REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8020975
Fernando José de Morais Silva1; Rebeca Ferreira Nery2; Marcelle Pereira de Oliveira3; Vinicius Augusto Alves da Silva4; Thalita Isabela de Freitas Lopes5; Maria Carmem Batista de Alencar6; Wanderson Kelly de Abreu Farias7; Alice Cristovão Delatorri Leite8; Lucas Bagundes da Silva9; Antônia Natália da Silva Oliveira10.
RESUMO
INTRODUÇÃO: O acidente vascular encefálico (AVE) é uma das principais causas de incapacidade e mortalidade no mundo, comprometendo cerca de 15 milhões de pessoas por ano, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Identificar os principais sintomas da doença e iniciar o tratamento o mais rápido possível é fundamental. Quanto maior a velocidade, menor o risco de morte e consequências graves aos pacientes. OBJETIVO: Analisar o manejo inicial de um paciente com AVE e as repercussões do atraso dos cuidados iniciais desses pacientes. METODOLOGIA: Trata-se de revisão integrativa da literatura realizada no mês de março de 2023, que se utiliza de uma metodologia exploratória e descritiva (PEREIRA, et al., 2018). Engloba etapas, como, estabelecimento do tema e dos critérios para a seleção das fontes que serão utilizadas, análise de dados, seleção de material temático, interpretação de resultados e apresentação dos aspectos relevantes obtidos com a revisão. Inicialmente, foram pesquisados estudos nas bases de dados eletrônicas: Literatura Latino – Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline). Inicialmente foram selecionados os seguintes descritores: accidente cerebrovascular OR Accident vasculaire cérébral OR Acidente Vascular Cerebral; Cuidados de Enfermagem OR asistencia de enfermería OR Soins infirmiers; protocoles cliniques OR Clinical Protocols OR protocolos clínicos. Utilizando o operador booleano “AND”. RESULTADOS: De acordo com os artigos selecionados, foi percebido como um grave problema de saúde pública devido os altos índices de mortalidade que possui, mesmo quando não há mortalidade, existem sequelas que o acidente deixa, sendo importante estar alerta para a sintomatologia. Os primeiros sinais e sintomas que aparecem quando se sofre um AVE são os mais variáveis, devendo os profissionais estarem atentos para o correto manejo, já que o atraso no diagnóstico precoce implica em inúmeras sequelas físicas, mentais e sociais, restringindo a funcionalidade do indivíduo, principalmente nas atividades da vida diárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Dessa forma, portando o acidente vascular encefálico, é um derrame cerebral que afeta ainda grande parte da população mundial, sendo que o atraso no diagnóstico dessa patologia pode trazer várias consequências físicas e psicológicas, nesse sentido, espera-se contribuir para uma atenção maior por parte do Estado na capacitação dos profissionais referente a melhoria dos cuidados de pessoas acometidas com Acidente Vascular Encefálico, desde o acometimento, recuperação e reabilitação, até aos cuidados domiciliares.
Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral; protocolos clínicos; Cuidados de Enfermagem.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Stroke is one of the main causes of disability and mortality worldwide, affecting about 15 million people per year, according to data from the World Health Organization. Identifying the main symptoms of the disease and starting treatment as soon as possible is essential. The faster the treatment, the lower the risk of death and serious consequences to the patients. OBJECTIVE: To analyze the initial management of a stroke patient and the repercussions of delaying the initial care of these patients. METHODOLOGY: This is an integrative review of lite-rature conducted in March 2023, which uses an ex-ploratory and descriptive methodology (PEREIRA, et al., 2018). It includes steps such as establishing the theme and the criteria for the selection of sources to be used, data analysis, selection of thematic material, interpretation of results and presentation of relevant aspects obtained with the review. Initially, studies were searched in the electronic databases: Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (Lilacs) and Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline). Initially the following descriptors were selected: accidente cerebrovascular OR Accident vasculaire cérébral OR Cerebral Vascular Accident; Cuidados de Enfermagem OR asistencia de enfermería OR Soins infirmi-ers; protocoles cliniques OR Clinical Protocols OR protocolos clínicos. Using the Boolean operator “AND”. RESULTS: According to the selected articles, it was perceived as a serious public health problem due to its high mortality rates. Even when there is no mortality, there are those left by the accident, and it is important to be alert to the symptoms. The first signs and symptoms that appear when a person suffers a CVA are the most variable, and professionals must be attentive to the correct management, since the delay in early diagnosis implies in numerous physical, mental and social sequels, restricting the individual’s functionality, especially in daily life activities. FINAL CONSIDERATIONS: Thus, stroke is a stroke that still affects a large part of the world population, and the delay in diagnosis of this pathology can bring about several physical and psychological consequences. In this sense, it is expected to contribute to a greater attention by the State in the training of professionals regarding the improvement of the care of people affected by stroke, from the injury, recovery and rehabilitation, to home care.
