ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NAS SEQUELAS ADIQUIRIDAS NO COVID-19: UMA REVISÃO DE LITERATURA

NUTRITIONAL ASSISTANCE IN SEQUELS ACQUIRED IN COVID-19: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7920660


Pedro Lucas De Azevedo Melo¹
Orientadora: Júnia Helena Porto 2


RESUMO

Introdução: Observou-se um aumento na prevalência de sintomas psicopatológicos como a ansiedade, e depressão adquiridos na pandemia COVID‑19, em indivíduos que tinham sido infetados pelo vírus e/ou que precisou ficar em quarentena. Devido o isolamento social, a comodidade ocasionou um aumento no consumo de alimentos industrializados, de alta densidade energética e pobre em nutrientes. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura com estudos selecionados utilizando os descritores: “Estado Nutricional”; “Transtorno da Alimentação”; “Ingestão de Alimentos Nutricional” e “COVID-19”. Para isso, foi conduzida uma busca bibliográfica nas bases de dados: MEDLINE e LILACS com o intuito de identificar artigos científicos publicados no período de 2017 a 2022. Resultados: Diante do estudo, constatou-se a influência da nutrição no tratamento dos transtornos mentais: ansiedade e depressão, adquiridos no momento pandêmico. Conclusão: Com isso, a importância de um plano alimentar saudável e a relação entre contexto social e novos hábitos alimentares são necessários para auxiliar na recuperação de doenças adquiridas no período da pandemia visando a melhora dos pacientes.

DESCRITORES: Ansiedade e Depressão; Transtorno Alimentar; Pandemia; COVID-19.

ABSTRACT

Introduction: There was an increase in the prevalence of psychopathological symptoms such as anxiety and depression acquired in the COVID-19 pandemic, in individuals who had been infected by the virus and/or who had to be quarantined. Due to social isolation, convenience led to an increase in the consumption of industrialized foods, with high energy density and poor in nutrients. Methods: This is a literature review with selected studies using the descriptors “Nutritional status”; “Eating Disorder”; “Nutritional Food Intake” and “COVID-19”. For this, a bibliographic search was conducted in the databases: MEDLINE, LILACS and SciELO in order to identify scientific articles published from 2017 to 2022. Results: In view of the study, the influence of nutrition in the treatment of disorders mental disorders: anxiety and depression, acquired during the pandemic. Conclusion: With this, the importance of a healthy eating plan and the relationship between the social context and new eating habits are necessary to assist in the recovery of diseases acquired during the pandemic period, aiming at the improvement of patients.

KEYWORD: Anxiety and Depression; Eating disorder; Pandemic; COVID-19.

1. INTRODUÇÃO

O Coronavírus (COVID-19) é uma doença infecciosa acometida pelo vírus SARS-CoV-2 potencialmente grave e de elevada transmissibilidade. Foi posta como pandemia em 11 de março de 2020, onde termo “pandemia” se refere à distribuição geográfica de uma doença e não à sua gravidade (OPAS/OMS,2020).

As consequências foram inúmeras, não apenas na saúde pública global, mas também refletiu nos impactos sociais, econômicos, políticos, culturais e históricos (GUILLOT; SERPA 2020).

Como medida emergencial para conter o avanço do novo coronavírus, alguns governantes aderiram medidas protetivas de restrição nas cidades, como o isolamento social e quarentena, com o intuito de evitar o colapso nos sistemas de saúde. O papel da quarentena foi inibir a propagação e transmissão da doença entre as pessoas (AQUINO et al., 2020).

Com o isolamento social surgiram gatilhos que podem gerar sensação medo e pânico, além de ansiedade (ZHANG et al., 2020).

Dessa forma, ao mesmo tempo que o isolamento social foi uma medida emergencial segura e prioritária, também, gerou consequências negativas e não intencionais.

A quarentena e as medidas de restrição aumentaram a procrastinação e o uso excessivo das telas, como também mudanças no comportamento alimentar, ocasionando o aumento e/ou agravamento de doenças crônicas, como depressão e ansiedade (BROOKS et al., 2020).

O comportamento alimentar está associado as formas de convívio com o alimento, ou seja, ações que relacionam as práticas alimentares como indivíduo e o meio pertencente ao mesmo (CARVALHO et al, 2013).

Ansiedade e estados depressivos estão diretamente correlacionados com o comportamento alimentar, e podem ser associados a uma dieta inflamatória.

