ATENÇÃO PRIMÁRIA NO TRATAMENTO E CUIDADO AOS PORTADORES DE HIV  NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7405580


Júlia Ottoni brasiliense 
Orientador: Leonardo Guimarães de Andrade


RESUMO 

Os primeiros casos do Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV) foram diagnosticados  em 1980 e ao final daquela década a epidemia tomou proporções estarrecedoras, as  previsões iniciais indicavam números alarmantes e exigiu medidas imediatas de vários  países que se ajudam entre si para conseguir um medicamento eficiente. No Brasil a  TARV começou a ser distribuída gratuitamente em 1991 e após isso é sancionada a LEI Nº  9.313, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1996, que tornou obrigatória a distribuição gratuita  dos anti-retrovirais (ARV) pelo sistema público de saúde. A Atenção Primária tem como  principal objetivo Universalidade; Equidade e Integralidade, fazendo assim com que a  Atenção Básica seja a principal porta de entrada e centro de comunicação da RAS (redes  de atenção à saúde), coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços  disponibilizados na rede. Objetiva-se nesta pesquisa demonstrar como funciona o sistema  da atenção primária às pessoas vivendo com HIV e o suporte disponibilizado. A pesquisa  foi realizada por meio da metodologia de revisão de literatura, onde os dados foram  apurados por meio de artigos científicos, manuais governamentais do ministério da saúde  e sites relevantes ao tema. A revisão disserta sobre a Atenção Primária no tratamento e  cuidado aos portadores de HIV/AIDS no Sistema Único de Saúde. 

Palavras-chave: Atenção Primária; Sistema Único de Sáude; HIV.

ABSTRACT 

The first cases of the Acquired Immunodeficiency Virus (HIV) were diagnosed in 1980  and at the end of that decade the epidemic took alarming proportions, initial forecasts  indicated alarming numbers and required immediate measures from several countries that  helped each other to obtain an efficient drug. In Brazil, ART began to be distributed free  of charge in 1991, being sanctioned by LAW No. 9,313, OF NOVEMBER 13, 1996,  which made the free distribution of antiretrovirals (ARVs) mandatory by the public health  system. Primary Care has as its main objective Universality; Equity and Integrality, thus  making Primary Care the main gateway and communication center for RAS (health care  networks), coordinator of care and organizer of the actions and services available. on the  network. The objective of this research is to demonstrate how the primary care system  works for people living with HIV and the support provided. . The research was carried  out using the literature review methodology, where data were collected through scientific  articles, government manuals from the ministry of health and websites relevant to the topic. The review discusses Primary Care in the treatment and care of HIV/AIDS carriers  in the Unified Health System. 

Keywords: Primary Care; Health Unic System;HIV. 

INTRODUÇÃO 

O HIV é a sigla em inglês para o vírus da imunodeficiência humana. Causador da AIDS  que em português é denominada como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, o vírus  do HIV age atacando o sistema imunológico que é responsável por defender o organismo  contra doenças. As células que são mais afetadas são os linfócitos T CD4+, e é alterando  o DNA dos linfócitos que o HIV começa sua replicação. Após se proliferar, o vírus rompe  os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. O HIV é um retrovírus,  classificado na subfamília dos Lentiviridae. Os vírus dessa classe partilham algumas  propriedades similares como: período de incubação prolongado antes do surgimento dos  sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do  sistema imune. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2022) 

No início da epidemia de AIDS e nos anos seguintes, o modelo de atenção às pessoas  vivendo com HIV/AIDS (PVHA) foi realizado nos serviços de atenção especializada, pois mostrou-se o mais adequado e seguro. Com o avanço do cuidado às PVHA e com a  simplificação do tratamento, a infecção pelo HIV foi desenvolvendo características de  uma condição crônica como a Diabetes e Hipertensão Arterial; e o modelo centrado em  serviços especializados passou a apresentar dificuldades. Nos últimos anos, alguns  municípios brasileiros conseguiram melhorar a atenção às PVHA, a partir da implantação  de um novo modelo de atenção em que as ações são estruturadas de acordo com a  realidade de cada lugar. (MINISTERIO DA SAUDE, 2017) 

A Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro nível de atenção em saúde de grande  importância e se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e  coletivo, que abrange a proteção e a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o  diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde  com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na  situação de saúde das coletividades. Trata-se da principal porta de entrada do SUS e do  centro de comunicação com toda a Rede de Atenção dos SUS, devendo se orientar pelos  princípios da universalidade, da acessibilidade, da continuidade do cuidado, da  integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização e da equidade. Isso  significa dizer que a Atenção Primária à Saúde funciona como um filtro capaz de  organizar o fluxo dos serviços nas redes de saúde, dos mais simples aos mais complexos.  No Brasil, a Atenção Primária é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização  e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. (Brasil,2022). 

