ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM A MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

NURSING CARE FOR WOMAN VICTIMS OF SEXUAL VIOLENCE IN EMERGENCY AND URGENT CARE SERVICES

ATENCIÓN DE ENFERMERÍA A MUJERES VÍCTIMAS DE VIOLENCIA SEXUAL EN LOS SERVICIOS DE URGENCIAS Y EMERGENCIAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411301714


Amanda Tamires Piris Marinho1
Angelina Camila Lima de Castro2
Cássia Souza Andrade3
Daniel de Lima Echegaray4
Emanoel Teixeira da Fonseca5
Jaqueline da Silva Ferreira6
Adriano dos Santos Oliveira7
Ailton Souza da Costa Júnior8


RESUMO: A violência sexual é um problema de saúde pública global que afeta profundamente a vida das vítimas, causando impactos físicos, emocionais e sociais. O presente estudo tem como objetivo descrever sobre o papel da enfermagem no atendimento a mulheres vitimas de violência sexual nos serviços de urgência e emergência. Este artigo trata-se de um estudo do tipo Revisão de Literatura, para a realização deste estudo, foram utilizados artigos científicos disponíveis nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Diversos estudos destacam o papel crucial do enfermeiro no atendimento de vítimas de violência sexual nos setores de urgência e emergência.

PALAVRAS-CHAVE: Violência Sexual, Vítimas, Enfermagem, Urgência e Emergência.

ABSTRACT: Sexual violence is a global public health issue that profoundly affects the lives of victims, causing physical, emotional, and social impacts. The present study aims to describe the role of nursing in the care of women victims of sexual violence in emergency and urgent care services. This article is a literature review study; for this research, scientific articles available in the Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Latin American Literature in Health Sciences (LILACS), and the Virtual Health Library (BVS) were utilized. Various studies highlight the crucial role of nurses in caring for victims of sexual violence in emergency and urgent.

KEYWORDS: Sexual Violence, Victims, Nursing, Urgency and Emergency.

1. INTRODUÇÃO 

A violência sexual é um problema de saúde pública global que afeta profundamente a vida das vítimas, causando impactos físicos, emocionais e sociais (Gomes et al., 2022).

Nos serviços de urgência e emergência, o atendimento a essas vítimas envolve não apenas cuidados imediatos com a saúde física, mas também uma abordagem sensível e humanizada, respeitando o trauma vivenciado (Citolio; Morgana; Oliveira et al., 2024).

Nesses ambientes, o enfermeiro desempenha um papel fundamental, sendo muitas vezes o primeiro profissional a oferecer suporte e a garantir que a vítima receba o acolhimento adequado (Alencar et al., 2020).

O enfermeiro precisa estar capacitado para lidar com situações de vulnerabilidade extrema, garantindo um cuidado holístico e individualizado. (Lima et al., 2021). 

É essencial que o profissional compreenda a importância do apoio emocional, assim como da realização de exames físicos e coletas de evidências forenses de forma ética e respeitosa, visando a preservação da dignidade da vítima (Almeida; Santos, 2021). 

Nos serviços de urgência e emergência, os enfermeiros devem atuar de forma integrada com outros membros da equipe multidisciplinar, incluindo médicos, psicólogos e assistentes sociais (Catoia; Severi; Firmino, 2020).

A criação de protocolos específicos para o atendimento a vítimas de violência sexual é fundamental para garantir a qualidade e a padronização dos cuidados (Malta et al., 20219).

Além da abordagem técnica, é crucial que o atendimento seja norteado pelos princípios da humanização e do respeito aos direitos das vítimas. (Carvalho; Souza, 2020).

O presente estudo tem como objetivo descrever sobre o papel da enfermagem no atendimento a mulheres vitimas de violência sexual nos serviços de urgência e emergência.

2. Referencial Teórico

2.1 Violência Sexual contra mulheres 

A violência sexual contra mulheres é uma forma de violência de gênero caracterizada pelo uso da força, coerção ou manipulação para forçar uma mulher a participar de atos sexuais contra sua vontade (Almeida; Santos, 2021). 

Esse tipo de violência pode ocorrer em diversas formas, como estupro, abuso sexual, assédio e exploração sexual, independentemente de haver ou não contato físico (Martins; Silva, 2022).