Keywords: Stroke; Clinical Protocols; Nursing Care.
- INTRODUÇÃO
O acidente vascular encefálico (podendo ser isquêmico ou hemorrágico), também chamado de acidente vascular cerebral está relacionado com um problema no sistema nervoso central (SNC), sendo resultado de uma causa vascular, tendo alta prevalência do meio médico e por consequência sendo uma das principais causas de incapacidade na sociedade. (CORADINI, et al., 2020).
Referente a causa isquêmica, se dá devido uma obstrução dos vasos sanguíneos, podendo ocorrer devido a uma trombose (formação de placas de ateroma em uma artéria principal do cérebro) ou devido uma embolia (quando um trombo ou uma placa de gordura se solta de outra artéria ou parte do corpo e pela corrente sanguínea chega aos vasos cerebrais) (Donnellan C, et al., 2013). Já no acidente vascular encefálico hemorrágico, ocorre devido o rompimento de um vaso sanguíneo no encéfalo, podendo ser uma hemorragia intracerebral, quando ocorre no interior do cérebro. (CORADINI, et al., 2020).
Em alguns casos podemos ter hemorragia subaracnóidea, quando o sangramento ocorre entre o cérebro e a aracnoide (umas das membranas de proteção do SNC), como consequência do sangramento temos aumento da pressão intracraniana (PIC), que por consequência pode dificultar a chegada de sangue em outras áreas não afetadas e agravar a lesão, sendo o tipo de AVE mais grave. (NETO, et al., 2020).
Alguns estudos indicam que o AVC hemorrágico corresponde a cerca de 15% a 20% de patologias vasculares no cérebro, enquanto os AVC por causas isquêmicas caracterizam cerca de 80 a 85% do total de casos, podendo ter diversas etiologias, nos jovens os AVC podem estar relacionado a várias formas de vasculite, distúrbios de coagulação e dissecção arterial cervical. (NETO, et al., 2020).
A classificação TOAST, exibe quatro tipos principais de AVC isquêmico: acidente vascular cerebral criptogênico, doenças de pequenos vasos (infartos lacunares), acidente vascular cerebral cardioembólico e aterosclerose de
grandes vasos, cada um com um processo fisiopatológico distinto, sendo importante saber que a cada minuto de AVC isquêmico não tratado, cerca de dois milhões de neurônios morrem. Sendo importante agir rápido a fim de preservar a maior área de tecido cerebral possível (Sander R, et al., 2013).
A Tomografia Computadorizada do crânio é amplamente utilizada por sua maior disponibilidade, menor tempo de realização, possibilita realizar uma avaliação satisfatória do encéfalo, sendo possível através dela diferenciar causas hemorrágicas de causas isquêmicas, e outras patologias que mimetizem o AVE. Portanto deve ser o primeiro exame a ser realizado em um paciente que demonstra sintomatologia característica (LOPES, et al., 2016).
