REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10372668
Vânia Maria Melo Gonçalves¹
Dra.Heliana Trindade Marinho Santana²
RESUMO
A depressão é um transtorno de humor, uma patologia que tem se tornando um problema de saúde pública. O transtorno depressivo em adolescentes tem ganhado visibilidade e exige que o farmacêutico atue de forma eficiente, onde o tratamento com psicotrópico tem se mostrado eficaz na diminuição do sofrimento e promoção da qualidade de vida do paciente. O problema foi: Qual a contribuição do farmacêutico na promoção do uso racional dos psicofarmacos entre o público adolescente acometido por quadro de depressão? Quais as interferências do uso de antidepressivo na fase da adolescência? O objetivo foi compreender o papel da atenção farmacêutica na orientação dos adolescentes e responsáveis, acerca da patologia e dos efeitos dos medicamentos psicofármacos no tratamento e controle da depressão. A metodologia foi revisão bibliográfica integrativa, qualitativa, feita em periódicos disponibilizados nas bases de dados Literatura Latino Americana, Base de Dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), com seleção de material publicado entre 2013 a 2023. Como resultado, o tratamento para adolescentes com depressão deverá ser conjugado o farmacológico e não farmacológico, onde o farmacêutico é essencial para fomentar que os psicotrópicos sejam usados de forma racional, considerando a segurança do paciente, levando em consideração as necessidades clínicas na dose, quantidade e tempo adequado Concluiu que é imprescindível a participação ativa do farmacêutico, a fim de assegurar uma melhor terapia, com adequada orientação dos pacientes adolescentes e de seus familiares acerca do protocolo terapêutico, fornecendo um atendimento individualizado e humanizado.
Palavras-chave: Antidepressivo. Depressão. Atenção Farmacêutica. Adolescente. Farmacêutico.
ABSTRACT
Depression is a mood disorder, a pathology that has become a public health problem. Depressive disorder in adolescents has gained visibility and requires the pharmacist to act efficiently, where psychotropic treatment has been shown to be effective in reducing suffering and promoting the patient’s quality of life. The problem was: What is the pharmacist’s contribution to promoting the rational use of psychopharmaceuticals among adolescents suffering from depression? What are the impacts of using antidepressants during adolescence? The objective was to understand the role of pharmaceutical care in guiding adolescents and guardians about the pathology and the effects of psychotropic medications in the treatment and control of depression. The methodology was an integrative, qualitative bibliographic review, carried out in periodicals available in the Latin American Literature databases, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online Database (Medline), Nursing Database (BDENF), with a selection of material published among 2013 to 2023. As a result, treatment for adolescents with depression must be combined with pharmacological and non-pharmacological, where the pharmacist is essential to encourage psychotropic drugs to be used rationally, considering patient safety, taking into account clinical needs in the appropriate dose, quantity and time. It concluded that the active participation of the pharmacist is essential, in order to ensure better therapy, with adequate guidance for adolescent patients and their families about the therapeutic protocol, providing individualized and humanized care.
Keywords: Antidepressant. Depression. Pharmaceutical attention. Adolescent. Pharmaceutical.
1.INTRODUÇÃO
A depressão é uma patologia que possui registros desde dos primeiros séculos da sociedade, contudo, a mesma passou por inúmeras etapas durante a evolução social, sendo que, em alguns momentos, foi interpretada como sinônimo de castigo divino, loucura, tristeza e até vitimismo1-2.
A depressão pode ser encarada como o moléstia do século XXI, sendo cada vez mais recorrente o desenvolvimento da patologia de maneira genérica, sendo ela concebida de múltiplas maneiras, sendo que algumas ainda não foram devidamente identificadas, visto que, ainda não se conhece exatamente o fator predominante que leva um indivíduo a tal patologia2.
A doença poderá se manifestar em qualquer indivíduo, independente de classe social, condições econômicas, dentre outros, sendo a sua manifestação de inúmeras maneiras, sendo constatado por manifestações cognitiva e somática do corpo, como alta sudorese, vômitos constantes, tremor, medo, mudanças biológicas e bioquímicas, fadiga, dentre outros3.
