REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7319830
Maria Helena Ferreira1
Renilda Lima de Almeida1
Tamyssa Simões dos Santos2
RESUMO
Objetivo: Abordar a relevância da assistência de enfermagem para o parto humanizado, sob a ótica da parturiente, baseado em uma revisão integrativa da literatura. Método: O método de revisão integrativa foi proposto, com buscas realizadas, nas bases de dados: Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Google Acadêmico, com artigos dos últimos 10 anos e que se enquadraram nos critérios de inclusão e exclusão de pesquisa. Resultados: A totalidade dos 10 artigos pesquisados representa a amostra dos resultados, que contribuíram para a elucidação das evidências científicas categorizadas nos eixos, a saber: A atuação do profissional de enfermagem obstétrica e as implicações da assistência humanizada da enfermagem obstétrica na perspectiva da mulher. Discussão: Em linhas gerais, a proposta de assistência pré-natal e puerperal pela enfermagem é bastante favorável e deve estar associada ao processo de humanização, bem como ao conjunto de condutas acolhedoras, com fácil acessibilidade nos serviços de saúde, sem intervenções desnecessárias e na prestação da assistência aos serviços de saúde de qualidade. Conclusão: Com os estudos propostos observou-se que, para o momento do parto, as intervenções pautadas no cuidado, na ética, no bem-estar, conforto e segurança são relevantes para a efetivação da assistência humanizada, que por sua vez contribuirá para o protagonismo da parturiente e no respeito ao processo fisiológico, favorecendo assim para o nascimento saudável e na integralidade da assistência de enfermagem. Sob a percepção das parturientes, a assistência farmacêutica contribui para: Assegurar o parto humanizado, a valorização da fisiologia, diretos de integralidade da saúde, adesão às consultas, conforto emocional, prevenção de complicações, sentimento de acolhimento, cuidado, carinho e respeito, monitoramento e acompanhamento desde o pré-natal, bem-estar fisiológico e mental, orientações da saúde da mulher e consequentemente redução dos riscos de morbimortalidade.
DESCRITORES: Parto. Enfermagem obstétrica. Assistência humanizada.
ABSTRACT
Objective: To address the relevance of nursing care for humanized childbirth, from the perspective of the parturient, based on an integrative review of the literature. Method: The integrative review method was proposed, with searches carried out in the following databases: Regional Library of Medicine (BIREME), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) ) and Google Scholar, with articles from the last 10 years that met the inclusion and exclusion criteria for research. Results: The totality of the 10 articles researched represents the sample of results, which contributed to the elucidation of the scientific evidence categorized in the axes, namely: The performance of the obstetrical nursing professional and the implications of humanized obstetric nursing care from the perspective of women. Discussion: In general terms, the proposal for prenatal and puerperal care by nursing is quite favorable and must be associated with the humanization process, as well as with the set of welcoming behaviors, with easy accessibility in health services, without unnecessary interventions and in the provision of assistance to quality health services. Conclusion: With the proposed studies, it was observed that, for the moment of delivery, interventions based on care, ethics, well-being, comfort and safety are relevant for the effectiveness of humanized care, which in turn will contribute to the protagonism of the parturient and respecting the physiological process, thus favoring a healthy birth and the integrality of nursing care. Under the perception of parturients, pharmaceutical care contributes to: Ensuring humanized childbirth, valuing physiology, health integral rights, adherence to consultations, emotional comfort, prevention of complications, feeling of reception, care, affection and respect, monitoring and follow-up from prenatal care, physiological and mental well-being, women’s health guidelines and, consequently, reduced risk of morbidity and mortality.
DESCRIPTORS: Childbirth. Obstetric nursing. Humanized assistance
1 INTRODUÇÃO
Caracterizado como um período de várias transformações de cunho fisiológico, psicológico e hormonal, o período de gravidez representa um fenômeno que promove várias transformações no organismo e nos sistemas: reprodutor, cardiocirculatório, digestivo, respiratório, urológico, osteoarticular e, ainda, importantes modificações endócrinas, hematológicas, metabólicas e mamárias. Em consequência a essas adaptações, podem-se observar também, quadros de lombalgia, dispneia, edemas, inseguranças, medos, que representam alguns dos problemas que refletem na qualidade de vida da gestante, tornando indispensável o papel do enfermeiro nesse contexto (PERUZZI; BATISTA, 2018).
Os tipos de partos se diferem em seus métodos, o parto normal é um procedimento natural de nascimento, no qual a gestante tem uma recuperação rápida. O parto cesáreo é considerado uma operação, em cuja cirurgia o nascimento do bebê se dá por uma incisão na parede abdominal e do útero, sendo indicado em casos de risco à gestante e/ou feto. (SOUZA; MORAES; SILVA, 2021).
No processo de assistência às mulheres, Pereira (2018) afirma que desde a década de 90, o trabalho das parteiras tradicionais foi substituído pelo trabalho técnico para a hospitalização, com responsabilidades médicas para as devidas soluções e após décadas desse marco, no Brasil, o parto hospitalar foi dominante, como também a nível mundial, mesmo sem evidências efetivas de garantia às gestantes e seus bebês haja vista, a assistência na atenção ao parto é tema polêmico e alo de intensos debates e críticas, quando observadas as elevadas taxas e mortalidade materna nesse período.
