ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICOS EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETE MELLITUS TIPO 2

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7319945


MÔNICA INÊS RODRIGUES1
Ms. LEONARDO GUIMARÃES DE ANDRADE2

UNIG – Universidade Iguaçu, Curso de Graduação em Farmácia, Nova Iguaçu-RJ, Brasil.


RESUMO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia que causa complicações na função de vários órgãos, incluindo os rins, olhos, coração, nervos, cérebro e vasos sanguíneos. No Brasil, aproximadamente 12,5 milhões de pessoas foram diagnosticadas com DM, ocupando o quarto lugar entre os dez países com maior número de pacientes com DM. O Brasil registra mais de 2 milhões de casos de DM2 a cada ano. Essa patologia impõe altos custos sociais e econômicos aos pacientes e aos sistemas de saúde, além disso, o DM2 traz sérias complicações, que são uma das principais causas de morbidade e mortalidade em pessoas com Diabetes. Portanto, o acompanhamento farmacoterapêutico em adultos com Diabetes Tipo 2 demonstra o impacto que tem na vida desses pacientes e descreve o papel do farmacêutico nesse sentido.

Palavras-Chave: Diabetes Mellitus; Acompanhamento Farmacoterapêutico; Diabete Mellitus Tipo 2; Problemas Relacionados ao Medicamento;

ABSTRACT

Diabetes Mellitus (DM) is a metabolic disease characterized by hyperglycemia that causes complications in the function of various organs, including the kidneys, eyes, heart, nerves, brain and blood vessels. In Brazil, approximately 12.5 million people were diagnosed with DM, ranking fourth among the ten countries with the highest number of DM patients. Brazil registers more than 2 million cases of DM2 each year. This pathology imposes high social and economic costs on patients and health systems, in addition, DM2 brings serious complications, which are one of the main causes of morbidity and mortality in people with diabetes. Therefore, pharmacotherapeutic monitoring in adults with Type 2 Diabetes demonstrates the impact it has on the lives of these patients and describes the role of the pharmacist in this regard.

Key words: Diabetes Mellitus; Pharmacotherapeutic follow-up; Type 2 Diabetes Mellitus; Drug-Related Problems;

INTRODUÇÃO

A diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia que causa complicações na função de vários órgãos, incluindo os rins, olhos, coração, nervos, cérebro e vasos sanguíneos. A diabetes tornou-se um grave problema de saúde pública. De acordo com dados de 2015 da Internacional Diabetes Federation – IDF, aproximadamente 8,8% da população de 20 a 79 anos tem diabetes. Espera-se que o número de pessoas com diabetes ultrapasse 642 milhões até 2040 (DIRETRIZES SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).

Globalmente, a diabetes tipo 2 (DM2) é responsável por aproximadamente 90% de todos os casos. Cerca de 12,5 milhões de pessoas foram diagnosticadas com diabetes no Brasil, a quarta maior entre os dez países com maior número de pessoas com diabetes. O Brasil registra mais de 2 milhões de casos de diabetes tipo 2 a cada ano (PEREIRA & FIGUEREDO, 2017).

A diabetes tipo 2 é uma doença crônica não transmissível em que a resistência periférica à ação da insulina ou a incapacidade das células beta pancreáticas de produzir insulina dificulta a distribuição da glicose intracelular para o metabolismo, com consequências adversas para o organismo, além da fome excessiva, sede persistente e sintomas como poliúria (GUIDO et al., 2017).

A diabete é um problema crônico de saúde, por afetar um número significativo da população mundial, estando relacionado a fatores demográficos, socioeconômicos e outras condições de saúde, como hábitos alimentares e sedentarismo. Atualmente, a diabetes é considerada uma das principais causas de morbidade e mortalidade global e nacionalmente (GOLBERT et al., 2019).

A Atenção Farmacêutica (AF) é definida como um modelo de prática medicamentosa desenvolvido no contexto da assistência medicamentosa, incluindo atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e responsabilidades na prevenção de doenças, promoção da saúde e recuperação, e integrado em equipes multidisciplinares (FONTANA et al., 2015).

Essa prática farmacêutica é considerada uma ferramenta da farmácia clínica, o profissional da saúde em relação às atividades e serviços do farmacêutico clínico para desenvolver e promover o uso racional de medicamentos; essa ferramenta facilita a interação dos farmacêuticos com os usuários do sistema de saúde com o melhor acompanhamento dos pacientes por meio do manejo da medicação, prevenção e esclarecimento de questões identificadas neste acompanhamento (LIMA et al., 2016).