A violência sexual não se limita ao ato físico, podendo incluir também práticas que atentem contra a dignidade e o bem-estar da mulher, como coerção sexual psicológica e intimidação (Catoia; Severi; Firmino, 2020).

Essa violência ocorre em diferentes contextos, seja no ambiente doméstico, no local de trabalho ou em espaços públicos, muitas vezes, ela é perpetrada por alguém próximo à vítima, como parceiros íntimos ou familiares, mas também pode ser cometida por estranhos (Lima; Carvalho, 2024).

O estupro conjugal, por exemplo, é uma das formas de violência sexual que, em alguns contextos, ainda é invisibilizada ou ignorada devido a normas sociais que reforçam o controle masculino sobre o corpo feminino (Okabayashi et al., 2020).

Os efeitos da violência sexual contra mulheres são profundos e podem se manifestar tanto física quanto psicologicamente, fisicamente, a vítima pode sofrer lesões, traumas, infecções sexualmente transmissíveis e, em casos extremos, morte (Aragão et al., 2020). 

Psicologicamente, o impacto pode incluir transtornos como depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, e sentimentos de vergonha, culpa e baixa autoestima (Gonçalves e Oliveira, 2021).

A recuperação emocional dessas vítimas muitas vezes é dificultada pela falta de apoio adequado e pela revitimização que podem sofrer ao buscar ajuda (Maluf et al., 2021).

Socialmente, a violência sexual também tem um impacto significativo, as mulheres vítimas de violência sexual frequentemente enfrentam discriminação, estigmatização e isolamento social, o que agrava ainda mais o trauma (Patrocino; Bevilacqua, 2021).

As causas da violência sexual contra mulheres estão profundamente enraizadas nas estruturas patriarcais da sociedade, que historicamente subjugam as mulheres e normalizam o controle masculino sobre seus corpos e escolhas (Lobo, 2020).

O combate à violência sexual requer não apenas respostas imediatas e eficazes para as vítimas, mas também uma transformação cultural e social de longo prazo (Castro et al., 2022).

2.2 Abordagem de Enfermagem no Atendimento de vitimas de violência sexual 

O atendimento de enfermagem a vítimas de violência sexual exige uma abordagem holística e humanizada, que leve em consideração não apenas os danos físicos, mas também os traumas emocionais sofridos (Citolio; Morgana; Oliveira et al., 2024).

Desde o primeiro contato, o enfermeiro deve ser capaz de acolher a vítima de forma empática e sem julgamentos, garantindo um ambiente seguro e respeitoso (Carvalho; Souza, 2020).

O acolhimento inicial é crucial para estabelecer confiança e permitir que a vítima se sinta confortável em compartilhar informações sensíveis sobre o ocorrido, facilitando o processo de atendimento e cuidados subsequentes (Alencar et al., 2020).

Um dos principais papeis do enfermeiro é a avaliação inicial das condições físicas da vítima, sendo a realização de exames para detectar possíveis lesões, traumas físicos e a coleta de evidências forenses, sempre respeitando a autonomia da paciente e suas decisões sobre os procedimentos (Mendes, Silva, 2023).

De acordo com Wink et al., (2021) essa etapa é fundamental, pois os registros adequados podem ser utilizados em processos judiciais, caso a vítima opte por prosseguir legalmente.

Durante essa avaliação, o enfermeiro deve garantir que todas as ações sejam realizadas de forma ética e respeitosa, minimizando o desconforto da vítima (Silva; Costa, 2023).

A vítima de violência sexual pode estar em estado de choque, confusão ou profunda angústia, e o enfermeiro precisa estar preparado para oferecer escuta ativa e apoio psicológico inicial (Santos, Almeida, 2021). 

Embora o enfermeiro não desempenhe o papel de psicólogo, ele pode ser a primeira pessoa a quem a vítima recorrerá em busca de conforto e segurança (Silva et al., 2021).

Esse suporte emocional imediato é essencial para reduzir o impacto psicológico inicial e encaminhar a vítima para um acompanhamento psicológico especializado (Pereira; Santos, 2023).

Outro aspecto essencial da abordagem de enfermagem é garantir que a vítima receba todas as orientações necessárias sobre os cuidados subsequentes, tanto em relação à saúde física quanto emocional (Monteiro; Vianna, 2020).

O enfermeiro deve informar a paciente sobre os exames de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), prevenção de gravidez e possíveis tratamentos médicos necessários(Lima et al., 2021).

