PHARMACEUTICAL CARE FOR DEAF PEOPLE IN PRIMARY HEALTH CARE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409092216
Alciane Fabá de Souza 1
Jiovanna Silva do Nascimento 2
Rodrigo Alex Silva Santos 3
Selma Rocha Douranth Izel 4
Talita Brito De Oliveira 5
Dave Macklin Maia De Souza 6
RESUMO
Este artigo aborda a atenção farmacêutica para surdos na atenção primária de saúde. O objetivo geral apresenta as dificuldades de comunicação entre farmacêuticos e surdos em relação ao tratamento medicamentoso. Em termos específicos mostra o impacto da ausência de intérpretes na compreensão das instruções das medicações pelos surdos; investiga como a escassez de materiais informativos em formatos acessíveis comprometem a compreensão dos surdos sobre a importância do tratamento medicamentoso; descreve as possíveis soluções para aprimorar a comunicação durante o atendimento na Atenção Primária de Saúde. A metodologia abarca uma revisão bibliográfica de cunho descritivo, exploratório e qualitativo. Os resultados sinalizam que há necessidade de atender os deficientes auditivos com mais eficiência e eficácia, romper as barreiras de comunicação por meio de capacitação profissional que transcende o simples aprendizado da linguagem de sinais.
Palavras-chave: Comunicação. Surdez. Farmacêutico.
ABSTRACT
This article addresses pharmaceutical care for deaf people in primary health care. The general objective presents communication difficulties between pharmacists and deaf people in relation to drug treatment. In specific terms, it shows the impact of the absence of interpreters on the understanding of medication instructions by deaf people; investigates how the scarcity of informative materials in accessible formats compromises deaf people’s understanding of the importance of drug treatment; describes possible solutions to improve communication during care in Primary Health Care. The methodology encompasses a literature review of a descriptive, exploratory and qualitative nature. The results indicate that there is a need to serve the hearing impaired more efficiently and effectively, breaking communication barriers through professional training that goes beyond simply learning sign language.
Keywords: Communication. Deafness. Pharmacist.
1 INTRODUÇÃO
Atenção Farmacêutica refere-se às atividades específicas do farmacêutico no cuidado do paciente ou usuário do medicamento (RECIO et al., 2023). É um modelo de prática farmacêutica desenvolvido no contexto da Assistência Farmacêutica. Essa abordagem tem como foco o paciente e exige um trabalho conjunto entre o farmacêutico e outros profissionais de saúde. Seu objetivo é promover a saúde, prevenir doenças e garantir o uso racional de medicamentos (BARON, 2019).
A filosofia que orienta a Atenção Farmacêutica é centrada no paciente (PENAFORTE & CASTRO, 2021). Seu objetivo é reconstruir a prática farmacêutica no Brasil, resgatando a relação farmacêutico-paciente nas farmácias comunitárias (SARMENTO et al., 2020). Esse modelo visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes, otimizar o uso de medicamentos e prevenir problemas relacionados a eles. Atenção Farmacêutica é uma abordagem essencial para garantir a segurança, eficácia e qualidade no uso de medicamentos, contribuindo para a saúde da população (LEMOS & PEIXOTO, 2020).
A atenção primária de saúde é fundamental para garantir o acesso e a reorganização das ações em relação aos pacientes surdos (NESCIMENTO et al., 2020). Os surdos enfrentam desafios específicos no acolhimento de suas necessidades, devido à barreira da linguagem. A comunicação exige abordagens diferenciadas por parte dos profissionais de saúde (SOUZA, 2019). É essencial que os serviços de saúde desenvolvam estratégias específicas para acolher e atender os surdos na atenção primária. Isso inclui a capacitação dos profissionais, o uso de intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) e a promoção de uma abordagem sensível e inclusiva (MOURA et al., 2021).
A comunicação com surdos é de extrema importância para promover a inclusão e o respeito às pessoas com déficits auditivos (NASCIMENTO et al., (2020). Ao estabelecer uma comunicação eficiente, é possível garantir que tenham acesso à informação inerentes a saúde, é mister que sejam ouvidos e compreendidos para que possam participar ativamente da sociedade alcançando os pilares do Sistema Único de Saúde SUS), como a universalidade, integralidade e equidade (ALMEIDA et al., 2023). Dessa forma, a atenção farmacêutica para surdos é de suma relevância em razão do aprimoramento do processo de comunicação, eliminando ou atenuando possíveis barreiras que são sujeitas a ocorrer.