O acompanhamento farmacoterapêutico é um instrumento utilizado na prática da atenção farmacêutica em que os farmacêuticos colaboram com pacientes e equipes multidisciplinares de forma contínua, sistemática e documentada por meio da detecção, prevenção e resolução de problemas relacionados a medicamentos (PRMs), para alcançar resultados específicos que ajudam a melhorar a qualidade de vida do paciente (CFF, 2016).

Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre o papel do farmacêutico no uso efetivo do monitoramento da terapia medicamentosa no tratamento de pacientes com diabetes tipo 2, intervenções que têm importantes implicações para a saúde dos pacientes e controle glicêmico para evitar complicações crônicas.

OBJETIVO GERAL

Realizar uma revisão sistemática da literatura descrevendo as práticas no âmbito da atuação do farmacêutico com impacto do Acompanhamento Farmacoterapêutico a pacientes portadores de Diabete Mellitus tipo 2.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Descrever os Problemas relacionados aos medicamentos, relevantes analisados através do Acompanhamento farmacoterapêutico;

– Investigar sobre os pontos positivos do Acompanhamento Farmacoterapêutico;

– Avaliar a importância da assistência farmacêutica com os usuários com Diabetes Mellitus Tipo 2.

– Analisar por meio da literatura a eficácia das medicações.

– Prevenir os problemas relacionados aos medicamentos e os resultados negativos associados ao medicamento, consequentemente, melhorar o estado de saúde de portadores de diabetes mellitus.

JUSTIFICATIVA

O acompanhamento farmacoterapêutico é uma ferramenta dá atenção farmacêutica em que o farmacêutico é responsável pelas necessidades relacionadas à medicação de um paciente, detectando, prevenindo e abordando problemas relacionados à medicação. Logo, a Diabete Mellitus é uma doença crônica caracterizada por hiperglicemia que, se não controlada, pode levar a complicações funcionais graves, como nefropatia diabética, retinopatia e neuropatia, sendo imperativo o acompanhamento e orientação adequados. Esse acompanhamento, que pode ser realizado por farmacêuticos, visa melhorar a qualidade de vida desses pacientes por meio de ações como adequação de medicamentos, educação em saúde e equipes multidisciplinares.

METODOLOGIA

Estudo da revisão de literatura foi a do tipo sistemática. Esse é um estudo que tem por finalidade compreender sobre um determinado assunto a ser pesquisado e tem como resultado realizar uma seleção com base nos dados em literaturas, citações, identificando o processo da geração de conhecimento, desenvolvendo e identificando a contribuição de cada pesquisa relativa ao seu respectivo tema. Com isso pode-se evidenciar grande contribuição para a evolução da pesquisa cujas bases de dados utilizadas foram bibliotecas virtuais como SCIELO, BVS, PUBMED e LILACS entre 2018 a 2022, sendo que para a busca dos artigos foram usados os descritores em saúde: Atenção farmacêutica, acompanhamento farmacoterapêutico, diabetes mellitus tipo 2.

REVISÃO DE LITERATURA

DIABETE MELLITUS

O Diabetes Mellitus (DM) é caracterizado por um distúrbio metabólico crônico que consiste em hiperglicemia persistente devido a defeitos na produção de insulina ou em sua ação, que também pode ocorrer concomitantemente. Essa patologia está associada a complicações secundárias como microvasculares e macrovasculares, causadas por fatores genéticos, biológicos e ambientais, e é dividida em três categorias: 1, 2 e gravidez, mas apresenta baixa incidência em relação às outras duas categorias. O Diabetes Mellitus 1, uma doença autoimune que pode ser diagnosticada na infância, ocorre quando as células betas das ilhotas de Langherans são destruídas, resultando em produção insuficiente de insulina. Por outro lado, o diabetes 2, que domina o Diabetes Mellitus 1, está altamente associado a fatores genéticos e maus hábitos alimentares e sedentarismo (GOLBERT et al., 2019).

Sua fisiopatologia está associada ao aparecimento e persistência da hiperglicemia, demonstrando resistência tecidual periférica à ação da insulina, aumentando a produção hepática de glicose. Em princípio, a doença é assintomática e só pode ser diagnosticada quando são realizados exames laboratoriais de rotina ou quando estão presentes poliúria, polidipsia e polifagia (ATLAS, 2017).

