: 5,7 diasNão informado pelos autoresEm pacientes acima e 60 anos houve  43,2%  de alta, 51,8%  de óbito, e 5% de transferência externa, e em indivíduos  abaixo dos 60 anos, houve 60% de alta, 34,4% e óbito e 1,6% de transferência.
Sousa et al, 2014– 54,8% dos pacientes eram do sexo masculino. – Em relação a idade, predominância de idosos, principalmente entre 71 e 80 anos (24,8%). -Tempo de permanência: 82,6% entre 1 a 10 dias, 11% de 11 a 20 dias, e 4,2% em torno de 21 a 30 dias.Complicações cardiovasculares como o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)A média de mortalidade foi de 46,5%.
Guia et al, 201556,6% eram do gênero feminino. A maioria (n=179) era idosos, sendo que 37,5% tinha idade acima de 80 anos. 50,8% necessitou utilizar aminas vasoativas e 56,6% (VMI). O tempo médio de VMI pessoa para locomoção, 16,9% estavam restritos à cadeira e 3,8% restritos ao leito. O tempo de internação foi de 13,1±6,1 diasDoenças respiratórias (28,6%, N=54), fratura de quadril (27,5%, N=52) e doenças cardiovasculares (15,6%, N=30).A mortalidade na UTI foi de 38,6% (N=73).
Melo et al, 2015Prevalência do sexo masculino (62,8%) e faixa etária predominante igual ou superior a 60 anos (41,86%), Utilização de tubo orotraqueal (TOT)Pneumopatia, seguido da insuficiência respiratória, tétano e Acidente Vascular Cerebral (AVC)Não informado pelos autores
Carneiro; Cruz;53,6% eram do sexo masculino. A maioria dos HAS, DM e insuficiência cardíaca. 95,5% dos pacientes da UTI clínica e 22,9% da UTI cirúrgica receberam tubo orotraqueal. 97% da UTI clinica e 71,1% da cirúrgica necessitaram de cateter venoso central, e 91,8% e 2% respectivamente, de traqueostomia.Grupos patológicos:doenças neurológicas;endócrinas;Taxa de mortalidade de

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos de análise na literatura científica acerca das principais atribuições do enfermeiro intensivista frente às boas práticas de enfermagem no âmbito de uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTIA) consolidam a implicação da assistência de enfermagem nos resultados positivos em pacientes ali colocados. O enfermeiro como líder do setor é incumbido de inúmeras atribuições gerenciais e burocráticas complexos, executa funções assistenciais inerentes à profissão. 

É de sua responsabilidade a garantia da segurança do paciente sob seus cuidados, bem como chefiar as unidades. São responsáveis pela administração geral da unidade garantindo a qualidade de assistência de enfermagem padrão ao perfil clínico de seus pacientes, precisam ser dotados de habilidades clínicas para traçar planejamento de cuidados a pacientes críticos, resolução de conflitos, questões éticas e difundir opiniões da equipe multidisciplinar. O Enfermeiro com prática avançada (APN) e que possui mestrado, também chamado de Enfermeiro Especialista Certificado, um -CSN- como nos EUA se encaixa neste perfil.

Como visto no estudo a presença de uma CNS como enfermeira chefe foi associada à melhores resultados dos pacientes e menos pacientes em ventilação na UTI. Suas habilidades clínicas e gerenciais foram fundamentais (FUKUDA; SAKURAI; KASHIWAGI, 2020).

Segundo Therrier et al (2021) a responsabilidade da enfermagem abrange também a administração da nutrição enteral. O benefício é maior quando iniciada logo, pois pacientes internados em UTI, quando impossibilitados de se alimentarem precisam deste aporte. Com o monitoramento e identificando logo as fragilidades, como complicações da sonda nasoenteral o enfermeiro garante um atendimento adequado ao paciente crítico. Inclusive em seu estudo os autores destacam a qualidade da equipe estudada composta de enfermeiros em sua maioria.

Os eventos adversos que mais ocorrem neste tipo de terapia nutricional, são a obstrução da sonda e a retirada da mesma pelo paciente, muitas vezes causada pela agitação. O Embora controversa, o enfermeiro nesse caso, deve avaliar a necessidade da realização de contenção mecânica deste paciente, o que requer atenção especial, para evitar maiores danos.Wen et al (2020) realizou um estudo controlado de treinamento padronizado de enfermeiros para reduzir eventos adversos, caso seja estritamente necessária, a contenção física para pacientes, entretanto críticos. Até mesmo conhecimentos jurídicos se fazem necessário, pois a contenção pode configurar uma violência. 

