ASSOCIATION BETWEEN STRESS AND EATING BEHAVIOR
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7324708
Jennifer Tayne dos Santos Sobral
Resumo
O estresse é um problema de nível global, esteve presente desde o início dos tempos, porém na sociedade atual a quantidade de pessoas sob estresse e os níveis de estresse são cada vez maiores e em uma óptica preocupante. A pessoa estressada pode ser acometida por inúmeros comprometimentos na saúde física e psicológica, que pode incluir taquicardia, sudorese, cefaleia, fadiga, tensão muscular e sintomas gastrointestinais, ocorrem ainda associados um conjunto de reações hormonais no metabolismo, como alterações no eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA), que estão associados a distúrbios alimentares e preferência por alimentos calóricos tidos como mais palatáveis e que normalmente são ricos em açúcar e gordura. A alimentação pode oferecer diversos substratos para o corpo através dos probióticos, cacau, magnésio, Vit. C, E entre outros que eleva a produção da serotonina que causa o sentimento de bem-estar e assim ajudar a lidar com o estresse.
Palavras-chave: alimentação, estresse, comportamento alimentar, consumo alimentar.
ABSTRACT
Stress is a global problem, it has been present since the beginning of time, but in today’s society the number of people under stress and stress levels are increasing and in a worrying perspective. The stressed person can be affected by numerous impairments in physical and psychological health, which can include tachycardia, sweating, headache, fatigue, muscle tension and gastrointestinal symptoms, also associated with a set of hormonal reactions in metabolism, such as changes in the Hypothalamus-Pituitary axis. -Adrenal (HHA), which are associated with eating disorders and a preference for caloric foods considered more palatable and which are usually high in sugar and fat. Food can offer different substrates for the body through probiotics, cocoa, magnesium, Vit. C, E among others that increases the production of serotonin that causes the feeling of well-being and thus help to deal with stress.
Keywords: food, stress, eating behavior, food consumption.
INTRODUÇÃO
O estresse é um problema que aflige atualmente toda a sociedade e desencadeia inúmeras consequências físicas e psicológicas para o ser humano, as mudanças que vêm ocorrendo ao passar dos tempos insere as pessoas um contexto cada vez mais “atualizada”, apressada, tecnológica e sem tempo. Novas exigências, necessidades diferentes, situação econômica instável, estruturas sociais em constantes divergências e tantas outras conjunturas que o indivíduo precisa constantemente tentar acompanhar, tanto no contexto profissional, quanto pessoal o que o leva a desencadear cada vez mais cedo níveis anormais de estresse (Sadir, 2010).
Percebe-se que o efeito do estresse por tempo prolongado leva a comprometimentos na saúde, podendo desencadear inúmeras doenças, prejudicando a qualidade de vida e a produtividade, O estado de estresse pode despertar práticas inconscientes e/ou conscientes buscando amenizar os sintomas como a busca por bebidas alcóolicas, o abuso de drogas, o consumismo e as mudanças alimentares. O desgaste ocasiona sintomas físicos que prejudicam o desempenho, gerando assim cansaço, desconforto e reduzindo sua capacidade de manter uma vida equilibrada e saudável (Farias, B. O. et al, 2021).
O stress muda os padrões de alimentação, o apetite e a busca pelo consumo de alimentos mais palatáveis, se esse hábito se torna frequente com o passar do tempo pode se tornar um mecanismo automatizado e levar a um comportamento alimentar disfuncional e comprometendo o estado nutricional e o funcionamento do organismo. Diante do exposto é importante identificar como o estresse influencia na alimentação e as alterações no comportamento alimentar dos indivíduos e perante essas informações desenvolver possíveis formas de manejar esse estresse e melhorar o perfil alimentar (Matos, Suamily Maria Rodrigues de & Ferreira, José Carlos de Sales, 2021).
Vários meios são recomendados para reduzir os níveis de ansiedade, desde controlar a respiração, meditação, a prática de atividades físicas, melhora da qualidade do sono, terapia e uma alimentação saudável. Os probióticos, o triptofano, a vitamina C, E, o magnésio, o cacau e outros componentes alimentares desempenham funções importantes na produção de serotonina que é um neurotransmissor conhecida como o hormônio da felicidade, assim como são agentes que combatem os danos causados pelo estresse oxidativo entre outras funções que podem ajudar de forma complementar na redução do estresse (FREITAS, Fernanda da Fonseca et al, 2020).