Nos últimos anos, alguns municípios brasileiros vêm conseguindo obter significativa  melhoria na atenção às PVHA a partir da implantação de um novo modelo assistencial ao HIV, de modo que o manejo da infecção,são ações estruturadas a partir das realidades  locais dos sistemas de saúde. Na perspectiva do novo modelo de atenção ao HIV e o  atendimento compartilhado entre SAE e Atenção Básica garantem maior acesso dos  usuários ao sistema de saúde. Esse novo modelo de atendimento deve contar com a  experiência acumulada na atenção às PVHA no Brasil, que é a de primar pela ética, sigilo  e a construção coletiva das ações em saúde, em que os usuários possuem voz ativa durante  todo o processo (Brasil,2014) 

Ainda não há cura para a infecção pelo HIV, mas há tratamento. Com o uso dos  medicamentos antirretrovirais ,que são disponibilizados gratuitamente pelo Sistema  Único de Saúde, as pessoas que vivem com o vírus podem levar uma vida com qualidade.  Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento menor será a  probabilidade de evolução da infecção para a AIDS. Para um tratamento eficaz, a pessoa  precisa estar sempre em acompanhamento com os profissionais de saúde responsáveis  pelo tratamento e realizar exames periódicos, que permitam monitorar o estado de saúde e evolução do quadro clínico assim como direcionar o tratamento da melhor forma.  (MINISTERIO DA SAUDE, 2017) 

Neste trabalho o objetivo geral é discursar sobre o processo de descentralização do  cuidado às pessoas com HIV/Aids para o âmbito da APS no Brasil e como é feito o  suporte e cuidado a essa população de modo que seja possível explicitar como Identificar  o público que necessita de acolhimento através da oferta de testes rápidos para detecção  de HIV; Ampliar o acesso à saúde para as PVHIV e estabelecer maior vínculo destas com  os serviços de saúde; promoção consultas regulares para acompanhamento clínico e  manutenção da saúde com exames laboratoriais; adesão ao tratamento e alertar sobre os  prós e contras da medicação; Conscientização da população a se prevenir com o uso de  preservativos e informar sobre a existência de medicamentos pré e pós exposição ao vírus. 

2.1. OBJETIVO GERAL: 

Discursar sobre o processo de descentralização do cuidado às pessoas com HIV/Aids para  o âmbito da APS no Brasil e como é feito o suporte e cuidado a essa população. 

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o público que necessita de acolhimento através da oferta de testes rápidos para  detecção de HIV. 

Ampliar o acesso à saúde para as PVHIV e estabelecer maior vínculo destas com os  serviços de saúde;  

Promover consultas regulares para acompanhamento clínico e manutenção da saúde com  exames laboratoriais. 

Aderir ao tratamento e alertar sobre os prós e contras da medicação

Conscientizar a população a se prevenir com o uso de preservativos e informar sobre a  existência de medicamentos pré e pós exposição. 

3. METODOLOGIA: 

A realização deste artigo científica teve como base a pesquisa bibliográfica, considerando  a relevância do tema e a importância da atenção primária no tratamento e cuidado aos  portadores de HIV/AIDS no sistema único de saúde, por isso a busca por boas referências  e seleção de informações foi bem executada, com o objetivo de facilitar a inclusão de  estudos relevantes sobre o tema. Referindo-se ao meio de pesquisa utilizado foram  manuais do Ministério da Saúde, Google e biblioteca eletrônica científica SciELO,  usando como descritores “atenção primária no SUS”, “atenção primária aos portadores  de HIV” “HIV/AIDS”. 