Essa desregulação pode gerar um desequilíbrio no apetite. Os sintomas de ansiedade ocasionam um aumento no apetite, como também um estímulo na ingestão de alimentos industrializados ricos em gordura, sal e açúcares refinados (NOLAN & JENKINS, 2019).

Atualmente, os cuidados à prevenção e controle do vírus são direcionados as vacinas, surge então a necessidade de tratamentos direcionados na reabilitação do pós-covid-19, visto que são inúmeros os casos de doenças resistentes do período pós pandêmico que necessitam de recuperação. No entanto, existem poucas informações na literatura sobre a reabilitação de doenças adquiridas no pós Covid-19 (WU, 2021).

Como também na assistência nutricional pós-covid, as informações ainda são escassas e imprecisas.

Surgem pesquisas no ramo da terapia nutricional que correlacionam o consumo balanceado de proteínas, frutas, raízes com amido, óleo vegetal, nozes e legumes alcançando resultados positivos na reabilitação dos pacientes (COBRE et al., 2021).

Com isso, a importância de um plano alimentar saudável e a relação entre contexto social e novos hábitos alimentares, este estudo tem como objetivo descrever a influência da nutrição no tratamento dos transtornos alimentares, ansiedade e depressão, adquiridos no momento pandêmico. Facilitando assim, o entendimento e a tomada de decisões frente aos inúmeros casos de sequelas do COVID-19.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo no qual se baseou em uma revisão integrativa da literatura.

Deste modo, após definição da pergunta de pesquisa, foram elencadas as bases de dados a serem pesquisadas, via internet, e os respectivos mecanismos de buscas. Buscou-se publicações nas seguintes bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE), Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).

Foram utilizados descritores controlados encontrados no Banco de Descritores em Ciências de Saúde (DeCS), identificando-se, assim, os seguintes descritores: COVID-19; Estado Nutricional; Transtorno da Alimentação e da Ingestão de Alimentos Nutricional.

Os critérios de inclusão adotados para seleção dos estudos foram: artigos originais, disponíveis na íntegra, publicados entre os anos de 2017 a 2022, nos idiomas português, inglês e espanhol.

Figura 1: Fluxograma detalhado da metodologia aplicada

Fonte: Autor, 2022.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa nos bancos de dados resultou em treze artigos, onde dez artigos foram extraídos da base MEDLINE e três na base LILACS os mesmos fundamentaram a discussão sobre o acompanhamento nutricional no tratamento de doenças adquiridas no COVID-19.

As publicações selecionadas foram identificadas de acordo com os descritores, seguindo os critérios de inclusão e exclusão onde os mesmos atenderam a questão norteadora (Tabela 1).

Tabela 1: Distribuição dos artigos através dos sites de busca Medline e Lilacs.

DESCRITORESRESULTADOCRITÉRIOS DE INCUSÃOARTIGOS DUPLICADOSRESPONDE A QUESTÃO NORTEADORA
LILACS
COVID-19  AND Comportamento Alimentar AND Transtornos da Alimentação e da Ingestão de Alimentos AND Estado Nutricional3303
MEDLINE
COVID-19  AND Transtornos da Alimentação e da Ingestão de Alimentos AND Estado Nutricional2727210
SUBTOTAL3030213
Fonte: Autor, 2022.

A literatura atual sobre os cuidados pós pandêmico do COVID-19 ainda está passivo a mudanças, visto que a temática é nova e requer estudos mais direcionados, o surgimento de doenças associadas ao coronavírus são inúmeras.

Dentre os principais agravamentos comprovados e causados pela COVID-19, fora os relacionados ao sistema respiratório, são os neurológicos (WHITTAKER; VARATHARAJ; MONTALVAN; CHEN, 2020), ansiedade, depressão e distúrbios do sono (CZEPCZOR-BERNAT et al., 2021), disfunções no olfato e no paladar, sendo esses os sintomas mais populares do COVID-19 (LECHIEN et al. 2020).

As informações na literatura sobre a reabilitação após a infecção por Covid-19 ou ainda após a internação hospitalar são escassas (TOZATO et al., 2020).

O intuito dessa pesquisa foi analisar os principais aspectos que associam a terapia nutricional na reabilitação da doença, visando a melhora de cada paciente.