DESENVOLVIMENTO
O IMPACTO DO ESTRESSE NO ORGANISMO
O estresse pode ser descrito como um estado corporal responsivo a um estímulo que provoca excitação física e/ou emocional com perturbação da homeostase, que é o estado de equilíbrio interno, e leva o organismo a realizar um processo adaptativo caracterizado pelo aumento da secreção de adrenalina desencadeando várias consequências sistêmicas.
No atual contexto social a população apresenta e fala sobre o estresse de forma mais frequente e intensa, os períodos estressantes podem ser causados pelo estilo de vida e pode se relacionar com a dificuldade do indivíduo de enfrentar os momentos de tensão. A repercussão da constante presença do estresse em nossa sociedade e demostrado no aumento de licenças médicas e absenteísmo no trabalho, queda de produtividade, dificuldades interpessoais, relações afetivas conturbadas, divórcios, doenças físicas variadas, depressão e ansiedade (Sadir, Maria Angélica & et al, 2010).
O stress é caracterizado pela fadiga, o cansaço e a exaustão que pode ter raízes física e/ou psicologicamente, antigamente os fatores identificados como estressantes era como m apenas fisiológicos a sede, a fome, o trabalho exaustivo, o medo de ser atacado por animais e doenças. Já atualmente a busca desenfreada por acompanhar o desenvolvimento da sociedade estando atualizado em tecnologias, cobranças do mercado de trabalho, pressão da mídia por estar dentro de um padrão considerado aceitável pela sociedade sendo físico, psicológico, financeiro, status social entre outros. Leva os fatores estressantes a uma nova perspectiva já que nessa sociedade moderna uma grande maioria esmagadora é exposta diariamente a fatores estressantes e além da exposição a incapacidade do ser humano em reciclar tais situações levam ao estresse crônico (Silva RM et al., 2018).
Inúmeros mecanismos são ativados no corpo durante momentos de estresse e o processo é denominado como síndrome adaptação geral (SAG) ou estresse biológico que é dividido em três fases: a primeira chamada de fase de alarme ocorre imediatamente após o estímulo estressante com finalidade de defender o organismo e inclui taquicardia, sudorese, cefaleia, fadiga, tensão muscular e sintomas gastrointestinais, sem seguida vem a fase de adaptação que é a tentativa do corpo em se adaptar aos estressores embora com menor intensidade através da ansiedade, o isolamento social, a impotência sexual, nervosismo, a falta ou excesso de apetite e o medo e por fim a fase de exaustão ou esgotamento, quando o stress se torna crônico uma vez que as tentativas de adaptativas do corpo falham, nesta fase se assemelham às da reação de alarme, mas de forma mais intensa levam ao aparecimento de doenças gastrointestinais, cardíacas, respiratórias, depressão e outras. (Silva RM et al., 2018).
Fatores sociais e ambientais influenciam na reação ao estresse e consequentemente no consumo alimentar uma vez que em uma resposta rápida a um estresse agudo o retorno fisiológico é suprimir o apetite e assim o consumo alimentar em uma resposta acentuada no estresse crônico a ação fisiológica é invertida. Um conjunto de reações hormonais ocorrem-no metabolismo, como alterações no eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) que estão associados a distúrbios alimentares e preferência por alimentos calóricos tidos como mais palatáveis ricos em açúcar e gordura (OLIVEIRA, Cleverson Morais de,2013).
Com a ativação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal ocorre uma cascata de reações químicas que leva a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) na corrente sanguínea que chega ao córtex da adrenal e promove a liberação de CGs que são os glicocorticoides: hormônios esteroides, sintetizados no córtex da glândula adrenal, que afetam o metabolismo dos carboidratos e reduzem a resposta inflamatória , sendo o principal o cortisol. A liberação dos CGs é regulada por um mecanismo de feedback negativo uma vez que o cortisol de liga a receptores no núcleo para ventricular e em diferentes áreas do sistema límbico diminui a secreção (OLIVEIRA, Cleverson Morais de,2013).
Porem quando em estado de estresse crônico os neurônios produzem CRH (hormônio liberador de corticotrofina) aumentam os níveis de liberação e os CGs não conseguem realizar a regulação e bloquear a secreção de CRH e assim ocorrem uma concentração plasmática elevada de CRH, ACTH e cortisol. Os CGS atuam também na mobilização de reservas de energia através na indução de lipólise, proteólise e inibição da captação de glicose pelos tecidos (OLIVEIRA, Cleverson Morais de,2013).
