PHYSICAL ACTIVITY AND CARDIOVASCULAR HEALTH: STRATEGIES TO COMBAT ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION – LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202501241434
Santos, Aerton Medeiros¹; Souza, Ana Paula Alves²; Vaz, Joice de Andrade³; Fernandes, Karla Juliana Silva⁴; Braz, Leandro Uchoa⁵; Cajá, Regiane de Sousa⁶; Orientador: Tourinho, Luciano de Oliveira Souza⁷.
RESUMO
Introdução. O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é uma das principais causas de mortalidade mundial, associada a fatores de risco como sedentarismo, tabagismo e alimentação inadequada. A prática de atividade física é uma estratégia fundamental na prevenção e recuperação do IAM, sendo essencial para garantia da saúde. Objetivos. O objetivo geral deste estudo é analisar como a prática de atividade física pode contribuir para a prevenção e recuperação do IAM. Os objetivos específicos incluem identificar os tipos de exercícios mais eficazes e compreender seus efeitos benéficos na saúde cardiovascular. Justificativa. Este estudo é relevante para a saúde pública, pois pode contribuir para a elaboração de estratégias preventivas que ajudem a reduzir a incidência de IAM. Além disso, visa fornecer informações úteis para a prática clínica e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, por meio de programas de reabilitação cardiovascular. Metodologia: A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão sistemática da literatura, utilizando as bases de dados PubMed e Scielo. Foram selecionados estudos publicados nos últimos 10 anos, que analisaram os efeitos da atividade física na prevenção e recuperação do IAM. Resultados e discussão. Após a triagem inicial de 1.024 artigos, 10 estudos relevantes foram selecionados. Os resultados indicam que exercícios aeróbicos e treinamento resistido apresentam benefícios significativos na prevenção de fatores de risco cardiovascular e na reabilitação de pacientes pós-infarto. Ademais, as diretrizes internacionais reforçam a importância da prática supervisionada para pacientes com IAM. Conclusão. Portanto, a prática regular de atividade física, quando orientada corretamente, é responsável por reduzir significativamente o risco de IAM e contribui para a recuperação de pacientes que já sofreram infarto. Assim, este estudo oferece uma base importante para o desenvolvimento de estratégias e programas de saúde pública que promovam a saúde cardiovascular.
Palavras-chave: Infarto Agudo do Miocárdio. Atividade física. Saúde cardiovascular.
ABSTRACT
Introduction. Acute Myocardial Infarction (AMI) is one of the leading causes of mortality worldwide, associated with risk factors such as sedentary lifestyle, smoking, and poor diet. Physical activity is a fundamental strategy for the prevention and recovery of AMI, being essential for ensuring health.Objectives. The general objective of this study is to analyze how physical activity can contribute to the prevention and recovery of AMI. Specific objectives include identifying the most effective types of exercises and understanding their beneficial effects on cardiovascular health.Justification. This study is relevant to public health, as it can contribute to the development of preventive strategies to help reduce AMI incidence. Additionally, it aims to provide useful information for clinical practice and improve patients’ quality of life through cardiovascular rehabilitation programs.Methodology. The research was conducted through a systematic review of the literature, using the PubMed and Scielo databases. Studies published in the last 10 years, analyzing the effects of physical activity on the prevention and recovery of AMI, were selected.Results and Discussion. After the initial screening of 1,024 articles, 10 relevant studies were selected. The results indicate that aerobic exercises and resistance training offer significant benefits in preventing cardiovascular risk factors and rehabilitating post-infarction patients. Furthermore, international guidelines emphasize the importance of supervised exercise for AMI patients. Conclusion. Therefore, regular physical activity, when properly guided, significantly reduces the risk of AMI and contributes to the recovery of patients who have already experienced an infarction. Thus, this study provides an important foundation for the development of strategies and public health programs that promote cardiovascular health.
Keywords: Acute Myocardial Infarction. Physical Activity. Cardiovascular Health.