Os critérios utilizados para inclusão dos estudos foram: trabalhos que estavam disponíveis  na íntegra com resumo, publicados em português, com data de publicação de 2014-2022. 

Como critérios de exclusão foram adotados: trabalhos publicados fora da data  estabelecida, àqueles que não abordam a temática com o propósito central, bem como  idiomas além do português. 

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, apenas 15 títulos atenderam a  temática proposta. Por conseguinte após analisar e passar por uma leitura integral do  material restaram apenas 12 referências literárias para a confecção deste trabalho.  

4. JUSTIFICATIVA: 

A reflexão acerca da efetividade da atenção primária na recepção e acolhimento aos  portadores de HIV com o objetivo de analisar o acompanhamento feito durante o  tratamento. Neste trabalho vai se elucidar a importância da atenção primária no  tratamento dos portadores de HIV, a fim de promover conscientização da população sobre  o HIV, demonstrando como é feito o acesso às Unidades Básicas de Saúde, promovendo  maior aderência ao tratamento evitando o abandono e proporcionando melhor qualidade  de vida às pessoas vivendo com HIV. 

REVISÃO DE LITERATURA  

5.1 HIV : CONCEITO E COMO OCORRE A TRANSMISSÃO 

Parece não haver dúvidas quanto ao caráter novo da pandemia mundial de AIDS. Os  primeiros casos foram detectados na África e nos Estados Unidos e a epidemia passou a adquirir importância no decorrer da década de 1980. Logo, constitui ainda mistério a  questão da origem do vírus. Admitindo-se como correta a hipótese de que o vírus  precursor tenha passado de primatas para o homem, permanece sem explicação plausível  o mecanismo pelo qual isso teria ocorrido. E mais ainda, porque após milhares de anos  de coexistência de homens e primatas no Continente Africano, somente agora se deu a  emergência da infecção humana pelo vírus aidético. (FORATTINI,1993)

Após se infectar pelo vírus HIV, uma pessoa pode permanecer durante anos com o vírus  no organismo, sem apresentar nenhum sintoma .Em casos assim, é correto dizer que a  pessoa é portadora do HIV. O vírus HIV tem como principal alvo o sistema imunológico,  que é responsável pela defesa do organismo contra doenças. Assim, com a perda da  capacidade do organismo de se defender, começam a aparecer sinais e sintomas  relacionados à presença de infecções oportunistas, e surge a Síndrome da  Imunodeficiência Adquirida (AIDS). A AIDS apresenta um conjunto de sinais e sintomas  que não dizem respeito apenas a uma doença. É uma síndrome da imunodeficiência,  porque o vírus prejudica o sistema imunológico, tornando-o deficiente e deixando-o  suscetível a doenças oportunistas. E é adquirida, uma vez que resulta da ação de um agente  externo ao organismo humano. (Ministério da saúde; 2015) 

Os primeiros casos de AIDS foram diagnosticados no início da década de 1980. A doença  disseminou-se pelo mundo, tornando-se uma pandemia . No Brasil, o primeiro caso de  AIDS foi identificado clinicamente em São Paulo, em 1982. No início, a epidemia atingiu  principalmente os usuários de drogas injetáveis, homens que faziam sexo com homens e  pessoas que tinham recebido transfusão de sangue e de hemoderivados  contaminados.Contudo , na metade dos anos de 1990, verificou-se que a epidemia  assumiu outro perfil. A transmissão heterossexual passou a ser a principal via de  transmissão do HIV por ter o maior número de casos. Atualmente, há uma tendência de  crescimento da infecção pelo HIV em jovens de 15 a 24 anos e em adultos com 50 anos  ou mais, em ambos os gêneros. Os vírus da imunodeficiência humana (HIV-1 e HIV-2)  são retrovírus pertencentes à família dos lentivírus. Essa família possui vírus capazes de  provocar infecções persistentes, com evolução lenta. Por isso, produzem degeneração  progressiva do sistema imune (TELELAB MINISTÉRIO DA SAÚDE , 2014) 

Figura 1- estrutura do vírus HIV-1 

Fonte- adaptada pelo autor retirada de um artigo do Telelab. 

