PHARMACEUTICAL CARE AND MENTAL HEALTH: AN INTERDISCIPLINARY APPROACH TO OPTIMIZING THE TREATMENT OF PATIENTS WITH MENTAL DISORDERS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202412142016
Paulo Rogerio Silva de Paiva Júnior
Aline Soares Magalhães
Max do Nascimento da Silva
Isaías dos Santos Silva
Fabiana Sousa Pugliese
Sebastian Rinaldi Neto
Paula Alessandra de Souza Mantilla Giehl
Resumo
Este artigo aborda a atenção farmacêutica voltada para pacientes com transtornos mentais no Brasil, analisando a carência de estudos específicos e a importância da atuação do farmacêutico na equipe multidisciplinar de saúde. O objetivo principal foi avaliar a necessidade de um cuidado farmacêutico especializado e humanizado que contribua para a adesão ao tratamento resultando na melhoria da qualidade de vida desses pacientes. Esta é pesquisa de abordagem qualitativa e foi baseada em uma revisão sistemática de literatura, selecionando artigos de periódicos especializados publicados entre 2019 e 2023. Foram considerados periódicos com extrato Qualis Capes moderado a elevado, vinculados a universidades públicas, com foco em saúde mental e atenção farmacêutica. Os dados foram analisados com base na Análise de Conteúdo (AC) de Bardin, organizando-se em categorias que refletem as práticas de cuidado multidisciplinar. Os resultados indicam uma escassez de publicações sobre a prática farmacêutica em saúde mental, especialmente nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste, destacando a necessidade de políticas que incentivem a produção científica e fortaleçam o papel do farmacêutico nesses contextos. Conclui-se que a atenção farmacêutica contribui significativamente para o atendimento humanizado e inclusivo, sugerindo-se a ampliação da prática nos serviços de saúde pública para melhor atender as demandas dos pacientes com transtornos mentais.
Palavras-chave: Atenção farmacêutica. Saúde mental. Equipe multidisciplinar. Adesão ao tratamento. Transtornos mentais.
1 INTRODUÇÃO
Os transtornos psicológicos, como depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia, representam hoje um dos maiores desafios à saúde pública global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a depressão, que afeta aproximadamente 350 milhões de pessoas, possa em breve tornar-se a principal causa de incapacidade global (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012). Nesse cenário, os medicamentos psicotrópicos desempenham um papel crucial, oferecendo alívio e estabilização a milhões de pacientes. No entanto, apesar de sua importância terapêutica, o uso de psicofármacos exige um acompanhamento cuidadoso para evitar efeitos adversos, interações medicamentosas e o risco de dependência (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002; PAULO & ZANINI, 1997).
A prática da atenção farmacêutica emerge, então, como uma resposta para o manejo seguro e eficiente desses medicamentos. Ao interagir diretamente com os pacientes, o farmacêutico não apenas orienta sobre o uso correto dos medicamentos, mas também cria um espaço de escuta e acolhimento que é essencial para a adesão ao tratamento e para a construção de um cuidado mais humanizado e eficaz. Tal abordagem é defendida pelo Conselho Federal de Farmácia, que destaca a necessidade de uma assistência centrada no paciente, capaz de integrar o cuidado farmacêutico com outras práticas de saúde (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2010).
Além disso, a literatura ressalta a importância de envolver a família e uma equipe multidisciplinar para ampliar o apoio e fortalecer o vínculo terapêutico. Estudos sugerem que a participação ativa de familiares no processo de tratamento e a colaboração entre farmacêuticos, psicólogos e outros profissionais de saúde resultam em um atendimento mais abrangente, que respeita as particularidades dos pacientes e suas necessidades biopsicossociais (BRASIL, 2005; GOODMAN & HAPPELL, 2006; ALMEIDA & MALAGRIS, 2011).
