ATENÇÃO PRIMÁRIA COM ÊNFASE EM ALERGIAS ALIMENTARES NA INFÂNCIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8427060


Selma Cristiany Ribeiro de Oliveira;
Orientadora: Especialista Karen Cardoso


RESUMO

Os primeiros mil dias de vida, sendo estes contados a partir do início da gestação, caracterizam- se como uma janela de oportunidades para promoção de hábitos que possam traduzir saúde na vida futura de uma criança, tornando-se um momento de grande importância para o fornecimento de uma alimentação balanceada, completa e apropriada nutricionalmente, a fim de resultar um desenvolvimento infantil eficaz e saudável. A alergia alimentar (AA), por sua vez, é uma patologia com ampla prevalência nos primeiros anos de vida, apresentando-se por sintomas que afetam tanto a saúde quanto o estilo de vida dos indivíduos. Neste sentido, este trabalho objetivou-se em analisar e elucidar, as consequências da introdução de alimentos potencialmente alergênicos na diminuição da incidência de alergias alimentares. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, dos últimos cinco anos sobre a introdução precoce de alimentos taxados como alergênicos. 

Palavras-chaves: Alimentação complementar. Alergia alimentar. Alérgenos.

1. INTRODUÇÃO

O aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, para o lactente, é o único alimento completo que apresenta nutrientes essenciais, além de auxiliar na relação afetiva entre mãe e filho e no processo de desenvolvimento imunológico e psicológico da criança (Paiva; Almeida, 2018; Braga; Gonçalves; Augusto, 2020). Após este período, a continuidade do aleitamento é imprescindível, além de uma adequada introdução da alimentação complementar (SBP, 2018). Esta, deve ser fornecida de forma segura, contendo prioritariamente todos os grupos alimentares adequados (Ministério da Saúde, 2019).

A partir do sexto mês de vida, a oferta de alimentos sólidos deve ser iniciada, e isenta de alimentos pertencentes ao grupo de alimentos processados, ultraprocessados, açúcar ou com grande quantidade sal, aditivos e conservantes, além de ser rica em alimentos saudáveis à essa faixa etária, com custo aceitável e preparados baseando-se em alimentos e ingredientes culinários consumidos habitualmente pela família (Dallazen et al., 2018). No entanto, a introdução de alguns alimentos potencialmente alergênicos, pode ser realizada juntamente com a inserção de outros alimentos, mesmo em crianças com história familiar de atopia, levando em consideração que a introdução após um ano de idade parece aumentar ainda mais os riscos de alergia (SBP, 2018).

A alergia alimentar (AA) é uma patologia consequente a uma resposta imunológica que apresenta sintomas que afetam tanto a saúde quanto o estilo de vida dos indivíduos, e seu diagnóstico preciso é de grande valia para o tratamento adequado e para que não se instituam dietas desnecessárias, e entre estes está a suspensão do alimento desencadeador da alergia. No entanto, é muito importante que isso seja acompanhado por profissionais especializados afim de que não haja prejuízos nutricionais, principalmente na infância (Nanuci; Souza; Rangel, 2018; Carneiro; Machado; Oliveira, 2021).

Deste modo, será que a introdução alimentar precoce de alimentos potencialmente alergênicos pode reduzir o surgimento de alergias alimentares na infância? Uma revisão acerca do tema é uma alternativa viável para a detecção de prováveis atualizações sobre o tema e sua veracidade acerca das alergias alimentares em crianças.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Importância da Nutrição no Primeiro Ano de Vida

A ligação entre o alimento e o ser humano inicia a partir do nascimento, onde a amamentação surge como primeira opção de escolha, pois contém todos os componentes para o desenvolvimento inicial do lactente (Hirano, 2020; Henriques et al., 2020). E em seguimento a esta fase, o alimento segue influenciando e sendo influenciado pela cultura, interesses, hábitos de vida, além das necessidades individuais ou patologias (Hirano, 2020).

Para o desenvolvimento de uma criança acontecer de forma saudável e adequada, o incentivo de um comportamento alimentar adequado deve acontecer principalmente na primeira infância, garantindo assim, que esses hábitos continuem ao longo da vida adulta (Coelho, 2019; Alves; Cunha, 2020).

