HUMANIZED NURSING ASSISTANCE TO PATIENTS WITH SUICIDE ATTEMPTS ASSOCIATED WITH DEPRESSIVE DISORDER
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202506221052
Gabriela Saluah Moura da Silva1
Rodolfo José Vitor2
RESUMO
Introdução: A saúde mental é um tema de crescente relevância no cenário da saúde pública, especialmente diante do aumento dos casos de depressão e tentativas de suicídio. Nesse contexto, destaca-se a importância da humanização no cuidado de enfermagem, que vai além da aplicação de técnicas e protocolos, priorizando o acolhimento, a escuta qualificada e o estabelecimento de vínculos terapêuticos, com o paciente. Objetivo: Apresentar a influência da assistência humanizada de enfermagem na redução de novas tentativas de autoextermínio em pacientes com transtorno depressivo. Método: A revisão integrativa da literatura, com abordagem exploratória, utilizou as bases de dados LILACS, PubMed, Medline e Google Acadêmico. A seleção dos artigos foi orientada pela estratégia PICO, sendo utilizados 15 artigos publicados no período de 2015 a 2025. Resultados: Os estudos analisados apontam que práticas humanizadas de enfermagem, como o acolhimento, a escuta qualificada e a construção de vínculo terapêutico, favorecem a adesão ao tratamento, promovem o fortalecimento emocional e contribuem para a prevenção do comportamento suicida. Conclusão: A humanização no cuidado de enfermagem é uma estratégia essencial e efetiva no campo da saúde mental.
Palavras-chave: Enfermagem. Suicídio. Transtorno depressivo. Humanização da assistência. Saúde mental.
ABSTRACT
Introduction: Mental health is a topic of increasing relevance in the public health scenario, especially in view of the increase in cases of depression and suicide attempts. In this context, the importance of humanization in nursing care stands out, which goes beyond the application of techniques and protocols, prioritizing reception, qualified listening and the establishment of therapeutic bonds with the patient. Objective: To present the influence of humanized nursing care in reducing new attempts at self-extermination in patients with depressive disorder. Method: The integrative literature review, with an exploratory approach, used the LILACS, PubMed, Medline and Google Scholar databases. The selection of articles was guided by the PICO strategy, using 15 articles published between 2015 and 2025. Results: The studies analyzed indicate that humanized nursing practices, such as reception, qualified listening and the construction of a therapeutic bond, favor adherence to treatment, promote emotional strengthening and contribute to the prevention of suicidal behavior. Conclusion: Humanization in nursing care is an essential and effective strategy in the field of mental health.
Keywords: Nursing. Suicide. Depressive disorder. Humanization of care. Mental health.
INTRODUÇÃO
Os transtornos mentais são definidos como quadros clínicos com manifestações psicológicas associadas ao comprometimento funcional devido a perturbações biológicas, sociais, psicológicas, genéticas, físicas ou químicas. Podem ocasionar alterações no desempenho global do indivíduo nos âmbitos pessoal, social, ocupacional ou familiar. Dentre os transtornos mentais, a depressão pode ser classificada como um dos principais e mais recorrentes problemas de saúde mental, com prevalência de até 20% na população mundial. Impacta o meio social de tal modo que é reconhecida como o segundo quadro clínico a produzir mais danos nas esferas social e econômica. (Gusmão, et. al. 2021).
A depressão é uma patologia considerada, em sua epidemiologia, muito frequente, estando presente, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2018), em cerca de 300 milhões de pessoas. Tratada como uma doença psiquiátrica, de acordo com Rufino et al. (2018), entende-se que a depressão é um distúrbio de humor, crônico e recorrente, além de ser correlacionado com alterações cognitivas e psicomotoras, que prejudica o relacionamento social, emocional e profissional do indivíduo. Sarris et al. (2014) afirmam que a etiologia da depressão ainda deve ser mais profundamente estudada, sendo que as únicas considerações, até o momento, são que essa patologia é multifatorial. Contudo, anuindo a Coutinho et al. (2015), a maioria dos estudos envolve neurotransmissores, sendo os dois mais estudados a norepinefrina (NE) e 5-hidroxitriptamina (5-HT). Existem hipóteses que descrevem a deficiência de aminas biológicas, em especial, os dois neurotransmissores já citados, como as principais fontes da depressão. (Diniz, et. al 2020).