Contudo, este trabalho tem o objetivo de investigar a importância de uma atenção farmacêutica direcionada para pacientes com transtornos mentais, promovendo uma abordagem educativa e acolhedora que fortaleça a adesão ao tratamento e a compreensão dos medicamentos. Esta pesquisa visa contribuir para um modelo de assistência que promova a saúde mental de forma integral, unificando os pacientes, os seus familiares e a equipe de saúde em uma rede de apoio comprometida com o cuidado responsável e humanizado.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
A saúde mental ganhou um espaço fundamental nas políticas de saúde pública contemporâneas, especialmente considerando o aumento expressivo de diagnósticos de transtornos psicológicos como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e esquizofrenia. Em consonância com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses transtornos figuram entre as principais causas de incapacidade global, comprometendo tanto a capacidade funcional dos indivíduos quanto suas relações sociais e familiares (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008; 2012). O uso de medicamentos psicotrópicos, que alteram a química do sistema nervoso central para promover equilíbrio e controle dos sintomas, é uma estratégia central no manejo desses quadros. Contudo, a prescrição e o uso desses medicamentos requerem acompanhamento criterioso, pois a administração inadequada pode resultar em efeitos adversos, interações medicamentosas perigosas e, em alguns casos, levar ao desenvolvimento de dependência.
Nesse cenário, a atenção farmacêutica tem se destacado como uma prática voltada a proporcionar um cuidado mais completo e seguro ao paciente. Diferente da simples dispensação de medicamentos, a atenção farmacêutica é uma abordagem centrada no paciente, onde o farmacêutico desempenha um papel ativo em educar, orientar e monitorar o tratamento. Conforme destacado por Brêda & Augusto (2001), ainda é comum que a lógica da medicalização e da hospitalização prevaleça em muitos contextos, especialmente na atenção básica. Assim, a presença de farmacêuticos comprometidos com a atenção farmacêutica permite uma humanização do cuidado, reduzindo a distância entre os pacientes e o sistema de saúde e promovendo um atendimento mais próximo e individualizado. Essa prática envolve o acompanhamento regular do paciente, orientações sobre o uso correto dos medicamentos e o monitoramento para minimizar riscos, como a ocorrência de eventos adversos e a possibilidade de interações medicamentosas prejudiciais.
Outro aspecto essencial é a atuação multidisciplinar na saúde mental. O cuidado em saúde mental exige uma abordagem que vá além dos aspectos biológicos, envolvendo também o contexto psicológico e social do paciente. Profissionais de diferentes áreas, como farmacêuticos, psicólogos, médicos e assistentes sociais, colaboram para construir um plano de cuidado que aborde todas as necessidades do paciente. Essa equipe multidisciplinar oferece um suporte mais completo, que inclui tanto a gestão farmacológica quanto o apoio emocional, a escuta ativa e a concepção de estratégias de suporte social. A colaboração entre esses profissionais permite uma visão holística do paciente, onde o farmacêutico, por exemplo, participa diretamente na orientação sobre a adesão ao tratamento e nas instruções sobre o uso seguro dos psicotrópicos, enquanto o psicólogo atua no suporte às questões emocionais e comportamentais relacionadas à doença (ALMEIDA & MALAGRIS, 2011; OPAS, 2011).
O envolvimento da família no tratamento também é amplamente reconhecido na literatura como um fator determinante para o sucesso terapêutico. Rosa (2005) argumenta que a família, ao se integrar ao tratamento, torna-se uma extensão do cuidado oferecido pelos profissionais de saúde, ampliando o suporte ao paciente. Esse envolvimento possibilita um ambiente mais acolhedor, onde o paciente se sente compreendido e encorajado a seguir o tratamento proposto. A família, em conjunto com a equipe de saúde, ajuda a monitorar o uso dos medicamentos, favorecendo uma adesão consistente e segura. A inclusão familiar torna-se particularmente valiosa em contextos onde o paciente necessita de apoio contínuo e de uma rede de suporte que atue como facilitadora do tratamento. Estudos, como os de Felício & Almeida (2008) e Goodman & Happell (2006), indicam que a participação familiar melhora a adesão ao tratamento e contribui para resultados clínicos mais positivos, pois oferece um suporte emocional e logístico adicional que o paciente muitas vezes necessita para enfrentar os desafios de sua condição.