No decorrer dos dois primeiros anos de vida, caracterizados pelo acelerado crescimento e desenvolvimento físico e social, muitas alterações ocorrem e afetam a alimentação e a ingestão de nutrientes. No entanto lactentes bem nutridos e saudáveis têm energia para lidar e aprender com os estímulos em seu ambiente e interagir com as pessoas ao seu redor de maneira a fortalecer o vínculo e a afeição (Mahan; Raymond, 2018).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (2018), a alimentação saudável da criança deve começar com a alimentação materna, antes e no decorrer da gestação e durante a fase de lactação, a fim de possibilitar crescimento e desenvolvimento adequados, otimizar o funcionamento de órgãos, sistemas e aparelhos e atuar na prevenção de doenças em curto e longo prazo, como anemias e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (SBP, 2018).

O Ministério da Saúde (MS) aponta que o desenvolvimento infantil é um processo contínuo e muito intenso nesse período inicial. O leite materno além de ser único e inigualável, é o alimento ideal para a criança, pois é totalmente adaptado às suas necessidades nos primeiros anos de vida (0 à 2 anos), visto que não existe nenhum outro leite equivalente, mesmo com os esforços da indústria em modificá-los e torná-los mais adequados ao consumo desta faixa etária (MS, 2019).

Do ponto de vista evolutivo, nutricional e econômico, o leite humano é o alimento ideal para o bebê nos primeiros meses de vida (Pinzon; Marques; Nicolleto, 2018). O aleitamento materno exclusivo (AME) é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e representa a mais sensível, econômica e eficaz intervenção na redução da morbimortalidade infantil, além de permitir forte valor na promoção da saúde integral do binômio mãe-filho (Silva; Pinheiro, 2020).

O leite humano, de uma mãe sadia e bem nutrida, atende perfeitamente às necessidades dos lactentes, até o sexto mês de vida, sendo muito mais do que um conjunto de nutrientes, um alimento vivo e dinâmico, por conter substâncias com potenciais características protetoras e imunomoduladoras, proporcionando proteção contra infecções e alergias, como também estimulando o desenvolvimento do sistema imunológico, a maturação dos sistemas digestório e neurológico (SBP, 2018).

A partir do sexto mês de idade, juntamente com o leite materno, a criança precisa de mais nutrientes e outros alimentos devem ser oferecidos, tendo em vista que nesta fase é perceptível a capacidade de fazer movimentos de mastigação mesmo antes de surgirem os primeiros dentes, demonstrar interesse pelos alimentos e gosta de participar das refeições familiares (MS, 2019). A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que após o exclusivo aleitamento materno, a introdução alimentar (IA) deve ser feita por meio de dietas equilibradas, quantitativamente e qualitativamente, onde as mesmas necessitam fornecer todos os tipos de nutrientes de forma variadas e na textura correta (SBP, 2018).

2.2 Introdução Alimentar (IA)

A alimentação complementar é a soma de todos os alimentos, além do leite materno, oferecidos durante o período em que a criança continuará a ser amamentada ao seio sem exclusividade deste, e a composição da dieta deve ser equilibrada, variada e fornecer todos os tipos de nutrientes (SBP, 2018).

Esta fase é chamada de introdução alimentar (IA) e seu início deve ser gradual e diário, com uma alimentação baseada em alimentos in natura, obtidos diretamente de plantas e animais, tais  como as frutas, legumes, verduras, ovos, carnes, tubérculos, grãos e cereais. Por outro lado, a introdução alimentar deve ser isenta de alimentos com alto grau de processamento (industrializados), com sal em excesso, açúcares, aditivos e conservantes artificiais (Dallazen et al., 2018; Giesta et al., 2019).

Caso a introdução alimentar seja iniciada precocemente ou tardiamente poderá trazer consequências à criança (Santos, 2019). A inserção de alimentos antes da idade preconizada, pode acarretar complicações para a vida do lactente, pois o mesmo não apresenta uma maturidade fisiológica adequada para receber outros tipos de comida, para além do leite materno (Beatriz, S. S.; Molero, M. P.; Gonçalves R., 2021).

A partir do sexto mês de vida, momento em que o leite materno deixa de oferecer sozinho todos os nutrientes necessários, a alimentação complementar deve ser iniciada, e baseada em alimentos saudáveis à essa faixa etária, assim, não devendo pertencer ao grupo de alimentos processados, ultra-processados, ou com grande quantidade de açúcar ou sal, aditivos e conservantes, com custo aceitável e preparados baseando-se em alimentos e ingredientes culinários consumidos habitualmente pela família (Dallazen et al., 2018).