Portanto o estresse pode ser descrito como a resposta do homem ao meio ambiente e não apenas a ameaças, mas a tudo que aparentemente possa causar desconforto. O estresse é uma resposta fisiológica normal e saudável do organismo porém quando esse quadro passa a ser constante deixando o indivíduo em uma condição de estresse crônico, pode passar do nível normal para o patológico acarretando inúmeros prejuízos para a saúde e bem estar físico e psicológico (SANTOS, Juliana da Costa; SANTOS & Maria Luiza da Costa, 2022).
O estresse influencia diretamente na saúde e qualidade física das pessoas, deixa o corpo em um estado de prontidão constante para luta ou fuga e em contrapartida tentar manter um estado de funcionamento orgânico saudável e promissor são atividades que vão em direções diferentes. É importante que além da utilização de métodos para manejo melhor o estresse também seja identificado o fator desencadeador para que se possa atuar diretamente nele é assim realmente diminuir o estresse e melhorar a qualidade de vida, agindo de forma curativa não apenas paliativa.
COMO O ESTRESSE PROMOVE ALTERAÇÕES NOS HÁBITOS ALIMENTARES
É sabida a relação emocional do ser humano com a comida, ou seja, os sentimentos do indivíduo influenciam na sua forma de comer tanto em quantidade como em qualidade. Emoções negativas podem induzir aumento no consumo alimentar, assim como podem reduzi-lo e da mesma forma as emoções positivas podem levar ao aumento como um ato comemorativo. O comer emocional está presente em transtornos como depressão, ansiedade e estresse que muitas vezes está relacionado a um estado nutricional inadequado e/ou indesejado que reafirma o ciclo de insatisfação-alimentação- estado nutricional inadequado. Sintomas de ansiedade, estresse e depressão podem desencadear a sensação de perda de controle frente à comida, seja pelo consumo exagerado e no caso de depressão o desinteresse pela comida é mais comum (Decker, Roberto, 2018).
A mudança no comportamento alimentar podem ser tanto para o aumento do consumo, como para a diminuição, mais no geral a maioria das pessoas apresenta um aumento no consumo de alimentos palatáveis, o ganho de peso se apresenta de forma comum em indivíduos “estressados”, levando em consideração o aumento constante da obesidade mundial associado a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, essa vertente é um fator a se atentar (MATOS, Suamily Maria Rodrigues de & José Carlos de Sales Ferreira, 2021).
As alterações alimentares promovidas pelo estresse contribuem para o desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade, além da mudança alimentar para hiperfagia ou hipofagia, também ocorre a alimentação estimulada pelo sistema de recompensa uma vez que isso sugere que o estresse interfere nas vias não homeostáticas que estão envolvidas na regulação da ingestão alimentar, como sinalização de recompensa alimentar, resultando em uma mudança de escolha alimentar para alimentos com alto teor de gordura e carboidratos. Tendo como hipótese que o estresse diminui significativamente a recompensa alimentar, irá ocorrer um consumo maior de alimentos mais palatáveis em uma de sinais de recompensa (MATOS, Suamily Maria Rodrigues de & José Carlos de Sales Ferreira, 2021).
A exposição ao estresse altera inúmeros mecanismos do corpo tanto fisiológicos como emocionais e estudos demonstram possíveis alterações tanto na preferência alimentar, como na frequência no consumo, palatabilidade e demanda energética, principalmente na procura por alimentos mais palatáveis que são em sua maioria ricos em açúcar e gordura. Vários hormônios estão associados às mudanças no consumo alimentar durante períodos de estresse, como o cortisol que estimula o sistema de recompensa cerebral, a dopamina, a leptina e a insulina que também atuam no nível central, estimulando o desejo por alimentos palatáveis juntamente com a memória emocional por determinados alimentos (Penaforte, Fernanda Rodrigues de Oliveira & et al,2015).
O aumento no consumo de alimentos ricos em açúcar para aliviar o estresse e melhorar o humor se justifica pelo fato de que os carboidratos consumidos elevam os níveis séricos de serotonina, importante neurotransmissor do sistema nervoso central que é responsável pela sensação de prazer e está envolvido na modulação de vários aspectos do humor, o que pode ser aplicado a fast-foods pela grande quantidade de carboidrato presente nesses alimentos, além do que a predileção pessoal de uma pessoa por determinado alimento vai depender de sua história alimentar, relação psicológica, cultura, exposição, variedade, disponibilidade, experiências individuais prévias dentre outras (Penaforte, Fernanda Rodrigues de Oliveira & et al,2015).