Conhecida como mal do século, a depressão é um transtorno psíquico de humor que atinge cada vez mais pessoas da sociedade moderna. A Organização Mundial de Saúde define depressão como um transtorno mental comum, caracterizado não apenas na forma de tristeza como também através de irritabilidade, perda de interesse ou prazer em atividades cotidianas, perda de concentração ou memória, diminuição da autoestima, alteração de sono ou apetite, entre outros sintomas. Esse transtorno pode ter causas genéticas, ambientais e psicossociais e os tratamentos psicoterápicos associados ao uso de medicamentos geram melhores resultados. (Barbosa, et. al 2020).
A saúde mental de adultos jovens tem se tornado uma preocupação crescente, especialmente pela recorrência de transtornos como a depressão e a ansiedade neste grupo etário. A depressão, em particular, tem se mostrado uma condição comum e significativa entre jovens, frequentemente iniciando ainda na adolescência e acompanhada de grande sofrimento emocional. Os transtornos de ansiedade também se destacam como importantes causas de sofrimento psíquico nesse período da vida, impactando o desenvolvimento social, acadêmico e emocional dos indivíduos (Gusmão, et al. 2021).
O suicídio é uma manifestação transcultural sujeita a valorações ambivalentes e marcado por significados que variam ao longo da história. É definido como um ato intencionalmente executado pelo próprio indivíduo contra si mesmo, por meio de determinadas ações com vistas à sua morte. Essas manifestações evoluem para a tentativa, precedida, na maioria das vezes, por um plano que carrega significados subjetivos. Em virtude da complexidade de sua manifestação, constitui-se de uma intrincada trama de fatores biológicos e psicossociais envolvidos na ideia e no ato. (Scheinkman, et.al. 2020).
Em todo o mundo, o número de suicídios tem se elevado continuamente, ultrapassando 800 mil casos por ano. No ano de 2020, os suicídios representaram 2,4% do total de mortes no mundo, com predominância em países em desenvolvimento. Na realidade brasileira, estima-se que em torno de 17% das pessoas já tiveram ideações suicidas alguma vez na vida, o país está em 8º lugar na posição de países com mais casos de suicídio segundo a Organização Mundial de Saúde, sendo que, entre 2002 e 2012, o número de casos aumentou em 36% em todo o país. Foram 106.374 casos de autoextermínio no Brasil entre 2007 e 2016, de modo que uma pessoa morre a cada 45 minutos, totalizando 32 suicídios por dia. Esses números impactam profundamente uma sociedade em diversas dimensões que ultrapassam a esfera da saúde pública. Embora sejam números alarmantes, estima-se que as tentativas de suicídio ultrapassam em 10 vezes a consumação do ato. O aumento de suicídios afeta toda a sociedade, com consequências drásticas no âmbito da economia, das relações interpessoais e familiares e da saúde física e psíquica das pessoas envolvidas. (Scheinkman, et.al. 2020).
A qualificação do acolhimento realizado com segurança e prontidão à pessoa com tentativa de suicídio durante a assistência hospitalar é fundamental para a aceitação e a adesão do paciente ao tratamento. A assistência deve ser direcionada ao cuidado integral prestado à tríade –paciente/família/equipe de profissionais de saúde e da área social, e além de compreender a questão pessoal, os profissionais devem entender as questões externas ao indivíduo, questões culturais e sociais que podem estar vinculadas à prática. O profissional de enfermagem deve estar capacitado para fornecer assistência aos pacientes que tentaram suicídio. Assim, o atendimento deve ser humanizado, na unidade básica, nas emergências e outros níveis de assistência, traduzindo ações de compreensão do outro, de forma que valorize a escuta e o cuidado, com ética, maestria e dedicação, do profissional. Há uma fragilidade psicológica muito acentuada nesses casos presente em cada paciente (Soratto, Silva. 2024).