Sendo a aterosclerose a patologia base mais comum e importante para a formação de uma placa aterotrombótica nas artérias que suprem o cérebro e que podem bloquear ou diminuir o diâmetro desses vasos no pescoço ou na região intracraniana, podendo resultar em isquemia distal do cérebro (HSIEH MJ, et al., 2018). Dessa forma, inicialmente para investigar a etiologia, recomenda-se a realização do ultra-som doppler de carótidas e vertebrais, também é feito a avaliação cardíaca com eletrocardiograma, radiografia de tórax e ecocardiograma com doppler transtorácico ou transesofágico. (CARDOSO & MENESES, 2018).
Identificar os principais sintomas da doença e iniciar o tratamento o mais rápido possível é fundamental. Quanto maior a velocidade, menor o risco de morte e consequências graves (DE SÁ, et al., 2021). Dessa forma, a presente revisão tem como objetivo analisar como deve ser feito a abordagem inicial dos pacientes com AVE, e as implicações no atraso dos cuidados iniciais.
- METODOLOGIA
Trata-se de revisão integrativa da literatura realizada no mês de março de 2023, que se utiliza de uma metodologia exploratória e descritiva (PEREIRA, et al., 2018). Engloba etapas, como, estabelecimento do tema e dos critérios para a seleção das fontes que serão utilizadas, análise de dados, seleção de material temático, interpretação de resultados e apresentação dos aspectos relevantes obtidos com a revisão.
Inicialmente, foram pesquisados estudos nas bases de dados eletrônicas: Literatura Latino – Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline). Inicialmente foram selecionados os seguintes descritores: accidente cerebrovascular OR Accident vasculaire cérébral OR Acidente Vascular Cerebral; Cuidados de Enfermagem OR asistencia de enfermería OR Soins infirmiers; protocoles cliniques OR Clinical Protocols OR protocolos clínicos. Utilizando o operador booleano AND. Os dados foram organizados durante a revisão de literatura de forma a elencar os estudos relacionados à temática em questão, a filtragem dos artigos encontrados teve como critério de inclusão, artigos nos últimos 10 anos (2013 a 2023), nos idiomas: inglês, espanhol e português, sendo os tipos de documentos: estudo observacional; estudo de etiologia, estudo diagnóstico, estudo prognóstico, estudo de fatores de risco; estudo de rastreamento e ensaio clínico controlado; e como critério de exclusão, foram descartados os artigos que não contemplassem a pergunta de pesquisa, publicações de teses e dissertações, artigos em outros idiomas, textos antes de 2018, e artigos de revisão.
Após essa filtragem ficou disponível 73 artigos, sendo que após leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 19 artigos que mais se encaixavam na proposta desse estudo para compor a presente revisão, ademais foi realizado e excluído textos em duplicação.
O estudo dispensou submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, por tratar-se de uma pesquisa com dados secundários e de domínio público, assim, não envolvendo nenhuma pesquisa clínica com seres humanos e animais.
Figura 1: Fluxograma esquematizando a metodologia do estudo
Motivos para exclusão após leitura do título e resumo: não analisou desfecho de interesse (n =24); não apresentou medida de associação (n = 4); ausência de informações relevantes (n = 14).
Fonte: Autores, 2023.
TABELA 1: Artigos selecionados.