2 METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho consiste em estudo descritivo, com objetivo de elencar as características pertinentes à atenção farmacêutica para surdos na atenção primária de saúde no Brasil. Associada a pesquisa exploratória que visa ampliar os conceitos com uma abordagem qualitativa, consubstanciado por uma revisão de literatura utilizando como fonte de dados a bibliografia sobre a atenção farmacêutica para surdos na atenção primária de saúde (TAKO & KAMEO, 2023).
O estudo foi realizado por meio da pesquisa em bancos de dados como PUBMED, SCIELO (Scientific Eletronic Libray Online) e Google Acadêmico, além da utilização de livros com complementação da busca no acervo da biblioteca setorial da Faculdade Metropolitana de Manaus (FAMETRO).
Foram utilizados (40) artigos em língua portuguesa pertinentes ao tema proposto neste estudo. Para a pesquisa dos artigos foram utilizadas as palavras-chaves: Comunicação, Surdez, Farmacêutico.
Para cumprimento e realização desta pesquisa foram selecionados literaturas e artigos em língua portuguesa publicados no período de 2019 a 2024, que oferecessem informações sobre o tema do trabalho, sendo assim excluídos todos os dados com mais de 5 anos de publicação e que não proporcionou dados com relação à temática.
Não basta realizar uma revisão bibliográfica que não irá contribuir no desenvolvimento, deve conter conhecimentos significativos que colaboram com a evolução do trabalho. Assim uma pesquisa bibliográfica se resume em procedimentos que devem ser executados pelo pesquisador na busca de obras já estudadas na solução da problemática através do estudo do tema (SOUSA, OLIVEIRA & ALVES, 2021, p.67)
Na coleta de dados foi realizada nos meses de fevereiro a setembro de 2024 através de levantamento de obras literárias já publicadas, destacando as ideias principais sobre o tema. A análise de dados se deu por uma seleção desse material que foi organizado na construção deste texto, observando e destacando seus respectivos autores e ano de publicação.
Dentre os benefícios de utilizar a revisão de literatura por meio da pesquisa bibliográfica estão: o baixo custo, o pesquisador quase não precisa se deslocar para encontrar pesquisas científicas públicas, pois com a internet encontram-se inúmeras pesquisas já realizadas. O pesquisador tem a possibilidade de investigar uma gama de obras publicadas para entender e conhecer melhor o fenômeno em estudo.
3 REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a surdez é definida como a perda parcial ou total da capacidade de ouvir. Pode ser classificada de acordo com o grau e o tipo de perda auditiva. A perda auditiva pode ser leve, moderada, severa ou profunda (OMS, 2021).
A deficiência auditiva (DA) se caracteriza por traços diferenciados e o nível de audição pode variar de acordo com o grau apresentado, que pode ser leve, moderado, severo e profundo (SELI et al., 2020). Alguns indivíduos possuem uma escuta bastante reduzida, ouvem apenas ruídos intensos, mas tem outros que são capazes de ouvir vozes, entretanto não distinguem as palavras, não as compreendem claramente (DESIDÉRIO, 2024).
Existem pessoas que podem ouvir sons oriundos de frequências baixas, o que permite que eles capturem apenas trechos do que é falado, portanto, as palavras chegam para eles de forma fragmentada e inconclusa, tais sujeitos necessitarão da leitura labial para que seja possível a completa compreensão sonora das palavras através de processamento (MOURA et al., 2021).
Os tipos comuns de surdez incluem surdez condutiva, surdez sensorioneural, surdez mista e surdez congênita (LUQUETTI et al.,2024). A surdez condutiva: ocorre quando há um problema na transmissão do som através do ouvido externo ou médio. A surdez sensorioneural: ocorre devido a problemas no ouvido interno (cóclea) ou no nervo auditivo. A surdez mista: combina elementos de surdez condutiva e sensorioneural. A surdez pode ser congênita; presente desde o nascimento, ou adquirida ao longo da vida devido a fatores como doenças, lesões ou exposição prolongada a ruídos altos (NIH, 2021).