Segundo dados do boletim epidemiológico de 2021 do Ministério da Saúde de 2007 até  junho de 2021, foram notificados no Sinan 381.793 casos de infecção pelo HIV no Brasil,  sendo 165.247 (43,3%) na região Sudeste, 75.618 (19,8%) na região Nordeste, 75.165  (19,7%) na região Sul, 36.218 (9,5%) na região Norte e 29.545 (7,7%) na região Centro  Oeste. No ano de 2020, foram notificados 32.701 casos de infecção pelo HIV, sendo 4.299  (13,2%) casos na região Norte, 8.190 (25,0%) no Nordeste, 11.270 (34,5%) no Sudeste, 5.732 (17,5%) no Sul e 3.210 (9,8%) no Centro-Oeste. No período analisado, no que se refere às faixas etárias, observou-se que a maioria dos casos de infecção pelo HIV  encontra-se na faixa de 20 a 34 anos, com percentual de 52,9% dos casos.Entre os  homens, verificou-se que 52,1% dos casos foram decorrentes de exposição homossexual  ou bissexual e 31,0% heterossexual, e 1,9% se deram entre usuários de drogas injetáveis  (UDI). Entre as mulheres, nota-se que 86,8% dos casos se inserem na categoria de  exposição heterossexual e 1,3% na de UDI. 

5.2 ATENÇÃO PRIMÁRIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE  

O projeto de Saúde Coletiva inaugurado nos anos 70 no Brasil buscou um novo modelo  explicativo do processo saúde; doença; cuidado e experimentou, para isto, novos projetos  de intervenção no campo da organização dos serviços. A possibilidade de expandir a  Atenção Primária à Saúde significava organizar o sistema e os serviços de saúde em  função das necessidades da população, em que a Atenção Primária à Saúde se colocaria  como a porta de entrada ao sistema de saúde, organizado hierarquicamente. Nos anos  1990, instituído o Sistema Único de Saúde (SUS), o desafio foi reformular as prioridades  do Ministério da Saúde em relação à organização da Atenção Primária à Saúde ou  Atenção Básica à Saúde, como também é denominada no país. Passou-se, então, a  organizá-la com base na integração entre a unidade de saúde e a comunidade ou entre  profissionais de saúde e usuários, dentro de dado território, tendo como referência o  Programa Saúde da Família (PSF), criado em 1994. (MENDONÇA, et al,2008) 

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da experiência acumulada por  conjunto de atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a consolidação  do Sistema Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, usuários, trabalhadores e  gestores das três esferas de governo. A Atenção Básica no Brasil é desenvolvida com o  mais alto grau de descentralização e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da  vida das pessoas. Ela deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de  entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Por isso, é  fundamental que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do  vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização,  da humanização, da equidade e da participação social. As Unidades Básicas de Saúde – instaladas perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem – desempenham  um papel central na garantia à população de acesso a uma atenção à saúde de qualidade.  (BRASIL, 2012) 

A Atenção Primária tem como característica um conjunto de ações de saúde, no âmbito  individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de  agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção  da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de  saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das  coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão,  democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, assumindo  responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que  vivem essas populações. Utiliza tecnologias de cuidado com grande complexidade e diversas que devem auxiliar no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior  frequência e relevância em seu território, observando critérios de risco, vulnerabilidade,  resiliência e o imperativo ético de que toda demanda, necessidade de saúde ou sofrimento  devem ser acolhidos. (BRASIL,2022) 

5.3 DIAGNÓSTICO E TESTAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA  

Deve-se oferecer testes rápidos para HIV e demais Infecções Sexualmente Transmissíveis  (ISTs) para todas as pessoas sexualmente ativas. É feita uma triagem com um técnico de  enfermagem ou uma enfermeira da unidade básica de saúde para que seja compreendida  a situação do paciente e assim ele seja encaminhado para realizar os testes rápido 

explicando como irá ocorrer todo o procedimento e sanando quaisquer dúvidas que o  paciente venha a ter. Devido à grande facilidade de acesso, falta de necessidade de  ambiente laboratorial específico para sua execução, rapidez e confiabilidade, o emprego  de testes rápidos (TR) deve ser a opção preferencial para um diagnóstico mais ágil. A  infecção pelo HIV é definida com dois resultados reagentes em testes rápidos (TR1 e  TR2) contendo antígenos diferentes e usados em sequência. O primeiro teste deve ter  sensibilidade equivalente ou superior ao segundo teste, mais específico, a fim de eliminar  resultados falso-positivos. O paciente que apresentar resultados reagentes nos dois testes será encaminhado para consulta médica ou de enfermagem, na qual deverá ser solicitado  o teste para quantificação de carga viral (HIV-1 RNA) e contagem de linfócitos T-CD4 e  assim iniciar o tratamento. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021) 