ARTIGO | BASE DE DADOS | ANO DE PUBLICAÇÃO |
BRUNING, Guilherme Emanuel et al. Avaliação e manejo domiciliar da suspeita de acidente vascular encefálico (AVE). 2014. | LILACS | 2014 |
CARDOSO, António NL; MENESES, R. M. C. R. A tomografia computorizada no diagnóstico do AVC agudo. 1º Encontro das Tecnologias da Saúde do CHCB, 2018. | LILACS | 2018 |
DA SILVA CORADINI, Julia et al. Clinical protocol for stroke: development of an informative instrument. Research, Society and Development , v. 9, no. 6, p. e16963211-e16963211, 2020. | MEDLINE | 2020 |
DE BARCELOS, Diego Gomes et al. Atuação do enfermeiro em pacientes vítimas do acidente vascular encefálico hemorrágico na Unidade de Terapia Intensiva. Biológicas & Saúde, v. 6, n. 22, 2016. | LILACS | 2016 |
DE CAMARGO, Renan Paes et al. P 54. Fatores de Risco para Acidente Vascular Encefálico (AVE). ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, v. 5, 2016. | MEDLINE | 2016 |
DE OLIVEIRA BARBOSA, Bruno; KULLAK, João Henrique; REIS, Bruno Cezario Costa. Diagnóstico precoce do acidente vascular cerebral na emergência: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 11, p. e10362-e10362, 2022. | LILACS | 2022 |
DE SÁ, Adson Henrique Morais; RORIZ, Maria Isabel Rocha Couto; DE SOUSA, Milena Nunes Alves. Avaliação do conhecimento de internos de medicina sobre o diagnóstico e tratamento do Acidente Vascular Encefálico. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 2, p. 20515-20526, 2021. | MEDLINE | 2021 |
DO CARMO SILVA, Fabiana et al. Abordagem terapêutica inicial no acidente vascular encefálico isquêmico. Brazilian Journal of Health Review, v. 6, n. 3, p. 10474-10481, 2023. | LILACS | 2023 |
Donnellan C, Sweetman S, Shelley E. Implementing clinical guidelines in stroke: A qualitative study of perceived facilitators and barriers. Health Policy, v.111, (.3), p. 234-244, (2013). | LILACS | 2013 |
HSIEH MJ, et al. O efeito e os fatores associados ao reconhecimento de acidente vascular cerebral: um estudo observacional retrospectivo. J Formos Med Assoc, 2018. | MEDLINE | 2018 |
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LIMA, A.L; [2014?]. Como identificar e tratar o AVC. Disponível em: < https://www.tuasaude.com/ave-acidente-vascular-encefalico/>. Acesso em 28 de Maio de 2023. | MEDLINE | 2014 |
LOPES, Johnnatas Mikael et al. Hospitalização por acidente vascular encefálico isquêmico no Brasil: estudo ecológico sobre possível impacto do Hiperdia. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 19, p. 122-134, 2016. | MEDLINE | 2016 |
MAO H, et al. Desenvolvimento de uma nova escala de AVC em um cenário de emergência. BMC Neurol, 2016; 16: 168 | LILACS | 2016 |
NETO, Fernando de Paiva Melo et al. Acidente vascular encefálico isquêmico e suas correlações anatomoclínicas. Editores Associados, p. 17, 2020. | LILACS | 2020 |
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PEREIRA, Amanda Alves et al. Intervenção de enfermagem para vítimas de acidente vascular encefálico isquêmico: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 12, n. 3, p. e2212340303-e2212340303, 2023. | LILACS | 2023 |
Sander R. Prevention and treatment of acute ischaemic stroke. Nursing Older People. V 25, (8), p34-38, (2013) | MEDLINE | 2013 |
SHKIRKOVA K, et al. Impressão global do paramédico da mudança durante a avaliação pré-hospitalar e transporte para acidente vascular cerebral agudo. AVC, 2020; 51(3): 784–791. | MEDLINE | 2020 |
- RESULTADOS E DISCUSSÃO.
Na chegada do paciente é essencial o seu suporte inicial, devendo verificar no momento da chegada o estado geral do paciente, procedendo à verificação de sinais vitais, garantindo uma via aérea pérvia, mantendo função ventilatória adequada, e verificando sinais de choque. (DE SÁ, et al., 2021).
Quanto a conduta: Incialmente, devemos buscar entender a evolução dos sintomas, devendo identificar se aquela sintomatologia se trata de uma isquemia cerebral estabelecida ou de um acidente isquêmico transitório (AIT). (DE SÁ, et al., 2021).
Faz-se importante que a equipe de profissionais estejam atentas aos sintomas apresentado pelo pacientes no momento da admissão, para que se tenha um cuidado mais preciso, geralmente os pacientes chegam no pronto atendimento com algumas queixas, como: dor de cabeça muito forte, tendo início súbito e sendo acompanhada de vômitos, perda de visão ou dificuldade de enxergar, paralisia nos membros, perda súbita da fala ou dificuldade de se comunicar e compreender o que se fala, fraqueza ou dormência na face, nas pernas ou nos braços(DO CARMO SILVA, et al., 2023).