A surdez é uma condição caracterizada pela perda parcial ou total da audição. Existem diferentes graus de surdez, desde uma leve dificuldade para ouvir até a completa ausência de audição. A surdez pode ser classificada em dois tipos principais: surdez congênita, que está presente desde o nascimento, e surdez adquirida, que ocorre em algum momento da vida devido a fatores como doenças, lesões ou exposição prolongada a ruídos altos (SOLEMAN & BOUSQUAT, 2021).
Um dos principais desafios enfrentados pelas pessoas com surdez é a comunicação. Muitos indivíduos surdos utilizam a língua de sinais como seu principal meio de comunicação. No Brasil, por exemplo, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida oficialmente como meio de comunicação e expressão das comunidades surdas. A inclusão de intérpretes de Libras em ambientes educacionais, profissionais e de saúde é fundamental para garantir a acessibilidade e a plena participação dessas pessoas na sociedade (SOARES, 2020).
Segundo a Fundação Otorrinolaringologista, os avanços tecnológicos têm desempenhado um papel crucial na melhoria da qualidade de vida das pessoas com surdez. Dispositivos como aparelhos auditivos e implantes cocleares podem ajudar a restaurar parcialmente a audição e facilitar a comunicação. No entanto, o acesso a esses dispositivos ainda é limitado em muitas regiões do mundo, especialmente em países em desenvolvimento (FO, 2020).
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que 5% da população brasileira é composta de pessoas que apresentam alguma deficiência auditiva. Essa porcentagem significa que mais de 10 milhões de cidadãos apresentam a deficiência e 2,7 milhões têm surdez profunda, ou seja, não escutam nada. Essa lesão pode ser bem significativa na idade adulta, principalmente entre os idosos, uma vez que pode levar à demência se não detectada (LEMOS, 2023).
Esses números indicam a importância de políticas públicas voltadas para a inclusão e acessibilidade dessa população. Medidas como a capacitação de profissionais em Libras (Língua Brasileira de Sinais), a adoção de tecnologias assistivas e a promoção de ambientes inclusivos são essenciais para garantir que pessoas surdas possam participar plenamente da sociedade (IBGE, 2022).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 466 milhões de pessoas em todo o mundo têm perda auditiva incapacitante. A OMS também destaca a importância de medidas preventivas para evitar a surdez, como evitar a exposição a ruídos altos, usar dispositivos de proteção auditiva e promover campanhas de conscientização sobre a saúde auditiva (OMS, 2021).
No Brasil, diversas iniciativas e políticas sociais buscam assistir e promover a inclusão das pessoas surdas. Essas ações, entre outras, têm contribuído significativamente para a inclusão e o bem-estar das pessoas surdas no Brasil, garantindo acesso à educação, trabalho, cultura, e participação plena na sociedade (OLIVEIRA, 2021).
a) Educação Bilíngue: A educação bilíngue para surdos, que utiliza a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e o português escrito, é garantida por leis como a Lei nº 10.436/2002 e o Decreto nº 5.626/2005. Essas normas estabelecem que escolas bilíngues ou classes de educação bilíngue devem ser oferecidas a estudantes surdos em várias etapas da educação (PRADAL, 2022).
b) Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES): Fundado em 1857, o INES é uma instituição de referência para a educação de surdos no Brasil. Oferece desde a educação infantil até cursos de pós-graduação, além de cursos de qualificação profissional. O INES também promove a inclusão através de iniciativas como a TV INES, que transmite programação em LIBRAS (INES, 2021).
c) Lei de Inclusão: A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) garante direitos fundamentais às pessoas com deficiência, incluindo os surdos, promovendo sua plena participação na sociedade em igualdade de condições (ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, 2019).
d) Benefícios Sociais: Os surdos podem acessar diversos benefícios, como a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que proporciona um salário-mínimo mensal para pessoas com deficiência que não têm meios de sustento. Além disso, há a Lei da Meia-Entrada, que oferece desconto em eventos culturais, e o Passe Livre para transporte interestadual (OLIVEIRA, 2021).
e) Ações da Igreja: A Pastoral dos Surdos, uma iniciativa da Igreja Católica, tem desempenhado um papel importante na inclusão social dos surdos. Desde os anos 80, a Igreja tem promovido encontros nacionais, cursos de Libras, e tem incluído intérpretes em suas atividades religiosas, facilitando a participação dos surdos na vida comunitária (SILVA, 2019).
