DENTAL CARE FOR PATIENTS WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER (ASD) – LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7791761
Liliane da Silva Libertino1
Flavio Martins da Silva2
Leopoldo Luiz Rocha Fujii3
Pedro Ivo Santos Silva4
Bruno Coelho Mendes5
Chimene Kuhn Nobre6
RESUMO
O autismo é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por dificuldades com a linguagem e interação social. As crianças com autismo podem não gostar de multidões e atividades em grupo. Elas geralmente são hiperativas e têm um período de atenção reduzido. Elas também podem ter transtornos de humor, tendências a comportamento agressivo e hipersensibilidade a estímulos sensoriais. Elas geralmente têm um mundo próprio e uma linguagem própria. dedicado à comunicação. O conhecimento sobre atendimento odontológico para indivíduos com TEA é importante, pois esses indivíduos são passíveis de modificações com necessidades específicas. Portanto, os dentistas devem entender os pacientes a partir de seu comprometimento, suas interações sociais ou comportamentais. O objetivo desta revisão de literatura sobre os conhecimentos e cuidados que o cirurgião-dentista deve ter durante o tratamento odontológico de uma pessoa com transtorno do espectro do autismo é tornar os profissionais mais conhecedores da área e das opções de atendimento em cada caso. Esta pesquisa é categorizada como de natureza qualitativa, pois será investigado material bibliográfico para compreender os temas em que será realizada a consulta ao livro. Essa complicação é considerada um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, déficits no desempenho comportamental, comunicação e interação social, padrões comportamentais repetitivos e estereotipados e, possivelmente, interesses e atividades limitados.
Palavras-chave: Transtorno Do Espectro Autista; Análise Do Comportamento Aplicada; Odontologia.
ABSTRACT
Autism is a developmental disorder characterized by difficulties with language and social interaction. Children with autism may dislike crowds and group activities. They are usually hyperactive and have a short attention span. They may also have mood disorders, tendencies toward aggressive behavior, and hypersensitivity to sensory stimuli. They usually have a world of their own and a language of their own. dedicated to communication. Knowledge about dental care for individuals with ASD is important, as these individuals are subject to modifications with specific needs. Therefore, dentists must understand patients from their commitment, their social or behavioral interactions. The objective of this literature review on the knowledge and care that the dental surgeon should have during the dental treatment of a person with autism spectrum disorder is to make professionals more knowledgeable about the area and the care options in each case. This research is categorized as qualitative in nature, as bibliographic material will be investigated to understand the themes in which the book will be consulted. This complication is considered a neurodevelopmental disorder characterized by atypical development, deficits in behavioral performance, communication and social interaction, repetitive and stereotyped behavioral patterns, and possibly limited interests and activities.
Keywords: Autism Spectrum Disorder; Applied Behavior Analysis; Dentistry.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Sant’Anna, Barbosa e Brum (2017), o autismo consiste em um distúrbio de desenvolvimento, que é caracterizado pela dificuldade na linguagem e interação social. As crianças com TEA, podem não gostar de ambientes com muitas pessoas e atividades em grupo, costumam ser hiperativas, com atenção reduzida, podem apresentar também desregulação emocional com tendência a comportamentos agressivos e hipersensibilidade aos estímulos sensoriais, costumam ter seu próprio mundo e uma linguagem específica para se comunicar. A criança autista começa a apresentar comportamentos diferenciados, normalmente, antes dos 30 meses de idade e os pais são os primeiros a identificarem esses sinais e informar ao médico. Incapacidade de comunicação, ecolalia, comportamento repetitivo, indiferença e transtornos de sono e alimentação são algumas das características (MELLO, 2007).
O TEA é um transtorno invasivo do desenvolvimento que persiste durante toda a vida e não tem cura nem causas claramente conhecidas. No entanto, sabe-se que intervenções e métodos educacionais com base na psicologia comportamental têm apontado reduzir os sintomas do espectro do autismo e promover uma variedade de habilidades sociais, de comunicação e comportamentos adaptativos. Esse método de intervenção e ensino é conhecido como a análise do comportamento aplicada ou ABA, sigla em inglês para Applied Behavior Analysis (HOWARD et al., 2005).