Por fim, a comunicação aberta e transparente entre o farmacêutico e o paciente é um aspecto fundamental no contexto da atenção farmacêutica. A falta de compreensão sobre os medicamentos, seus efeitos e os possíveis riscos está entre os principais fatores que levam ao abandono do tratamento ou ao uso inadequado dos psicotrópicos. Segundo Coelho & Jorge (2009), a comunicação eficaz pode fortalecer a confiança do paciente no tratamento e no profissional, criando um ambiente de segurança e acolhimento. O farmacêutico, ao explicar detalhadamente o propósito de cada medicamento e seus potenciais efeitos, contribui para uma adesão mais informada e consciente, facilitando o entendimento do paciente sobre o papel da medicação em seu tratamento. Essa abordagem educativa visa não apenas a adesão, mas também uma gestão mais responsável e informada do uso de psicotrópicos.
Metodologicamente, a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2009) é uma ferramenta útil para estruturar a pesquisa em atenção farmacêutica e saúde mental. Esse método permite uma leitura aprofundada de publicações e discursos relacionados ao tema, identificando tendências e construindo um entendimento mais completo sobre a interação entre profissionais de saúde, pacientes e familiares no contexto da saúde mental. A Análise de Conteúdo possibilita uma organização dos dados coletados de maneira que os conteúdos analisados revelem os aspectos centrais do cuidado multidisciplinar e da atenção farmacêutica, fornecendo assim uma base teórica para práticas de cuidado mais humanizadas e integradas.
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa adota uma abordagem qualitativa, orientada pela análise e compreensão dos aspectos relacionados à atenção farmacêutica e, também, uma investida multidisciplinar para pacientes com transtornos mentais. O estudo é estruturado a partir de uma revisão sistemática da literatura, com o intuito de investigar a necessidade de um atendimento farmacêutico exclusivo e humanizado para esse grupo. A indagação central que guia a investigação é: Quais são as contribuições da atenção farmacêutica e do atendimento multidisciplinar para a saúde mental de pacientes com transtornos mentais?
Para responder a essa questão, o estudo estabelece como objetivo central a avaliação da necessidade de uma atenção farmacêutica especializada e humanizada, e como objetivos específicos: (i) identificar métodos que possam auxiliar profissionais de saúde mental no cuidado aos pacientes, analisando artigos científicos publicados em revistas especializadas da área de Saúde e Saúde Mental entre 2019 e 2023, com foco em periódicos de extrato Qualis moderado a elevado, vinculados a universidades públicas de todas as regiões do Brasil; (ii) desenvolver uma perspectiva educativa sobre o uso de medicamentos e saúde mental; e (iii) investigar a importância da participação familiar e da equipe multidisciplinar na adesão e eficácia do tratamento.
3.1 Caracterização dos Instrumentos de Análise
A seleção dos artigos e periódicos seguiu critérios específicos: (i) publicações realizadas entre 2019 e 2023; (ii) escolha aleatória de 5 periódicos especializados da área de Saúde e Saúde Mental, representando as cinco regiões do país; (iii) vínculo dos periódicos com universidades públicas; e (iv) classificação moderada a elevada no extrato Qualis Capes. A decisão de incluir apenas periódicos vinculados a universidades públicas se justifica pela representatividade e relevância dessas instituições na produção científica nacional, especialmente em programas de pós-graduação stricto sensu. Para identificar os artigos, foram utilizadas palavras-chave como Atenção Farmacêutica, Transtornos Mentais, Psicofármacos e Equipe Multidisciplinar.