As publicações selecionadas nesse estudo foram identificadas segundo: título do artigo, autor, ano, objetivo e tipo do estudo, foram dispostas na Tabela 2.

Após o levantamento bibliográfico foram descritos em tópicos os principais apontamentos direcionados a nutrição.

Tabela 2:  Caracterização dos artigos selecionados para análise, segundo ordem, título, autor, ano, objetivo e tipo de estudo, 2017-2022, (n=13).

TÍTULO DO ARTIGOAUTOR/ANOOBJETIVOTIPO DE ESTUDO
Nutrição, atividade física e estado psicológico durante o confinamento devido à covid-19.Tyagi et al., 2022.O objetivo do presente estudo foi avaliar a atividade física, nutrição e estado psicológico da população durante o bloqueio devido ao covid-19. A pesquisa online foi conduzida entre 534 participantes na faixa etária de 16 a 78 anos usando amostragem conveniente.Estudo de avaliação e prognóstico. Pesquisa qualitativa.
Padronização de hábitos alimentares: análise crítica de guias alimentares brasileiros e espanhóis no contexto da pandemia de COVID-19.Verthein & Gaspar, 2021.Este artigo tem como objetivo realizar uma análise crítica e comparativa de quatro guias alimentares publicados no Brasil e na Espanha neste período, a partir de três eixos as concepções sobre o comer saudável, o lugar atribuído à multidimensionalidade do ato alimentar e a relevância da interseccionalidade.Pesquisa qualitativa e Estudo de rastreamento  
Impacto do isolamento social pelo Coronavírus 2019 na alimentação: uma revisão narrativa.Matsuo et al., 2021Trata-se de revisão narrativa com busca sistemática, tendo por objetivo investigar o impacto do isolamento social na alimentação (hábitos alimentares) durante a pandemia da Coronavirus Disease 2019.Pesquisa qualitativa e Revisão sistemática
Transtornos alimentares em uma amostra populacional de adultos jovens durante o surto de COVID-19.Simone et al., 2021O presente estudo teve como objetivo descrever a experiência e os fatores associados aos transtornos alimentares em uma amostra populacional de adultos emergentes durante o surto de COVID-19.Estudo prognóstico e Pesquisa qualitativa
Avaliação dos efeitos do medo e da ansiedade na nutrição durante a pandemia de COVID-19 na Turquia.Kaya;Uzdil;Cakiroğlu, 2021O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do medo e da ansiedade na nutrição durante a pandemia de COVID-19.Estudo observacional  e Pesquisa qualitativa
Uma exploração qualitativa do impacto do COVID-19 em indivíduos com transtornos alimentares no Reino Unido.Brown et al., 2021Este estudo qualitativo explora o impacto do COVID-19 e medidas de saúde pública associadas em adultos com transtornos alimentares no Reino Unido.Estudo prognóstico e Pesquisa qualitativa
Patologia do distúrbio alimentar e exercício compulsivo durante a emergência de saúde pública do COVID-19: examinando o risco associado à ansiedade e intolerância à incerteza do COVID-19.Scharmer et al., 2020O estudo atual examinou as associações entre a ansiedade do COVID-19 , o traço de intolerância à incerteza e a intolerância ao COVID-19 à incerteza e a disfunção erétil.patologia e exercício compulsivo .Pesquisa qualitativa e  Fatores de risco
Bloqueio pandêmico do COVID-19 e comportamentos alimentares problemáticos em uma população estudantil.Flaudias et al., 2020Este estudo examinou as relações entre estresse relacionado a medidas de bloqueio e compulsão alimentar e restrição alimentar em uma população de estudantes franceses durante a primeira semana de confinamento.Pesquisa qualitativa e  Fatores de risco
Aumento acentuado de transtornos alimentares entre universitários desde a pandemia de COVID-19TavolaccI;Ladner;Déchelotte, 2021Os objetivos foram identificar as mudanças no índice de massa corporal (IMC) e distúrbios alimentares entre universitários entre 2009 e 2021.Pesquisa qualitativa e  Fatores de risco
A adesão às diretrizes nutricionais da COVID-19 está associada a melhores comportamentos de manejo nutricional de pacientes hospitalizados com COVID-19.FARADINA et al., 2021Foi realizada uma pesquisa eletrônica multicêntrica envolvendo 62 nutricionistas, a fim de compreender as barreiras associadas à adesão dos nutricionistas às diretrizes nutricionais para pacientes hospitalizados com COVID-19 na Indonésia.Ensaio clínico controlado, Pesquisa qualitativa e Fatores de risco
Estresse e ansiedade relacionados ao COVID-19, índice de massa corporal, sintomatologia de transtorno alimentar e imagem corporal em mulheres da Polônia: uma abordagem de análise de cluster.CZEPCZOR-BERNAT et al., 2021Portanto, neste estudo, pretendemos (1) classificar diferentes condições associadas ao estresse relacionado ao COVID-19, ansiedade relacionada ao COVID-19, e status de peso; e (2) analisar e comparar a gravidade das dimensões tipicamente relacionadas à sintomatologia de transtornos alimentares e à imagem corporal em indivíduos com diferentes estados de estresse, ansiedade e peso relacionados à COVID-19.Estudo diagnóstico / Estudo prognóstico / Pesquisa qualitativa
COVID-19 e transtornos alimentares durante o confinamento: Análise de fatores associados à resiliência e agravamento de sintomas.BAENAS et al., 2020.Avaliar o nível de deterioração no funcionamento de pacientes com DE durante o confinamento, devido ao COVID-19, e examinar potenciais fatores contribuintes (estratégias de enfrentamento, sintomatologia depressiva de ansiedade e traços de personalidade).Pesquisa qualitativa e  Fatores de risco
Conduzindo pesquisas sobre transtornos alimentares na época do COVID-19: uma pesquisa com pesquisadores da área.WEISSMAN;KLUMP;ROSE, 2020Este estudo procurou documentar o impacto do COVID-19 na pesquisa de transtornos alimentares (DE), que pode ser particularmente suscetível a tais interrupções, dado seu foco em indivíduos que são física e emocionalmente vulneráveis.Pesquisa qualitativa
Manejo nutricional do paciente gravemente enfermo hospitalizado com COVID-19. Uma revisão narrativa.GONZÁLEZ-SALAZAR et al. 2020O objetivo desta revisão é analisar as principais recomendações relacionado ao manejo nutricional adequado do paciente crítico hospitalizado com COVID-19, a fim de melhorar prognóstico e resultados clínicos.Pesquisa qualitativa e  Fatores de risco  
COVID-19 e obesidade na infância e adolescência: uma revisão clínicaNogueira-de-Almeida et al., 2020Identificar fatores que contribuem para o aumento da suscetibilidade e gravidade da COVID-19 em crianças e adolescentes obesos e suas consequências para a saúde.Pesquisa qualitativa e  Fatores de risco  
Fonte: Autor, 2022.

