ASSISTÊNCIA HUMANIZADA DE ENFERMAGEM NA UNIDADE ONCOLÓGICA CLÍNICA PEDIÁTRICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505231223


Pâmella Cristina Barros1
Orientadora: Profa. Esp. Naianne Georgia Sousa de Oliveira2


RESUMO

Por muitas vezes a enfermagem é denominada como a arte do cuidar e facilmente ligada ao processo de humanização, já que, o enfermeiro é o profissional da área de saúde que permanece mais tempo ao lado do paciente estabelecendo intervenções direcionadas a este e sua família, a fim de obter resultados positivos, através da criação de um vínculo de confiança com o paciente que, também é estendido aos familiares, sendo assim um facilitador na recuperação e promoção da saúde e do bem estar total do cliente. Nessa perspectiva, o referido estudo destaca a relevância desse processo na pediatria em foco a assistência ao setor de oncologia. Sendo assim, o objetivo que norteia a elaboração dessa pesquisa é realizar uma revisão bibliográfica sobre a Assistência Humanizada de Enfermagem na Unidade Oncologia Clínica Pediátrica. Quanto à metodologia este estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica exploratório-descritiva da literatura, com abordagem qualitativa. Após o estudo e análise dos periódicos levantados foi possível perceber que os autores buscaram demonstrar que a humanização no cuidado de enfermagem deve ser pautada em uma abordagem holística que transcenda o aspecto meramente técnico do tratamento. Estratégias como a comunicação eficaz, a utilização de atividades lúdicas e a adaptação do ambiente hospitalar para
torná-lo mais acolhedor são fundamentais para o sucesso do tratamento e para a redução dos impactos psicológicos negativos decorrentes da hospitalização prolongada.

Palavras-chave: Humanização. Enfermagem. Unidade de Oncologia Clínica Pediátrica.

1. INTRODUÇÃO 

Atualmente a humanização é um tema bastante discutido e associado aos serviços de saúde, principalmente quando vinculada ao âmbito hospitalar em razão de muitos pacientes alegarem o sentimento de medo e/ou angústia ao serem informados pelo médico da necessidade de internação, logo, pontua-se a ressalva da oferta de um tratamento pautado sobre a conjunção de normas e conhecimentos de natureza ética, com cuidados baseados e qualificados na promoção de um processo de cuidar sistematizado e holístico. 

Sabe-se que o tratamento do câncer pode vir a ser bastante demorado e doloroso, onde o paciente deve passar pelos seguintes processos: cirurgias, quimioterapia, radioterapia, além de em alguns casos ser necessário transplante de medula óssea. Sendo assim, pondera-se que o acompanhamento a esses pacientes, bem como, seus familiares, deve ser o mais humanizado possível, ofertando: “Acolhimento, Clínica ampliada, Cogestão, Defesa dos Direitos do usuário, Fomento de grupalidades, coletivos e redes” (Oliveira, 2010, p. 7). 

Nesta linha de pensamento, pondera-se que, se para um adulto que detém do conhecimento sobre o porquê da precisão de estar naquele ambiente hospitalar e de ter que permitir que a equipe de enfermagem realize os procedimentos cabíveis indicados e prescritos pelo médico, o processo de humanizar se faz relevante então, imagine para uma criança acometida por um carcinoma, a qual, obviamente terá que permanecer horas ou dias no hospital. 

Mediante essa reflexão, surge o interesse de mensurar a abrangência e as melhorias alcançadas na contemporaneidade pelo assistencialismo humanizado prestado pela equipe de enfermagem para crianças e adolescentes portadoras de neoplasias, visto que essa doença é considerada bastante agressiva e comumente apresenta um tratamento prolongado e doloroso, necessitando de um cuidado especial pautado no equilíbrio entre: cuidados altamente técnicos e o cuidado humanizado. 

Diante desse contexto, surge à necessidade de investigar como a humanização tem sido aplicada na assistência de enfermagem em unidades de oncologia pediátrica, quais são os desafios enfrentados e quais estratégias podem ser adotadas para garantir um atendimento que promova não apenas a recuperação física, mas também o bem-estar emocional dos pequenos pacientes. 

Assim, este estudo tem como problemática central: “Quais os principais desafios e estratégias para a implementação da assistência humanizada de enfermagem na unidade de oncologia clínica pediátrica?” 