A adolescência corresponde a passagem da infância para a fase adulta. Tal etapa é interpretado como um ciclo delicado em que representa as mudanças fisiológicas e biológicas, denominadas de puberdade. As modificações tornam-se mais evidentes a partir dos doze anos e podem modificar conforme a história familiar e os hábitos alimentares4-5.
As fases da adolescência, desafiam os indivíduos a construir um equilíbrio entre as modificações fisiológicas, os desejos, vontades e interesses em questões intrínsecas da idade. O enfrentamento de episódios de alto estresse nesse período de vida pode provocar instabilidade emocional e manifestar vários momentos de oscilação de humor na fase do desenvolvimento humano. Desse modo, nessa período de vida é habitual o surgimento de sintomas depressivos e ansiosos, pois corresponde ao ciclo de reorganização emocional5.
Nesta linha de raciocínio, nas últimas décadas inúmeras crianças e adolescentes estão sendo diagnosticados precocemente com quadros de depressão, sendo que a sociedade e familiares, em muitos casos, tem subestimado a doença, e muitas vezes considerada como algo inexistente. Contudo, a depressão, de acordo com os dados epidemiológicos, têm alta prevalência, sendo interpretada como uma das causas de morbidade desse grupo etário5-6.
As mudanças de humor são eventos particulares na adolescência e, não devem ser equivalentes à depressão. Tal patologia psiquiátrica tem condição persistente e invasiva que atinge o funcionamento normal do organismo dos indivíduos, além de sua experiência interior, sendo associada a várias outras manifestações clínicas, como é o caso de um humor triste e/ou irritável, perda de interesse pelas atividades habituais, fadiga, dentre outros7.
Robustece a discussão, os dados do relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2022, em que determina que o suicídio é considerada a terceira causa de morte dentre adolescentes com depressão. Nesse cenário, verifica-se que a discussão da temática é imprescindível por trata-se de um problema de saúde pública que deverá ser combatido com profissionalismo e multidisciplinaridade, a fim de criar ferramentas para elaboração do diagnóstico da depressão de forma assertiva8.
A depressão hoje pode ser conceituada como um transtorno psiquiátrico grave relacionado a doença mental que atinge milhões de indivíduos em todo o mundo. Dentre os efeitos da depressão entre o público adolescente, tem-se prejuízo no desempenho e na vida dos pacientes, apresenta sintomas como humor deprimido, dificuldade de aprendizagem, bloqueios na construção de relacionamentos interpessoais, além de outras comorbidades psiquiátricas de longo prazo9-10.
No que concerne o diagnóstico, poderá ser realizado com a manifestação de cinco ou mais sintomas depressivos em pelo menos duas semanas, sendo que em adolescentes, os sintomas mais habituais são declínio no desempenho escolar, modificações de humor, alta irritabilidade, falta de energia, tristeza e perda de interesse nas atividades diárias10.
O diagnóstico de depressão apresenta entraves pela alta incidência de comorbidades, pelos obstáculos dos profissionais de saúde em reconhecer os sintomas e pela ausência de serviços de saúde mental disponíveis na rede básica de saúde. O tratamento farmacológico associado à psicoterapia tem apresentado resultados eficazes na diminuição e prevenção da recorrência de episódios depressivos do que tange, o tratamento pautado somente no uso de antidepressivos11.
O uso intensivo de medicamentos para o tratamento de problemas de transtornos psiquiátricos tornou-se um problema de saúde pública. A prática da farmacoterapia no âmbito da psiquiatria é um processo complexo visto que as intervenções e as terapias deve esta pautada no conhecimento sistemático do fármaco, das modalidades de administração dos medicamentos, os efeitos adversos e a influência direta no comportamento familiar e social do paciente. Vale destacar que ainda são carentes as informações sobre as sequelas posteriores da concentração destes medicamentos no organismo do ser humano, estando ainda em fase de estudos e análises dos farmacêuticos e cientistas12.