A atual circunstância da sociedade onde a vida cotidiana ocorre rapidamente e o tempo é limitado, se busca refeições rápida e com baixo custo, esse fato quando associado a maior exposição e acessibilidade das pessoas a alimentos altamente industrializados e hiperpalatáveis facilita o consumo, e nos momentos de tensão onde acontece o impulso alimentar por uma ingestão de maior densidade calórica e a busca do sentimento de conforto através do consumo alimentar rapidamente ocorre o consumo (MATOS, Suamily Maria Rodrigues de & José Carlos de Sales Ferreira, 2021).
Passado o momento de estresse através do mecanismo de feedback negativo o excesso de cortisol liberado inibe a secreção do ACTH pela hipófise e CRF pelo Hipotálamo normalizando o funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) , assim o organismo volta ao seu ritmo habitual, porém quando a situação estressante é prolongada, pode ocorrer uma desregulação homeostática persistente, levando o organismo ao desgaste (carga alostática). Um dos pontos de homeostase comprometidos é a do comportamento alimentar, já que o hipotálamo é uma região chave na regulação do equilíbrio alimentar e energético (SAMPAIO, Cynthia, 2017).
A constante ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) faz com que os níveis de cortisol sanguíneo sejam continuamente altos, sendo algumas das ações do cortisol favorecer o acúmulo de gordura visceral e central além de influenciar os hormônios do apetite diminuindo a produção de leptina, hormônio responsável por sinalizar a saciedade e aumentando a grelina o hormônio responsável pela sensação de fome, o que pode induzir a um aumento do apetite e maior ingestão de alimentos palatáveis (SAMPAIO, Cynthia, 2017).
A tomada de decisão em relação às escolhas alimentares é um processo complexo que envolve diversos fatores econômicos, sociais, memórias afetivas, acessibilidade, e o estresse e as emoções estão diretamente envolvidos nesta ação. Quando se leva em conta que o Brasil é um país que tem um alto índice de consumo de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar, as principais justificativas para esse consumo são os preços baixos comparados a outros alimentos e a facilidade de acesso e consumo. Come essa somatória de contextos e que alimentos ricos em gordura e em açúcar podem gerar satisfação e emoções positivas aumentando o desejo pelo consumo e relacionando essa lembrança a sensação de recompensa e quase que certo que esse comportamento irá ocorrer em pessoas atingidas pelo stress (Cirino, Ana Cristine Damacena de Pinto,2021).
Os processos hormonais, químicos e comportamentais na alimentação de pessoas estressadas as torna mais propícias a uma alimentação inadequada, acúmulo de gordura com consequente aumento de peso, podendo levar a um sobrepeso e/ou obesidade além de prejudicar a sinalização dos sentidos de fome e saciedade. Todas essas alterações podem ser um novo gatilho estressante, a pessoa se vê sem controle alimentar, com mudanças alimentares e físicas não planejadas e muitas vezes indesejadas (Cirino, Ana Cristine Damacena de Pinto,2021).
Levando em consideração a multifatoriedade do comportamento e consumo alimentar, sendo a tomada de decisão em consumir um alimento é um processo tão complexo e inclui vários fatores dentre eles o estilo de vida, fatores econômicos, contexto cultural, a acesso a determinados alimentos entre outros, além do contexto emocional e do estresse. Mesmo como a existência de inúmeras características similares entre as pessoas cada ser humano, cada um responde de forma diferente ao estresse e deve ser avaliado de forma individual de acordo com seus determinantes sociais, culturais, históricos, físicos, econômicos e biológicos indesejadas (Cirino, Ana Cristine Damacena de Pinto,2021).
COMO A ALIMENTAÇÃO PODE AUXILIAR NA REDUÇÃO DO ESTRESSE
A alimentação é uma necessidade biológica do ser humano desde que nascemos, sabemos sinalizar quando estamos com fome ou saciados, através do choro e posteriormente na rejeição ao alimento. À medida que a criança vai se desenvolvendo novos alimentos são apresentados e as preferências vão se formando. Vários aspectos influenciam na formação das predileções alimentares como aspectos demográficos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, psicológicos e nutricionais de um indivíduo ou sociedade e assim perpassando por vários fatores é desenvolvido o comportamento alimentar, que é um conjunto de ações relacionadas ao alimento que envolve desde a escolha até a ingestão, bem como tudo a que ele se relaciona (SOUZA, Dalila Teotônio Bernardino De et al.,2017).