Frente a essa questão problema, o trabalho tem como objetivo geral: realizar uma revisão bibliográfica sobre a Assistência Humanizada de Enfermagem na Unidade Oncologia Clínica Pediátrica. Apresentando como objetivos específicos: Identificar o panorama atual da assistência de enfermagem humanizada em unidade de terapia oncológica pediátrica; Destacar a importância da comunicação da enfermagem no processo de humanizar; Detectar quais as dificuldades e desafios encontrados pelos profissionais de enfermagem durante a assistência aos pacientes em oncologia pediátrica. 

Esta pesquisa trará em uma abordagem descritiva e metodológica de artigos e uma descrição dissertativa acerca destes, sobre a importância no processo de busca literatura técnico-científica publicada a respeito da relevância da referida temática. Servindo, futuramente, como base de estudo para a contemplação acerca da seriedade do olhar crítico-reflexivo desse assunto, pois, corrobora como base formativa do acadêmico ou profissional da área da saúde que queira se atualizar e especializar, quanto às orientações primordiais em termos de teoria e prática, vinculando a prática de humanizar a sua função. 

Então elencado nesse ponto de vista, têm-se como uma hipótese construtiva e afirmativa, alavancar e pontuar indicadores de estudos referentes aos últimos anos, acerca da notoriedade das melhorias dos casos de tratamento e superação do câncer infanto-juvenil associados ao assistencialismo humanizado de enfermagem. 

Argumenta-se que as constantes atualizações de estudos acerca desta temática colaboram para o enriquecimento do acervo literário e esclarecimento da importância do estudo de vertentes a respeito da concepção fenomenológica sobre a Humanização nas unidades de oncologia clínica pediátrica. 

2. METODOLOGIA 

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, de natureza descritiva, de caráter qualitativo que aborda sobre as melhorias ocasionadas pela assistência humanizada de enfermagem na Unidade Oncologia Clínica Pediátrica (UOCP). 

A pesquisa e coleta de material literário foi realizada no período de 20 de fevereiro a 25 de maio de 2024. A amostra foi composta por textos e fragmentos selecionados de artigos científicos, livros encontrados nas bases de dados do acervo digital, recursos estes que tratam sobre a relevância do papel da Enfermagem no processo de Humanização nas Unidades de Oncologia Clínica Pediátrica. 

Foram selecionados 10 artigos que abordavam os descritores do presente estudo (Humanização; Enfermagem; Unidade de Oncologia Clínica Pediátrica), no entanto apenas 5 (cinco) desses artigos puderam ser utilizados para a construção e elaboração dos Resultados e Discussão, pois estes seis periódicos se encontravam no critério de inclusão da pesquisa, além, de estarem correspondentes com o objetivo central da referida pesquisa e apresentarem data de publicação referente aos últimos cinco anos. A revisão bibliográfica foi realizada através de livros e artigos, nas bases de dados eletrônicos, tais como: Google; Scielo (Scientific Electronic Library Online) (sites que disponibilizam artigos científicos de acesso aberto) que tratavam sobre a relevância do olhar crítico-reflexivo à assistência de enfermagem humanizada na Unidade de Terapia Oncologia Clínica e Pediátrica (UOCP). 

Os resultados e informações desse estudo estão dispostos em tabela, detalhada por meio de textos que permitiram a caracterização da pesquisa. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A análise e discussão dos resultados foi desenvolvida conforme o objetivo geral desse estudo: realizar uma revisão bibliográfica sobre a Assistência Humanizada de Enfermagem na Unidade Oncologia Clínica Pediátrica. 

Ressalta-se que, deu-se destaque ao acervo literário digital por este se fazer um dos meios mais comuns atualmente para buscar informações, para fins de dúvidas e estudos a respeito de um determinado assunto, devido à diversidade de informações que a internet dispõe e pelos novos meios de comunicação e acesso de mídias muitos autores e editoras prezam pela publicação em sites que se fazem como uma biblioteca virtual, para conseguir alcançar o público e ofertar informações de bases verídicas e constatáveis.  

Evidencia-se que o intuito é proporcionar um estudo que pudesse elencar a necessidade da sistematização da assistência humanizada de enfermagem na unidade oncologia clínica pediátrica, bem como seus benefícios e as dificuldades para sua implementação. Para tanto, foi elaborada uma tabela que pudesse apresentar de forma sintetizada os seguintes elementos: título, autor e ano de publicação, método utilizado e resultados obtidos que serão analisados posteriormente. 