3.2 Análise dos Dados Coletados
A análise dos dados coletados foi conduzida por meio da Análise de Conteúdo (AC), conforme o método proposto por Bardin, que se organiza em três fases principais: (1) a pré-análise, onde ocorre a organização inicial do material; (2) a exploração do material, envolvendo a aplicação sistemática das decisões metodológicas; e (3) o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Esse processo permite que o conteúdo se torne “falante” e significativo, oferecendo uma interpretação robusta dos dados (BARDIN, 2009).
A Análise de Conteúdo, como técnica de organização e interpretação dos dados qualitativos, facilita a estruturação e interpretação das informações coletadas. A AC tem o objetivo central de permitir a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção, utilizando-se de indicadores quantitativos ou qualitativos para identificar padrões e significados no material analisado. Essa técnica se mostra particularmente adequada para a análise de conteúdos provenientes de textos e publicações, proporcionando uma visão detalhada e abrangente sobre o tema estudado.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos periódicos selecionados revelou uma variação significativa na produção científica sobre Transtornos Mentais, Atenção Farmacêutica e Psicofármacos nas regiões brasileiras, com uma concentração maior de publicações relevantes na região Sudeste. Esse panorama regional destaca a necessidade de um entendimento mais profundo sobre como a atenção farmacêutica pode ser integrada de maneira eficaz ao cuidado em saúde mental, especialmente em contextos de saúde pública.
4.1 Distribuição Regional e Lacunas na Produção Científica
Na região Sudeste, a análise revelou periódicos de alto impacto, como a Revista Ciência & Saúde Coletiva (Qualis A1) e a Revista de Saúde Coletiva (Qualis A3), ambos focados na saúde coletiva e com uma abordagem interdisciplinar que explora aspectos de política e administração em saúde. Esses periódicos oferecem um espaço relevante para discussões sobre práticas de saúde coletiva, mas há uma carência de estudos específicos sobre a interface entre atenção farmacêutica e saúde mental, mesmo em uma região com forte infraestrutura de pesquisa (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2010). Como apontado por Brêda & Augusto (2001), há uma tendência histórica de predominância de abordagens medicalizantes e hospitalocêntricas, o que pode limitar o desenvolvimento de práticas farmacêuticas humanizadas e ajustadas à complexidade dos transtornos mentais.
Na região Nordeste, apenas a Revista Caderno ESP (Qualis B4) cumpriu os critérios estabelecidos. Essa revista se destaca pelo enfoque em saúde pública e tecnologias aplicadas, mas carece de publicações que abordem diretamente a atenção farmacêutica voltada para transtornos mentais. O estudo conduzido por Coelho & Jorge (2009) evidencia que o acolhimento e a empatia são componentes fundamentais no atendimento em saúde mental, elementos que poderiam ser mais integrados aos temas de pesquisa dessa região. A ausência de periódicos mais voltados à assistência farmacêutica na saúde mental reflete, como sugere OPAS (2011), a necessidade de fortalecer práticas que considerem as particularidades dos pacientes com transtornos mentais e que promovam um atendimento mais inclusivo e responsivo.
Nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste, as revistas identificadas, embora relevantes na área de saúde pública, não mantêm vínculos específicos com universidades públicas e carecem de estudos detalhados sobre atenção farmacêutica para pacientes com transtornos mentais. Esse aspecto sugere uma lacuna de conhecimento que pode limitar a oferta de serviços farmacêuticos qualificados nessas regiões, conforme discutido por Felício & Almeida (2008). A literatura aponta que a presença de um farmacêutico capacitado em saúde mental contribui para o sucesso do tratamento psicofarmacológico, principalmente no acompanhamento dos efeitos e na educação sobre o uso correto e racional dos medicamentos (GRASSI & CASTRO, 2023).