Um consumo alimentar saudável é uma parte fundamental para se ter qualidade de vida, uma dieta adequada consiste em uma harmonia na composição alimentar e um comportamento alimentar sadio respeitando os sentidos de fome e saciedade e atendendo as necessidades apresentadas pelo corpo, adequada a fase de desenvolvimento, idade, sexo, patologias entre outros fatores. Comumente em indivíduos ansioso e/ou estressados é apresente a tendência a descontar essa aflição na alimentação de forma inadequada, seja exagerando nas refeições, consumindo alimentos ricos em calorias e pobres nutricionais mente, o que pode desencadear um aumento de peso indesejado e desenvolvimento de carências nutricionais (BITTENCOURT, Karen Freitas,2015).
Um equilíbrio alimentar proporciona um papel fundamental no tratamento de várias doenças de ordem psicológica, um plano alimentar saudável gera benefícios que promovem respostas positivas na saúde mental, através da redução dos sintomas ansiosos e da compulsão alimentar. A ingestão de determinados nutrientes estimulam a produção de serotonina, um neurotransmissor responsável pela produção de bem-estar, em pessoas estressadas a busca pela sensação de bem-estar é constante e muitas das vezes através do consumo de alimentos com alto teor de gorduras, açúcares, alimentos refinados e ultraprocessados uma vez que esses mesmos alimentos desencadeiam um processo onde a serotonina é produzida criando a sensação de bem-estar, aliviando o sentimento negativos e para manter essa sensação o consumo se torna frequente (Marra Silva, Bruna et al.,2021).
A ingestão de nutrientes auxilia nas atividades neuroquímicas, através dos neurotransmissores: componentes químicos responsáveis pela comunicação entre os neurônios e assim a transmissão das informações para todo corpo. Os neurotransmissores são formados de aminoácidos, cofatores minerais e vitamina. Com isso, pode ser associado que uma alimentação balanceada é capaz de promover ao indivíduo benefícios significativos a sua saúde corporal e emocional (Marra Silva, Bruna et al.,2021).
Alimentos ricos em vitaminas e aminoácidos melhoram o funcionamento do organismo em geral e podem atuar diminuindo o estresse biológico, combatendo a ansiedade e aumentando os níveis de serotonina, responsável pelo bem-estar e pelo relaxamento. Pequenas mudanças, tais como a diminuição da disponibilização de alimentos ricos em açúcar e cafeína podem levar a uma melhora no quadro do paciente essas mudanças podem ser estimuladas através da educação nutricional que é o campo do conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para assegurar o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e tem como objetivo a promoção de saúde do indivíduo e da comunidade (BITTENCOURT, Karen Freitas, 2015).
É importante que as pessoas saibam que muitos alimentos podem auxiliar nos níveis de ansiedade, na produção de hormônios que regulam o estado humor e o estresse. As carnes e peixes por exemplo são uma fonte de triptofano, aminoácidos essencial que participa da produção de serotonina, um neurotransmissor importante no processo do sono, do humor e que regula os níveis de ansiedade e que está presente nos ovos, leite, carne, soja, cereais, batata inglesa, brócolis, couve-flor, ameixa, banana, nozes, peixes, frutos do mar e cacau, o magnésio é um mineral essencial para o corpo humano e também possui tais benefícios participa do processo que converte o triptofano em serotonina presente nos vegetais verdes escuros, carnes, peixes, crustáceos, leite, cacau, cereais, oleaginosas (FREITAS, Fernanda da Fonseca et al, 2020).
Já os probióticos favorecem o aumento da disponibilidade de triptofano e da produção de serotonina, o ômega 3 que é um tipo de gordura benéfica para o nosso organismo possui a capacidade de atenuar as respostas inflamatórias do organismo, através da redução da produção de citocinas pró-inflamatórias, uma vez que mecanismos inflamatórios têm sido relacionados ao surgimento da ansiedade e, experiências estressantes, A vitamina C e E agem combate tendo os danos causados pelo estresse oxidativo. Em resumo, inúmeros alimentos possuem substâncias que podem auxiliar juntamente com outras práticas terapêuticas em uma melhora nos níveis de estresse (FREITAS, Fernanda da Fonseca et al, 2020).