Os valores normais para diversos exames, e os critérios mais reconhecidos para o diagnóstico de pré-diabetes e diabetes pela Associação Brasileira de Diabetes são – glicemia de jejum normal (mg/Dl): <100, pré-diabetes: >100 e >126, diabetes: >126; ingestão Glicose 2 horas após 75 g de glicose: normal: <140, pré-diabetes: >140 e <220, diabetes: >200; HbA1c: normal: <5,7, pré-diabetes: >5,7 e <6,5, diabetes: >6,5 (GOLBERT et al., 2019).

Figura1: Valores de referência para Glicemia

Fonte: GOLBERT et al., 2019

TRATAMENTO PARA O DIABETES MELLITUS

O tratamento para pessoas com diabetes varia de acordo com o tipo, mas ambos têm tratamentos não medicamentosos semelhantes, como mudanças no estilo de vida, como reeducação alimentar e atividade física. Como o Diabetes Mellitus 1 não produz insulina, é necessária terapia para substituí-la diariamente, e a terapia com insulina é projetada para controlar os níveis de açúcar no sangue. A determinação do tipo de insulina é individualizada e são classificadas em ultrarrápida (Lispro e Aspart), rápida (Regular), intermediária (NPH) e longa (Detemir e Glargin) (GOLBERT et al., 2019).

Portanto, o Diabetes Mellitus 2 é tratado com antidiabéticos orais e, em outros casos, com insulinoterapia. As drogas antidiabéticas são classificadas como sulfonilureias; glinida; biguanidas; tiazolidinedionas; inibidores da alfa-glicosidase; inibidores da DPP-4 e Incretinomiméticos. A seleção é feita por meio de avaliação médica, levando em consideração a melhor opção para o tratamento do paciente (GOLBERT et al., 2019).

FISIOPATOLOGIA DE DIABETES MELLITUS TIPO 2

A palavra diabetes vem do grego “dia”, que significa “passar”, “baiten”, que significa “ir”, ou “passar”, e “mellitus”, que vem do latim “mellis”, que significa mel. O conhecimento sobre diabetes existe há muitos séculos. Em 1500 aC, um egípcio chamado Ebers descreveu o diabetes como uma vontade excessiva de urinar. No século II d.C., Altaeus definiu o diabetes como “o derretimento e conversão da carne do corpo e das extremidades em urina”, o que se tornou um marco importante neste século (SANTOS et al., 2018).

Depois de muitas definições, não foi até 1675 que Willis nomeou diabetes depois de observar a semelhança entre doce e mel. Edward Sharpey-Schafer levantou a hipótese em 1910 de que o Diabetes Mellitus ocorre como resultado de uma anormalidade em uma substância química chamada insulina, que é definida como originária das células das ilhotas de Langerhans do pâncreas. No entanto, foi somente após a Primeira Guerra Mundial que Frederick Banting e Charles Best demonstraram a patogênese do diabetes (SANTOS et al., 2018).

O diabetes é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia que ocorre quando os níveis de açúcar no sangue estão muito altos. Isso pode ser devido a defeitos na ação e/ou secreção da insulina. A classificação atual do diabetes inclui quatro categorias clínicas: diabetes mellitus tipo 1 (DM1), diabetes mellitus tipo 2 (DM2), diabetes mellitus gestacional (DMG) e outros tipos específicos de diabetes. Existem também duas categorias, chamadas pré-diabetes, que são o açúcar no sangue em jejum alterado e a tolerância à glicose diminuída. Essas categorias são fatores de risco para o desenvolvimento de DM e doenças cardiovasculares (DCV) (ATLAS, 2017).

O DM1 é caracterizado pela destruição das células beta que levam à deficiência de insulina, e é dividido em tipo 1A (autoimune) e tipo 1B (idiopático). O tipo 1A é o resultado da deficiência de insulina causada pela destruição imunomediada das células beta pancreáticas. O tipo 1B é caracterizado pela falta de marcadores autoimunes contra células beta e é independente do haplótipo do sistema HLA (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).

O DM2 representa 90% a 95% dos casos de DM. Caracteriza-se pelo corpo não o usar adequadamente ou não obter insulina suficiente para controlar o açúcar no sangue. Dessa forma, devido à falta de efeito hipoglicemiante efetivo da insulina, a produção de glicose no fígado aumenta, dificultando a distribuição e metabolização da glicose nas células, com consequências adversas para o organismo, além da fome excessiva, perda de peso, sede persistente e poliúria, fora dos sintomas (BERTONHI, 2018).