Figura 1 – Etapas da AC. Fonte: Próprio autor
4.2 A Relevância da Atenção Farmacêutica e das Práticas Multidisciplinares
Os achados deste estudo reforçam a importância de fortalecer a atenção farmacêutica em saúde mental como um componente essencial para a segurança e a eficácia do tratamento. De acordo com Bardin (2011), a análise de conteúdo permite identificar padrões e inferências que evidenciam a necessidade de um atendimento farmacêutico que não se limite à dispensação de medicamentos, mas que envolva um acompanhamento ativo e educativo. O estudo de Grassi & Castro (2023) indica que a orientação sobre os efeitos e as interações dos psicofármacos é fundamental para evitar o uso inadequado e garantir a adesão do paciente ao tratamento.
Além disso, a abordagem multidisciplinar, como apontado por Almeida e Malagris (2011), complementa a atuação farmacêutica, proporcionando um atendimento mais integral. Os psicólogos, por exemplo, podem auxiliar na compreensão dos impactos emocionais e sociais do uso de psicofármacos, enquanto o farmacêutico oferece um suporte técnico que abrange a gestão dos medicamentos e o monitoramento de efeitos adversos. A integração desses profissionais potencializa o cuidado, promovendo um ambiente terapêutico mais acolhedor e eficaz para o paciente.
Outro ponto essencial é o envolvimento familiar. Rosa (2005) ressalta que tendo a participação da família no processo terapêutico contribui para um tratamento mais efetivo e para a adesão do paciente, ampliando o suporte emocional e garantindo uma supervisão adicional no uso dos medicamentos. Esse apoio é crucial em contextos de saúde mental, onde o paciente pode enfrentar dificuldades em manter a disciplina no uso dos psicofármacos. Em consonância, estudos como os de Felício & Almeida (2008) e Goodman & Happell (2006) destacam que a psicoeducação para familiares é uma prática eficaz, que fortalece a rede de apoio e melhora os resultados clínicos dos pacientes.
Esses achados indicam a necessidade de políticas que incentivem a produção científica nas regiões com menor quantidade de publicações especializadas, visando à ampliação da compreensão sobre o papel do farmacêutico no cuidado em saúde mental. Investir em capacitação e integração entre profissionais de saúde pode facilitar a construção de uma assistência mais inclusiva e ajustada às necessidades regionais, especialmente em áreas com acesso limitado a serviços de saúde especializados.
4.3 Implicações para a Prática Farmacêutica
A atenção farmacêutica, quando integrada ao contexto de saúde mental, promove uma abordagem preventiva e educativa que beneficia não apenas o paciente, mas também a família e a equipe multidisciplinar. Conforme discutido por Bardin (2011), o uso da análise de conteúdo na pesquisa qualitativa revela aspectos latentes do atendimento farmacêutico que ainda são subexplorados na literatura científica. A presença ativa do farmacêutico junto ao paciente com transtornos mentais, oferecendo orientações sobre o uso racional de psicofármacos e monitorando possíveis reações adversas, é uma estratégia valiosa que favorece um tratamento seguro e responsável.
A escassez de estudos específicos sobre a atenção farmacêutica para transtornos mentais nas regiões Norte, Sul e Centro-Oeste também destaca a necessidade de uma política pública mais inclusiva. Segundo o Conselho Federal de Farmácia (2010), é essencial que o farmacêutico atue de forma integrada com outros profissionais de saúde, promovendo uma assistência que vai além da medicação, envolvendo um acompanhamento regular e orientações sobre os tratamentos.
Assim, as evidências apontam para a necessidade de uma abordagem mais humanizada e centrada no paciente, que valorize a comunicação entre a equipe de saúde e a família. Essa abordagem, conforme apontado por Camelo et al. (2000), constrói um vínculo de confiança essencial para o sucesso do tratamento, especialmente em saúde mental, onde o acolhimento e a escuta são fundamentais para um cuidado eficaz e duradouro.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa evidenciou uma lacuna significativa na atenção farmacêutica voltada a pacientes com transtornos mentais no Brasil, indicando que o fortalecimento dessa prática é essencial para promover um atendimento mais inclusivo e personalizado. Os objetivos foram atingidos, confirmando a importância do papel do farmacêutico em contextos de saúde mental, especialmente para reduzir riscos de interrupções no tratamento e melhorar a adesão dos pacientes.