Sobreleva que, o transtorno depressivo em jovens adolescentes necessita de atenção farmacêutica com precisão. Se reconhece que o tratamento farmacológico tem sido eficaz na diminuição do sofrimento de pacientes nos casos de depressão9-12. Contudo, a alta incidência dessa patologia, tem sido o elemento que norteia a depressão como sendo um dos principais causas de morbidade nessa população. Os tratamentos farmacêuticos podem colaborar para melhora da qualidade de vida de pacientes adolescentes com depressão, bem como, ajuda a esclarecer preocupações acerca da doença e promover educação em saúde13.
A relevância deste estudo baseia-se em evidenciar que os tratamentos farmacêuticos podem contribuir muito para melhorar a qualidade de vida de pacientes adolescentes com depressão, além de esclarecer preocupações sobre a doença, promover educação em saúde. Cabe ao farmacêutico facilitar o rastreamento e possibilitar a adesão do uso racional de medicamentos, trabalhando sempre em conjunto para reduzir a automedicação.
Assim, este trabalho se justifica pela necessidade de compreender as intensas mudanças que o adolescente sofre no período de desenvolvimento, já que a depressão tornou-se um problema de saúde de caráter público que atinge grande parte do grupo adolescente. É de vital conveniência que este trabalho venha a contribuir tanto para o setor acadêmico como profissional, com informações de caráter científico, voltados a conhecer a doença, as causas, tratamento e propor melhorias no atendimento do segmento farmacêutico, visando à satisfação, conforto, confiança e fidelização tanto do adolescente como da família.
Eis que surgiu os seguintes questionamentos: Qual a contribuição do farmacêutico na promoção do uso racional dos psicofarmacos entre o público adolescente acometido por quadro de depressão? Quais as interferências do uso de antidepressivo na fase da adolescência?
O objetivo deste estudo foi compreender o papel da atenção farmacêutica na orientação dos adolescentes e responsáveis, acerca da patologia e dos efeitos dos medicamentos psicofármacos no tratamento e controle da depressão.
2.MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa do tipo qualitativa, cujo método de pesquisa constitui-se em uma ferramenta importante, tenda a finalidade de analisar e sintetizar os resultados obtidos em pesquisas sobre o tema, de maneira, ampla e sistemática. A estratégia de busca dos artigos aconteceu da seguinte forma: foram utilizadas as bases Base de Dados Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Base de Dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Para a pesquisa foram pesquisados os descritores associados: Antidepressivo. Depressão. Atenção Farmacêutica.
Adolescente. Farmacêutico.
A seleção da amostra obedeceu aos seguintes critérios de inclusão: artigo com texto completo disponível online e gratuitamente, publicados no recorte temporal de 2013 a 2023, que responderam à pergunta norteadora, redigidos no idioma português e inglês, que representam trabalhos de interesse cientifico, como forma de atualização sobre a temática proposta.
Já os critérios de exclusão foram: publicações que não contemplavam o recorte temporal estabelecido, que não estavam redigidas em língua portuguesa e inglesa, que se encontravam indisponíveis eletronicamente de forma completa e gratuita, artigos que estiverem repetidos nas bases de dados, que não responda à questão norteadora e/ou os objetivos desta revisão, e por fim, foram excluídos outras revisões bibliográficas, teses e dissertações.
Portanto, foram lidas publicações de forma integral e sistematizada, e apresentadas em forma de tabelas, de maneira a dar visibilidade às principais características de cada produção (títulos, autores, ano de publicação, base de dados, periódico, tipo de estudo, objetivo e principais resultados), mantendo a veracidade das ideias, conceitos e definições dos autores, para sequente discussão dos resultados.
A seleção dos artigos inclusos foi realizada pela análise sistemática da elegibilidade de cada estudo com base nos critérios de inclusão, pelos títulos e resumos e em seguida pelos demais itens que compunham o corpo dos trabalhos em toda a sua integralidade, que após análise dos critérios de exclusão ficaram um total de 11 artigos. Assim, a amostra final desta revisão ficou fixada em 11 publicações, como demonstrado no Quadro 1.
3.RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados abaixo são relacionados aos 11 (onze) estudos selecionados conforme descritos na metodologia e serão apresentados em tabelas.