Além disso, é importante que a vítima seja informada sobre seus direitos e as opções de apoio social e legal disponíveis, respeitando sempre o seu direito de escolha sobre como prosseguir (Nascimento, Oliveira, 2020).

O enfermeiro deve colaborar com outros profissionais, como médicos, psicólogos e assistentes sociais, para garantir que a vítima receba um atendimento multidisciplinar e integral (Gomes et al., 2022).

A comunicação eficiente entre os membros da equipe é fundamental para que todos os aspectos do cuidado sejam abordados, desde os exames médicos e a coleta de evidências forenses até o suporte emocional e o encaminhamento para redes de apoio  (Malta et al., 2019).

A humanização no atendimento de enfermagem a vítimas de violência no setor de urgência e emergência envolve escuta ativa e acolhimento empático, aspectos essenciais para promover segurança e conforto às pacientes (Patrocino; Bevilacqua, 2021).

A abordagem humanizada é capaz de minimizar o impacto emocional causado pela violência, auxiliando na recuperação da vítima e na criação de um ambiente de confiança (Lobo, 2020).

Outro ponto central é a valorização da dignidade das vítimas, a equipe de enfermagem deve garantir o respeito à privacidade, oferecer suporte emocional e não julgar a mulher pelo ocorrido, promovendo um atendimento que considere suas necessidades individuais e culturais (Catoia et al., 2020).

A humanização também está relacionada à adoção de uma abordagem multidisciplinar, envolver outros profissionais, como psicólogos e assistentes sociais, pode garantir que as vítimas recebam o suporte necessário (Gomes et al., 2022).

A capacitação contínua da equipe de enfermagem é essencial para o atendimento humanizado, profissionais devem ser treinados para reconhecer sinais de violência, oferecer acolhimento sem preconceitos e realizar intervenções adequadas, proporcionando às vítimas um cuidado especializado e acolhedor (Malta et al., 2021).

No entanto, o desenvolvimento de protocolos de atendimento humanizado para vítimas de violência nas emergências é fundamental para garantir uniformidade no cuidado (Patrocino; Bevilacqua, 2021).

Esses protocolos auxiliam a equipe de enfermagem a seguir um fluxo que priorize o bem-estar físico e emocional das mulheres, assegurando que todas as etapas do atendimento sejam conduzidas de forma ética e empática (Lima et al., 2021).

2.3 A importância da capacitação para profissionais e novas estratégias de melhorias

A capacitação contínua dos profissionais de saúde, especialmente daqueles que lidam com vítimas de violência sexual, é fundamental para garantir um atendimento de qualidade, humanizado e eficiente (Patrocino; Bevilacqua, 2021).

O enfermeiro, por ser muitas vezes o primeiro ponto de contato com a vítima nos serviços de urgência e emergência, precisa estar preparado para lidar com situações delicadas e complexas (Okabayashi et al., 2020).

A formação adequada permite que o profissional desenvolva habilidades técnicas e emocionais, essenciais para prestar cuidados respeitosos, éticos e centrados na pessoa (Martins; Silva, 2022).

A falta de capacitação pode resultar em um atendimento inadequado, que agrava o trauma da vítima e compromete a qualidade dos cuidados oferecidos (Lima; Carvalho, 2024).

A capacitação de profissionais de enfermagem deve abordar tanto o conhecimento técnico quanto o desenvolvimento de competências emocionais (Maluf et al., 2021).

Do ponto de vista técnico, é necessário que os enfermeiros estejam atualizados sobre os protocolos de atendimento a vítimas de violência sexual, incluindo a coleta de evidências forenses, a administração de medicamentos profiláticos para ISTs, e o uso de contracepção de emergência (Catoia; Severi; Firmino, 2020).

Além disso, a capacitação deve incluir a compreensão das legislações relacionadas ao atendimento a vítimas de violência, assegurando que os direitos das pacientes sejam respeitados durante todo o processo (Gonçalves e Oliveira, 2021). 

Em termos de competências emocionais, os enfermeiros precisam ser capacitados para oferecer um acolhimento empático, livre de julgamentos, e respeitar a autonomia da vítima (Lobo, 2020). 

A formação em escuta ativa, por exemplo, é uma ferramenta crucial para garantir que o profissional seja capaz de acolher as vítimas de forma adequada (Castro et al., 2022).