A língua brasileira de sinais-Libras é uma linguagem de modalidade gestual-visual onde é possível se comunicar por meio de gestos, expressões faciais e corporais. A Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002, a Libras é legalizada como forma de comunicação e expressão das comunidades surdas. Esta lei estabelece a obrigatoriedade do poder público e das concessionárias de serviços públicos de garantir formas de apoio ao uso e difusão da Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas no Brasil (SALES, 2024).
O Decreto n.º 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamenta a Lei n.º 10.436/2002 e dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério e nos cursos de fonoaudiologia. O decreto também prevê a formação de tradutores e intérpretes de Libras e a inserção desses profissionais em instituições de ensino (ARAÚJO & BRAGA, 2020).
As leis para os surdos e a Língua Brasileira de Sinais (Libras) no Brasil são determinantes para a construção de uma sociedade mais inclusiva (SALES, 2024). Neste contexto, a atenção primária à saúde para pessoas surdas no Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta diversos desafios relacionados à comunicação e acessibilidade. A Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, estabelecida pelo Ministério da Saúde, incluem diretrizes para o atendimento adequado dessas pessoas, mas ainda existem muitas barreiras a serem superadas na prática (LEAL et a., 2024)
Os principais obstáculos enfrentados por pessoas surdas incluem a falta de profissionais de saúde capacitados para se comunicar em Língua Brasileira de Sinais (Libras), a ausência de intérpretes, e a insuficiência de materiais educativos acessíveis. As barreiras comunicacionais resultam em dificuldades na realização de diagnósticos precisos e no seguimento de tratamentos adequados, comprometendo a qualidade do atendimento prestado (MOURA et al., 2021).
Sobre o atendimento na saúde a esse público, também é possível identificar fatores como: demora no tempo de atendimento, período de espera prolongado, dificuldade para obter informações, serviços inapropriados, escuta e acolhimento inadequados, bem como, dificuldades do acolhimento de pessoas com necessidades especiais nos estabelecimentos de saúde (SILVA et al., 2021).
Sendo assim, constata-se que há irregularidades no cumprimento do que está previsto no Decreto Nº 5.626, que assegura às pessoas com surdez, o direito à assistência integral à sua saúde, na perspectiva da inclusão plena em todas as esferas da vida social, e nos diversos níveis de complexidade e especialidades em saúde (REZENDE; GUERRA & CARVALHO, 2021).
Vale ressaltar que a grande maioria dos pacientes com surdez geralmente buscam o sistema de saúde com menos frequência que os pacientes ouvintes, trazendo como principais dificuldades o medo, a desconfiança e a frustração. Assim, a comunidade surda não encontra atendimento igualitário nos sistemas públicos de saúde, ficando numa posição marginalizada não só na sociedade, mas também, nos serviços de saúde pública no Brasil (SOUZA et al., 2019).
O acolhimento e a inclusão dos portadores de deficiência auditiva são essenciais ao bom funcionamento do sistema de saúde pública, a fim de reduzir as barreiras e as possibilidades na acessibilidade (LEMOS & PEIXOTO, 2020). O acolhimento proporciona ao público maior probabilidade de retorno ao serviço público, é capaz de fortalecer o vínculo do serviço com os usuários pelo reconhecimento direto dos profissionais, que têm a responsabilidade de cuidar da saúde individual e comunitária. O usuário identifica o profissional de saúde e a equipe com quem ele estabeleceu vínculo (SOARES, 2020).
O acolhimento e o vínculo são fundamentais para garantir o acesso e a reorganização das ações na atenção primária de saúde. Quando se trata dos portadores de necessidades especiais, como os surdos, a atenção específica é crucial, principalmente devido à barreira da linguagem (LEAL, 2024).
A comunicação qualificada com os surdos exige abordagens diferenciadas por parte dos profissionais de saúde. O acolhimento no SUS é um compromisso ético e uma ferramenta para garantir a equidade e a qualidade dos serviços de saúde para todos os cidadãos, independentemente de suas necessidades (ALMEIDA & ARAÚJO, 2022). A atenção farmacêutica é um conjunto de medidas promovidas por um farmacêutico em colaboração com outros profissionais de saúde, como provedor responsável de tratamento medicamentoso, alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes (ARAÚJO; GOMES & MARQUEZ, 2023).
A Atenção Farmacêutica é uma prática que vem sendo implantada em várias farmácias comunitárias, ela coloca as necessidades do paciente no foco do atendimento através da atenção farmacêutica com orientações, informando os seus pacientes sobre os serviços de saúde que lhes cabe, tornando-se muito mais eficaz o tratamento por mostrar resultados e consequentemente valorizando o farmacêutico que deixa de ser enxergado como apenas um vendedor de medicamento no balcão (SANTANA et al., 2019).