Tabela 1 – Referente à análise de estudos nacionais acerca dos benefícios alcançados na saúde com a assistência humanizada de enfermagem na unidade oncologia clínica pediátrica.

Título Autor e Ano de publicação Método Resultados 
Importância da humanização no cuidado de enfermagem no setor de pediatria oncológica Tiné et al (2024)  Revisão integrativa da literatura, através das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF), incluindo artigos originais, artigos publicados entre os anos de 2013 a 2023, nos idiomas inglês, português e espanhol.  Os achados mostraram a importância do fortalecimento do vínculo entre profissional paciente-família, para promover a humanização do cuidado, por minimizar o sentimento de isolamento social das crianças em tratamento. Teve destaque a importância da implementação de estratégias lúdicas e brincadeiras no processo de cuidado, para assim aproximar a criança da “infância”, diminuindo traumas e medos que surgem como consequência da patologia.   
Assistência de Enfermagem Humanizada na Oncologia Pediátrica  Silva et al. (2023)  Revisão integrativa de literatura.   A humanização hospitalar na pediatria é o cuidado prestado com respeito e dignidade às crianças hospitalizadas e seus familiares, tornando a relação entre pacientes, familiares e profissionais menos formal, minimizando a dor. 
Atuação e desafios da enfermagem nos cuidados a crianças em tratamento oncológico Soares (2023) Trata-se de estudo de revisão integrativa da literatura.  Identificou-se diversos desafios enfrentados por profissionais de enfermagem ao atuarem nessa área, como: dificuldades na comunicação com a criança e com a família, o desafio em lidar com a morte do paciente, que causa ao profissional sentimentos de frustração e impotência. É essencial o investimento de políticas públicas na capacitação dos profissionais de enfermagem que atuam e almejam atuar na área da oncologia pediátrica.
Protagonismo do enfermeiro no cuidado humanizado a criança oncológica hospitalizada Santos et al (2022) Trata-se de uma pesquisa de revisão integrativa, realizada através de uma revisão bibliográfica.  Conclui-se que com o trabalho que o enfermeiro deve realizar estratégias para que a criança com câncer receba a devida atenção que merece e tem por direito. Pois, sem um plano de cuidado e sem a busca de conhecimento específico sobre a doença, faz com que a sua assistência não seja de qualidade. Por esta razão uma das contribuições do profissional ao paciente oncológico é a capacitação do mesmo para que ele venha realizar um trabalho de excelência 
Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente pediátrico oncológico em um hospital público no interior da Amazônia  Ribeiro, Cruz e Imbiriba (2021) Pesquisa de campo, com abordagem quantitativa que busca investigar e descrever a sistematização da assistência de enfermagem ao paciente pediátrico oncológico  O uso da Sistematização de Assistência de Enfermagem-SAE, são fatores que contribuem para o desenvolvimento de uma sistematização adequada e com qualidade, relatando a importância do enfermeiro sobre tais conhecimentos e habilidades, pois a utilização da SAE garante contribuir e nortear os cuidados e as intervenções de enfermagem, de acordo com as necessidades do paciente, com foco na humanização da assistência, proporcionando melhor qualidade no cuidado. 

Fonte: Barros, 2025. 

Ao analisarmos os artigos expostos na tabela 1 podemos perceber que um dos primeiros pontos a serem citados em um dos estudos mais recentes datado no ano de 2024 e descrito por Tiné et al (2024) em uma pesquisa criteriosa realizada por meio de revisão integrativa literária que abrangeu artigos de origem inglesa, portuguesa e espanhola, é a relevância de estreitar a relação entre o profissional, o paciente e a família para fomentar a humanização do atendimento na unidade oncologia clínica pediátrica. De acordo com os resultados obtidos por Tiné et al (2024), o tratamento associado a um diálogo aliado à brincadeira são componentes essenciais para fazer a criança sorrir, sendo extremamente relevante no processo de cuidado do enfermeiro.  