Imagem 1- Testes rápidos para HIV 

FONTE- UNA-SUS 

É importante destacar que, como definido na Portaria SVS/ MS n°29/2013, quando o  primeiro teste rápido de REAGENTE, é necessário realizar um novo teste rápido de outro  fabricante ou com outra metodologia. (MINISTERIO DA SAUDE, 2017) 

Em caso de indisponibilidade de testes rápidos, o diagnóstico poderá ser feito por meio  de coleta de amostra de sangue para análise laboratorial, inicialmente com imunoensaios  (3ª geração ou, preferencialmente, de 4ª geração) e com teste confirmatório complementar  sequencial (Western Blot, imunoblot ou teste molecular). No caso de resultados  discordantes dos exames laboratoriais, se disponível, solicitar quantificação da carga viral  para HIV para confirmação do diagnóstico. Se carga viral não estiver detectável, os testes laboratoriais devem ser repetidos em 30 dias, para confirmar ou descartar a infecção pelo HIV recente. (Ministério da Saúde; 2021) 

Recomenda-se a utilização do exame de quantificação da carga viral, na etapa  complementar do diagnóstico, como exame preferencial para a confirmação do  diagnóstico da infecção pelo HIV. A infecção é confirmada quando apresenta resultado  igual ou superior a 5.000 cópias/mL. Após confirmação do resultado reagente, a  notificação do caso deve ser realizada com o preenchimento da ficha de notificação.  (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013) 

QUADRO 1- Diagnóstico de HIV na APS utilizando testes rápidos.

FONTE: Ministério da Saúde; adaptado pelo autor. 

5.4 – ACOMPANHAMENTOS CLÍNICOS AOS PORTADORES DE HIV 

A atuação do profissional de saúde como o técnico de enfermagem, enfermeiro dentre  outros profissionais é fundamental no momento em que ocorre a confirmação de que a  pessoa está infectada pelo HIV começa pela demonstração de interesse por seus  sentimentos e pela disponibilidade para ouvir suas dúvidas e angústias. Na UBS, logo  após a confirmação é realizado um encaminhamento ao médico de família da UBS. O  médico dará as orientações necessárias sobre os encaminhamentos futuros e, nesse  primeiro momento, solicitará alguns exames como exame de carga viral do HIV e de  contagem de células CD4, que servirão de base para monitorar o tratamento. Após a  primeira consulta após o diagnóstico deverá ser agendada outra consulta para os próximos  quinze dias para apresentação dos resultados dos exames solicitados. No retorno à  consulta na unidade básica de saúde, o médico informará ao paciente que ela passará por  uma avaliação clínica para determinar se o seu acompanhamento será na Unidade Básica  de Saúde ou no Serviço de Atenção Especializada . Essa estratificação de risco é  importante para que as pessoas vivendo com HIV tenham o acompanhamento de acordo  com a sua situação clínica e com sua região de moradia, facilitando o tratamento. Nessa  oportunidade, o médico poderá dar esclarecimentos a respeito do tratamento da infecção  pelo HIV e sobre a AIDS, sob o ponto de vista clínico sanando as dúvidas do paciente  .(MINISTÉRIO DA SAÚDE,2017)

O início do tratamento é muito complexo para a PVHIV por ser uma nova realidade, logo é necessário enfatizar a importância da adesão ao uso diário dos medicamentos  antirretrovirais e a rotina de exames que farão parte do acompanhamento. É preciso  manter sigilo sobre a condição da PVHIV. Apenas a PVHIV pode autorizar que outros  sejam comunicados a respeito de seu diagnóstico e tratamento, pois o sigilo é um direito  da pessoa e, portanto, é um compromisso ético profissional. O respeito à individualidade  é indispensável para a uma relação de confiança entre as pessoas e é fundamental para criar vínculo entre a PVHIV e os profissionais da Unidade de Saúde. A PVHIV sofre  preconceitos e rejeições nos meios tanto de familiares quanto de grupos sociais e até  mesmo dos profissionais de saúde, prejudicando assim as estratégias para controle da  infecção pelo HIV. (MINISTERIO DA SAUDE, 2017) 