NUTRIÇÃO E SAÚDE MENTAL

A saúde mental foi um dos principais assuntos correlacionados ao COVID-19, visto que devido ao isolamento, a maioria das pessoas desenvolveram algum tipo de transtorno mental.

Brown et al., 2021 identificaram em seu estudo que o isolamento gerou restrições sociais e restrições funcionais (falta de rotina, consumo desenfreado de alimentos condimentados) e restrições no acesso a serviços de saúde no geral.

Autores como Tyagi et al. (2022) que observaram em seu estudo que os participantes apresentaram mudanças significativas, tanto na alimentação quanto na prática de atividade física, devido a quarentena enfrentada, gerando danos no seu estado psicológico.

O transtorno de ansiedade também é considerado uma preocupante sequela do COVID-19, onde na pandemia ocorreram mudanças nos hábitos nutricionais e nas preferências alimentares dos indivíduos.

Esses efeitos devem ser investigados com o intuito de solucionar novos planos alimentares associados a realidade de cada caso (KAYA; UZDIL; CAKIROĞLU, 2021).

As mesmas características foram observadas nos estudos dos autores Flaudias et al., 2020 e Scharmer et al., 2020.

No estudo de Matsuo et al., (2021), constatou-se que a maioria das pessoas relataram que não houve mudança nos hábitos alimentares; além disso, observou-se aumento dos hábitos culinários, consumo de frutas e hortaliças e diminuição do consumo de bebidas alcoólicas.

Segundo Tyagi et al. (2022) sugeriram como uma possível solução a necessidade de seguir um estilo de vida apropriado para a manutenção tanto do metabolismo como o da fisiologia. Aponta como atividade física regular e um plano alimentar assíduo, gera melhora nos níveis de stress durante a quarentena e em todas as fases seguintes da vida.