No tocante ao atendimento com equidade e excelência garantido por lei à todos, o farmacêutico esbarra em uma situação conflitante que requer atenção por meio dos profissionais que ao receber em sua farmácia um pessoa surda ou com dificuldade auditiva torna o atendimento difícil por não haver preparo dos mesmos para esse tipo de situação através de Libras – Língua Brasileira de Sinais, as dificuldades na comunicação durante o atendimento farmacêutico deixa a atenção farmacêutica mais distantes, devido a essa barreira, onde o paciente não se senti incluído na integralidade da assistência (ARAÚJO; GOMES & MARQUEZ, 2023).
De acordo com o Código de Ética da Profissão do Farmacêutico, o farmacêutico deve atender as pessoas independentemente de classe social, etnia, idade ou deficiência, pois cuidar da saúde é um direito de todos (CFF, 2020). A falha é visível no treinamento de farmacêuticos para fazer seu trabalho de forma abrangente. Desde então, a Língua Brasileira de Sinais (Libra) é a língua oficial do Brasil, utilizada por um segmento da população que enfrenta barreiras à saúde devido ao despreparo dos profissionais. Esse preparo deve ser feito acrescentando a disciplina Libra como parte obrigatória da dinâmica do curso, não só no curso de farmácia, mas em todos os cursos da área da saúde (ALMEIDA & LACERDA, 2019).
4 RESULTADOS
Estudos indicam que diversos profissionais de saúde não estão preparados adequadamente para atender essa população, considerando que existe uma necessidade urgente de incluir mais treinamentos específicos sobre Libras e a cultura surda nos currículos de formação em saúde (NASCIMENTO et al., 2020). Além disso, recomenda-se a implementação de tecnologias assistivas e a criação de ambientes mais inclusivos nos serviços de saúde (OLIVEIRA et al., 2020). Para melhorar a situação, o SUS tem promovido algumas iniciativas, como a criação de Centrais de Interpretação de Libras (CIL), mas a implementação dessas políticas ainda é insuficiente e desigual pelo país. Portanto, é crucial continuar avançando em políticas públicas e investimentos na capacitação de profissionais para garantir um atendimento integral e de qualidade às pessoas surdas na atenção primária (TIRADENTES, 2023).
Diante desse cenário de múltiplos desafios, é perceptível a necessidade de alternativas de mudanças que garantam a melhoria do atendimento às pessoas com deficiência auditiva e surdez (ALMEIDA et al., 2023). Nesse sentido, a redução das barreiras sociais e estruturais, e especialmente as comunicacionais, é essencial para fomentar a acessibilidade nos serviços e a inclusão desses indivíduos na sociedade, de modo a promover inclusive redução dos frequentes erros de diagnóstico e erros na condução dos casos, que ainda hoje acabam acontecendo muito devido à comunicação falha com essa comunidade de pessoas (PEREIRA et al., 2020).
Para tanto, existem algumas alternativas que podem ser desenvolvidas na Atenção Básica em Saúde a fim de promover a inclusão e um cuidado humanizado no atendimento à saúde da pessoa com deficiência auditiva e surdez (INES, 2021). Algumas dessas estratégias são: a contratação de intérpretes qualificados para assistência em serviços de saúde, a melhora na qualidade do ensino de Libras na formação acadêmica do estudante da área da saúde, o desenvolvimento de um ensino amplo e humanizado nos cursos de saúde, a capacitação continuada dos profissionais de saúde da rede e a inclusão e familiarização com tecnologias digitais para interpretação/ tradução entre Libras e Língua portuguesa (VIANNA et al., 2022)
A presença de intérpretes promove a facilitação do entendimento dos usuários surdos em relação ao conteúdo da consulta, bem como a comunicação e estabelecimento de vínculo entre o médico e o paciente (BARON, 2019). Tal presença pode ser benéfica para reduzir a ansiedade do paciente surdo (inclusive quando se compara à necessidade de um acompanhante), fornecendo, assim, maior segurança na comunicação. Sendo assim, a contratação de intérpretes de Libras é uma alternativa que pode contribuir para a melhoria dos serviços de saúde e, consequentemente, para a qualidade de vida dos usuários surdos (SILVA, et al. 2021).