O desenvolvimento dessas competências não só melhora a qualidade do atendimento, mas também fortalece a confiança da vítima no sistema de saúde, o que é essencial para sua recuperação física e emocional (Santos, Almeida, 2021).

Estratégias de melhoria para a capacitação de enfermeiros devem incluir a realização de treinamentos regulares, oficinas práticas e simulações de atendimento (Almeida; Santos, 2021). 

Simulações realísticas, que envolvem cenários de atendimento a vítimas de violência sexual, podem ajudar os profissionais a se prepararem melhor para lidar com essas situações complexas na prática (Aragão et al., 2020).

Além disso, é importante que os treinamentos sejam interdisciplinares, envolvendo outros membros da equipe de saúde, como médicos, psicólogos e assistentes sociais, para garantir uma abordagem integrada e colaborativa no atendimento às vítimas (Pereira; Santos, 2023).

Enfermeiros experientes, que já possuem prática consolidada no atendimento a vítimas de violência sexual, podem atuar como mentores para novos profissionais, auxiliando na troca de experiências e na consolidação de boas práticas (Silva; Souza, 2021). 

Esse tipo de supervisão contínua ajuda a garantir que os enfermeiros estejam sempre atualizados e capacitados para oferecer um atendimento humanizado e de alta qualidade, além de contribuir para o bem-estar emocional dos próprios profissionais, que muitas vezes também enfrentam desafios psicológicos ao lidar com casos de violência (Wink et al., 2021).

O atendimento a mulheres vítimas de violência na urgência e emergência enfrenta desafios significativos relacionados à capacitação dos profissionais (Pereira; Santos, 2023).

A ausência de treinamentos específicos sobre violência e suas dinâmicas limita a compreensão dos enfermeiros e médicos no acolhimento desses pacientes, prejudicando a qualidade do atendimento (Citolin et al., 2024).

Outro desafio é a identificação precoce da violência, muitas vezes, as vítimas não revelam imediatamente a agressão, seja por medo, vergonha ou dependência do agressor, o que dificulta a intervenção efetiva por parte da equipe de saúde (Castro et al., 2022).

Além disso, o atendimento nas unidades de urgência e emergência pode ser impactado pela sobrecarga de trabalho e pela falta de recursos adequados, como profissionais especializados e espaços privados para a escuta qualificada, essenciais no acolhimento dessas mulheres (Carvalho; Souza, 2020).

A integração entre os serviços de saúde e a rede de apoio às vítimas de violência também apresenta lacunas, dificultando o encaminhamento para suporte psicológico, jurídico e social, o que compromete o acompanhamento pós-atendimento (Mendes; Silva, 2023).

Outro obstáculo é o estigma e preconceito enfrentado por essas mulheres, especialmente em casos de violência sexual, profissionais podem, de forma inconsciente, culpabilizar as vítimas, o que reforça a revitimização e prejudica o cuidado humanizado (Aragão et al., 2020).

O despreparo emocional dos profissionais de saúde também é um fator crítico. Muitos relatam dificuldades em lidar com o sofrimento emocional das vítimas e com a própria sobrecarga psicológica, o que pode gerar falhas no atendimento (Gonçalves; Oliveira, 2021).

A complexidade dos casos de violência doméstica e de gênero, que envolvem questões culturais, sociais e legais, requer uma abordagem multidisciplinar que nem sempre é viável nos serviços de urgência e emergência (Mascarenha et al., 2020).

Portanto, a falta de protocolos específicos para o atendimento a vítimas de violência nas emergências dificulta a uniformidade nas ações, aumentando a variabilidade na qualidade dos cuidados prestados e gerando incertezas sobre os procedimentos adequados (Gomes et al., 2022).

O papel do enfermeiro no acolhimento de vítimas de violência nos hospitais é essencial para um atendimento humanizado, esses profissionais são frequentemente o primeiro contato, e sua abordagem impacta a experiência do paciente (Lima;Carvalho, 2024).

É fundamental que o enfermeiro identifique sinais de trauma e ofereça um espaço seguro. Esse acolhimento pode facilitar a comunicação sobre a situação vivida (Alencar et al., 2020).

Além da identificação, o enfermeiro deve manter uma postura empática, a escuta ativa é crucial para que a vítima se sinta valorizada e compreendida, evitar julgamentos e respeitar a dignidade do paciente são atitudes fundamentais (Castro et al., 2022).