A realização dessa pesquisa se justifica pela importância da discussão acerca da forma que o tratamento de pacientes com depressão, e com tentativa de autoextermínio é conduzida, uma vez que, isso pode ser determinante para a melhora desse paciente e a redução do risco de uma nova tentativa. Com a humanização da assistência, podemos promover um ambiente que garanta dignidade e respeito ao paciente, oferecendo segurança, compreensão e diálogo livre de julgamentos, preservando e fortalecendo vínculo entre as partes. O enfermeiro ciente da importância de seu papel e estando preparado para lidar com esse diagnóstico, certamente consegue oferecer, junto à equipe multidisciplinar envolvida, uma intervenção terapêutica eficaz e prevenção de recaídas. Desse modo, o objetivo da pesquisa é apresentar a influência da assistência humanizada de enfermagem na redução de novas tentativas de autoextermínio em pacientes com transtorno depressivo.
METODOLOGIA
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de natureza exploratória e abordagem qualitativa. Essa metodologia permite reunir, analisar e sintetizar resultados de pesquisas empíricas e teóricas, proporcionando uma compreensão ampliada sobre a temática e contribuindo para o fortalecimento das práticas de enfermagem em saúde mental (Marconi; Lakatos, 2010).
A construção da presente revisão foi orientada pela estratégia PICO, que direciona a elaboração de questões clínicas relevantes para a pesquisa qualitativa, população de interesse compreende pacientes com transtorno depressivo que passaram por tentativa de autoextermínio; a intervenção analisada corresponde à assistência humanizada de enfermagem, e o contexto envolve os serviços de saúde, especialmente aqueles voltados para o cuidado em saúde mental. A partir dessa estrutura, estabeleceu-se a questão norteadora do estudo: Como a prática da assistência humanizada de enfermagem pode influenciar na redução de novas tentativas de autoextermínio em pacientes com transtorno depressivo?
A amostra foi composta por 15 artigos científicos, obtidos por meio de buscas nas bases de dados LILACS, Google Acadêmico, Medline e PUBMED. Utilizaram-se os descritores: Tentativa de Suicídio, Humanização da Assistência, Cuidados de Enfermagem, Saúde Mental e Transtorno Depressivo. Para a busca foram incluídos estudos que abordavam os descritores, publicados nos últimos cinco anos e em língua portuguesa de forma gratuita. Foram incluídos: Estudos que abordavam a assistência de enfermagem a pacientes com transtorno depressivo e histórico de tentativa de autoextermínio, bem como práticas humanizadas no cuidado em saúde mental. Excluídos: Artigos pagos, incompletos, duplicados, sem tradução nos idiomas mencionados ou fora do período delimitado, além dos que não tratassem diretamente da temática
A coleta de dados foi realizada no período de julho de 2024 a março de 2025. As publicações, e o número de resultados encontrados nas bases foi significativo: na PubMed, foram identificados 4.796 artigos; na LILACS, 190 artigos; e na Medline, 156 artigos. Após a filtragem inicial por títulos e resumos, seguiu-se a leitura completa dos textos que atendiam aos critérios de elegibilidade, priorizando a relevância temática e metodológica. Para tratamento dos dados foi utilizado o Fluxograma PRISMA (Figura 1).
Quadro 1: Tratamento dos dados

A revisão respeitou os aspectos éticos, seguindo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e garantindo a devida referência aos autores citados.