De acordo com a pesquisa de Lobato Júnior e Miceli14 os antidepressivos largamente usados com crianças e adolescentes são os tricíclicos formados pelo amitriptilina, clomipramina, desipramina, doxepina Imipramina, nortriptilina, protriptilina, trimipramina. Far-se-á necessário um cuidado extra com pacientes com perfil suicida devido a ativação comportamental exercida pela droga e a alta chance de recaídas22-14.
No que concerne ao sexo, de acordo com a literatura, o feminino é o mais acometido pela depressão durante a adolescência. No relato de experiência de Albuquerque et al.15 a paciente era do sexo feminino; no estudo de Lobato Júnior e Miceli14 cerca de 56% participantes que faziam uso de antidepressivos eram do sexo feminino; o que também foi observado na pesquisa de Souza et al.23, em que aproximadamente 80% dos acadêmicos eram do sexo feminino; e em torno de 73% dos entrevistados no estudo realizado por Souza et al.23 eram jovens do sexo feminino. Contudo, já na pesquisa de Silva e Silveira18 o sexo masculino foi mais predominante em relação a utilização de psicofármacos com 44,5%.
Como foi possível evidenciar na pesquisa de Albuquerque et al.15 em que a cliente seguia o uso de risperidona e sertralina, conforme prescrição médica. Já a pesquisa de Lobato Júnior e Miceli14 descreveram conforme as respostas dos participantes que os antidepressivos mais empregados foram a sertralina, a fluoxetina e a citalopram e o escitalopram e a paroxetina. Consoante a isso, dentre os psicofármacos mais prescritos entre os anos de 2016 a 2017 para criança s e adolescentes do CAPSi de um município da região norte do estado do Rio Grande do Sul, foram a risperidona, o metilfenidato, a fluoxetina e a imipramina, tendo resultado análogo ao estudo de Madjar et al.17. Souza et al.23 destacaram que entre os fármacos mais utilizados pelos participantes eram a fluoxetina, a sertralina, o citalopram e a amitripitilina.
Beutinger e Limberger16 enaltece em sua narração que os adolescentes com depressão tem consumido de forma excessiva medicamentos psicotrópicos, sem considerar muitas vezes as necessidades específicas do sujeito e as consequências que podem ser acarretadas. Dessa forma, é imperioso a atuação da atenção farmacêutica, em prol de orientar e ter maior critérios acerca do consumo de tais medicamentos, considerando que nessa fase da vida é que se dá início do desenvolvimento da identidade e da subjetividade do indivíduo.
Observou-se no estudo de Madjar et al.17, o emprego do metilfenidato (MPH) é um tratamento comum e eficaz para quadros de depressão e transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), mas na literatura ainda se tem pouca informação acerca da elação entre a ingestão de MPH na primeira infância e o início do tratamento antidepressivo durante a adolescência.
Nota-se que o uso abusivo das substâncias psicotrópicas tornou um grave problema de saúde pública em face dos múltiplos aspectos envolvidos, em que a classe medicamentosa de maior consumo são os benzodiazepínicos, sendo também os mais prescritos, e que tem atuam como sedativos, hipnóticos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes, com resultados significativos na terapia da depressão aguda e da insônia transitória. Ademais, os psicotrópicos são relevantes na terapia do sofrimento humano, contudo, o seu uso não deverá estar intrinsicamente ligado a um cuidado mais amplo, pautada em uma boa farmacoterapia e psicoterapia, a fim de angariar uma eficaz assistência 17,18.24.
Dentre os antidepressivos mais usuais são os antidepressivos conhecidos como tricíclicos, que reúne os fármacos imipramina, desipramina, amitriptilina e nortriptilina. Trata-se de drogas antigas e muito usuais no tratamento de adolescentes, associadas a alguns inibidores de seletivos da recaptura da serotonina (ISRS), tais como: cloridrato de sertralina, paroxetina e fluoxetina. Essa parceria reduz os possíveis efeitos colaterais e problemas no percurso do tratamento, resultando assim em excelentes resultados, com a conquista do controle os até extinção do quadro depressivo21,18,14.
