ATIVIDADE ACADÊMICA E OS PREJUÍZOS CAUSADOS PELA ANSIEDADE DE DESEMPENHO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412092305


Pablo Henrique Silva dos Santos
Prof. Jerline Rocha


Resumo: A ansiedade entre estudantes é um tema relevante e que merece atenção, especialmente no contexto acadêmico. A pressão para obter bons resultados, a competição entre colegas e as exigências das atividades podem contribuir para o aumento da ansiedade de desempenho. Essa condição pode levar a dificuldades de concentração, insônia, e até mesmo a problemas de saúde mental, como depressão.

Palavras chaves: ansiedade, prejuízos acadêmicos.

Introdução

A ansiedade é um fenômeno comum entre os acadêmicos, especialmente devido às altas expectativas e pressões que enfrentam ao longo de sua formação. A ansiedade de desempenho, em particular, refere-se ao medo de não atender a essas expectativas, o que pode levar a uma série de consequências negativas. É a reação de ansiedade associada a temores em relação à execução de uma tarefa, à ideia de ser avaliado criticamente por alunos ou professores. DALGALARRONDO, Paulo.

O transtorno de ansiedade é caracterizado por antecipação e preocupação excessivas e de difícil controle do indivíduo que ocorrem na maioria dos dias por pelo menos seis meses. DSM-5-TR. A vida acadêmica, embora repleta de oportunidades, também pode ser uma fonte de grande sofrimento, físico e psicológico. O acadêmico e um sujeito biopsicossocial, os prejuízos podem afetar a sua vivência fora da universidade.

O objetivo é observar o sujeito que sofre por prejuízos causados pela ansiedade social, e oferecer boas ideias para uma vivência melhor, no contexto acadêmico, e nos demais lugares que o sujeito se encontra, assim levando a ter uma melhor experiência com as atividades acadêmicas, e oferecendo uma melhor vivência em sociedade.

Durante a trajetória universitária, os estudantes frequentemente se deparam com atividades acadêmicas que exigem habilidades de oratória, como apresentações de trabalhos em sala de aula e discussões em grupo. Essas experiências podem ser potentes atiradores de ansiedade, levando a comportamentos de fuga, como faltas às aulas e recusa em participar de atividades, o que impacta negativamente no seu desempenho acadêmico. Angélico et al. (2020).

Segundo modelos cognitivos, o temor de falar em público origina-se tanto de uma autoavaliação negativa do desempenho do indivíduo quanto das expectativas relacionadas a possíveis consequências desfavoráveis, como a desaprovação dos pares em relação ao discurso apresentado.

As causas da ansiedade são complexas e envolvem múltiplos fatores, elementos genéticos, ambientais e psicológicos, interagem de uma forma emaranhada, por isso a necessidade de se fazer uma boa psicoterapia para lidar com as emoções conturbadas, que causam prejuízos para o desenvolvimento psicossocial do universitário. Angélico et al. (2020).

Metodologia

Esta abordagem se distingue significativamente das revisões bibliográficas narrativas tradicionais, pois requer uma série de etapas cuja metodologia é claramente delineada, utilizando técnicas padronizadas que permitem a reprodução dos resultados. Lopes et al. (2008). Durante a investigação por meio do site de pesquisa científica SciELO, foi encontrado 400 artigos científicos, através dos descritores, “Estudantes e ansiedade”, “ acadêmicos e ansiedade social”, ”Pesquisa Sistemática“. Descartou-se 392 artigos, e foi selecionado sete artigos, com o foco no problema proposto pela pesquisa, artigos escritos a pouco mais de oito anos com datas bem próximas, para não ter divergência nos resultados.

Utilizou-se também uma entrevista estruturada, a entrevista estruturada é um método de coleta de dados que se caracteriza por seguir um roteiro pré-definido, com perguntas específicas que devem ser feitas a todos os entrevistados, foi elaborado um roteiro com 16 perguntas, com respostas abertas, para coletar informações de uma estudante do sexo feminino, com a idade de 22 anos, cursa psicologia em uma faculdade privada.

Através de uma perspectiva qualitativa percebeu-se a relação entre, atividades acadêmicas e a ansiedade. Fazendo observações enquanto ela relatava cada resposta, percebeu-se que sua fisionomia mudava quando falava dos desafios enfrentados na faculdade, fora do contexto acadêmico ela lidava bem com as interações sociais. E por fim utilizou-se o livro WILSON, Rob BRANCH, Rhena. Terapia Cognitivo-comportamental Para Leigo, para estruturar uma psicoeducação.

Analise e Discussões

Ansiedade Acadêmica

A entrada na universidade simboliza a busca por uma formação profissional, mas também marca o início de um novo contexto repleto de exigências e responsabilidades. Essas demandas, dependendo dos recursos de enfrentamento de cada estudante, podem contribuir para o sofrimento psicológico e o surgimento do transtorno de ansiedade generalizada (TAG). A vida acadêmica acarreta mudanças significativas, e a transição do ensino médio para o ensino superior apresenta uma série de desafios para o jovem estudante. Angélico et al. (2020) avaliaram a ansiedade em estudantes de psicologia em situações experimentais de falar em público, comparando grupos com e sem plateia.