A principal contribuição teórica deste trabalho está em expandir a compreensão sobre a interface entre atenção farmacêutica e saúde mental, sugerindo que o farmacêutico pode desempenhar um papel fundamental ao oferecer um acompanhamento contínuo, que vai além da simples dispensação de medicamentos. Em termos práticos, a pesquisa propicia aplicações para a implementação de estratégias educativas e de apoio psicológico, que podem trazer um quadro de melhora na qualidade de vida dos pacientes e promover um cuidado integral.
Limitações do estudo incluem a carência de dados específicos em algumas regiões do país e a escassez de publicações focadas na prática farmacêutica em saúde mental em CAPS. Sugere-se que pesquisas futuras ampliem o escopo metodológico, com uma investigação mais abrangente e estudos de campo que contemplem a prática farmacêutica direta nesses ambientes.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, R. A. de; MALAGRIS, L. E. N. A prática da psicologia da saúde. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 183-202, dez. 2011. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582011000200012&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 5 mai. 2024.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília: Secretaria de Atenção à Saúde, 2005.
BRÊDA, M. Z.; AUGUSTO, L. G. S. O cuidado ao portador de transtorno psíquico na atenção básica de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 6, n. 2, p. 471-480, 2001.
COELHO, M. O.; JORGE, M. S. B. Tecnologia das relações como dispositivo do atendimento humanizado na atenção básica à saúde na perspectiva do acesso, do acolhimento e do vínculo. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, supl. 1, p. 1523-1531, 2009.
CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA (CFF). CFF orienta a participação de farmacêuticos na Conferência Nacional de Saúde Mental. 2010. Disponível em: http://www.cff.org.br/noticia.php?id=385. Acesso em: 12 nov. 2023.
FELÍCIO, J. L.; ALMEIDA, D. V. Abordagem terapêutica às famílias na reabilitação de pacientes internados em hospitais psiquiátricos: Relato de experiência. Mundo Saúde, v. 32, n. 2, p. 248-253, 1995.
GRASSI, Liliane Trivellato; CASTRO, July Evelyn dos Santos. Estudo do consumo de medicamentos psicotrópicos no município de Alto Araguaia – MT. Revista Saberes da Fapan, Cáceres, v. 3, n. 1, p. 1-16, 07 jul. 2023.
GOODMAN, D.; HAPPELL, B. The efficacy of family intervention in adolescent mental health. International Journal of Psychiatric Nursing Research, v. 12, n. 1, p. 1364-1377, set. 2006.
LAFATA, J. E.; et al. Potential drug-drug interactions in the outpatient setting. Med Care, v. 44, n. 6, p. 534-541, 2006.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Relatório Mundial da Saúde: Saúde mental: nova concepção, nova esperança. 2002. Disponível em: http://www.who.int/whr/2001/en/whr01_djmessage_po.pdf. Acesso em: 5 mai. 2024.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica: proposta. Brasília: Opas, 2002.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). O papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde. Brasília: OPAS, 2011. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/3598/PapelFarmaceutico.pdf?sequence=1. Acesso em: 5 nov. 2024.
PAULO, L. G.; ZANINI, A. C. Compliance: sobre o encontro paciente/médico. São Roque-SP: Ipex, 1997.
ROSA, L. C. S. A inclusão da família nos projetos terapêuticos dos serviços de saúde mental. Psicologia em Revista, v. 11, n. 18, p. 205-218, 2005.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Mental health action plan 2013-2020. Geneva: WHO, 2012. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/89966/1/9789241506021_eng.pdf?ua=1. Acesso em: 5 mai. 2024.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. The global burden of disease: 2004 update. Geneva: WHO, 2008. Disponível em: http://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/GBD_report_2004update_full.pdf. Acesso em: 5 mai. 2024.