Sendo que as pessoas com AVC muitas vezes experimentam sequelas sensoriais, cognitivas e motoras que podem levar à dificuldade para andar, controlar o equilíbrio em pé e tarefas voluntárias e reagir para evitar uma queda após uma perturbação postural inesperada (O’CAOIMH R, et al., 2019).
É preciso fazer a solicitação de exames, como: exame de imagem (tomografia computadorizada) a fim de excluir causas hemorrágicas, ter uma noção da localização e tamanho da lesão, após isso é importante verificar a saturação de oxigênio e a glicemia, pois em alguns casos a hipoglicemia pode mimetizar um quadro de AVC, sendo que a hiperglicemia configura sinal de mal prognóstico nos casos de AVC. Podemos solicitar também exames laboratoriais, como: provas de função renal, enzimas cardíacas, hemograma, plaquetas, eletrólitos, e troponina, provas de coagulação (TP e KTTP). (MAO H, et al., 2016).
Sendo a TC o exame de escolha para atendimento inicial,deve ser repetida em 24 – 48h nos casos em que não sejam evidenciadas alterações no exame inicial ou de evolução insatisfatória, a TC de crânio é capaz de demonstrar sinais precoces de isquemia em cerca de 70%dos casos nas primeiras 3 horas do aparecimento dos sintomas, e cerca de 80% dos afetados nas primeiras 6 horas desde o início. Esse nível de detecção pode passar de 90% após a primeira semana, sendo também excelente para observar sangramentos no tecido cerebral. (CARDOSO & MENESES, 2018). Baseado no resultado da TC e na caracterização dos sintomas o paciente pode ser candidato à terapia fibrinolítica. No entanto, é sempre importante está atento ao diagnóstico diferencial, em algumas patologias que mimetizam o AVE, como por exemplo: AIT, enxaqueca hemiplégica, tumor cerebral, síncope, desarranjo metabólico, transtorno de conversão e infecção. (PEREIRA, et al., 2023).
Pacientes com AVC podem apresentar hipertensão arterial, sendo esse mecanismo necessário para a perfusão das áreas isquêmicas limítrofes, sendo a elevação da pressão arterial um mecanismo fisiológico no pós-AVC e reduzir bruscamente os níveis tensionais nesse momento pode levar ao aumento da área isquêmica e piora do déficit neurológico. (SHKIRKOVA K, et al., 2020).
Nesse sentido, a terapia anti-hipertensiva é indicada apenas em casos de AVC em que o paciente possua pressão arterial sistólica maior que 220 mmHG e PA diastólica maior que 12º mmHG ou ainda nos casos de falência circulatória, doença coronariana ativa, dissecção aórtica, encefalopatia hipertensiva, falência renal aguda ou outras condições nas quais a hipertensão ofereça uma ameaça a vida do paciente. (DE SÁ, et al., 2021).
Quanto ao tratamento AVC hemorrágico buscar o controle dos níveis pressóricos e uma avaliação neurocirúrgica, a fim de avaliar a necessidade dedrenar grandes hematomas (DE CAMARGO, et al., 2016).
No caso de aneurismas cerebrais, além da possibilidade do tratamento neurocirúrgico convencional também pode ser optado por tratamentos endo vasculares. O tratamento do AVC isquêmico depende da capacidade do paciente para realização de trombólise com alteplase. Para seu uso deve-se excluir pacientes com história de hemorragia intracraniana prévia, TCE nos últimos 3 meses, cirurgia nos últimos 14 dias, hemorragia no trato
gastrointestinal ou geniturinário nos últimos 21 dias, níveis pressóricos: PAS>180 e/ou PAD>110mmHg, plaquetas inferiores a 100.000.(DE SÁ, et al., 2021). O diagnóstico preciso e precoce do AVC é de capital importância, haja vista ser o AVC uma emergência médica e o seu tratamento é tempo dependente. (CARDOSO &MENESES, 2018).