1 INTRODUÇÃO
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é um dos principais problemas de saúde pública global e é uma das maiores causas de mortalidade no mundo. Essa condição ocorre quando há uma interrupção súbita no fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco, o que leva à morte celular e danos irreversíveis ao tecido do coração. Apesar dos avanços médicos e tecnológicos no manejo dessa patologia, a sua alta incidência permanece uma preocupação significativa.
Os fatores de risco como sedentarismo, tabagismo, hipertensão, dislipidemias e alimentação inadequada são reconhecidos como os principais contribuintes para a ocorrência de eventos cardiovasculares graves. Nesse cenário, a prática regular de atividade física destaca-se como uma estratégia fundamental para a promoção da saúde cardiovascular, uma vez que é reconhecida como aliada para prevenção primária e para reabilitação de pacientes que já sofreram infarto.
Dessa forma, a presente pesquisa delimita-se na análise da relação entre a prática de atividades físicas e a saúde cardiovascular, com ênfase nas estratégias de combate ao Infarto Agudo do Miocárdio. Nesse sentido, pretende-se identificar os tipos de exercícios mais eficazes, suas intensidades ideais e a forma como essas práticas podem ser implementadas em programas de saúde pública e nas diretrizes de tratamento, contribuindo para a redução da morbimortalidade associada ao IAM. No entanto, embora a importância da atividade física seja reconhecida, ainda há lacunas na literatura científica em relação aos métodos mais eficazes para sua aplicação na prevenção e recuperação do IAM, o que reforça a relevância da presente investigação.
A problemática que norteia este é indagada da seguinte forma: Como a prática regular de atividade física pode contribuir para a prevenção e recuperação do Infarto Agudo do Miocárdio? E mais especificamente quais são as estratégias e tipos de exercício mais eficazes para alcançar esses benefícios?
Parte-se da hipótese de que a prática regular de atividade física, orientada de maneira adequada e personalizada é capaz de reduzir significativamente o risco de desenvolvimento do IAM em indivíduos saudáveis e, além disso, desempenha um papel crucial na reabilitação de pacientes pós-infarto, o que contribui para a recuperação funcional e para a redução da recorrência de eventos cardiovasculares.
Assim, o objetivo geral do presente estudo é analisar a relação entre a prática de atividade física e a saúde cardiovascular, identificando os benefícios específicos dessa prática tanto na prevenção quanto na recuperação do Infarto Agudo do Miocárdio. Como objetivos específicos, busca-se identificar os tipos de atividades físicas mais eficazes na prevenção do IAM, como também compreender os efeitos benéficos da atividade física.
No tocante a relevância deste estudo é evidente seu panorama multifacetado. Em primeiro lugar, contribui para a saúde pública ao fornecer subsídios para a elaboração de estratégias preventivas que podem reduzir a incidência de IAM. Em segundo lugar, o trabalho busca contribuir para a prática clínica, auxiliando profissionais de saúde, como médicos, fisioterapeutas e educadores físicos. Por fim, há um impacto direto na qualidade de vida dos pacientes, pois a reabilitação baseada em exercícios físicos pode melhorar o prognóstico, a funcionalidade e a longevidade de indivíduos que já sofreram um infarto.
Ademais, os resultados preliminares da literatura indicam que os exercícios aeróbicos, como caminhadas, corridas leves e ciclismo, possuem um impacto positivo comprovado na redução de fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, obesidade e dislipidemia. Além disso, o treinamento resistido, quando adequadamente adaptado, também apresenta benefícios na recuperação muscular e no controle metabólico. As diretrizes internacionais destacam a importância de programas de reabilitação cardiovascular supervisionados, especialmente para pacientes que já sofreram IAM promovendo os benefícios fisiológicos, como também psicológicos.