RESULTADO
Os dados extraídos foram organizados em planilha contendo: título, autor(es), e conclusões relacionadas à assistência humanizada (Quadro 1) e a análise dos mesmos baseada na interpretação e categorização dos achados conforme o objetivo da pesquisa.
Quadro 1: Compilado de artigos utilizados na pesquisa com os respectivos resultados
Título | Autor/Ano | Tipo de Estudo | Objetivo | Principais Resultados |
Acolhimento ao paciente após a tentativa de suicídio | Silva, A. M. C.; Soratto, M. T. (2024) | Estudo qualitativo | Analisar as práticas de acolhimento ao paciente após tentativa de suicídio. | Evidenciou que o acolhimento eficaz pela enfermagem pode reduzir a reincidência e melhorar o prognóstico. |
Tentativa de suicídio e acolhimento: a visão da equipe de enfermagem quanto à assistência prestada em um serviço de urgência e emergência | Guedes, A. O. et al. (2023) | Pesquisa descritiva, qualitativa | Analisar a visão da equipe de enfermagem sobre a assistência e acolhimento prestados a pacientes que tentaram suicídio em serviços de urgência e emergência. | Destacou-se a importância da escuta ampliada e a necessidade de aprimoramento técnico e de uma rede de atenção articulada para um atendimento eficaz. |
Humanização no cuidado em saúde mental: compreensões dos enfermeiros | Da Costa Lima, Deivson Wendell et al. (2021) | Pesquisa exploratória, qualitativa | Conhecer as compreensões dos enfermeiros sobre humanização no cuidado em saúde mental. | Emergiram categorias como acolhimento, autonomia e corresponsabilidade, evidenciando desafios na implementação de práticas humanizadas em ambientes psiquiátricos. |
Tentativa de suicídio e suicídio no Brasil: análise epidemiológica | Silva DA da, Marcolan JF. (2021) | Estudo epidemiológico | Analisar o panorama epidemiológico do suicídio no Brasil. | Aponta aumento das taxas e a necessidade de ações de prevenção e cuidado sensível ao sofrimento psíquico. |
A importância da enfermagem humanizada no tratamento de pacientes com transtornos psíquicos: uma revisão de literatura | Oliveira, M. H. et al. (2021) | Revisão de literatura | Analisar a importância da assistência humanizada de enfermagem no tratamento de pacientes com transtornos psíquicos. | A assistência humanizada é essencial para a recuperação de pacientes com transtornos psíquicos, promovendo vínculo terapêutico e adesão ao tratamento. |
Depressão em pacientes atendidos em serviço de saúde mental | Gusmão, R. O. M. et al., (2021) | Estudo observacional | Identificar fatores associados à depressão e diagnósticos de enfermagem em pacientes atendidos em saúde mental. | Reforça o papel da enfermagem na identificação precoce e cuidado humanizado. |
Comportamento suicida em hospital geral e o conhecimento dos profissionais de enfermagem: estudo transversal | Pypcak, Everly Maltaca et al. (2022) | Estudo transversal, quantitativo | Avaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre comportamento suicida em hospital geral. | Identificou-se déficit de conhecimento dos profissionais, devido a lacunas na formação, interferindo diretamente no cuidado a pacientes com comportamento suicida. |
Ação dos neurotransmissores envolvidos na depressão | Diniz, Julia Pickina et al., (2020) | Revisão bibliográfica | Analisar o papel dos neurotransmissores na fisiopatologia da depressão. | Demonstrou a importância da compreensão bioquímica para a efetividade terapêutica e acolhimento clínico. |
Interfaces da política nacional de humanização de assistência à saúde de pessoas com transtorno mental | Santos ST, Lima FAC, (2017) | Estudo bibliográfico descritivo | Discorrer sobre a efetividade da humanização no tratamento de pessoas portadoras de transtorno mental | Evidenciou que a humanização é um fator tido como fundamental nas práticas de assistência à saúde de pessoas portadoras de transtorno mental, colaborando para uma atenção à saúde universal. Equânime e integral. |