O autor acima supracitado descreve que o profissional da enfermagem que atua nesse âmbito precisa saber se comunicar e lidar com a situação de forma genuína, ofertando um atendimento atencioso e afetuoso, não se restringindo apenas ao tratamento medicamentoso, uma vez que, por se tratar de uma patologia de alta complexidade e terapia prolongada com elevado risco de morte acaba por gerar sentimento de medo resultando em aflição física e psicológica, tanto na criança quanto para seus familiares.  

Nesse contexto, Tiné et al (2024) também destaca em seu estudo a relevância da Teoria Humanística que tem como base as relações interpessoais para o desenvolvimento e aplicação de uma a assistência completa ao paciente. apesar de ser uma ação crucial mas esta por si só não consegue ser totalmente eficaz e a Teoria de Watson, teoria esta que consistia na intersubjetividade entre o enfermeiro e o cliente (relação entre sujeito e objeto), fundamentada na ideia de que sempre haverá uma influência de um indivíduo sobre outro. Essa teoria segundo Tiné et al (2024) se baseia nos princípios humanísticos do cuidado, oferecendo uma perspectiva individual e holística sobre as características e elementos biopsicológicos espirituais e socioculturais. 

Para tanto em um estudo desenvolvido por Santos et. al., (2013), foram descritos alguns critérios que vão de acordo com a teoria de Jean Watson e exemplificam como deveria ser a conduta do enfermeiro mediante a criança e adolescente acometido por câncer, além de delinear os cuidados e orientações a serem dados para os familiares, conforme pode ser visto: 

  • Prática do amor, amabilidade e serenidade no contexto de cuidado consciente; 
  • Estar autenticamente presente para possibilitar e manter um sistema profundo de crenças e um mundo subjetivo do self e do ser-para-o-cuidado; 
  • Cultivar suas próprias práticas espirituais e transpessoais de ser além de seu próprio ego, aberto a outros com sensibilidade e compaixão; 
  • Desenvolver e sustentar uma autêntica relação de cuidado, de ajuda e confiança; 
  • Estar presente e apoiar a expressão de sentimentos positivos e negativos, como uma conexão profunda com o espírito do ser e do ser que cuida do outro; 
  • Uso criativo do ser, de todas as formas de conhecimento e do ser/fazer, como parte do processo de cuidado para engajar na arte da prática do cuidado e proteção; 
  • Engajar-se numa experiência genuína de ensino-aprendizagem que atenda à unidade do ser na tentativa de significar o estar-junto com à estrutura referencial do outro; 
  • Criar um ambiente protetor em todos os níveis, onde se está consciente do todo, da beleza, do conforto, da dignidade e da paz; 
  • Assistir as necessidades humanas conscientemente, com um cuidado humano essencial, o qual potencializa a aliança mente-corpo espírito; 
  • Abertura e atenção para as dimensões espiritual-enigmática e existencial da individualidade da vida de cada um e cuidado da alma do self e do ser-para-o-cuidado (Jean Watson apud Santos, et. al., 2013, p. 647).

Como exposto, por Santos et. al.,(2013), há uma série de condutas que a enfermagem deve realizar para que a criança com câncer possa se sentir acolhida e assistida com a devida atenção e direito que merece. Concomitantemente ao descrito em um estudo desenvolvido por Neris e Nascimento (2021 apud Silva et al. , 2023) é descrito que os cuidados de enfermagem envolvem um plano de ação terapêutico, a fim de prevenir doenças psicossociais e incentivar comportamentos saudáveis. Segundo estes autores, o enfermeiro deve prestar cuidados ao paciente com o propósito maior de diminuir o sofrimento e melhorar a qualidade de vida dele durante o tratamento. 

Desse modo entende-se que a adoção dessas medidas são cruciais para que seja ofertado um tratamento digno aos pacientes portadores de câncer, pois estes incrementam, norteiam e ajudam a desenvolver métodos para garantir uma assistência hospitalar humanizada. Todavia, é conhecido que ao ser dado o diagnóstico de câncer ao paciente, várias podem ser pode suas reações (medo, ansiedade, negação, tristeza e perda do controle emocional) essa preocupação acaba sendo evidenciada e, tratada com mais cautela, quando nos referimos ao cuidado para com o público infantil, ao setor de oncologia clínica pediátrica.  

[…] relata que o tratamento do câncer infantil, devido ao longo período de tempo de internação, ocasiona traumas à criança, seus familiares e aos profissionais de saúde. Apesar da utilização de todos os recursos técnicos curativos, em todos os casos possíveis de cura ou não, a criança certamente sofrerá dores psicológicas, sociais, espirituais e físicas durante o tratamento (Ribeiro, Cruz e Imbiriba, p.3460, 2021). 