O conhecimento acerca do tratamento odontológico para pacientes com TEA (Transtorno do Espectro Autista), é de extrema importância, visto que são pacientes que se enquadram nas alterações de necessidades especiais. Segundo Fourniol (1998), paciente especial é todo o indivíduo que possui alteração física, intelectual, social ou emocional – alteração essa aguda ou crônica, simples ou complexa – que necessita de educação especial e instruções suplementares temporárias ou definitivamente.
Crianças com TEA podem não gostar de ambientes com muitas pessoas e atividades em grupo, costumam ser hiperativas, com atenção reduzida e propensas automutilação. Além disto, podem ocorrer desregulação emocional com tendência a comportamentos agressivos e hipersensibilidade aos estímulos sensoriais. Costumam ter seu próprio mundo e uma linguagem específica para se comunicar, o que requer um tratamento especializado (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
Sendo assim, o Cirurgião Dentista deve compreender o paciente, desde seu comprometimento, suas interações sociais ou comportamentais. Buscando alternativas que agilize o atendimento, através de métodos e meios de interação para atrair atenção do paciente para o tratamento odontológico, sempre e respeitando suas limitações (MATOS, 2020).
Para Zink (2012) o atendimento ao paciente autista se dificulta, pois as ações dos cirurgiões dentistas são consideradas invasivas pelo paciente, devido este possui sensibilidade aumentada aos estímulos odontológicos, como: odores, luz, sons do sugador e canetas de alta e baixa rotação. A recusa ao tratamento odontológico pode ser menor se o paciente se acostumar desde detalhes como ambiente, ser atendido pelo mesmo profissional no mesmo consultório e de preferência sempre no mesmo horário e dia da semana, mantendo assim uma rotina. O atendimento do paciente no espectro autista deve ter grande foco em cuidados preventivos e educação em saúde, é individualizado e deve ser adaptado às necessidades do paciente. Existem inúmeros aspectos que devem ser considerados ao atender o paciente TEA, questões como o ambiente, a comunicação com o paciente, o manejo e técnicas auxiliares, o tipo de procedimento a ser executado, as características comportamentais do paciente, etc. O consultório odontológico ideal para atendimento do paciente com TEA precisa ser um ambiente confortável e que transmita tranquilidade.
Desta forma, o presente projeto, objetiva uma revisão de literatura quanto aos conhecimentos e cuidados que o Cirurgião-Dentista deve ter durante o tratamento odontológico em pacientes portadores do Transtorno do Espectro Autista, possibilita ao profissional um maior conhecimento na área, como também os protocolos de atendimento em cada caso.
Dessa forma, tendo como objetivo geral o de revisar a acerca da abordagem odontológica as crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista. Além disso, tem como objetivo específico o de abordar sobre o Transtorno do Espectro Autista, assim como seu desenvolvimento e suas limitações, descrever quais os melhores manejos e abordagens odontológicas para realizar o tratamento odontológico nos pacientes com Transtorno do Espectro Autista.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A formação dos tecidos dentários é um fenômeno complexo e delicado (KUMAR; GOPAL, 2013). Dentes supranumerários ou hiperdontia é uma anomalia dentária de O transtorno de Espectro Autista, segundo a American Psychiatric Association (2014), é um grupo de distúrbios do desenvolvimento neurológico de início precoce, caracterizado por comprometimento das habilidades. Candeias (2013) definiu o autismo como uma deficiência mental específica, suscetível de ser classificada nas Perturbações Pervasivas do Desenvolvimento.
Com Base na definição dada pela Associação Americana de Autismo, Candeias (2013) relatou que o autismo se caracteriza por um desalinho neurológico, influenciador do raciocínio, das interações sociais e das habilidades comunicativas, que pode ser traduzida em problemas de aprendizagem e alterações de comportamento.
De acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), o TEA se refere a uma série de condições que são caracterizadas por apresentarem algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem (BRASIL, 2014). Atualmente, conforme dito por Coimbra et al. (2020), o diagnóstico do TEA, é baseado de acordo com as definições do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais de 2014, que consiste no agrupamento de diferentes transtornos dentro do TEA.