Portanto, este trabalho tem como propósito fornecer uma visão abrangente e fundamentada sobre o papel da atividade física na prevenção e no tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio, com destaque para as melhores práticas e estratégias que possam ser implementadas tanto em nível individual quanto populacional.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi conduzido por meio de uma revisão sistemática da literatura, com o objetivo de analisar e sintetizar as evidências científicas disponíveis sobre a relação entre a prática de atividade física e a saúde cardiovascular, com foco na prevenção e recuperação do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). A metodologia seguiu as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA).
A busca bibliográfica foi realizada em bases de dados renomadas, incluindo PubMed e Scielo, utilizando descritores padronizados extraídos do Medical Subject Headings (MeSH) e dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Os termos “atividade física”, “exercício físico”, “infarto agudo do miocárdio”, “saúde cardiovascular” e “reabilitação cardíaca” foram combinados com o operador booleano AND para otimizar os resultados.
Os critérios de inclusão e exclusão foram definidos para garantir a relevância e a qualidade das evidências. Foram incluídos estudos publicados nos últimos 10 anos, de 2014 a 2024, em português, inglês e espanhol. Além disso, apenas artigos com dados quantitativos ou qualitativos que analisaram os efeitos do exercício físico em desfechos cardiovasculares foram considerados.
Por outro lado, foram excluídos estudos que não abordavam a temática específica com foco no IAM e os benefícios da atividade física, bem como artigos que não estavam disponíveis gratuitamente na íntegra. Ademais, trabalhos que abordaram apenas doenças cardiovasculares de forma geral, sem foco específico no IAM, também foram descartados. De forma concomitante, estudos com amostras pequenas, ou seja, com menos de 30 participantes, e que não apresentaram dados robustos sobre a prática de exercícios físicos foram igualmente excluídos.
Figura 1. Organização metodológica.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente foram encontrados 1.024 artigos nas bases de dados PubMed e Scielo, dos quais 65%, 665 artigos, foram provenientes da PubMed e 35%, 359 artigos, da Scielo. Após a análise do título e do resumo, 1.000 artigos foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão, como ausência de foco no Infarto Agudo do Miocárdio e na prática de atividade física como estratégia de prevenção e recuperação. Além disso, 14 artigos foram descartados por se tratarem de duplicatas identificadas entre as bases de dados.
Dessa forma, após o processo de triagem e exclusão, 10 artigos foram selecionados para a análise final. Esses estudos forneceram evidências relevantes e comparáveis sobre os benefícios da prática de atividade física na prevenção de fatores de risco cardiovascular e na reabilitação de pacientes que sofreram Infarto Agudo do Miocárdio.
Tabela 1. Estudos analisados para escrita.
Autores, ano | Título | Tipo de estudo | Considerações |
BARROS, P.C et al.,(2023) | Cuidados de enfermagem ao paciente vítima de infarto agudo do miocárdio | Estudo qualitativo | Enfatizou a importância do cuidado integrado e da educação em saúde para a recuperação de pacientes pós-IAM. |
BITTENCOURT, R.A et al. (2024) | Considerações clínicas e cirúrgicas associadas ao risco cardiovascular em pacientes com IAM prévio | Estudo qualitativo | Identificou fatores clínicos e cirúrgicos associados ao aumento do risco cardiovascular em pacientes com histórico de IAM. |
BOTTON, A.L et al. (2023) | Atividades físicas na prevenção e controle de doenças cardiovasculares em idosos | Estudo qualitativo | Demonstrou que atividades aeróbicas e combinadas são eficazes na redução de fatores de risco cardiovascular em idosos. |
CHEIRA, J.L et al. (2021) | Uma escola em saúde com currículo International Baccalaureate e a sua relação com a atividade física | Estudo qualitativo | Evidenciou que currículos escolares integrados podem influenciar positivamente os níveis de atividade física dos estudantes. |