As limitações impostas por um AVC variam dependendo de qual seção do cérebro é afetada e do tamanho da lesão, sendo que a demora no diagnóstico e manejo necessário provoca um aumento dos danos. Dependendo do vaso acometido teremos manifestações clínicas diferentes, na artéria cerebral média poderemos ter: desatenção, negligência, agnosia, afasia receptiva ou expressiva é o hemisfério dominante afetado, hemianopsia ipsilateral, hemiparesia contralateral e hipoestesia (fraqueza do braço e face é pior do que no membro inferior), olhar para o lado da lesão (DE BARCELOS, et al., 2016).
Na artéria cerebral anterior, teremos: apraxia de marcha, fraqueza contralateral maior nas pernas do que nos braços, a fala é preservada, mas há desinibição, o estado mental está alterado, o julgamento é prejudicado, incontinência urinaria, déficits sensoriais corticais contralaterais. Na artéria cerebral posterior, temos: cegueira cortical, estado mental alterado, agnosia visual, heminopsia homônima contratelar, comprometimento de memória. (BRUNING, et al., 2014). Quando afetada a artéria vertebral/brasilar, podemos ter: vertigem, nistagmo, diplopia e déficits de campo visual, disartria, disfagia, síncope, hiperestesia facial e ataxia. (BRUNING, ET AL., 2014)
O tempo é crucial no manejo do AVC, pois quanto mais tempo for necessário para o diagnóstico, mais tempo aumenta o dano, e uma abordagem de qualidade tem a função de evitar que a penumbra progrida para a zona do infarto. (LIM IH, et al., 2017).
Fatores que levam ao atraso no manejo estão relacionados a dificuldade em seguir os protocolos, conhecimento deficiente durante a formação, a ausência de estrutura física no ambiente de assistência e a falta de investimento em equipamentos e tecnologia avançada. De tal forma, que foi visto que em alguns estudos que alguns profissionais não aderem a protocolos estabelecidos (DE OLIVEIRA BARBOSA, et al., 2022).
Sendo que o atraso no manejo inicial pode comprometer a capacidade funcional, a independência e autonomia, também, podem ter efeitos sociais e econômicos que invadem todos os aspectos da vida dos indivíduos. Geralmente, quando ocorre um declínio funcional em decorrência de algum processo patológico, é a família que se envolve em aspectos de assistência, na supervisão das responsabilidades e na promoção direta dos cuidados, muitas vezes sobrecarregando o cuidador (Donnellan C, et al., 2013).
- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portando o acidente vascular encefálico, é um derrame cerebral que afeta ainda grande parte da população mundial, trazendo enormes consequências a curto e principalmente a longo prazo, podendo trazer sequelas irreversíveis e até mesmo ao óbito. Faz- se importante uma atenção clínica especial aos primeiros sintomas, observando a evolução e características, principalmente na população idosa, que está mais suscetível, podendo acarretar diversas consequências, prejudicando a qualidade de vida do indivíduo. O tratamento em unidades de terapia intensiva neurológica e unidades de AVE leva a um melhor desfecho clínico, sendo recomendado a todos os pacientes.
Dessa forma, é importante o treinamento dos profissionais responsáveis pelo diagnóstico e a capacitação necessária para traçar tratamento, objetivando uma detecção precoce, e melhor prognóstico da patologia.
REFERÊNCIAS
BRUNING, Guilherme Emanuel et al. Avaliação e manejo domiciliar da suspeita de acidente vascular encefálico (AVE). 2014.
CARDOSO, António NL; MENESES, R. M. C. R. A tomografia computorizada no diagnóstico do AVC agudo. 1º Encontro das Tecnologias da Saúde do CHCB, 2018.
DA SILVA CORADINI, Julia et al. Clinical protocol for stroke: development of an informative instrument. Research, Society and Development , v. 9, no. 6, p. e16963211-e16963211, 2020.