Segundo a American Psychiatric Association (2014) o grau de autismo é medido pela gravidade do comprometimento. A maioria das pessoas com TEA têm algum nível de deficiência intelectual e o grau varia de leve (nível 1) à severo (nível 3), passando pelo moderado (nível 2), conforme Tabela 1.
Quadro 1 Grau de autismo
Grau leve (nível 1) | Nesse grau de autismo, a pessoa necessita de pouco suporte, tem dificuldades na comunicação, mas sem que isto limite sua interação social. Problemas de organização e planejamento podem prejudicar a independência. |
Grau moderado (nível 2) | O grau de autismo moderado apresenta déficits nas habilidades de comunicação verbais e não verbais, mas com menos intensidade do que o nível 3 (severo). Devido às dificuldades de linguagem, necessitam de suporte para o aprendizado e interação social. |
Grau severo (nível 3) | As pessoas com grau severo de autismo precisam de ainda mais suporte, pois apresentam déficits de comunicação graves. Também têm muita dificuldade nas interações sociais e capacidade cognitiva prejudicada. Tendem ao isolamento social e podem apresentar alta inflexibilidade de comportamento. |
De acordo com as Diretrizes de atenção a reabilitação da pessoa com Transtorno do Espectro do Autista, o diagnóstico é essencialmente clínico, realizado por meio de observações das crianças e entrevistas com pais ou responsável (BRASIL, 2014). Para se chegar ao diagnóstico do TEA, a American Psychiatric Association (2014), diz que precisa compreender até onde vai o comprometimento do paciente, tanto nas interações sociais quanto comportamentais, nas quais não conseguem demonstrar habilidades para um controle emocional.
Camargo e Rispoli (2013) relatam que é um transtorno invasivo do desenvolvimento que persiste por toda a vida e não possui cura e causa conhecida. Santana et al. (2020), informa que as crianças com TEA, podem não gostar de ambientes com muitas pessoas e atividades em grupo, costumam ser hiperativas, com atenção reduzida, podem apresentar também desregulação emocional com tendência a comportamentos agressivos e hipersensibilidade aos estímulos sensoriais, costumam ter seu próprio mundo e uma linguagem específica para se comunicar.
Para Coimbra et al. (2020), o compromisso do cirurgião-dentista é lidar com as limitações do paciente autista, e oferecer condições seguras e focadas na humanização do atendimento e acolhimento diferenciado. Ressaltam também que, o tratamento dentário em crianças, apresentam-se extremamente sensíveis a estímulos externos, como barulhos diferentes, sons fortes e comportamentos inesperados. Na qual devem receber um tratamento interdisciplinar priorizando a prevenção de doenças bucais e as orientações relacionadas a dieta e higiene oral. As formas de abordagens psicológicas do paciente autistas são as mesmas usadas em Odontopediatria como: dizer-mostrar-fazer, distração, dessensibilização, controle de voz, reforço positivo ou recompensa, e modelação. Portanto, esses métodos são mais difíceis de serem aplicados em pacientes autistas, mas devem ser encorajados. Também é possível usar a linguagem corporal, de modo que o profissional, por meio de suas expressões faciais, consiga transmitir para a criança sua satisfação pelo bom comportamento, ou não (JOSGRILBERG; CORDEIRO, 2005).
Para realizar atendimentos ao paciente portador de TEA, o Cirurgião-Dentista deve buscar alternativas (Figura 1) para agilizar seu atendimento, utilizando métodos subjetivos, com estratégias de interação, para atrair a atenção do paciente para o ratamento odontológico, sendo importante a compreensão do profissional sobre as condições desses pacientes (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
Figura 1 – paciente autista usando a comunicação com PECS adaptado a odontologia
Fonte: Adaptado de Zink (2012).
No consultório odontológico, pacientes com TEA, podem apresentar mudanças de comportamento, por ser um ambiente desconhecido, com ruídos vindo dos instrumentos, luz do refletor intensa e, gosto de alguns materiais dentários desagradáveis. Sendo assim, para que seja possível realizar procedimentos adequados é necessário aplicar manobras e técnicas individualizadas garantindo um contato menos traumático que resolva as demandas odontológicas de maneira eficiente (COIMBRA et al., 2020).