É muito importante que o usuário conheça as características da doença, entenda o  propósito da terapia antirretroviral e participe da decisão de iniciá-la, tendo o  entendimento da importância do uso continuado e correto do medicamento com a  finalidade de alcançar a supressão da replicação viral. Discussões sobre prognóstico e os  benefícios do tratamento regular da doença são de grande importância. Também deve-se abordar sobre as formas de transmissão, o acompanhamento clínico e também sobre possíveis eventos adversos em curto e longo prazo relacionados à terapia antirretroviral  (TARV). (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021) 

Sugere-se retorno mensal até adaptação da TARV, observando a adesão ao tratamento e  possíveis efeitos adversos tardios, e semestrais em pessoas assintomáticas, com supressão  viral e bem adaptada ao tratamento. Quando houver sintomas ou não houver supressão  viral após 6 meses de tratamento, a periodicidade da consulta deve ser individualizada,  avaliando possíveis falhas na adesão ao tratamento, possibilidade de resistência viral,  manejo dos sintomas e de comorbidades associadas. A abordagem multiprofissional deve  ser reforçada nos períodos entre as consultas médicas para fortalecer a adesão ou situações  clínicas que sugiram retorno em consulta médica antes do período combinado. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021) 

5.5 TRATAMENTOS AO HIV : TERAPIA ANTIRRETROVIRAL 

Os anti-retrovirais são medicamentos que inibem a reprodução do vírus HIV e permitem  retardar a progressão da doença, e são disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único  de Saúde. Esses medicamentos devem ser ingeridos diariamente e durante toda vida.  Quanto mais cedo for feito o diagnóstico melhor será a qualidade de vida da pessoa  vivendo com HIV. Atualmente a primeira linha de tratamento indicada para grande parte das pessoas iniciarem o tratamento é a combinação de três medicamentos que são  Tenofovir 300 mg (TDF) + Lamivudina 300 mg (3TC) + Dolutegravir 50 mg (DTG),  esses fármacos atuam como inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos  e nucleotídeos (lamivudina e tenofovir) associados a um inibidor de integrase  (dolutegravir). (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2017)

Na consulta com o médico da APS, é importante explicar os efeitos adversos mais  comuns (náusea, diarréia, cefaléia, cansaço, sintomas alérgicos leves), que em geral são  temporários e cessam após o primeiro mês de uso para que assim ocorra maior adesão ao  tratamento. Também deve-se orientar sobre a importância do uso regular da medicação e  verificar interações com outros medicamentos que a pessoa já faz uso. Após o início da  TARV, assegurar ao paciente o retorno breve à unidade para avaliação de adaptação ao  tratamento, em cerca de 15 dias, ou antes, se necessário. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,  2021) 

Para um tratamento eficaz, a pessoa precisa estar em constante acompanhamento com os  profissionais de saúde e realizar exames periódicos, que permitam monitorar o estado de  saúde e direcionar o tratamento da melhor forma. Esses exames são: Taxa de CD4:  verifica se os linfócitos CD4 (células de defesa) estão diminuindo, o que deixa a pessoa  mais vulnerável a desenvolver outras doenças (infecções oportunistas); Carga viral:  detecta a quantidade de vírus no sangue da pessoa. Quando a quantidade de HIV no  sangue é tão baixa que o exame não consegue detectá-lo, dizemos que a pessoa está com  carga viral indetectável. Mas atenção: carga viral indetectável não significa que o vírus  sumiu e que a pessoa está curada. (MINISTERIO DA SAUDE, 2017) 