FIORIN, B.H et al. (2022), | Infarto agudo do miocárdio piora a dependência, atividade física e o estado emocional em idosos | Estudo qualitativo | Constatou que o IAM agrava a dependência funcional e o estado emocional, reforçando a necessidade de reabilitação física. |
GOMES, L.O et al. (2022) | Os benefícios da atividade física na reabilitação cardíaca em pessoas pós- infarto agudo do miocárdio | Estudo qualitativo | Ressaltou que programas de reabilitação com exercícios físicos melhoram a capacidade funcional e reduzem complicações pós-IAM. |
NASCIMENTO, M.M.X et al. (2023), | Epidemiologia das internações por infarto agudo do miocárdio nos setores de emergência do Ceará | Estudo qualitativo | Apontou uma alta incidência de internações por IAM no Ceará, destacando a importância da prevenção primária. |
OLIVEIRA, R.A et al. (2021) | Os benefícios do exercício físico em pacientes pós- infartados | Estudo qualitativo | Concluiu que exercícios supervisionados melhoram a qualidade de vida e reduzem mortalidade em pacientes pós-infarto. |
SOUSA, M.T et al. (2021) | Ações educativas: dieta, atividade física e suas possíveis influências sobre a pressão arterial | Estudo qualitativo | Demonstrou que ações educativas, incluindo atividade física, contribuem significativamente para o controle da pressão arterial. |
TEIXEIRA, J.A.C (2021) | A Importância dos Programas de Exercícios Pós-Infarto | Estudo qualitativo | Estudo descritivo,Reforçou a eficácia dos programas de exercícios físicos na recuperação e prevenção de novos eventos cardiovasculares |
O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma condição clínica de alta prevalência e grande impacto na saúde pública mundial, sendo uma das principais causas de morbidade e
mortalidade em adultos, especialmente na população idosa (Barros et al., 2023). O papel da atividade física, tanto na prevenção quanto na recuperação do IAM, tem sido amplamente estudado e reconhecido como uma estratégia essencial para a melhoria da saúde cardiovascular (Sousa et al., 2021).
De forma geral, a prática regular de exercícios físicos está associada à redução de fatores de risco, ao fortalecimento do sistema cardiovascular e à promoção do bem-estar geral, sendo uma intervenção de baixo custo e alta efetividade (Cheira et al., 2021). Segundo Gomes et al. (2022), os exercícios físicos regulares, especialmente aeróbicos, desempenham um papel importante na modulação de fatores de risco como hipertensão arterial, obesidade, dislipidemias e resistência à insulina.
A melhora do perfil lipídico e do controle glicêmico promovida pela prática de exercícios contribui diretamente para a redução do risco de eventos coronarianos (Nascimento et al., 2023). Além disso, Teixeira et al. (2023) destacam que programas educativos que incentivam a prática de atividade física, aliados a uma alimentação saudável, promovem impactos positivos na pressão arterial e na saúde do sistema cardiovascular, o que reduz a incidência de infartos em populações de risco.
No âmbito da recuperação pós-infarto, a atividade física supervisionada tem ganhado destaque como um dos pilares centrais dos programas de reabilitação cardíaca. Cheira et al. (2021) enfatizam a importância de programas estruturados de exercícios físicos que incluem atividades aeróbicas e resistidas que sejam personalizadas às condições clínicas e funcionais dos pacientes.
Esses programas melhoram a capacidade cardiorrespiratória, como também auxiliam na prevenção de novos eventos cardíacos. Oliveira et al. (2021) reforçam que a adesão a esses programas está associada a uma melhor capacidade funcional, redução de complicações emocionais e físicas, além de promover um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes. Nesse sentido, a prática de exercícios regulares é fundamental para minimizar os efeitos da doença.
Da mesma forma, Bittencourt et al. (2024) apontaram que a prática de exercícios físicos supervisionados auxilia na recuperação pós-infarto e também tem papel crucial na prevenção secundária, pois reduz a mortalidade e a reincidência de novos eventos cardiovasculares.