ALIMENTAÇÃO E O PÓS-COVID

A alimentação saudável transfere todos os nutrientes necessários ao funcionamento adequado do nosso corpo, porém, a ausência de nutrientes essenciais devido a não ingestão de determinados alimentos pode provocar carências nutricionais irreversíveis, com isso a importância do equilíbrio alimentar (LEÃO & FERREIRA, 2021).

De acordo com Cheng (2020) existe uma relação entre alimentos, nutrição, infecção e imunidade. Com isso, vale ressaltar que a alimentação tem papel fundamental na condição de saúde dos indivíduos, podendo potencializar a ação do sistema imune.

As principais complicações nutricionais correlacionadas ao Covid-19, sintomas e condição nutricional, estão dispostas na Tabela 3.

Tabela 3: complicações nutricionais associadas ao COVID-19.

Principais SintomasCondição Nutricional
Diminuição do apetiteDiminuição da ingestão de alimentos
Problemas neuropsicológicosperda de peso não intencional
Mobilidade diminuídaPerda de massa muscular esquelética
Fadiga e disfagiahiperglicemia
Distúrbios gastrointestinais (vômitos, náuseas, diarréia, constipação)Níveis de eletrólitos séricos alterados e status de fluidos
Aumento do estresse catabólico e perda de massa muscularFraqueza associada à UTI
Fonte: GONZÁLEZ-SALAZAR et al. 2020.

Estudos direcionados a nutrição ganham destaque no tratamento do pós-covid.

Faradina e pesquisadores (2021) observaram que a aceitação às diretrizes nutricionais da COVID-19 está correlacionada a um melhor planejamento nutricional.  Ainda em sua pesquisa mostraram, que essa adesão minimizou maiores complicações, ofertando ao indivíduo uma alimentação e nutrição eficaz.

Surge como alternativa a aplicação da terapia nutricional que é delineada de acordo com o perfil, o estado de saúde e a necessidade nutricional de cada paciente. Elas classificam-se segundo a via de administração: oral, enteral e parenteral. Subdividem-se de acordo com a composição de cada dieta: normo, hiper ou hipo sódica, proteica, glicídica e lipídica (BURSLEM & PARKER, 2021).

 A aplicabilidade da terapia enfrentou desafios importantes no fornecimento de terapia nutricional durante a pandemia de COVID-19 (THIBAULT et al., 2021). No entanto, são escassas as informações sobre as barreiras que afetam a implementação e a adesão dos médicos às diretrizes nutricionais da COVID-19.

A não adesão às diretrizes nutricionais por alguns médicos é apoiada por razões válidas, como aplicabilidade das diretrizes, falta de aceitação com as recomendações das diretrizes, contraindicações e preferências do paciente (AGUILA & CUA, 2021).

Com o intuito de auxiliar essas terapias surgem os guias alimentares. Eles são meios que estipulam diretrizes sobre a alimentação e nutrição e possuem o objetivo de orientar as escolhas alimentares, ajudando assim numa alimentação saudável (BARBOSA; COLARES; SOARES, 2008).

Verthein & Gaspar (2021) fizeram uma comparação dos guias alimentares do Brasil e Espanha e constataram que os documentos apresentam diferenças quanto ao formato e conteúdo das recomendações, porém a construção discursiva de todas as diretrizes direciona a uma perspectiva centrada nos nutrientes e na responsabilidade individual.

O desenvolvimento dessas cartilhas deve ser levado em consideração às necessidades do indivíduo e considerando a sua realidade e as dificuldades que o cercam no processo de recuperação.

4. CONCLUSÃO

Diante desta pesquisa, conclui-se que é fundamental um acompanhamento multidisciplinar para acompanhar e tratar as complicações do pós-Covid-19.

Diante do exposto ficou comprovado que a adesão às orientações nutricionais pode representar um fator positivo, levando a melhora dos em pacientes acometidos por alguma sequela.

Por fim, o estudo de literatura realizado comprova que à medida que surgem novas soluções sobre o tratamento das sequelas, são necessários novos estudos e detalhamentos, tendo em vista os inúmeros casos associados ao COVID-19.

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¹Centro Universitário-Cesmac, Maceió-AL, Brasil   E-mail autores: petruslucas01@hotmail.com.
²Doutora em Ciências, Docente do Centro Universitário Cesmac, Maceió-AL, Brasil.