DE BARCELOS, Diego Gomes et al. Atuação do enfermeiro em pacientes vítimas do acidente vascular encefálico hemorrágico na Unidade de Terapia Intensiva. Biológicas & Saúde, v. 6, n. 22, 2016.
DE CAMARGO, Renan Paes et al. P 54. Fatores de Risco para Acidente Vascular Encefálico (AVE). ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, v. 5, 2016.
DE OLIVEIRA BARBOSA, Bruno; KULLAK, João Henrique; REIS, Bruno Cezario Costa. Diagnóstico precoce do acidente vascular cerebral na emergência: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 11, p. e10362-e10362, 2022.
DE SÁ, Adson Henrique Morais; RORIZ, Maria Isabel Rocha Couto; DE SOUSA, Milena Nunes Alves. Avaliação do conhecimento de internos de medicina sobre o diagnóstico e tratamento do Acidente Vascular Encefálico. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 2, p. 20515-20526, 2021.
DO CARMO SILVA, Fabiana et al. Abordagem terapêutica inicial no acidente vascular encefálico isquêmico. Brazilian Journal of Health Review, v. 6, n. 3, p. 10474-10481, 2023.
Donnellan C, Sweetman S, Shelley E. Implementing clinical guidelines in stroke: A qualitative study of perceived facilitators and barriers. Health Policy, v.111, (.3), p. 234-244, (2013).
HSIEH MJ, et al. O efeito e os fatores associados ao reconhecimento de acidente vascular cerebral: um estudo observacional retrospectivo. J Formos Med Assoc, 2018.
LIM IH, et al. Características Clínicas de Pacientes Idosos com AVC Isquêmico Agudo que Ligam para Serviços Médicos de Emergência. Ann Geriatr Med Res, 2017;21(4):164–167
LIMA, A.L; [2014?]. Como identificar e tratar o AVC. Disponível em: < https://www.tuasaude.com/ave-acidente-vascular-encefalico/>. Acesso em 28 de Maio de 2023.
LOPES, Johnnatas Mikael et al. Hospitalização por acidente vascular encefálico isquêmico no Brasil: estudo ecológico sobre possível impacto do Hiperdia. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 19, p. 122-134, 2016.
MAO H, et al. Desenvolvimento de uma nova escala de AVC em um cenário de emergência. BMC Neurol, 2016; 16: 168
NETO, Fernando de Paiva Melo et al. Acidente vascular encefálico isquêmico e suas correlações anatomoclínicas. Editores Associados, p. 17, 2020.
O’CAOIMH R, et al. Comparação de Instrumentos de Triagem de Fragilidade no Serviço de Emergência. Int J Environ Res Saúde Pública, 2019; 16(19): 3626
PEREIRA, Amanda Alves et al. Intervenção de enfermagem para vítimas de acidente vascular encefálico isquêmico: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 12, n. 3, p. e2212340303-e2212340303, 2023.
Sander R. Prevention and treatment of acute ischaemic stroke. Nursing Older People. V 25, (8), p34-38, (2013)
SHKIRKOVA K, et al. Impressão global do paramédico da mudança durante a avaliação pré-hospitalar e transporte para acidente vascular cerebral agudo. AVC, 2020; 51(3): 784–791.
1Graduando em Medicina pela Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí-FAHESP-Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba-IESVAP, Parnaíba-PI, Brasil.
2Graduanda em Enfermagem pela Faculdade São Francisco da Paraíba, Cajazeiras, Paraíba, Brasil.
3Graduada em nutrição pela Universidade Estácio de Sá (Unesa), Niterói – Rj.
4Graduando em Medicina pela Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasília-DF
5Graduando em Medicina pela Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS- Belo Horizonte), Belo Horizonte-MG.
6 Mestre em Enfermagem pela Faculdade São Francisco da Paraíba, Cajazeiras- Paraíba.
7graduado em Enfermagem pela Faculdade São Francisco da Paraíba, Cajazeiras- Paraíba.
8,9 Graduando de medicina, Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá-AP.
10 Graduanda em Farmácia pela UNINASSAU, Parnaíba-PI.