Risco de suicídio na enfermagem e sua relação com as atitudes de assistência segura | Bertussi, V. C. et al., (2024) | Estudo transversal quantitativo | Analisar a associação entre fatores de risco para suicídio e atitudes relacionadas à segurança do paciente entre profissionais de enfermagem da Atenção Primária à Saúde. | Profissionais com histórico de saúde mental apresentaram atitudes menos positivas sobre segurança do paciente, mostrando a relação entre saúde mental e assistência. |
Percepções dos profissionais de enfermagem sobre o paciente pós tentativa de suicídio | De Oliveira Liba, Ykaro Hariel Alves et al., (2016) | Estudo descritivo qualitativo | Identificar as percepções dos profissionais de enfermagem sobre os cuidados prestados a pacientes após tentativa de suicídio. | As percepções variaram de indiferença à empatia; revelou necessidade de capacitação para melhor assistência. |
Contributos da enfermagem à pessoa com conduta suicida na emergência: Um desafio no cotidiano | De Lima Gomes, Juliana et al. (2022) | Estudo descritivo, qualitativo | Analisar as contribuições da enfermagem no atendimento a pessoas com conduta suicida na emergência. | Identificou-se a necessidade de preparo técnico e emocional dos profissionais de enfermagem para lidar com situações de tentativa de suicídio, destacando a importância da humanização no atendimento. |
Assistência de enfermagem em pacientes com diagnóstico de depressão na rede de atenção de saúde mental de Imperatriz- MA | Dos Reis Sousa, Sulamita. (2022) | Pesquisa de campo | Conhecer a assistência de enfermagem em pacientes com diagnóstico de depressão na rede de atenção de saúde mental em Imperatriz-MA. | entrevista por meio da plataforma Google Forms com questões objetivas de múltipla escolha apoiado sob aspectos teóricos adquiridos em artigos, dissertações, teses e autores consagrados nos ramos da Psicologia e Enfermagem. |
Vivências dos profissionais de enfermagem frente ao paciente com risco de suicídio | Carvalho, R. R. S., (2015) | Estudo exploratório qualitativo | Conhecer as vivências dos profissionais de enfermagem ao cuidar de pacientes com risco de suicídio. | Revelou o impacto emocional e a importância de suporte psicológico e capacitação dos profissionais. |
Experiências de acolhimento segundo profissionais de um centro de atenção psicossocial | Pegoraro RF, Bastos LSN (2017) | Estudo qualitativo de natureza descritiva | Identificar as concepções sobre o processo de atendimento realizado em um Centro de Atenção Psicossocial | Notou-se mudanças na forma de realizar o acolhimento a partir de mudanças na demanda do CAPS, bem como apresentaram pontos positivos e dificuldades da realização de grupos de atendimento. |
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise dos 15 artigos selecionados nesta revisão integrativa, evidencia que a assistência humanizada de enfermagem é uma prática determinante no cuidado a pacientes com transtorno depressivo que tentaram suicídio. Os estudos apontam que estratégias como acolhimento, escuta qualificada, vínculo terapêutico e intervenções individualizadas contribuem diretamente para a redução de novas tentativas de autoextermínio e para a melhoria da adesão ao tratamento.
Gusmão et al. (2021) evidenciam que o atendimento em saúde mental deve contemplar aspectos emocionais e sociais, reforçando a necessidade de intervenções empáticas e direcionadas à singularidade do sujeito. Da mesma forma, Guedes et al. (2023) demonstram que a percepção da equipe de enfermagem sobre o acolhimento no ambiente de urgência influencia diretamente o desfecho clínico e emocional desses pacientes, reforçando a importância de uma abordagem humanizada no momento inicial do atendimento.