Desse modo, compreende-se que é necessário que o enfermeiro estabeleça um plano de cuidado com a equipe e busque desenvolver intercessões que possam avaliar quais vulnerabilidades o paciente e sua família estão suscetíveis, para que assim seja possível suprir as necessidades daquela criança e de seus familiares tanto no âmbito medicamentoso, como no emocional.  

Concomitantemente ao descrito, Silva et al. (2023) aborda em seu estudo, publicado em 2023, a seriedade da humanização hospitalar no atendimento a crianças com câncer, destacando a priori de um atendimento acolhedor, ofertado com dignidade e respeito às crianças internadas e seus familiares, tornando a interação entre pacientes, familiares e profissionais menos formal, reduzindo o sofrimento. 

Nesse quesito, Silva et al. (2023) aponta algumas intervenções e/ou pontos importantes quanto a ambientação hospitalar para corroborar e promover a implementação de uma assistência holística para os pacientes e familiares e facilitar o trabalho dos profissionais que atuam na clínica de oncologia pediátrica: 

[…] destacam que para deixar o ambiente mais humanizado, os hospitais devem desenvolver um projeto arquitetônico e urbanístico que esteja inteiramente voltado para o atendimento pediátrico e infantil, mediante as leis que regem a temática, e que sobretudo atenda a demanda atual da população, proporcionando uma consulta enfermagem de qualidade tanto para a criança acometida quanto para os pais que as acompanham (Silva et al, p.385, 2023). 

Outro ponto importante citado tanto por Silva et al. (2023) como por Santos et al (2022) em seus estudos para a implementação da humanização do atendimento na unidade oncologia clínica pediátrica é referente aos cuidados de enfermagem prestados aos pacientes, especificando que a equipe de enfermagem deve englobar uma variedade de procedimentos e planos de medidas para monitorar e tratar os impactos da terapia e da prevenção. 

[…]  enfatizam como estratégia de humanização que a customização das máscaras de tratamento, utilização de fantasias, certificado de coragem, comemorações de datas festivas e melhorias no ambiente hospitalar são as principais intervenções utilizadas pelas equipes de enfermagem. Cria-se, nesta atmosfera, uma transformação no enfrentamento das adversidades inerentes a terapia, com evidente benefício para a criança e seus familiares. Com isso, há uma maior adesão ao tratamento reduzindo o absenteísmo (Silva et al., p. 386, 2023). 

Em concordância ao descrito Santos et al. (2022) afirma que: 

Para isso, o cuidador precisa suprir as necessidades daquela criança e de seus familiares tanto no âmbito medicamentoso, como no emocional por um período integral. Pois esta doença traz um sofrimento a todos os envolvidos. Por isso, deve-se avaliar constantemente as vulnerabilidades dos familiares e do cliente, para que se possa dar apoio e dar a eles um cuidado de qualidade e segurança (Santos et al., p.06, 2022). 

Como descrito, além da instituição hospitalar fornecer subsídios para a implementação da humanização, conclui-se que também há necessidade do enfermeiro ser capacitado para esta área, não apenas com conhecimentos técnico – científicos, mas, com uma formação e cursos voltados para a humanização em saúde e assim dispor de métodos e ações que possam contribuir para a caracterização de um ambiente hospitalar mais ameno e acolhedor facilitando o processo de recuperação. 

Diante desse cenário, Soares (2023) expõe em seu estudo que existem vários obstáculos que os profissionais de enfermagem encontram ao trabalhar nesse setor, destacando o porquê de ser crucial a implementação de políticas públicas que invistam na formação dos profissionais de enfermagem que trabalham ou pretendem trabalhar no campo da oncologia pediátrica. 

É essencial o investimento de políticas públicas na capacitação dos profissionais de enfermagem que atuam e almejam atuar na área da oncologia pediátrica. Devendo-se iniciar desde a fase acadêmica a especialização, e ações de educação permanente acerca de atualizações dentro dessa área, visando uma boa qualificação dos profissionais, o que acarretar em uma assistência de maior qualidade ao paciente, fazendo com que o enfermeiro oncológico sinta-se satisfeito e feliz por executar um cuidado de qualidade (Soares, p.25, 2023). 