Segundo Josgrilberg e Cordeiro (2005) controle do comportamento pode ser realizado através de diversos métodos. Existem os métodos de restrição física, que têm o objetivo de proteger e dar segurança para a criança, pois o cirurgião dentista utiliza materiais cortantes podendo causar injúria no paciente em caso de movimentos rápidos e inesperados. A utilização dos sistemas de imobilização como os envoltórios de tecidos e faixas, os estabilizadores, requer uma explicação prévia ao paciente, com linguagem acessível para que ele não interprete esse procedimento como uma agressão ou castigo por não estar colaborando. Lembre-se que a contenção física só pode acontecer com autorização dos pais, por meio de assinatura. Os pais precisam ser orientados e devem colaborar segurando delicadamente os braços e pernas da criança enquanto o auxiliar imobiliza a cabeça. Além disso, podemos citar também como terapia a Análise Comportamental Aplicada (ABA) que é frequentemente mencionada como uma opção de tratamento que produz melhorias significativas e visa desenvolver novas habilidades e mitigar comportamentos problemáticos, fortalecendo o comportamento desejável e há um potencial para fornecer intervenção precoce de alta qualidade, sabe-se que, um dos benefícios do plano de intervenção ABA é a participação dos pais, que permite uma abordagem mais intensa no ambiente familiar descontraído (PAIS; FERRAZ, 2022). Ainda assim, a ABA é mais ampla, se baseia em um ramo aplicável da ciência comportamental, sendo utilizada para avaliação e desenvolvimento de habilidades específicas, geralmente em crianças com desenvolvimento atípico. a ABA é a ciência constituinte da Análise do Comportamento responsável pela prática de conceitos e princípios comportamentais à problemas socialmente relevantes, ou seja, podendo usá-la como forma de terapia para o atendimento (SANTOS, 2021). Outra opção é a Terapia do Abraço (holding therapy), realizada envolvendo o paciente em abraços forçados que, teoricamente, passariam pelas fases de aceitar, resistir e conceder. O objetivo dessa técnica é forçar um contato corporal até torná-lo aceitável, de forma a vencer a propensão natural do autista ao isolamento (BASSOUKOU; BASSOUKOU; SANTOS, 2007).
Segundo Katz et al. (2009) os tratamentos odontológicos mais invasivos e em pacientes com maior necessidade curativa são realizados com o paciente sob anestesia geral, principalmente quando os pacientes autistas são portadores de grande barreira comportamental, quando há a dificuldade no atendimento e a necessidade de tratamentos invasivos e os pacientes autistas não aceitam intervenções odontológicas por causa da proximidade e do contato físico direto.
A sedação consciente é uma alternativa utilizada na Odontologia para permitir que os pacientes fiquem mais tranquilos durante as consultas. Em crianças autistas não colaborativas, na qual muitas tentativas de abordagem e atendimento já foram tentadas, a sedação torna-se uma opção interessante (MARCELINO; PARRILHA, 2007).
O TEA deve ser assistido pelo cirurgião-dentista para prevenção e tratamento das doenças bucais como em qualquer outro paciente, devido apresenta problemas bucais comuns – alto índice de placa, cárie, gengivite, maloclusões decorrentes de dieta cariogênica, má higienização bucal, uso de medicamentos e hábitos parafuncionais, fazendo-se necessária a técnica odontológica preventiva e curativa. Sendo assim, se faz necessária a criação de um permitida a sedação com óxido nitroso no consultório odontológico com o acompanhamento de um cirurgião-dentista com capacitação e treinamento por cursos regulamentados ou de um anestesiologista. Nos demais consultórios, é permitido somente o uso de anestesia local (injetável e tópica), devendo o profissional estar apto par reconhecer e atender eventuais intercorrências (MAREGA; AIELLO, 2005).
3 MATERIAL E MÉTODOS
Esta pesquisa se classifica quanto à natureza como qualitativa, pois será realizado um levantamento de material bibliográfico referente ao assunto no qual será realizada consultas a livros, dissertações e artigos científicos selecionados através de busca nas seguintes bases de dados, como Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine National Institutes of Health Search (PubMed), Google Scholar. Serão selecionados artigos científicos publicados a partir de 2012. Os descritores utilizados na busca serão: “autismo”, “transtorno”, “espectro”, “odontologia” e “manifestações bucais”.