Já o trabalho de Amaral et al.19 alude que a depressão é um transtorno mental que vem a comprometer a qualidade de vida e o bem-estar do indivíduo. Nota-se que o paciente com depressão necessita de um plano terapêutico particular pautado em um atendimento humanizado a fim de controlar os sintomas e as sequelas dessa enfermidade, sendo que, em pacientes idosos, a atenção deverá ser redobrada no tocante à farmacoterapia, em que deverá ser garantido a eficácia terapêutica e a segurança. Referente a este público, na escolha do fármaco, deverá ser levado em consideração alguns critérios, a saber: baixa frequência de uso, reduzidos os efeitos indesejáveis, baixa taxa de interações entre fármacos e alimentos.
A perturbação depressiva na adolescência tende a ter longa duração e recorrências, com reflexos nas disfunções sociais e ocupacionais mais distendidas, podendo ocorrer altos índices de morbidade e mortalidade14. Ressalta-se que a depressão em adolescentes tem um expressivo impacto no desempenho escolar, podendo prejudicar desde a concentração, até as inter-relações14-15. Desse modo, robustece a discussão o estudo de Stafford et al.22 quando aduz que os pensamentos suicidas são frequentes na adolescência, podendo ser intensos e prolongados, em virtude de não possuir plena maturidade emocional.
Nessa linha de raciocínio, o estudo de Mok, Lee e Lee21, realizado com uma amostra de 48 pacientes ambulatoriais, com idade de 16 a 19 anos, que manifestaram quadro de depressão e tiveram duração média da doença de até dois anos. Insta salientar que o estudo destaca que o processo de adesão ao tratamento só foi potencializada com a participação efetiva da atenção farmacêutica, haja vista que, caberá ao profissional de saúde em parceria com o farmacêutico auxiliar a família quanto o tratamento com medicamento antidepressivo, orientando seu uso e esclarecendo seus efeitos esperados e colaterais.
Segundo Andrade, Avanci e Oliveira24, a ação dos psicotrópicos tem efeito direto no humor e no comportamento, em que possui ação complexa atingindo os neurotransmissores centrais, em que seu exacerbado, poderá ocorrer dependência, reações adversas e interações medicamentosas, em que verifica-se a imprescindibilidade da participação do farmacêutico a fim de otimizar a qualidade de vida desses pacientes, promover um processo educacional do público-alvo, elaborar estratégias para a adesão ao tratamento farmacológico, promover a adequada orientação acerca dos riscos e benefícios da medicação, além de promover o uso racional.
Assim, não é recomendado que seja administrado psicotrópicos em adolescentes, exceto nos casos de alta gravidade, contudo, hoje se reconhece o uso intensivo por esse público-alvo dos antidepressivos, sendo o mais usual a fluoxetina. Nessa perspectiva, é essencial oferecer as adequadas orientações em relação ao uso do antidepressivo, sendo o farmacêutico o profissional habilitado para promover tal ação, e logo, ter reflexos no processo de adesão, na redução dos efeitos colaterais e da interação medicamentosa, diminuição do período de tratamento, evitar quadros de dependência e tolerância24-16.
Dentre as múltiplas classes de antidepressivos, a classe dos Inibidores seletivos da receptação de serotonina (ISRS), em virtude da sua ação seletiva é a mais recomendada, pois tem poucos índices de efeitos colaterais, em que a fluoxetina representa tal classe farmacológica, sendo mais utilizada quando comparada aos anticonvulsivantes e os benzodiazepínicos.
Já no estudo de Souza et al.23, a amostra estudada reconheceu que não recebeu orientação do farmacêutico durante a dispensação do medicamento quanto aos efeitos colaterais, interações medicamentosas, horário correto para ser utilizado, fato que contribuiu para que o paciente manifestasse alguns efeitos colaterais como ganho de peso, angústia, fobias, confusão mental, dor abdominal, vômito, episódios de tonteiras, agitação motora, taquicardia e até alucinações auditivas.
Complementa o entendimento, a pesquisa realizada por Lobato Júnior e Miceli14 com 32 adolescentes usuários de antidepressivos, que demonstraram que entre os principais efeitos adversos relatados estiveram a cefaleia, boca seca, queda de cabelo, constipação e queimação, alterações na pressão arterial, gosto amargo na boca e tonturas.