Para uma boa adesão ao tratamento existem algumas estratégias que são promovidas nas  unidades básicas de saúde que facilitam a aproximação com a PVHIV, tais como: rodas  de conversa, atividades em sala de espera e material educativo, que ajudam na retenção  da pessoa no serviço, além de fortalecer a compreensão sobre a doença. Outros fatores  podem interferir na adesão terapêutica, como, por exemplo, as atividades cotidianas, o  conhecimento dos familiares em relação à condição sorológica da pessoa, a condição  social do indivíduo, a aceitação individual da doença, entre outros. É importante o  acolhimento oportuno e adequado por todos os profissionais envolvidos, uma vez que  uma conduta inapropriada pode influenciar diretamente no abandono do tratamento.  (MINISTERIO DA SAUDE, 2017) 

5.6 PREVENÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO CONTRA O  VÍRUS HIV  

Desde o início da epidemia, a promoção do uso do preservativo tem sido a principal  estratégia utilizada na prevenção da infecção pelo HIV no Brasil. Esse cenário vem se  modificando ao longo do tempo, na medida em que outras estratégias comportamentais e  tecnologias biomédicas de prevenção começam a se mostrar efetivas e disponíveis para a  população. Mesmo que a promoção do uso do preservativo continue sendo a principal  estratégia de prevenção, ela não pode mais ser a única visto o crescente aumento de casos em sua grande maioria entre jovens e deve ser atualizada frente às diversas outras possibilidades e formas de prevenção. Atualmente, existe um conjunto de medidas  comportamentais, estruturais e biomédicas que podem ser usadas de forma combinada,  com o objetivo de prevenir a infecção pelo HIV. Leis que promovam e defendam os  direitos humanos e políticas públicas que garantam sua implementação e acesso são essenciais para o sucesso da prevenção combinada no controle da epidemia, em especial  junto às populações mais vulneráveis. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2016) 

No Brasil, a epidemia de HIV/aids é concentrada em alguns segmentos populacionais que  correspondem pela grande parte de casos novos da infecção, como homossesuxais e  outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e profissionais do sexo.  Contudo destaca-se o crescimento da infecção pelo HIV entre adolescentes e jovens.  Além de apresentarem maior risco de adquirir o HIV, essas pessoas frequentemente estão  sujeitas a situações de discriminação, sendo alvo de estigma e preconceito e aumentando,  assim, sua vulnerabilidade ao HIV/AIDS. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018) 

Dentro do conjunto de ferramentas da prevenção combinada, inserem-se Testagem para  o HIV; Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP); Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP);  Uso regular de preservativos;Diagnóstico oportuno e tratamento adequado de infecções  sexualmente transmissíveis (IST); Redução de danos; Imunizações dentre outras. 

Devem-se ofertar à população que procura os serviços de saúde estratégias abrangentes  de prevenção, visando garantir uma maior combinação de opções que orientem suas  decisões. A pessoa deve escolher o método que melhor se adeque às condições e  circunstâncias de sua vida, tendo como princípios norteadores a garantia de direitos  humanos e o respeito à autonomia do indivíduo. A prevenção combinada sugere o uso em  conjunto de métodos preventivos, sem excluir ou sobrepor um método a outro. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2018) 

6. CONCLUSÃO 

Conclui-se através desse estudo a importância da descentralização do tratamento, cuidado  e suporte aos portadores que vivem com HIV para o âmbito da Atenção Primária, pois essa é a principal porta de entrada para as redes de saúde sendo possibilitado o diagnóstico ao HIV através dos testes rápidos disponibilizados nas unidades básicas de saúde, início  do tratamento, acompanhamento clínico do paciente de forma que seja feita a manutenção  de sua saúde e distribuição gratuita de medicamentos pelo SUS sempre com instruções  claras de uso para promoção da adesão. É de extrema importância que seja disseminada  informações sobre as formas de contaminação pelo vírus do HIV, pois o número de  infecções entre jovens e adultos vem aumentando nos últimos tempos e em conjunto  são feitas mais campanhas incentivando a prevenção ao HIV.  

REFERÊNCIAS 

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MENDONÇA, Maria; VASCONCELLOS, Miguel; VIANA, Ana. Atenção Primária à  Saúde Pública. Rio de Janeiro – RJ, 2008. Disponível em:  <https://www.scielo.br/j/csp/a/fRkmt4fdzsgtFbDWKkqPR9k/?lang=pt&format=pdf>.  Acessado em: 28 de outubro de 2022 

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