Um acolhimento adequado pode incentivar a busca por apoio psicológico e legal (Almeida; Santos, 2021). A capacitação dos enfermeiros em questões de violência é indispensável, conhecer os diferentes tipos de violência permite reconhecer sinais e compreender necessidades específicas (Lobo, 2020).

Treinamentos em protocolos de acolhimento são essenciais para um atendimento sensível, isso prepara os enfermeiros para lidar com situações complexas (Aragão et al., 2020).

Outra responsabilidade é a articulação com a equipe multidisciplinar, o enfermeiro deve comunicar casos a outros profissionais, como médicos e psicólogos. 

Essa colaboração garante um cuidado mais abrangente e eficaz, fortalecendo a rede de apoio é vital para a recuperação da vítima (Carvalho; Souza, 2020).

Por fim, o enfermeiro atua como defensor dos direitos das vítimas, isso inclui informar sobre a importância da denúncia e o acesso a serviços de apoio (Lima;Carvalho, 2024).

 O enfermeiro deve empoderar as vítimas, ajudando-as a tomar decisões informadas, seu papel vai além do cuidado imediato, contribuindo para um ambiente mais seguro (Castro et al., 2022).

3. Metodologia

Este artigo trata-se de um estudo do tipo Revisão de Literatura, cujo objetivo é reunir e analisar publicações científicas sobre Atendimento de Enfermagem frente a violência sexual contra mulheres, focando nos desafios, e estratégias de enfrentamento. A metodologia de revisão foi selecionada com o intuito de proporcionar uma visão ampla e atualizada sobre o tema, a partir de evidências científicas já publicadas.

Para a realização deste estudo, foram utilizados artigos científicos disponíveis nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). 

Os descritores aplicados na busca foram: “Violência Sexual”, “Vítimas”, “Enfermagem” e “Urgência e Emergência”. A combinação desses termos permitiu identificar trabalhos relevantes para a compreensão do atendimento prestado nos serviços de urgência e emergência a vitimas de violência sexual. 

Os critérios de inclusão definidos para este estudo contemplaram periódicos e artigos originais publicados no Brasil, redigidos em português, entre os anos de 2020 a 2024.

Foram excluídos estudos que não correspondiam aos objetivos estabelecidos, bem como aqueles que não continham, no mínimo, dois dos descritores mencionados. Exceções foram feitas para legislações e normativas vigentes que tratam do tema da violência doméstica e suas políticas públicas.

Essa metodologia garante a seleção criteriosa de estudos, assegurando a validade e a relevância das informações analisadas, com foco nas publicações mais recentes e pertinentes ao contexto brasileiro.

4. Resultados e Discussões

Diversos estudos destacam o papel crucial do enfermeiro no atendimento de vítimas de violência sexual nos setores de urgência e emergência, especialmente no que tange ao acolhimento inicial e ao suporte emocional (Patrocino; Bevilacqua, 2021).

Segundo Mascarenha et al., (2020 o enfermeiro é, muitas vezes, o primeiro ponto de contato da vítima no sistema de saúde, desempenhando uma função vital no oferecimento de um ambiente seguro e de confiança. 

Além disso, Alencar et al., (2020) enfatizam que o atendimento à vítima de violência sexual exige habilidades técnicas específicas por parte do enfermeiro.  

Nos estudos de Wink et al., (2021) ressaltam a importância de uma capacitação adequada para que o profissional esteja apto a realizar exames físicos, coletar evidências forenses e administrar medicamentos profiláticos de maneira ética e respeitosa. 

Segundo o estudo, o preparo técnico é um fator decisivo para garantir a qualidade do atendimento, uma vez que erros na coleta de evidências ou procedimentos inadequados podem prejudicar tanto o tratamento da vítima quanto a condução de processos judiciais subsequentes (Santos, Almeida, 2021).

Outro aspecto abordado por Lobo (2020) é o impacto psicológico enfrentado pelas vítimas de violência sexual e o papel do enfermeiro no suporte emocional imediato. 

Nesse contexto, o enfermeiro atua como um facilitador no processo de recuperação emocional, orientando e encaminhando a vítima para os serviços de acompanhamento psicológico, o que é fundamental para a continuidade do tratamento (Pereira; Santos, 2023).