Assim sendo, na oferta de preparações para menores de 12 meses de vida, o sal, quando adicionado, deve ser usado com moderação, do mesmo modo não é recomendado oferecer alimentos adicionados de açúcar para crianças com menos de 2 anos, e após essas recomendações, é indicado atenção e cuidado para o manejo desses ingredientes, que estão presentes em quantidade alarmantes nos alimentos industrializados, como como balas, refresco em pó, refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados, achocolatado, queijo tipo petit-suisse e macarrão instantâneo, pois apresentam baixa qualidade nutricional, reduzem o apetite da criança, competem com os alimentos nutritivos, e estão associados à anemia, ao excesso de peso e às alergias alimentares (SBP, 2018; MS, 2019).

A ofertas desses alimentos ultraprocessados, altamente energéticos e hiperpalatáveis, somada à interrupção do aleitamento materno, prejudica o crescimento e desenvolvimento da criança, além de favorecer a ocorrência de processos infecciosos, alergias e distúrbios nutricionais (Dallazen et al., 2018). Alimentos como estes são desequilibrados nutricionalmente por possuírem quantidades exacerbadas e bem significativas de gordura, açúcar e/ou sódio, alta densidade calórica, baixo teor de fibras e principalmente por passarem por diversos processos e serem adicionados de diversos ingredientes, os aditivos alimentares, que possibilitem maior palatabilidade e durabilidade ao produto (Giesta et.al., 2019).

Modes, Gaíva e Monteschio (2020) apontam que embora se conheça as consequências prejudiciais de uma nutrição inapropriada para o crescimento e desenvolvimento infantil, as práticas alimentares das crianças brasileiras ainda se encontram muito abaixo das recomendações de uma alimentação adequada e saudável (Modes; Gaíva; Monteschio, 2020).

O guia alimentar nacional destinado a lactentes (menores de 2 anos) indica que, além da alimentação amassada, raspada ou desfiada também podem ser oferecidos alimentos macios, em pedaços grandes, para que a criança os pegue com a mão e leve à boca, sendo assim, nunca oferecendo refeições trituradas ou liquidificadas (MS, 2019). Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, ao experimentar com as mãos os alimentos em pedaços, e tamanhos coerentes com o seu desenvolvimento, a criança conhece diferentes texturas, o que contribui para o aprendizado sensório-motor (SBP, 2018)

O período de introdução da alimentação complementar é considerado de alto risco para as crianças tanto pelo elevado risco de contaminação devido à manipulação e preparo incorretos, visto que essa faixa etária apresenta menor imunidade, quanto pela oferta de alimentos que não são aconselháveis, ressaltando ainda a necessidade de uma oferta adequada de nutrientes (SBP, 2018). A inserção de alguns alimentos, potencialmente alergênicos, pode ser realizada a partir do sexto mês de vida, mesmo em crianças com história familiar de atopia, levando em consideração que a introdução após um ano de idade parece aumentar ainda mais os riscos de alergia (SBP, 2018).

2.3 Janela Imunológica

Algumas áreas da saúde têm se dedicado ao estudo da influência dos primeiros 1.000 dias de vida no crescimento e desenvolvimento infantil, sendo a nutrição uma das áreas mais estudadas e com repercussões para toda a vida da criança (Abanto, 2018).

Os primeiros 1000 dias de vida (270 dias da gestação juntamente com os 730 primeiros dias de vida) até a criança completar dois anos, caracterizam-se como uma janela de oportunidades para melhorar/programar a saúde, além de proporcionar um conjunto de intervenções altamente efetivas para a redução da desnutrição, e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (SBP, 2018). Esta etapa inicial é crucial para o crescimento e desenvolvimento infantil, pois trata-se de um período importante onde ocorre o estabelecimento de alguns hábitos e escolhas que irão influenciar a saúde infantil e prevenção de doenças, conhecido como “janela de oportunidades” uma vez que tanto os hábitos, quanto às atitudes adotadas neste espaço de tempo repercutiram em indicadores de saúde e doença durante todo o ciclo de vida (Abanto, 2018).

Este é um período de intensa adaptação e terá grande influência nos anos de vida iniciais, por ocorrer um desenvolvimento intenso e formação de hábitos alimentares, que aumentarão as chances do lactente se tornar um adulto mais sadio (Cordeiro Teixeira, 2020).

Além dessa fase, é de extrema importância destacar que os cuidados com a saúde da mulher antes da concepção e durante a gestação provoca implicações importantes para posterior crescimento e saúde do filho, visto que os nutrientes como aminoácidos e vitaminas que a criança recebe durante a gestação são necessários ao longo da sua vida (Bull; Willumsen, 2019; Paula et al., 2021). De acordo com Paula et al. (2021), existem evidências na literatura que demonstram benefícios do leite materno relacionados à imunidade do lactente, trazendo uma proteção contra infecções respiratórias superiores, pneumonia, otite média, infecções do trato urinário, sepse e meningite.