Os carboidratos de alto índice glicêmico elevam rapidamente o nível de glicose (açúcar) no sangue ao serem digeridos e aumentam a disponibilidade de serotonina estimulando a passagem do triptofano pela barreira cerebral, sendo suas fontes pão branco, macarrão, milho, tapioca, arroz branco, batatas, beterraba, melancia, uvas passas, mel. O cacau por sua vez fonte de triptofano e flavonoide além de participar da produção de serotonina, combate os danos do estresse oxidativos e atenua as respostas inflamatórias do organismo, encontrado nos chocolates amargos, com ao menos 70% de cacau em sua composição (FREITAS, Fernanda da Fonseca et al, 2020).
Em resumo o segredo é ter uma alimentação equilibrada e saudável onde através de uma variedade alimentar diária o corpo irá receber os nutrientes necessários para um bom funcionamento do organismo e assim conseguir auxiliar no processo de controle do estresse juntamente com outras práticas terapêuticas que o indivíduo venha a realizar.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica onde optou-se pela busca de artigos em periódicos nacionais e internacionais com abordagem teórica qualitativa, as buscas não foram limitadas por data de publicação, levando em consideração a necessidade de citar autores que pudessem contribuir para a pesquisa. Os artigos estão disponíveis nas bases de dados pertencentes à Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) – Literatura latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). Utilizou-se os seguintes descritores para pesquisa: alimentação, estresse, comportamento alimentar e consumo alimentar. Após a pesquisa bibliográfica, foi realizada a seleção e leitura dos artigos e livros, de forma reflexiva, buscando identificar concepções, conceitos e sugestões sobre o tema exposto. A análise considerou informações específicas que como o estresse desencadeia processos e reações que modificam o comportamento alimentar. Excluiu-se os artigos que não pertenciam à área da Saúde e que, após análise criteriosa, não atendessem à demanda bibliográfica deste estudo, cabe ressaltar que livros e outros documentos de autores relevantes ao assunto incluíram-se no estudado.
CONCLUSÃO
O estresse vem se tornando um dos grandes problemas de saúde pública que acomete em sua totalidade crianças, jovens e adultos de todas as idades e classes sociais, motivadas pelos avanços tecnológicos desenfreados, pressões da sociedade e questões econômicas, estando presente no cotidiano do ser humano. O stress leva a alterações que além das mudanças alimentares pelo aumento e/ou diminuição do consumo, mais no contexto em geral ocorre a procura de alimentos mais palatáveis e a maior propensão a deposição de gordura e inúmeros outros processos orgânicos são prejudicados.
Em momentos de estresse agudo e em situações de estresse crônico ocorre a busca por meios compensatórios que aliviam os sentimentos ruins e sendo os alimentos mais do que simples fontes de nutrientes, uma vez que carregam consigo sentimentos, histórias, cultura contextos sociais e econômicos, e que os alimentos que desencadeiam a sensação de conforto além dos preexistentes na memória afetiva do indivíduo são os alimentos impregnados de açúcares, gorduras, e outros que desencadeiam a produção de serotonina e seu consumo se torna frequente na tentativa de alcançar a sensação de prazer.
Foi apurado através da pesquisa realizada que uma alimentação balanceada composta por nutrientes, vitaminas, minerais, fibras, preferenciando alimentos em natura e minimamente processados é capaz de atuar no organismo humano de forma anti-inflamatória, antioxidante, como precursores de neurotransmissores, contribuindo no funcionamento do sistema nervoso, auxiliando na melhora do humor, combater a depressão e o estresse presente no dia a dia, e assim regular as funções cerebrais fornecendo benefícios a saúde física e mental dos indivíduos
O tema estresse e sua relação com a alimentação ainda tem muito a ser estudado e considerando a sua importância, sugere-se novos estudos. Também é importante salientar que o estresse é multifatorial e que a alimentação pode e deve ser utilizada junto a outros tratamentos como a psicoterapia, o tratamento medicamentoso entre outros. O campo da nutrição é amplo e os alimentos têm potenciais incríveis para a saúde humana que ainda não estão sendo totalmente aproveitados, através de mais estudos que forneceram o embasamento científico necessário essa utilização poderá ser intensificada.
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