4 RESULTADOS
Dessa forma, os leitores conseguem compreender o tema discutido e estão cientes de que crianças com TEA possuem fatores que consideram relevantes para o desenvolvimento da cárie dentária e precisam apenas da atenção dos pais e acesso ao atendimento odontológico. De forma humanizada, todas as necessidades relevantes de higiene bucal desses pacientes podem ser atendidas com sucesso, investindo em medidas de prevenção e promoção da saúde respeitando suas limitações.
DISCUSSÃO
Quando se fala de Transtorno Do Espectro Autista (TEA) ainda hoje existe muito preconceito, mesmo com o avanço da tecnologia e a forma de como o mundo passou a ver esse transtorno, ainda sim existe muito preconceito. Onzi e Gomes (2015) afirmam que:
O TEA é considerado um transtorno que vai além da sua complexidade, distante de ser definido com exatidão, pois não existem meios pelos quais se possa testá-lo, muito menos medi-lo. Em outras palavras, as pesquisas realizadas atualmente estão distantes no sentido de apresentarem a “cura” para o autismo, acompanhando o indivíduo por todo seu ciclo vital.
Isso significa que, não é uma simples doença, ou um simples comportamento que a criança desenvolve, mas sim, um transtorno muito complexo que não pode levar a morte, mas que pode ser a causa de muito sofrimento para o individuo e a família se houver diferentes tipos de preconceito ao seu redor.
O TEA se caracteriza pelo quadro clínico em que prevalecem prejuízos na interação social, nos comportamentos não verbais (como contato visual, postura e expressão facial) e na conversação podendo existir atraso ou mesmo falta da linguagem, também podem apresentar, repetição de palavras e uso de linguagem padronizada, dificuldades sociais para partilhar interesses, começar ou manter interações sociais; possuem dificuldades em entender expressões faciais de sentimentos e afetos. Comportamentos estereotipados são vistos entre eles, bater palmas ou movimentar os braços como que batendo asas e outros (LEITE; CURADO; VIEIRA, [2019]).
Na tentativa de quebrar esses tipos de achismos sobre uma pessoa com TEA, o governo brasileiro desenvolveu políticas e diretrizes que preveem o acesso aos espaços e recursos didáticos necessários à inclusão. Além disso, fornecem ferramentas para apoiar os profissionais em sua atuação e compreensão da inclusão escolar e na valorização das diferenças no processo de organização da aprendizagem para atender às necessidades educacionais dos alunos. Essas políticas incentivam a formação de professores para o atendimento específico de crianças com deficiência, bem como programas que estimulem a participação da família e da comunidade nas escolas (CABRAL; MARIN, 2017).
Assim, sabe-se que existem muitos desafios para uma criança com TEA e seus familiares, sendo um deles a ida ao dentista, pois mesmo um Cirurgião Dentista tendo como base a disciplina de Atendimento a Pacientes especiais em sua graduação ainda sim, não se sente apto a atender as demandas de um paciente com essa condição, muitas vezes pelos próprios preconceitos que o Dentista criou para si.
E para que haja um bom atendimento, é necessário se fazer um atendimento humanizado, que se consiste em:
O profissional direcione o seu olhar para a pessoa, o ser humano que está à sua frente necessitando de atendimentos e cuidados. É a valorização do ser sem detrimento das técnicas, porque muitos estudos corroboram que a abordagem humanizada melhora a saúde e previne doenças (KESSAMIGUIEMON; OLIVEIRA; BRUM, 2017, p. 68).
Com isso deve-se levar em consideração que a criança com TEA, apresentam se extremamente sensíveis a estímulos externos, como barulhos diferentes, sons fortes e comportamentos inesperados durante o tratamento odontológico. Portanto, devem receber um tratamento humanizado e interdisciplinar, priorizando a prevenção das doenças bucais e enfatizando as orientações quanto à dieta e higiene bucal de forma que sua condição não afete a qualidade do tratamento (COIMBRA et al., 2020).