A insulina tem múltiplas funções, como transporte transmembranar de glicose e aminoácidos, formação de glicogênio no fígado e músculo esquelético, conversão de glicose em triglicerídeos, síntese de ácidos nucléicos e síntese de proteínas. Sua função metabólica primária é aumentar a taxa na qual a glicose é transportada para certas células do corpo (LUCENA, 2019).

No entanto, a resistência à insulina leva ao acúmulo de ácidos graxos livres circulantes (AGL), que são derivados do tecido adiposo e lipoproteínas ricas em triglicerídeos. Os efeitos antilipolíticos e estimulantes da lipase lipoprotéica da insulina, a resistência à insulina é determinante da lipólise e do aumento dos AGL. No fígado, os AGL aumentam a produção de glicose, triglicerídeos e lipoproteína de baixa densidade (VLDL), que está associada à diminuição do colesterol contido na lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e ao aumento da densidade de LDL, lipoproteína de densidade. No músculo, o AGL reduz a sensibilidade à insulina ao inibir a captação de glicose mediada pela insulina (MACHADO et al., 2016).

A fisiopatologia do DM2 está associada a fenótipos como sedentarismo e obesidade, que interagem com diversos genes que levam a uma maior suscetibilidade a esta patologia. A resistência à insulina em órgãos periféricos é um passo importante na glicotoxicidade, pois é a causa do estresse oxidativo crônico em nível tecidual, uma complicação crônica grave do diabetes (MARCONDES, 2018).

O gene ACE (enzima conversora de angiotensina) é um gene candidato para o surgimento do DM2 porque responde de forma diferente para cada pessoa, como ocorre em pessoas com o alelo D, eles aumentam a pressão arterial, e para aqueles com etc. o alelo I4, resulta na diminuição da biodisponibilidade da bradicinina (BK), enzima responsável por promover a vasodilatação e reduzir a resistência à insulina nas células musculares (ARSA, et al., 2019).

Portanto, o tratamento não farmacológico do diabetes tipo 2 inclui mudanças comportamentais, incluindo atividade física e programas de reeducação alimentar, fundamentais para qualquer abordagem de tratamento. No entanto, uma vez que as manifestações de hiperglicemia de jejum e estado catabólico, mesmo de intensidade leve, na maioria dos casos, dieta e exercício físico não conseguem normalizá-lo (MARCONDES, 2018).

Na terapia medicamentosa, os hipoglicemiantes orais são medicamentos que reduzem o açúcar no sangue para manter níveis suficientes para o metabolismo das células dependentes de insulina e para regular a taxa de produção de açúcar no sangue para que não ocorram complicações. Indicar aos pacientes o medicamento mais adequado para o paciente com base na classe e função (SIMÕES, 2018).

Por seu mecanismo de ação, são adequadamente selecionados para pacientes diabéticos e podem ser classificados como drogas que agem estimulando as células pancreáticas a secretar insulina, secretagogos de insulina ou secretagogos de insulina (sulfonilureias e glinidas), drogas que reduzem a resistência periférica à insulina, no tecido adiposo, tecido e músculo, sensibilizadores de insulina (glitazona ou tiazolidinedionas e biguanidas), drogas que retardam a absorção intestinal de carboidratos (inibidores de alfa-glicosidase) e até drogas que prolongam a duração da ação de peptídeos imunes semelhantes ao glucagon. GLP-1 é produzido in vivo (dipeptidil peptidase 4, inibidor de DPP-4). Em alguns casos, o controle glicêmico não é alcançado apenas pelo uso de hipoglicemiantes orais, sendo necessário o uso de insulina (SIMÕES, 2018).

ATENÇÃO FARMACÊUTICA AO PORTADOR DE DIABETES MELLITUS TIPO 2

A Organização Mundial da Saúde (OMS) concebeu a Atenção Farmacêutica (AtenFar) como uma ferramenta para profissionais farmacêuticos cujo objetivo é interagir com os pacientes sobre suas necessidades de medicamentos, seja em termos de orientação, tratamento medicamentoso racional ou acesso a medicamentos destinados a melhorar a qualidade de vida dos pacientes (OLIVEIRA et al., 2018).