O estudo envolveu 72 estudantes submetidos ao Teste de Simulação de Falar em Público, além de responderem a inventários de ansiedade, habilidades sociais e autoavaliação. Os resultados mostraram que o grupo com plateia apresentou uma redução significativa nos níveis de ansiedade geral, subjetiva e autonômica após o discurso. Além disso, o estudo verificou que estudantes com repertório mais elaborado de habilidades sociais, tanto gerais quanto de falar em público, e autoavaliações mais positivas apresentaram menor grau de ansiedade na situação de falar em público. Algumas das falas do entrevistado corroboram para tal afirmação, e evidência o quanto é difícil para o discente falar diante dos seus pares.

“Somente quando tinha provas, e a questão de apresentar, mais já aconteceu de professor me deixar mais nervosa na hora que estava apresentando, porque eu ficava nervosa e começava a gaguejar então eles falavam que não tinha estudado etc.”

“Sim, pois os professores já tem uma trajetória, uma bagagem de estudos e você vaia apresentar na frente deles fica um pouco com receio”

“A minha maior dificuldade foi em questão que não conseguia apresentar trabalho sem estar nervosa, ficava muito nervosa quando tinha que apresentar trabalhos.”

Os fatores de risco mais frequentes foram condições relativas à vida acadêmica, como estar nas primeiras ou últimas séries do curso, ter pensado em abandonar o curso, excesso de horas de estudo, dificuldade para conciliar estudo e lazer, e percepção negativa do curso. Graner et al. (2019). Através da entrevista verificou-se que nem sempre a faculdade é um lugar acolhedor, que os alunos são um tanto críticos, principalmente com os colegas que enfrentam prejuízos causados pela ansiedade excessiva, e por uma timidez não trabalhada.

“Nem sempre, porque temos salas que não tem nenhuma janela, e bem fechada então a questão da estrutura as vezes deixa a desejar, mais em geral os professores alguns são acolhedores.”

“Não, as vezes critica a pessoa logo após sua apresentação”

Psicoeducação

A ansiedade de desempenho é comum e pode afetar diversas áreas da vida, desde apresentações no trabalho até provas importantes. Existem diversas estratégias para lidar com ela, entenda a ansiedade e normal, claro se ela não for patológica, todo mundo sente ansiedade em alguma situação. Identifique os gatilhos, quais situações te deixam mais ansioso. A Terapia Cognitiva Comportamental representa uma abordagem robusta e fundamentada para o tratamento da ansiedade, abordando tanto os aspectos cognitivos quanto comportamentais desse distúrbio.

Ao capacitar os indivíduos a desafiar seus pensamentos disfuncionais e a se expor gradualmente às suas fontes de ansiedade, a TCC oferece ferramentas práticas e eficazes para enfrentar e superar os desafios que a ansiedade impõe. Com um comprometimento adequado e, quando necessário, uma abordagem integrada, a TCC pode transformar a vida de muitas pessoas, ajudando-as a recuperar o controle e a qualidade de vida que merecem.

Mude o foco, em vez de pensar no fracasso, concentre-se no aprendizado e no seu melhor desempenho, prepare-se bem, conhecimento é poder! Quanto mais preparado você estiver, menos ansioso se sentirá. Exercícios de respiração profunda ajudam a acalmar o corpo e a mente. Quebre a tarefa em partes menores, dividir a tarefa em etapas menores torna tudo mais gerenciável, seja gentil consigo mesmo Erros fazem parte do processo de aprendizado. Busque apoio, converse com amigos, familiares ou um profissional da saúde mental. Cuide da sua saúde, uma alimentação equilibrada, sono adequado e atividade física regular ajudam a reduzir a ansiedade. Mantenha uma rotina, uma rotina consistente proporciona mais segurança e reduz o estresse. Desafie pensamentos negativos, Identifique e desafie pensamentos que te deixam ansioso. Comemore suas conquistas, reconhecer seus progressos aumenta a autoestima e a confiança.

Conclusão

A ansiedade, quando não gerenciada de forma adequada, pode ter um impacto significativo na vida acadêmica. Seus efeitos vão além do simples nervosismo antes de uma prova, podendo afetar a concentração, a memória, o sono e, consequentemente, o desempenho nos estudos. É fundamental reconhecer que a ansiedade é uma reação natural do corpo humano, mas quando se torna excessiva, pode se tornar um obstáculo para o sucesso acadêmico. É importante buscar estratégias para lidar com ela, como técnicas de relaxamento, organização do tempo, apoio social e, em casos mais graves, acompanhamento profissional. Em resumo, a ansiedade pode ser um desafio para os estudantes, mas não precisa ser um impedimento. Com as ferramentas e o apoio adequados, é possível superá-la e alcançar o sucesso nos estudos.

Em conclusão, é evidente que a ansiedade pode desempenhar um papel significativo na trajetória acadêmica dos estudantes, influenciando diversos aspectos do aprendizado e desempenho. Reconhecer essa condição como uma resposta natural do corpo é o primeiro passo para enfrentá-la. Ao implementar estratégias eficazes, como técnicas de relaxamento, organização do tempo e busca por apoio social, os alunos podem mitigar os efeitos da ansiedade. Em situações mais críticas, a busca por ajuda profissional se torna essencial. Assim, embora a ansiedade represente um desafio, ela não deve ser vista como um obstáculo intransponível. Com as ferramentas e o suporte adequados, é possível não apenas gerenciar a ansiedade, mas também prosperar academicamente, alcançando os objetivos desejados.

Referência Bibioglafica

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WILSON, Rob BRANCH, Rhena. Terapia Cognitivo-comportamental Para Leigo. Alta Books; 1ª edição – Edição de bolso, 26 março 2019.