Além disso, sabe-se que pacientes com TEA não possuem características orais diferentes das não TEA. O uso de medicamentos controlados e as dificuldades de realizar a higiene oral alteram o meio bucal, tornando-o mais suscetível à doença cárie e doenças periodontais. Esses pacientes necessitam de cuidados especiais principalmente na prevenção, sendo necessária a visita regular ao dentista, recomendada de 6 em 6 meses (SILVA et al., 2019).
Dessa forma, entende-se que atender um paciente com espectro autista não é diferente de atender um paciente em condições normais, ou seja, não a lugar para preconceitos, pois conhecendo as técnicas e tratando o paciente como ser humano que é, todos saem satisfeitos com o atendimento.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, o trabalho apresenta uma revisão de literatura sobre o atendimento odontológico para pacientes portadores de transtorno do espectro autista (TEA), uma complicação considerada um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, déficits no desempenho comportamental, comunicação e interação social, padrões comportamentais repetitivos e estereotipados e possivelmente, de interesses e atividades limitados. Geralmente, pacientes com essa complicação tem condições bucais especificas, devido à dificuldade de higienização, falta de cuidados adequados ou falta de conhecimento do próprio profissional cirurgião dentista sobre essa condição.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM‑5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Disponível em: http://www.institutopebioetica.com.br/documentos/manual-diagnostico-e-estatistico de-transtornos-mentais-dsm-5.pdf. Acesso em: 17 nov. 2022.
BASSOUKOU, I. H,; BASSOUKOU, C. H.; SANTOS, M. T. B. R. Correlação da qualidade de vida do cuidador primário com a saúde bucal da criança autista. Brazilian Oral Research, [s. l.], v. 21, n. 1, p. 284-344, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_reabilitacao_pessoa_ autismo.pdf. Acesso em 30 jul. 2022.
CABRAL, C. S.; MARIN, A. H. Inclusão escolar de crianças com transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática da literatura. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 33, p. e142079, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-4698142079.
CAMARGO, S. P. H.; RISPOLI, M. Análise do comportamento aplicada como intervenção para o autismo: definição, características e pressupostos filosóficos. Revista Educação Especial, [s. l.], v. 26, n. 47, p. 639–650, set./dez. 2013. DOI: https://doi.org/10.5902/1984686X9694.
CANDEIAS, A. R. G. Autismo: inclusão ou integração. 2013. 78 f. Dissertação (Mestrado em Necessidades Educativas Especiais) – Instituto Superior de Educação e Ciência (ISEC), Lisboa, 2013. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.26/10711. Acesso em: 5 out. 2022.
COIMBRA, B. S. et al. Abordagem odontológica a pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma revisão da literatura. Brazilian Journal of Development, [s. l.], v. 6, n. 12, p. 94293-94306, 2020. DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv6n12-045.
FERNANDES, C. S.; TOMAZELLI, J.; GIRIANELLI, V. R. Diagnóstico de autismo no século XXI: evolução dos domínios nas categorizações nosológicas. Psicologia USP, v. 31, p. 1-6, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-6564e200027.
FOURNIOL, A. Pacientes Especiais e a Odontologia. São Paulo: Santos, 1998.
HOWARD, J. S. et al. A comparison of intensive behavior analytic and eclectic treatments for young children with autism. Research in Developmental Disabilities, [s. l.], v. 26, n. 4, p. 359-383, 2005. DOI: 10.1016/j.ridd.2004.09.005.
JOSGRILBERG, E. B.; CORDEIRO, R. C. L. Aspectos psicológicos do paciente infantil no atendimento de urgência. Revista Odontologia Clínico-Científica, [s. l.], v. 4, n. 1, p. 13-17, abr. 2005.
KATZ, C. R.T. et al. Abordagem psicológica do paciente autista durante o atendimento odontológico. Revista Odontologia Clínico-Científica, [s. l.], v. 8, n. 2, p. 115-121, 2009.
KESSAMIGUIEMON, V. G. G.; OLIVEIRA, K. D. C.; BRUM, S. C. TEA-Atendimento odontológico: relato de caso. Revista Pró-UniverSUS, [s. l.], v. 8, n. 2, p. 67-71, 2017. Disponível em: http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RPU/article/view/1173. Acesso em: 25 out. 2022.