Além disso, estudos como o de Fiorin et al. (2022) destacam a importância do cuidado interdisciplinar no manejo de pacientes pós-infarto, sendo a inclusão da atividade física um dos componentes centrais dessa abordagem. Desse modo, ao promover uma melhora na circulação sanguínea e no condicionamento cardiovascular, os exercícios possibilitam uma recuperação mais rápida e segura, fato que diminui o tempo de internação e favorece o retorno às atividades diárias (Botton et al., 2023).
A prática de exercícios físicos direcionados é uma das estratégias mais eficazes na prevenção e reabilitação do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Os diferentes tipos de atividade física oferecem benefícios específicos, tanto para a redução dos fatores de risco cardiovascular quanto para a melhoria da recuperação funcional de pacientes pós-infarto (Caixeta et al., 2024). Assim, a implementação adequada dessas práticas exige o entendimento das intensidades ideais, da personalização dos programas de exercícios e de sua integração.
Os exercícios aeróbicos, como caminhar, correr, pedalar ou nadar, são amplamente reconhecidos como a base para a promoção da saúde cardiovascular. Esses exercícios promovem o aumento do débito cardíaco, a melhora da função endotelial e a redução de fatores de risco como hipertensão arterial, obesidade e dislipidemia (Lucena et al., 2024). Conforme Mesquita et al. (2023), a prática regular de exercícios aeróbicos de intensidade moderada de 50-70% da frequência cardíaca máxima por pelo menos 150 minutos semanais está associada a uma redução significativa nos eventos cardiovasculares e na mortalidade por IAM.
Esses exercícios também desempenham um papel crucial na modulação dos níveis de colesterol, promovendo o aumento do HDL-C e a redução do LDL-C, o que contribui diretamente para a saúde das artérias coronárias (Ruas et al., 2023). Carvalho et al. (2024) destacam que a caminhada é especialmente eficaz para pacientes iniciantes ou que apresentem limitações físicas, pois oferece benefícios progressivos com mínima sobrecarga.
Além dos exercícios aeróbicos, os exercícios resistidos, musculação, uso de pesos e resistência elástica, são fundamentais para a recuperação pós-infarto e para a prevenção de novas complicações. De acordo com Mendes et al (2022), esses exercícios promovem a melhora do tônus muscular, do metabolismo basal e da capacidade funcional geral, ajudando a prevenir a sarcopenia, especialmente em pacientes idosos.
A intensidade recomendada para exercícios resistidos em pacientes pós-IAM deve ser leve a moderada 40-60% da força máxima, com progressão gradual. A combinação de exercícios aeróbicos e resistidos é considerada mais eficaz do que qualquer modalidade isolada, pois oferece benefícios tanto para a função cardiorrespiratória quanto para o sistema musculoesquelético (Andrade et al., 2024).
O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT), caracterizado por períodos curtos de esforço intenso alternados com intervalos de recuperação, tem se mostrado uma abordagem promissora no contexto da reabilitação cardiovascular. Embora tradicionalmente mais utilizado em indivíduos saudáveis, estudos recentes sugerem que o HIIT, quando bem supervisionado, é seguro e eficaz para pacientes com doença cardiovascular estável (Rodrigues et al., 2021).
Fiorin et al. (2022) apontam que o HIIT melhora a capacidade aeróbica, a variabilidade da frequência cardíaca e a função ventricular esquerda, apresentando benefícios superiores aos do exercício contínuo de intensidade moderada em alguns casos. No entanto, é crucial que o HIIT seja implementado sob supervisão rigorosa e com monitoramento cardíaco, especialmente em pacientes com histórico de IAM para evitar sobrecargas excessivas ou eventos adversos.