A indústria farmacêutica, como todas as outras indústrias, mudou e evoluiu ao longo dos anos. A industrialização passada afetou o novo rumo da indústria. Devido aos padrões da indústria farmacêutica e suas vantagens, os farmacêuticos da época perderam algum papel na industrialização, e a demanda por medicamentos nas farmácias compostas diminuiu, sendo como meros vendedores de drogas em farmácias (PEREIRA & FREITAS, 2018).

No Brasil, somente na década de 1980 houve uma evolução da atividade farmacêutica envolvendo a atenção farmacêutica, abrangendo desde a pesquisa, produção e dispensação cíclica. Diferentes compreensões sobre o papel e a prática do farmacêutico no Brasil devido às diferenças nos conceitos de AtenFar e assistência medicamentosa (CASTRO et al., 2016).

Em 2001, um grupo de profissionais coordenado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), preocupado com o desenvolvimento e padronização do conceito de atenção farmacêutica no Brasil, elaborou o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, considerado o ” Modelo de Atenção Farmacêutica no Brasil”. Prática de farmácia, desenvolvida no contexto da enfermagem de farmácia. Inclui valores éticos, comportamentos, competências, empenho e responsabilidade partilhada na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, integrados com a equipa de saúde (CASTRO et al., 2016).

Assim, a atuação do farmacêutico é fortalecida de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Farmácia nº 585/2013, que aprova a regulamentação das atribuições clínicas do farmacêutico. É responsabilidade e obrigação do farmacêutico lidar com a relação de cuidado com o paciente, participar do planejamento da avaliação do tratamento medicamentoso e orientar os pacientes a tomarem a medicação correta, via de administração, frequência de administração e dosagem para tornar o tratamento eficaz; desenvolver e cooperar com outros membros da equipe de saúde para realizar intervenções medicamentosas para auxiliar na seleção, adição, substituição, ajuste ou interrupção da medicação de um paciente (CFF, 2016).

Em vários estudos, há evidências de que AtenFar proporciona aos pacientes benefícios substanciais e uma melhor qualidade de vida. Portanto, afirma que para os cuidadores de pacientes com Alzheimer, a orientação medicamentosa pode proporcionar um duplo benefício tanto para os pacientes quanto para os cuidadores. Reduza os custos e melhore a prescrição à medida que os benefícios do monitoramento da terapia medicamentosa atingem os cuidadores e os pacientes. Aumente a adesão do paciente ao tratamento e controle a probabilidade de efeitos adversos (SANTOS et al., 2018).

Portanto, em um estudo realizado, foi demonstrado que a implementação do AtenFar pode solucionar as dificuldades de visão dos pacientes. A maior dificuldade apresentada por esses pacientes é a administração da forma medicamentosa, que é abordada pelo farmacêutico de acordo com a necessidade do paciente (NASCIMENTO & MARQUES, 2019).

No entanto, em várias condições, como hepatite C, hipertensão, pacientes com HIV, eles mostram adesão na prática da AtenFar com a ajuda de um farmacêutico. Na população idosa, os pacientes podem consumir mais medicamentos (polifarmácia) devido às suas múltiplas patologias, AtenFar deve haver uma promoção planejada do Uso Racional de Medicamentos (URM) e ações educativas no tratamento medicamentoso do idoso. AtenFar atinge sua eficácia de maneira mensurável em vários grupos (MENESES & SÁ, 2020).

Para a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), para ter um bom controle do diabetes, os exames laboratoriais nos pacientes devem estar dentro dos valores estabelecidos, pois a glicemia em indivíduos saudáveis ​​varia entre 70 e 99 mg/dL. A partir destes, o SBD determina os valores de glicemia e hemoglobina glicada (HbA1c) para que o paciente possa atingir a meta e possivelmente sem complicações (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).

Quadro 1: Metas Glicêmicas Ótimas


Glicemia pré-prandialGlicemia pós-prandialGlicemia ao DeitarGlicemia da madrugadaHbA1c
Todas as idades
90 a 145 mg/dL

90 a 180 mg/dL

120 a 180 mg/dL

80 a 162 mg/dL

7,50%
Fonte: DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017

MÉTODO DÁDER

Este é um método simples de monitoramento da terapia medicamentosa que pode ser usado em qualquer paciente. Ele permite documentar, monitorar e avaliar os efeitos dos tratamentos medicamentosos utilizados pelos pacientes, identificar e abordar problemas relacionados aos medicamentos e é uma forma de ajustar as características às condições de saúde. O método Dáder é dividido em sete fases: (1) prestação de serviço, (2) entrevista inicial, (3) situação da situação, (4) fase de aprendizagem, (5) fase de avaliação, (6) fase de intervenção, (7) entrevistas consecutivas (HERNANDÉZ et al., 2017).