Ressalta-se também, que a fase de lactância é um estágio importante da vida em que o cuidado com a alimentação é de extrema relevância, tendo em vista que neste estágio muitas variáveis (comportamento, genética e ambiente) podem contribuir para o excesso de peso infantil, que, se evitado pode proteger contra injúrias futuras (Ardid et al., 2019). Assim, a vida intrauterina, primeiros meses de vida e a primeira infância correspondem a uma janela crítica, na qual deve estabelecer um padrão dietético saudável, o que levará à saúde, crescimento e desenvolvimento ideais (Bull; Willumsen, 2019).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, os benefícios da introdução de alimentos potencialmente alergênicos a partir dos 6 meses e não tardiamente, levam ao menor risco para o desenvolvimento futuro de desfechos alérgicos, devido à janela imunológica presente nessa idade, já à introdução após os 12 meses de idade parece aumentar ainda mais os riscos de alergia (SBP, 2018).

2.4 Alergia Alimentar (AA)

As alergias são reações de hipersensibilidade induzidas por mecanismo imunológico específico e este mecanismo pode ser mediado por anticorpos ou células que participam da ativação do sistema imune (Silva; Nakamatsu; Fernandes; Victor, 2019).

Caracterizada como uma patologia consequente a uma atípica resposta imunológica, a alergia alimentar (AA) ocorre após a ingestão e/ou contato com determinado(s) alimento(s), sendo, atualmente, considerada um problema de saúde pública, pois a sua prevalência tem se elevado no mundo todo (Solé et al., 2018).

A alergia alimentar (AA) é uma uma reação imunomediada adversa a um alimento, geralmente uma sensibilização a uma proteína alimentar, glicoproteína ou hapteno e que, quando acontece a ingestão, causa a liberação de mediadores inflamatórios ou químicos os quais agem nos tecidos corporais e resultam em sintomas (Mahan; Raymond, 2018).

A alergia alimentar é uma questão nutricional que vem crescendo nos últimos dez anos, supostamente devido à exposição da população a uma maior quantidade de alérgenos alimentares disponíveis (Silva et al., 2018). Sendo ela uma reação adversa à saúde, cujas manifestações clínicas podem levar o indivíduo a óbito (Santana, 2018)

O evento-chave na AA é o reconhecimento do alimento como um elemento estranho pelos componentes do sistema imune, podendo causar, desse modo, a liberação de componentes químicos (mediadores inflamatórios) que atuam nos tecidos corporais e resultam em um  conjunto específico  de sintomas (Mahan; Raymond, 2018). 

A reação alérgica, então, é destrinchada em duas etapas: a fase de sensibilização e a fase da reação alérgica propriamente dita, sendo iniciada com a exposição do organismo a uma proteína potencialmente alergênica, que irá formar anticorpos específicos por reconhecê- la erroneamente (Berzuino et al., 2017).

As reações alérgicas mediadas pela imunoglobulina E (IgE) são rápidas no início, ocorrendo em minutos a poucas horas de exposição sendo os mecanismos mais claramente compreendidos, seus métodos de exposição incluem inalação, contato com a pele e ingestão, e frequentemente os sintomas envolvem os sistemas gastrointestinal (GI), dermatológico ou respiratório e podem variar  de urticária leve à anafilaxia (Mahan; Raymond, 2018).

A imunoglobulina G (IgG) pode ser responsável por algumas reações de hipersensibilidade não mediadas por IgE, sendo a IgG4 a responsável por alguns tipos de reações adversas ao alimento, e diferente da IgE tendem a aumentar nos primeiros meses após a introdução de um alimento e então diminuem mesmo que o alimento continue a ser consumido, como um processo de desenvolvimento de tolerância a um alimento, porém qualquer alimento é capaz de provocar uma reação mediada por IgE depois de que o indivíduo se torna sensível a ele (Mahan; Raymond, 2018).

O diagnóstico preciso da alergia alimentar é de grande importância para o tratamento adequado e para que não se instituam dietas desnecessárias, e entre estes tratamentos está a suspensão do alimento desencadeador da alergia, porém, é muito importante que isso seja acompanhado por profissionais especializados afim de que haja prejuízos nutricionais, principalmente na infância (Nanuci; Souza; Ranzel, 2018).