LEITE, R. O.; CURADO, M. M.; VIEIRA, L. D. S. Abordagem do paciente TEA na clínica odontológica. [S. l.], [2019]. Disponível em: https://dspace.uniceplac.edu.br/bitstream/123456789/154/1/Ra%C3%ADssa_Oliveira_ 0008086.pdf. Acesso em: 1 set. 2022.
MARCELINO, G.; PARRILHA, V. A. Educação em saúde bucal para mães de crianças especiais: um espaço para a prática dos profissionais de enfermagem. Cogitare Enfermagem, Curitiba, v. 12, n. 1, p. 37-43, jan./mar. 2007. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/8261. Acesso em 3 set. 2022.
MAREGA T.; AIELLO, A. L. R. Autismo e tratamento odontológico: algumas considerações. Revista Íbero-americana de Odontopediatria & Odontologia de Bebê, [s. l.], v. 8, n. 42, p. 150-157, 2005.
MATOS, F. S. Manejo de Paciente com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). 2020. 13 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Odontologia) – Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos, Gama-DF, 2020. Disponível em: https://dspace.uniceplac.edu.br/handle/123456789/713. Acesso em: 10 nov. 2022.
MELLO, A. M. S. R. Autismo: guia prático. 7. ed. São Paulo: AMA – Associação de Amigos do Autista, 2007. Disponivel em: https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/biblioteca_em_saude/055_material_s aude_livro_autismo.pdf. Acesso em: 10 nov. 2022.
ONZI, F. Z.; GOMES, R. de F. Transtorno do Espectro Autista: a importância do diagnóstico e reabilitação. Revista Caderno Pedagógico, [s. l.], v. 12, n. 3, p. 188- 199, 2015. Disponível em: http://www.meep.univates.br/revistas/index.php/cadped/article/view/979. Acesso em: 15 out. 2022.
PAIS, E. J.; FERRAZ, T. C. P. Contribuição da análise do comportamento aplicada para indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo: uma revisão narrativa. Cadernos de Psicologia, Juiz de Fora, v. 4, n. 7, p. 188-212, jan./jun. 2022. Disponível em: https://seer.uniacademia.edu.br/index.php/cadernospsicologia/article/view/3274. Acesso em: 20 out. 2022.
SANT’ANNA, L. F. C.; BARBOSA, C. C. N.; BRUM, S. C. Atenção à saúde bucal do paciente autista. Revista Pró-UniverSUS, [s. l.], v. 8, n. 1, p. 67-74, 2017. Disponível em: http://192.100.251.116/index.php/RPU/article/view/533. Acesso em: 31 out. 2022.
SANTANA, L. M. et al. Pacientes autistas: manobras e técnicas para condicionamento no atendimento odontológico. Revista Extensão & Sociedade, [s. l.], v. 11, n. 2, p. 155-165, 2020. DOI: https://doi.org/10.21680/2178- 6054.2020v11n2ID22820.
SANTOS, D. I. dos. A análise do comportamento aplicada à aprendizagem verbal de crianças autistas. 2021. 16 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Neurodesenvolvimento e Aprendizagem) – Centro Universitário Doutor Leão Sampaio, Juazeiro do Norte, 2021. Disponível: https://sis.unileao.edu.br/uploads/3/POSGRADUACAO/P ___S150.pdf. Acesso em: 21 set. 2022.
SILVA, M. J. L. da et al. Pacientes com transtorno do espectro autista: conduta clínica na odontologia. Revista Uningá, [s. l.], v. 56, n. S5, p. 122-129, jul. 2019. Disponível em: https://revista.uninga.br/uninga/article/view/2819. Acesso em: 10 out. 2022.
ZINK, A. Atendimento para autistas. [S. l.: s. n.], 2012. Disponível em: https://adrianazink.blogspot.com/2012/06/atendimento-para-autistas.html. Acesso em: 27 maio 2022.
1Acadêmica de Odontologia. Artigo apresentado a FIMCA, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia. Porto Velho/RO, 2022.
2, 3 Professores Orientadores. Professores do curso de Odontologia.
4, 5, 6Professores do curso de Odontologia.