Além das modalidades mais tradicionais, práticas como yoga, tai chi e alongamentos dinâmicos também têm ganhado espaço na prevenção e na recuperação do IAM. Essas atividades promovem a redução do estresse e a modulação da pressão arterial, fatores que estão diretamente relacionados ao risco cardiovascular (Vieira et al., 2024). De acordo com Oliveira et al. (2021), o yoga pode ser utilizado como uma abordagem complementar, melhorando o equilíbrio emocional e reduzindo os níveis de cortisol, que podem contribuir para a progressão de doenças cardiovasculares.
A intensidade dos exercícios físicos deve ser individualizada, levando em consideração o estado clínico, a idade, a presença de comorbidades e a capacidade funcional do paciente. Os programas supervisionados, como os encontrados em centros de reabilitação cardíaca, utilizam testes de esforço para determinar zonas de intensidade segura, com a finalidade que o paciente alcance benefícios cardiovasculares sem comprometer a segurança (Teixeira et al., 2021).
Sendo assim, em geral, para prevenção primária, exercícios de intensidade moderada 50-70% da frequência cardíaca máxima são indicados. Já para a recuperação pós-IAM, o início deve ser gradual, com progressão conforme o paciente adquire maior tolerância e capacidade funcional. Nascimento et al. (2023) enfatizam que a adesão efetiva aos programas supervisionados aumenta a segurança e a eficácia das intervenções.
A inserção de programas de atividade física em políticas públicas de saúde é essencial para a redução da morbimortalidade associada ao IAM. Nesse aspecto, estratégias como campanhas de conscientização, ampliação de programas de reabilitação cardíaca e criação de espaços públicos seguros para a prática de exercícios são fundamentais para alcançar populações vulneráveis (Sousa et al., 2021).
Além disso, a inclusão de orientações sobre atividade física em diretrizes clínicas e protocolos assistenciais é indispensável. O treinamento de equipes multidisciplinares, incluindo educadores físicos, fisioterapeutas e profissionais de saúde, é uma abordagem eficaz para garantir a integração das práticas de exercício físico no cuidado integral ao paciente com risco cardiovascular (Vieira et al., 2024).
As diretrizes atuais reforçam a prática regular de exercícios físicos como uma intervenção essencial tanto na prevenção primária quanto na reabilitação após o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). As organizações como a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a American Heart Association (AHA) e a European Society of Cardiology (ESC) apresentam orientações específicas sobre a inclusão de atividade física em programas de saúde e tratamento cardiovascular (Rodrigues et al., 2021).
Na prevenção primária, as diretrizes indicam que exercícios aeróbicos de intensidade moderada a vigorosa são altamente eficazes na redução do risco de IAM, pois contribuem para a melhora da saúde metabólica, cardiovascular e endotelial (Andrade et al., 2024). As atividades físicas também desempenham um papel importante na modulação de marcadores inflamatórios e na melhora da função endotelial, dois mecanismos fundamentais para a prevenção de eventos cardiovasculares.
Na reabilitação pós-IAM, o exercício físico supervisionado é recomendado como parte de programas de reabilitação cardíaca. As diretrizes indicam que esses programas promovem a recuperação funcional do paciente, como também melhoram a capacidade cardiorrespiratória, reduzem o risco de reinfarto, da mortalidade e contribuem para a melhora do bem-estar psicológico, especialmente em pacientes que enfrentam ansiedade ou depressão após o infarto (Botton et al., 2023).
Entre os benefícios observados estão o fortalecimento do músculo cardíaco, a diminuição da sobrecarga cardiovascular e o aumento da tolerância ao esforço físico. Além disso, as diretrizes reconhecem a necessidade de adaptar as intervenções à realidade local e à disponibilidade de recursos (Ruas et al., 2023). Nesse sentido, destaca-se a importância da implementação de programas de saúde pública que incentivem a prática regular de atividade física na população geral, com atenção especial aos grupos de maior risco cardiovascular.