Com a intenção de detectar e tratar as alergias alimentares, as ferramentas mais comumente usadas, nutricionalmente falando, são o diário alimentar e de sintomas (registro dos alimentos e sintomas, incluindo a quantidade, o tipo e o tempo de manifestações dos sintomas em relação ao tempo de ingestão), as dietas de eliminação (os alimentos suspeitos são eliminados da dieta por um período específico, geralmente 4 a 12 semanas, seguido por uma fase de reintrodução e de provocação alimentar), e o teste de provocação alimentar oral (provocação alimentar oral é realizada em um ambiente médico supervisionado, uma vez que os sintomas tenham se resolvido e quando a pessoa não estiver tomando quaisquer medicamentos, tais como os anti-histamínicos, sendo cada alimento testado individualmente, em dias diferentes) (Mahan; Raymond, 2018).

É importante salientar, a crescente superestimação da alergia alimentar pelos pacientes e suas famílias, isto provém da maior prevalência das alergias alimentares e do modismo das intolerâncias alimentares e das dietas isentas de determinados nutrientes à exemplo das dietas restritas de glúten e lactose, sendo assim, muitos pacientes se autoproclamam alérgicos ou intolerantes, aumentando, o pool de diagnósticos desnecessários, os quais têm grande potencial de causar desvantagens alimentares do que benefícios para a saúde (Eismann; Venturim; Barreto, 2020).

Por fim é válido ressaltar, que embora muitas das intolerâncias alimentares suportam uma pequena ingestão do alimento agressor, as alergias geralmente não permitem essa ingestão (Mahan; Raymond, 2018).

2.5 Alimentos Potencialmente Alergênicos

Apesar de uma grande variedade de alimentos ser consumida ao longo da vida, as alergias  alimentares ocorrem por um grupo restrito de alimentos, e aproximadamente 80% destas reações são desencadeadas por leite (proteína do leite de vaca), ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, nozes, crustáceos e peixes, frutas a exemplo o kiwi, e sementes como o gergelim, além do milho que embora os casos de alergia não tenham sido amplamente descritos, existe alta sensibilização entre a população brasileira (Asbai, 2017; Silva et al., 2018). De acordo com Kotchetkoff et al. (2020), o leite de vaca e o ovo de galinhas são os alimentos mais  relacionados com reações alérgicas na infância.

Por outro lado, cacau, corantes e carne de porco são alimentos menos alergênicos do que se acreditava anteriormente, no entanto, é importante estar atentos ao surgimento de novos alérgenos, uma vez que as características da população e seus hábitos alimentares vêm se modificando frequentemente (Asbai, 2017).

Alguns alimentos respondem pela maioria das reações alérgicas mediadas pela IgE, como o leite, ovos, amendoins, nozes, soja, trigo, peixe, marisco e gergelim. No entanto, qualquer alimento é capaz de induzir uma reação IgE-mediada após uma pessoa tornar-se sensível a ele (Mahan; Raymond, 2018).

3. METODOLOGIA

Este trabalho trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, a qual é considerada método de pesquisa que possibilita a busca, a avaliação crítica e a síntese do estado do conhecimento sobre determinado assunto. 

Para a construção do presente trabalho, foi utilizado artigos indexados no banco de dados dos sites Pubmed, Scielo, Google Acadêmico, Bireme e Lilacs. nas línguas portuguesa e inglesa, considerando o objetivo do estudo e o protocolo de revisão elaborado previamente. 

Foram selecionados artigos ao tema. Os Critérios de exclusão artigos repetidos, artigos não acessíveis em texto completo, resenhas, anais de congresso, monografias, teses, editoriais, artigos que não abordaram diretamente o tema deste estudo e artigos publicados fora do período de análise.  Foi elaborado um quadro para organização da análise dos artigos contendo os itens: autores, ano, título, tipo de estudo e objetivo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados coletados permitem reiterar que a inserção de alimentos altamente alergênicos durante a introdução alimentar se mostra uma alternativa viável para a redução do surgimento de alergias alimentares na infância, visto que muitos dos estudos avaliados houve resposta positiva na diminuição de casos de AA pós introdução antecipada dos conhecidos como alérgenos. Podendo afirmar, assim, que o adiamento na introdução destes alimentos não significam redução de risco para desenvolvimento de eczema e reações alérgicas.

Pode-se concluir ainda que a inserção dos alimentos com propriedades alergênicas de forma antecipada (juntamente com a introdução dos demais alimentos), diminui não só a manifestação instantânea, como a incidência de alergias no passar dos anos, mostrando-se como uma alternativa com resultados prolongados.

Sendo assim, é importante evidenciar que dietas de exclusão de alimentos potencialmente alergênicos podem não acarretar benefícios para a saúde da criança, mostrando ainda a grande importância de uma alimentação completa e equilibrada na lactância, afim de propiciar um crescimento saudável e adequado.

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