De acordo com Gonçalves e Oliveira (2021) reforçam a importância da atuação interdisciplinar no atendimento a essas vítimas, destacando que o enfermeiro deve trabalhar em conjunto com médicos, psicólogos e assistentes sociais. 

O enfermeiro, nesse contexto, atua como um coordenador do cuidado, garantindo que a vítima receba todas as orientações necessárias e o suporte apropriado durante sua permanência nos serviços de urgência e emergência (Lima; Carvalho, 2024).

O estudo aponta que a criação de protocolos bem estruturados para o atendimento a vítimas de violência sexual padroniza o atendimento e garante que todas as etapas, desde o acolhimento até o encaminhamento, sejam cumpridas com eficácia (Martins; Silva, 2022).

Por fim, a formação e capacitação contínua dos enfermeiros que atuam no atendimento de vítimas de violência sexual são essenciais para garantir um atendimento de qualidade (Nascimento, Oliveira, 2020).

Para Maluf et al., (2021) é fundamental que esses profissionais estejam atualizados sobre os protocolos de atendimento, legislações vigentes e melhores práticas de cuidado humanizado. 

A capacitação também envolve o desenvolvimento de habilidades de comunicação sensível e o entendimento das nuances emocionais envolvidas nesse tipo de atendimento, para que o enfermeiro possa oferecer um suporte eficaz e respeitoso em todas as etapas do cuidado (Mendes, Silva, 2023).

5. Conclusão 

A capacitação de profissionais de enfermagem para o atendimento a vítimas de violência sexual é essencial para assegurar um cuidado eficiente, humanizado e tecnicamente correto. Dada a complexidade emocional e física que envolve o tratamento dessas vítimas, é necessário que os enfermeiros sejam preparados para oferecer acolhimento, suporte emocional e orientações adequadas, respeitando a dignidade e a autonomia da paciente. 

A formação contínua contribui para que os profissionais estejam atualizados em relação aos protocolos clínicos, procedimentos legais e habilidades interpessoais, essenciais para um atendimento de qualidade.

Além disso, o desenvolvimento de estratégias de melhoria, como treinamentos regulares, oficinas práticas e simulações realísticas, proporciona aos enfermeiros uma preparação sólida para lidar com as demandas específicas desse tipo de atendimento. 

A implementação de programas interdisciplinares e de supervisão contínua fortalece a colaboração entre os profissionais da saúde e aprimora a abordagem integral e humanizada ao cuidado da vítima. 

Essas iniciativas não só beneficiam as pacientes, mas também garantem um suporte adequado aos próprios profissionais, que podem encontrar desafios emocionais ao lidar com casos tão delicados.

Por fim, o fortalecimento da capacitação e das estratégias de melhoria no atendimento a vítimas de violência sexual reflete um compromisso com a qualidade do cuidado prestado e com os direitos das vítimas. 

Ao investir na qualificação dos enfermeiros, o sistema de saúde promove um ambiente mais acolhedor e preparado para enfrentar um problema de grande relevância social, garantindo que as vítimas de violência sexual recebam o apoio necessário para sua recuperação física e emocional, além de encaminhamentos adequados para acompanhamento de longo prazo.

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1Acadêmica do Centro Universitário Fametro. E-mail: atamirespires13@gmail.com – Orcid: 0009-0004-1150-1078
2Acadêmica do Centro Universitário Fametro. E-mail: angelinacamilacafe@gmail.com – Orcid: 0009-0002-0805-6634
3Acadêmica do Centro Universitário Fametro. E-mail: cassiamamudcassia@gmail.com – Orcid: 0009-0005-7888-0188
4Acadêmica do Centro Universitário Fametro. E-mail: daniel_lima2912@hotmail.com – Orcid: 0009-0001-7971-9194
5Acadêmica do Centro Universitário Fametro. E-mail: subzeroteixeira@gmail.com – Orcid: 0009-0009-3521-3376
6Acadêmica do Centro Universitário Fametro. E-mail: jaque23042005@gmail.com – Orcid: 0009-0009-3622-6750
7Orientador – Docente do Curso de Enfermagem – Adriano.oliveira@fametro.edu.br. Instituição de Formação: Univas – Universidade do Vale do Sapucaí – Orcid: 0009-0000-6528-7020
8Docente e orientador- CEUNI-FAMETRO. E-mail: ailton.uti@gmail.com – ORCID: 0009-0004-0798-523X