Conforme o descrito, observa-se que a elaboração de políticas públicas focadas nas necessidades da população requer uma articulação entre teoria e prática, além de mudanças sociais. Segundo Soares (2023) os profissionais envolvidos no atendimento ao paciente oncológico desempenham um papel crucial na implementação desta política. Portanto, o ensino reflexivo sobre essa política na formação do enfermeiro auxilia na melhoria de sua prática, assim como práticas reflexivas e mais qualificadas certamente têm um impacto positivo na formação profissional. 

Para esse fim, Ribeiro, Cruz e Imbiriba (2021) descrevem o valor da prática de Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), sendo este, segundo os autores, um método que direciona o exercício de enfermagem e auxilia na melhoria da qualidade e eficácia do atendimento ao paciente. 

[…] o diagnóstico de câncer representa um alto grau de complexidade do cuidado, em linhas gerais, é de responsabilidade da enfermagem  oncológica  garantir  um  cuidado humanizado  e  especializado,  uma  vez  que,  o  paciente  está  diante  de  uma  possível cura  ou  condições  incuráveis.  Sendo assim, a utilização da SAE potencializa a compreensão das  necessidades  dos  indivíduos  com  neoplasias  malignas  e  pode  se tornar   uma   ferramenta   para   maximizar   o   atendimento   aos   pacientes   com especificidades (Ribeiro, Cruz e Imbiriba, p.3457, 2021). 

No entanto, segundo os autores, também existem alguns desafios relacionados à efetivação e realização do SAE. De acordo com Ribeiro, Cruz e Imbiriba (2021), apesar de ser uma ferramenta de assistência regulamentada e possuir publicações científicas que comprovam sua eficácia, ainda é comum ouvir relatos de enfermeiros sobre os desafios na implementação da SAE no cotidiano do cuidado. Os autores afirmam que muitos veem o SAE apenas como um instrumento de coleta de dados, sem perceber que este sistema transcende uma simples tarefa burocrática. 

Ribeiro, Cruz e Imbiriba (2021) argumentam que a assistência de enfermagem aos pacientes com câncer deve ser personalizada, considerando que o paciente se encontra debilitado, após o diagnóstico de uma doença cancerígena e com uma expectativa de vida diminuída.  Assim, ao empregar o SAE ao cotidiano e ações do profissional de enfermagem, principalmente os que lidam com doenças de alta complexidade e risco a vida como câncer, corrobora para o emprego e consolidação da humanização de forma integral e eficaz, podendo sanar ou diminuir dificuldades enfrentadas ao atuarem nessa área. 

Desse modo entende-se que, conforme as análises finais de cada estudo expostos na tabela 1, a respeito da prática da enfermagem aos pacientes da clínica pediátrica oncológica, pode-se observar que para que o enfermeiro possa fornecer um atendimento e assistência integral de qualidade é preciso que este profissional implemente e desenvolva estratégias que possam garantir que a criança/paciente com câncer recebam o devido cuidado que ela merece e tem direito, assim como, compreende-se que a instituição de saúde e órgãos competentes também devem promover subsídios para que isso seja possível. 

4. CONCLUSÃO 

A humanização da assistência de enfermagem na unidade de oncologia clínica pediátrica é um aspecto essencial para a promoção do bem-estar e qualidade de vida das crianças em tratamento, bem como de seus familiares. O presente estudo, por meio de uma revisão bibliográfica, destacou a relevância da humanização como um elemento fundamental para minimizar o sofrimento físico e emocional dos pacientes pediátricos acometidos pelo câncer evidenciando a importância do vínculo entre o profissional de enfermagem, a criança e seus cuidadores. 

Os achados demonstram que a humanização no cuidado de enfermagem deve ser pautada em uma abordagem holística que transcenda o aspecto meramente técnico do tratamento. Estratégias como a comunicação eficaz, a utilização de atividades lúdicas e a adaptação do ambiente hospitalar para torná-lo mais acolhedor são fundamentais para o sucesso do tratamento e para a redução dos impactos psicológicos negativos decorrentes da hospitalização prolongada. 

Entretanto, observa-se que a implementação efetiva da humanização enfrenta desafios significativos, como a sobrecarga de trabalho dos profissionais de enfermagem, a carência de capacitação específica sobre humanização em oncologia pediátrica e a necessidade de maior investimento em políticas públicas voltadas para a formação e bem-estar dos profissionais da saúde. 