Na primeira entrevista, todos os dados do paciente, incluindo o histórico de medicação do paciente, foram coletados e divididos em três etapas: (1) quais são suas principais preocupações de saúde; (2) qual medicamento o paciente estava usando e se ele sabia que estava usando (3) Etapa de revisão: analise se todas as informações estão corretas, do início ao fim. Tem como objetivo aprofundar determinados aspectos da Fase 1 ou completar determinadas informações, descobrir novos problemas de saúde ou novos medicamentos não mencionados anteriormente e mostrar aos pacientes que tudo foi ouvido com interesse (MANDELLI, 2015).

Estado da Situação é a relação entre um problema de saúde e a medicação de um paciente. O status é dividido em 4 estágios: problemas de saúde, medicação, avaliação e IF. Durante a fase de pesquisa, cada medicamento é estudado, incluindo mecanismo de ação, farmacocinética, indicações, contraindicações e outros fatores que possam ser necessários. Eles são estudados para estudar os problemas de saúde de um paciente como fisiopatologia, sinais e sintomas e causas. Buscar as melhores evidências científicas disponíveis para tratamento relevante e focar na situação clínica do paciente (MANDELLI, 2015).

Durante a fase de avaliação, são identificados os resultados negativos relacionados com os medicamentos. É realizado por meio de uma série de perguntas, que são categorizadas de acordo com os princípios do tratamento medicamentoso: necessidade, eficácia e segurança. Em seguida, é implementado um plano de intervenção, no qual é desenvolvido um plano de ação com o paciente para abordar o PRM identificado com a intervenção a ser realizada. As intervenções ocorrem de duas formas, farmacêutico-paciente, em que se analisa a forma correta de usar o medicamento e promove a adesão, farmacêutico-paciente-médico, onde o farmacêutico pode sugerir mudanças na escolha e na dosagem do medicamento, o IF pode ser verbal ou escrito (HERNANDÉZ et al., 2017).

Durante a fase de resultados da intervenção, verifique se o plano de ação para abordar o DRP foi abordado. Posteriormente, foi realizado um novo estudo da situação, analisando as mudanças existentes relacionadas com a Problemas Relacionados ao Medicamento (PRM). Novas entrevistas podem ser feitas para o ciclo da Acompanhamento Farmacoterapêutico (AFT). Continuar a monitorar os pacientes para observar e analisar os resultados à medida que novos PRM mudam ou surgem (FERREIRA, 2019).

Se novas preocupações de saúde ou quaisquer alterações relacionadas a medicamentos forem identificadas durante entrevistas consecutivas, o status do status deve ser atualizado para levar essas alterações em consideração (SILVA, 2018).

CONCLUSÃO

O Diabete Mellitus tipo 2 é uma doença crônica não transmissível que é mais comum em adultos e pode causar sérios problemas se o açúcar no sangue não for controlado. No entanto, o controle é essencial para prevenir complicações crônicas da doença. A atividade física, uma alimentação saudável para pessoas com diabetes, também ajuda os pacientes a alcançar uma melhor qualidade de vida. Devido ao surgimento da PRM, as pessoas com diabetes utilizam muitos medicamentos que são ineficazes no tratamento.

Os profissionais de farmácia acompanham o tratamento medicamentoso de pacientes diabéticos, duração do acompanhamento, suas habilidades e conhecimento específico dos medicamentos, por métodos, mais conhecidos como Dáder, detecção de PRM, buscando abordar essas questões por meio de intervenção e orientação aos pacientes, auxiliando e analisando a relação custo-benefício do tratamento, divulgando seus conhecimentos, horários de administração, posologia, alimentação adequada, atividade física e monitoramento da glicemia capilar.

No entanto, o trabalho atual revisou na literatura altas taxas de PRM, controle glicêmico inadequado, sedentarismo, dieta inadequada e fatores associados que contribuem para o problema, que demonstra a importância do uso de ferramentas de monitoramento da terapia medicamentosa pelos farmacêuticos para a vida das pessoas com diabetes, mas a presença desse profissional é muito carente e os pacientes e demais profissionais de saúde carecem da cultura de profissionais de farmácia associada à participação.

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1Acadêmico (a): MÔNICA INÊS RODRIGUES
2Orientador: Ms. LEONARDO GUIMARÃES DE ANDRADE