Para a tomada de decisão é necessário avaliação da real necessidade, de alternativas à contenção, além de educação a pacientes e familiares sobre o tempo e necessidade face ao risco maior à saúde. Os enfermeiros obtiveram uma diferença significativa no uso de contenção e na incidência de eventos adversos observando os cuidados humanísticos  sem  causar  maiores  danos,  como  lesões  psicológicos e conflitos com os familiares do paciente como preconiza o Centro Brasileiro para o Cuidado à Saúde Informado por Evidências: Centro de Excelência do Instituto Joanna Briggs (JBI – Brasil). O JBI é uma organização internacional de pesquisa e desenvolvimento, sem fins lucrativos que representa o esforço da Escola de Enfermagem e do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo para difundir uma prática baseada em evidência destinada a profissionais de saúde.

Outro assunto abordado foi a ocorrência de infecção de cateteres venosos centrais (CVC), geralmente associado à infecções da corrente sanguínea. As taxas de infecção variam entre 18% e 54%, sendo necessária uma capacitação teórico/prática sobre prevenção de infecções elevando a adesão às medidas de controle de forma a impactar na redução da incidência de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) (OLIVEIRA et al., 2017).

Um importante indicador quando se fala em serviços de saúde de excelência, é a segurança do paciente, pois se estima que cerca de 400.000 mortes anuais esteja relacionada a erros de origem médica e os erros de medicação. Mais uma vez a falta de comunicação, conhecimento insuficiente e treinamento não adequado estão entre os principais motivos de erros de enfermagem em UTIs. Os enfermeiros desempenham um papel essencial na segurança do paciente devido à sua presença contínua junto aos pacientes e interação com suas famílias e demais profissionais da unidade. 

Os enfermeiros geralmente têm consciência dos erros e tem facilidade em discuti-los entre si e traçar planos de cuidados e, por sua vez, repassar para toda a equipe técnica os planejamentos de cuidados e os resultados esperados, tendo ainda a autonomia de tomar medidas corretivas caso necessário. Entretanto alguns enfermeiros relatam dificuldade de defender os paciente por se sentirem intimidados por médicos. Portanto necessário capacitar enfermeiros a falar (AMIRI; KHADEMIAN; NIKANDISH, 2018).

Na assistência ao paciente grave, médicos intensivistas e enfermeiros podem então adotar uma rotina de colaboração, compartilhando entre si informações sobre quadro clínico, informações do paciente e sinais vitais, não apenas no ambiente das unidades, mas também ao fazer a transferência de uma unidade para outra, em especial as (UEs) Unidades de emergência, e UTIs (FUKUDA; SAKURAI; KASHIWAGI, 2020).

Mas, em outro estudo alguns fatos acerca da comunicação ficaram evidentes negativamente como as fragilidades no conhecimento dos profissionais quanto aos na pele, traumas, como especialista em cuidados clínicos mais seus papéis, especialmente os enfermeiros que são os que dão início ao processo de transferência, impactando assim a vida do paciente crítico. Falta uma comunicação verbal estabelecida que não seja de modo superficial, falta padronização nas informações do instrumento de transferência como um check list e há um certo desinteresse por parte dos profissionais , resultado da fragilidade causada pela inexistência de uma rotina ,sinalizando a necessidade de aprimoramento de comunicação multidisciplinar (PETRY; DINIZ, 2020).

E por fim Aloush e Alsaraireh (2018) verificaram em seu estudo que a proporção enfermeiropaciente impacta o resultado no atendimento ao paciente crítico. Foi achado que enfermeiros com uma proporção de 1: 1 tem menos carga de estresse e resulta na melhora dos resultados do paciente crítico em UTI. Sendo necessário estar atento à carga de trabalho do enfermeiro que envolve múltiplas funções. Daí a importância do dimensionamento da equipe.

REFERÊNCIAS

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AMIRI M, KHADEMIAN Z, NIKANDISH R. Efeitos de um programa de treinamento em educação em enfermagem na cultura de segurança do paciente: um ensaio clínico randomizado. Educação Médica BMC. 2018. V 18, art. 158. Disponível em: https://bmcmeduc.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12909018-1255-6. . Acesso em: 29 de maio de 2021.AYHMEN et al. Epidemiologia das internações da Unidade de Terapia Intensiva Adulto: uma revisão da literatura. UNAERP. Guarujá. Setembro. 2019 Disponível em:https://www.unaerp.br/sici-unaerp/edicoes-anteriores/2019/artigo/3772-xvisici-epidemiologia-dasinternacoes-da-unidade-de-terapia-intensiva-adulto-uma-revisao- da-literatura/file. Acesso em: 17 de junho de 2021.

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FUKUDA, T.; SAKURAI, H.; KASHIWAGI, M. Esforços para reduzir o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva de baixa intensidade: mudanças na UTI alcançadas por meio da colaboração entre enfermeiros especialistas certificados, como enfermeiros-chefes e médicos intensivistas. 2020. PLoS ONE 15(6):e0234879. Disponível em: Esforços para reduzir o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva de baixa intensidade: Mudanças na unidade de terapia intensiva resultaram na colaboração de enfermeiros especialistas certificados, como enfermeiros chefes e enfermeiros de cuidados intensivos (plos.org). Acesso em: 2 de junho de 2021.

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