Nesse contexto, o estudo reforça a necessidade de medidas institucionais que incentivem a educação continuada e a capacitação dos enfermeiros, além da implementação de modelos de assistência que priorizem a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) como ferramenta para garantir um cuidado integral e humanizado. 

Diante das análises realizadas, conclui-se que a humanização da assistência de enfermagem na oncologia pediátrica é um desafio constante, mas também um imperativo ético e profissional. A adoção de práticas humanizadas tem o potencial de transformar a experiência da hospitalização para as crianças e seus familiares, promovendo não apenas a recuperação física, mas também o suporte emocional necessário para enfrentar o tratamento oncológico de forma mais acolhedora e menos traumática. 

AGRADECIMENTOS 

Gostaria de expressar minha profunda gratidão a todos que contribuíram para a realização deste trabalho. Em primeiro lugar à  Deus , agradeço à minha querida filha Ludmylla, cuja força e coragem durante sua batalha contra o câncer foi a minha inspiração. Sua luta me ensinou sobre a importância da humanização e do cuidado integral na enfermagem, e essa motivação está presente em cada página deste trabalho. Agradeço à minha orientadora, Naiane Georgia, por sua orientação valiosa, paciência e apoio incondicional. Sua expertise e dedicação foram fundamentais para o desenvolvimento deste projeto. Por fim, sou grata aos meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado, oferecendo palavras de encorajamento e apoio emocional. Vocês foram essenciais para me manter motivada durante todo o processo.A todos vocês, meu muito obrigado. 

REFERÊNCIAS 

OLIVEIRA, Olga Vânia Matoso de. Política Nacional de Humanização o que é como implementar (uma síntese das diretrizes e dispositivos da PNH em perguntas e respostas). Consultora PNH/SAS/MS Brasília – Novembro/2010. Disponível em: https://www.redehumanizasus.net/sites/default/files/diretrizes_e_dispositivos_da_pnh1.pdf.Acesso em: 27 de março de 2025. 

RIBEIRO, Márcia Daiane Sousa; CRUZ, Raclice Silva da; IMBIRIBA, Thaianna Cristina Oliveira. Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente pediátrico oncológico em um hospital público no interior da Amazônia. *Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação – REASE*, São Paulo, v. 7, n. 10, out. 2021. ISSN 2675-3375. APA (7ª edição). Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/3170/1276.Acesso em: 27 de março de 2025. 

SANTOS, Larissa Christiny Amorim dos et al. Protagonismo do enfermeiro no cuidado humanizado à criança oncológica hospitalizada. *Research, Society and Development*, v. 11, n. 7, e8611729655, 2022. DOI: Disponível em: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i7.29655.Acesso em: 27 de março de 2025. 

SANTOS, M.R. et al.,. Desvelando o cuidado humanizado: percepções de enfermeiros em oncologia pediátrica. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2013 Jul-Set; 22(3): 646-53. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/Tb6sSQMZCBXy9q4JCLy5mPk/. Acesso em 24 de março de 2025. 

SILVA, Allan Kleiton Ferreira da et al. Assistência de Enfermagem Humanizada na Oncologia Pediátrica. *Brazilian Journal of Development*, Curitiba, v. 9, n. 1, p. 379-389, jan. 2023. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/55896/41081. Acesso em: 27 de março de 2025. 

SOARES, Grazielle Belo. Atuação e desafios da enfermagem nos cuidados a crianças em tratamento oncológico. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Universidade Federal do Maranhão, Campus de Pinheiro, 20 dez. 2023. Disponível em: https://monografias.ufma.br/jspui/handle/123456789/7778. Acesso em: 27 de março de 2025.

TINÉ, Ana Beatriz Tabosa Pinheiro et al. Importância da humanização no cuidado de enfermagem no setor de pediatria oncológica. In: Enfermagem: da teoria à prática clínica 2. Curitiba: Atena Editora, 2024. Cap. 1. Disponível em: https://atenaeditora.com.br/catalogo/dowloadpost/89466. Acesso em: 27 de março de 2025.


1Graduando em Enfermagem
Faculdade Santa Luzia – E-mail: pamella-cristtinas2@hotmail.com
2Professora e orientadora.