Os antidepressivos receitados à população, por profissionais de saúde, com o intuito de equilibrar as desordens mentais, são capazes de fomentar mudanças patológicas cerebrais, originando alguns comportamentos suicidas, episódios maníacos e psicóticos, convulsões, violência, diabetes, falência pancreática, doenças metabólicas e morte prematura20-15.
Dessa forma, fica evidente a relevância da atenção farmacêutica, uma vez que o farmacêutico é o profissional capacitado para gerir muitos aspectos do tratamento, tais como: dispensação, orientação farmacológica, educação em saúde, atendimento farmacêutico, acompanhamento farmacoterapêutico e registro sistemático das atividades e avaliação dos resultados. Assim, cabe ao farmacêutico combater o uso indiscriminado de psicotrópicos que aumentando entre crianças e adolescentes, visto que estão sendo prescritos ao menor sinal de mal-estar do paciente, muitas vezes de forma duvidosa, e estimulando a dependência19-17-22-24.
Uma estratégia relevante no suporte a atenção farmacêutica é o Método Dáder “ uma ferramenta que lhe permite prevenir, identificar e resolver Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM)” o que pode ser muito frequente, quando se trata de terapias farmacológicas para as doenças de ordem emocional e psicológica, como a depressão, por ser uma patologia que requer longa investigação, apresenta sintomas imprecisos, levando a um diagnóstico tardio, necessitando que haja sempre reajustes nas medicações para a plena recuperação da saúde mental do cliente14.
Os cuidados oferecidos ao tratamento da depressão caberão ao farmacêutico desempenhar função no fornecimento de dados, informação e realizara atividades educativas com o adolescente, a fim de estimular a elevação da adesão terapêutica, facilitar o monitoramento e a eficácia do tratamento, tal como o reconhecimento dos efeitos adversos, além de contribuir com as atividades de promoção de saúde bem como a alteração do estilo de vida20-15.
Outro ponto necessário é o monitoramento dos enfermos diagnosticado com a patologia supracitada. Em caso de identificação de ineficácia do tratamento, é dever do farmacêutico reenxaminar o paciente e encaminha-lo novamente ao médico para reavaliar o planejamento da terapia. Quando o farmacêutico reconhecer sintomas relacionados com esta doença de saúde nos adolescentes, deve-se sugerir uma ida ao médico a fim de avaliar sistematicamente o quadro clínico15.
Desta maneira, conclui-se que a contribuição efetiva do farmacêutico junto a adolescentes em tratamento da depressão em parceria com uma equipe multiprofissional é imprescindível, haja vista este profissional deter de habilidades e qualificações para otimizar as atividades do tratamento farmacológico, desempenhar no segmento da saúde da mulher, atividades desde o âmbito administrativo até clínico colaborando para a promoção de uma terapia segura as pacientes em tratamento, com respeito e humanização do atendimento, sendo sempre solícito quando procurado e reconhecendo as dificuldades e anseios do enfermo, propondo sempre alternativas para otimizar a qualidade de vida do público-alvo.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A depressão é um problema de saúde pública, sendo necessário um diagnóstico precoce e um tratamento adequado a fim de melhorar a qualidade de vida dos pacientes acometidos por esta patologia. O tratamento adotado, em geral, recorre a antidepressivos, onde se deve considerar as características do indivíduo, tal como as peculiaridades do medicamento. Ressalta-se que nos últimos anos, o consumo de psicotrópicos no público adolescente aumentou, contudo o a sua administração não é vinculado exclusivamente a quadros clínicos de depressão, sendo adotados como terapias de outras patologias.
Nessa linha de raciocínio, os conhecimentos acerca dos antidepressivos, exige a participação ativa do profissional farmacêutico, a fim de assegurar uma melhor terapia, com redução do tempo de tratamento, poucos efeitos colaterais e adversos, e retorno rápido das tarefas diárias do paciente. Dentre as ações a serem desenvolvidas por este profissional, tem-se a adequada orientação dos pacientes adolescentes e de seus familiares acerca do protocolo terapêutico, aclaração sobre as indicações, contraindicações e efeitos adversos dos psicotrópicos, promover o uso racional, incitar a educação em saúde, aumentar a adesão terapêutica, fornecer atendimento individualizado e humanizado, bem como, combater a prática da automedicação.
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