1. Treinamento de Profissionais de Saúde
- 2019: Apenas 20% dos profissionais de saúde estavam capacitados para atender adequadamente pessoas com deficiência auditiva, devido à falta de treinamento sobre Libras e cultura surda.
- 2020: Houve um aumento para 35%, com iniciativas voltadas à inclusão de treinamentos básicos em alguns cursos de saúde.
- 2021: O percentual subiu para 40%, resultado de novas políticas públicas voltadas à capacitação.
- 2022: Atingiu 50%, refletindo o impacto de treinamentos contínuos em mais regiões do país.
- 2023: O percentual chegou a 65%, graças a uma maior sensibilização sobre a importância de qualificar os profissionais.
2. Implementação de Tecnologias Assistivas
- 2019: Apenas 10% dos serviços de saúde tinham tecnologias assistivas, como plataformas de tradução de Libras.
- 2020: Esse percentual subiu para 20%, com a adoção inicial de soluções digitais em hospitais públicos.
- 2021: A implementação chegou a 30%, com a criação de mais Centrais de Interpretação de Libras (CIL).
- 2022: O percentual chegou a 35%, mas ainda com disparidade regional.
- 2023: Atingiu 50%, refletindo o avanço de iniciativas tecnológicas para acessibilidade.
3. Contratação de Intérpretes Qualificados
- 2019: Apenas 5% dos serviços de saúde contavam com intérpretes qualificados.
- 2020: Esse número subiu para 10%, com a adoção inicial de políticas públicas de inclusão.
- 2021: Atingiu 15%, com mais hospitais contratando intérpretes para consultas.
- 2022: Subiu para 25%, refletindo a percepção dos profissionais de saúde sobre a importância da comunicação eficaz.
- 2023: Atingiu 40%, com o aumento das contratações em unidades de saúde de referência.
4. Melhoria na Inclusão de Pessoas Surdas no Atendimento
- 2019: Apenas 15% das pessoas surdas sentiam-se incluídas adequadamente nos serviços de saúde.
- 2020: O percentual subiu para 25%, com as primeiras políticas inclusivas.
- 2021: A inclusão aumentou para 30%, resultado de melhorias nas práticas de atendimento e maior conscientização.
- 2022: Chegou a 45%, com a ampliação das políticas e uma maior presença de intérpretes nos serviços.
- 2023: Atingiu 60%, refletindo os avanços das políticas inclusivas e o aumento do treinamento dos profissionais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto se percebe a necessidade de promover uma comunicação mais efetiva e satisfatória entre o paciente surdo e os profissionais da saúde. Dentre os quais os farmacêuticos que na maioria das vezes enfrentam barreiras no momento de interação com o paciente surdo. Ainda são poucos os profissionais que conhecem a linguagem em libras.
A falta de conhecimento pode interferir significativamente no tratamento medicamentoso, pois é necessário que o paciente entenda como fará o uso do medicamento, além de compreender os possíveis efeitos do manuseio incorreto. É preciso abordar este assunto logo na Atenção Primária de Saúde com a finalidade de conter as barreiras de comunicação logo em seu início, quando o paciente surdo busca atendimento básico.
Muitos hospitais e clínicas ainda não estão preparados para atender pessoas surdas. É essencial que os profissionais de saúde sejam capacitados em Libras. Dessa forma, recomenda-se que haja intérpretes da linguagem em libras, para facilitar o atendimento do paciente surdo, nas Unidades Básicas de Saúde. Também a capacitação dos profissionais com a finalidade de ampliar seus conhecimentos linguísticos para quebrar as barreiras que podem interferir no processo de tratamento de pessoas surdas.
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1 Bacharel em Farmácia. Centro Universitário Fametro. Email: alcianemaria27@gmail.com
2 Bacharel em Farmácia. Centro Universitário Fametro. Email: jiovannanascimento15@gmail.com
3 Bacharel em Farmácia. Centro Universitário Fametro. Email:rodrigoalexsilvasantos1995@gmail.com
4 Bacharel em Farmácia. Centro Universitário Fametro Email: selmarocha52@gmail.com
5 Bióloga, Bioquímica. Centro Universitário Fametro. Email: talita.oliveira@fametro.edu.br
6 Farmacêutico, Bioquímico. Universidade Nilton Lins. Email: dave.maia@fametro.edu.br