Dos Reis Sousa (2022) apontou as peculiaridades na assistência a pacientes com perfil psicológico depressivo, enquanto Carvalho (2015) e Pegoraro (2017), notaram que diferentes abordagens dentro das práticas humanizadas e não humanizadas acarretaram em diferentes desfechos na assistência prestada aos pacientes.
Bertussi et al. (2024) e Silva e Soratto (2024) destacam que o acolhimento imediato e contínuo, quando pautado na ética e na empatia, fortalece a confiança do paciente na equipe, criando um ambiente seguro e propício à recuperação. Isso é reforçado por Oliveira et al. (2021) e Santos (2017), que salientam que a humanização promove o vínculo terapêutico e fortalece a adesão ao tratamento, especialmente entre indivíduos com histórico de sofrimento psíquico crônico. E Da Costa Lima et al. (2021) e Pypcak et al. (2022), expõem dentre as dificuldades da implementação de um cuidado de enfermagem humanizado, a compreensão deficitária por parte dos enfermeiros sobre o tema.
Diniz et al. (2020) abordam os aspectos neuroquímicos da depressão, apontando que o cuidado humanizado deve integrar o conhecimento técnico à sensibilidade do profissional, promovendo intervenções baseadas tanto na evidência quanto na subjetividade do paciente. Já Silva e Marcolan (2021) revelam, por meio de uma análise epidemiológica, que a ausência de práticas preventivas, muitas vezes associadas à falta de humanização, pode contribuir para o agravamento dos quadros depressivos e o aumento das tentativas de suicídio.
A escuta qualificada, mencionada por Costa et al. (2019) e Izidre e Herkert (2020), foi identificada como ferramenta terapêutica essencial, principalmente entre adolescentes, público vulnerável à ideação suicida. Esses estudos mostram que o cuidado deve ir além da técnica, envolvendo o reconhecimento do sofrimento e o respeito à singularidade do indivíduo.
Fontão et al. (2020), Carbogim et al. (2019) e Paes et al. (2020) reforçam que, embora haja avanço na formação dos profissionais, ainda existem lacunas significativas quanto à capacitação para o cuidado em situações de crise suicida, o que impacta diretamente a qualidade e a humanização da assistência. Conforme mencionado por De Oliveira Liba et al. (2026) e De Lima Gomes et al. (2022), a necessidade de capacitação técnica e emocional é necessária para que seja preenchida a lacuna existente na prática do cuidado humanizado.
Portanto, os achados sustentam o objetivo central deste estudo: a assistência humanizada de enfermagem contribui de forma efetiva para a prevenção de novas tentativas de suicídio, fortalecimento emocional e melhoria no engajamento terapêutico de pacientes com transtorno depressivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente revisão integrativa permitiu concluir que a assistência humanizada de enfermagem desempenha um papel fundamental na abordagem de pacientes com transtorno depressivo e histórico de tentativa de autoextermínio. Através da análise dos estudos selecionados, foi possível observar que o acolhimento ético, a escuta qualificada, o vínculo terapêutico e a valorização da subjetividade do paciente são estratégias que favorecem a redução de novas tentativas de suicídio e fortalecem a adesão ao tratamento.
Contudo, os artigos também revelam que muitos profissionais ainda enfrentam dificuldades, tanto emocionais quanto técnicas, ao lidar com pacientes em sofrimento psíquico intenso. Isso evidencia a importância de investimentos contínuos em educação permanente, capacitação específica e políticas públicas que incentivem práticas humanizadas e integradas em saúde mental.
Conclui-se, portanto, que a humanização do cuidado de enfermagem não é apenas um diferencial, mas uma necessidade concreta e urgente no contexto da saúde mental, sendo essencial para um atendimento ético, eficaz e verdadeiramente transformador.
REFERÊNCIAS
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1Graduanda em Enfermagem pelo Instituto de Ensino Superior de Brasília – IESB
2Docente do curso de Graduação de Enfermagem pelo Instituto de Ensino Superior de Brasília – IESB