Logo, as estratégias como caminhadas guiadas, atividades em grupos comunitários e a promoção do uso de espaços públicos, como parques e academias ao ar livre, são frequentemente citadas como formas de ampliar o acesso à prática de exercícios (Sousa et al., 2021). Essas abordagens contribuem para a prevenção de doenças cardiovasculares e também para a redução de custos associados ao tratamento do IAM.
O exercício supervisionado em ambiente clínico, como nas fases iniciais de reabilitação cardíaca, deve ser progressivamente substituído por atividades regulares e independentes, desde que o paciente tenha recebido orientações claras sobre os tipos e intensidades de exercício mais adequados (Caixeta et al., 2024). Assim, essa transição para um estilo de vida ativo é fundamental para garantir a manutenção dos benefícios a longo prazo, reduzindo a morbimortalidade associada ao IAM e promovendo maior qualidade de vida.
Em conclusão, a prática regular de exercícios físicos, especialmente quando bem orientada e supervisionada, desempenha um papel essencial na prevenção e no manejo do IAM. A combinação de exercícios aeróbicos, resistidos e modalidades complementares, aliada à personalização das intensidades e à integração em programas de saúde pública tem o potencial de transformar o cenário atual da morbimortalidade cardiovascular e promover maior longevidade e qualidade de vida para os pacientes.
4 CONCLUSÃO
A atividade física consolidou-se como uma estratégia indispensável para a prevenção e tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), com benefícios amplamente respaldados pela literatura científica e pelas diretrizes clínicas. Este estudo demonstrou que a prática regular de exercícios físicos é capaz de melhorar o condicionamento cardiovascular, reduzir fatores de risco como hipertensão arterial, dislipidemias, obesidade e sedentarismo, além de promover uma significativa redução da mortalidade em pacientes pós-IAM.
Esses efeitos são evidenciados especialmente por meio de programas de reabilitação cardíaca que combinam exercícios aeróbicos, de resistência e de fortalecimento muscular em intensidades moderadas a altas, de acordo com a condição clínica de cada paciente. As diretrizes atuais, como as da American Heart Association (AHA) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), enfatizam a importância da implementação de programas supervisionados, nos quais o planejamento individualizado e o acompanhamento por profissionais de saúde especializados garantem maior adesão e segurança.
Além disso, destacam que a inclusão de atividades físicas no cotidiano é crucial para indivíduos com histórico de IAM, como também para a população em geral, configurando-se como uma das intervenções mais eficazes e custo-efetivas para a redução da morbimortalidade cardiovascular. No contexto da saúde pública, a promoção da atividade física deve ser tratada como uma prioridade.
As políticas públicas que fomentem a criação de espaços acessíveis para a prática de exercícios, aliados a campanhas de educação em saúde, são estratégias fundamentais para ampliar o alcance das intervenções. Logo, é imperativo que governos, gestores de saúde e profissionais trabalhem de forma interdisciplinar para implementar ações que visem à adoção de um estilo de vida mais ativo, com a finalidade de prevenir o surgimento de fatores de risco cardiovasculares e reduzir a sobrecarga no sistema de saúde.
Além dos benefícios físicos, a prática de exercícios desempenha um papel importante no bem-estar psicológico, já que favorece a redução de sintomas de ansiedade e depressão, frequentemente associados ao IAM. Isso reforça a necessidade de abordagens integradas, que considerem tanto os aspectos fisiológicos quanto emocionais na recuperação dos pacientes.
Conclui-se que a atividade física é uma ferramenta essencial na abordagem do IAM, com impacto positivo na qualidade de vida e na longevidade da população. Assim, a adoção de hábitos saudáveis, incluindo a prática regular de exercícios, deve ser continuamente incentivada por meio de estratégias educativas, políticas públicas e programas de reabilitação cardíaca para garantir que os avanços na ciência cardiovascular se traduzam em benefícios concretos para a sociedade como um todo.
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¹Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna;
²Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna;
³Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna;
⁴Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna;
⁵Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna;
⁶Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna;
⁷Professor orientador. Docente do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.