Nesse limiar, a assistência às mulheres apresenta características hospitalares fragmentadas e curativas, com a valorização elevada da tecnologia, intervenções desnecessárias e foco nos resultados em curto prazo e lucratividade, baixa humanização e consequentemente partos traumáticos e cirurgias que acarretam a violência obstétrica, a mortalidade da mulher e do bebê, bem como a violência obstétrica (RADINS, 2019).
No cenário nacional, a violência obstétrica ainda não possui um conceito legal, haja vista, ter sido abolida pelo entendimento do Ministério da Saúde (MS), em que não há intenção por parte dos profissionais da saúde em provocar danos às pacientes e representa uma violência que atinge todas as classes sociais, com destaque para mulheres negras da rede pública de camadas periféricas e pobres, o que destaca as questões socioeconômicas e o racismo estrutural (ZOUEIN, 2019).
Paulatinamente a essa realidade, observa-se uma ascensão da Medicina privada visando melhorar a nível quantitativo os partos no país, ao passo que o uso irregular de medicamentos e tecnologias corroborou para o aumento também da morbimortalidade materna e neonatal, além de práticas de violência obstétrica. Nesse contexto, a Estratégia Rede Cegonha (RC) foi desenvolvida em 2011, pautada em reorganizações dos serviços obstétricos, onde incentiva a Enfermagem Obstétrica (EO), com assistência na centralidade da mulher e pautada na humanização, visando a garantia da integralidade, segurança, dignidade e respeito (LANSKY et al., 2019).
A EO através do Sistema Único de Saúde (SUS), se pauta na Portaria MS/GM n. 985, sancionada em 5 de agosto de 1999, a qual obteve novas atualizações através da Portaria n. 11, de 7 de janeiro de 2015. Observa-se que os cuidados da enfermagem obstétrica (EO) são voltados à saúde da mulher, nos processos de prénatal, parto, puerpério e família, bem como nos processos de saúde reprodutiva, além de incentivar nas práticas seguras de humanização, o que reflete para a qualidade da assistência obstétrica, juntamente com a equipe multidisciplinar (DUARTE et al., 2019).
Em linhas gerais, questiona-se: Qual a relevância da assistência de enfermagem para o parto humanizado, sob a ótica da parturiente? Como objetivo, o presente trabalho visa abordar acerca da relevância da assistência de enfermagem para o parto humanizado, sob a ótica da parturiente, baseado em uma revisão integrativa da literatura.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa. A pesquisa foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Google Acadêmico, utilizando as seguintes palavras-chave: Enfermagem; Parto humanizado; Percepção da mulher, previamente identificados no portal dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS), que permite o uso da terminologia comum em português, inglês e espanhol, ligados pelo operador booleano “AND”.
Como critérios de inclusão obtiveram-se publicações realizadas nos últimos 10 (dez) anos, nacionais, internacionais e revisões de literatura simples, com texto completo disponível para leitura, de forma gratuita, que colaborassem para a resposta à pergunta norteadora que foi: Qual a relevância da assistência de enfermagem para o parto humanizado, sob a ótica da parturiente?
Foram utilizados artigos que relatam a relação da assistência de enfermagem no processo de humanização no trabalho de parto. Os critérios de exclusão foram: estudos de opinião; estudos com metodologia inadequada, ou que não se enquadram nos objetivos desta revisão.
O processo de seleção dos artigos seguiu uma adaptação do modelo proposto por Conforto, Amaral e Silva (2011), que utilizou filtros de seleção baseados nos critérios de inclusão do estudo, de forma que foram selecionados artigos originais, que se relacionam ao tema proposto. Desse modo, para a composição da pesquisa foi encontrado um quantitativo de 26.339 artigos, com os descritores utilizados nas referidas plataformas de busca, a saber: plataforma BVS, foram encontrados somente 509 artigos, dos quais foram observados na plataforma LILACS 428, tratando-se da Medline 2 e 25.400 no Google Acadêmico.
Foram triados 671 que se adequaram aos critérios de inclusão, sendo então selecionados para leitura dos títulos 110 e 42 para o texto na íntegra. A partir desta análise, evoluíram para a leitura dos resumos, sendo realizada a exclusão dos artigos repetidos, restando 26 artigos. Estes foram lidos na íntegra e após essa etapa, 10 estudos foram incluídos e compõem o material utilizado para discutir a temática proposta.
O fluxograma abaixo detalha o processo de seleção do material para construção desta revisão.
3 RESULTADOS
Para a pesquisa, a seleção dos artigos para o desenvolvimento da revisão está elencada na Tabela 1, que segue:
Tabela 1 – Síntese da Revisão Integrativa com os trabalhos mais relevantes para a pesquisa,
em ordem crescente do ano de publicação
AUTORES | OBJETIVO | METODOLOGIA | RESULTADOS | CONCLUSÃO |
Vargens, O. M. Da C.; Vasconcellos, A. C. Da S.; Progianti, 2017 | Destacar intervenção enfermagem obstétrica no part humanizado em maternidades públicas. | Pesquisa transversal, quantitativa e descritiva. | Das duas maternidades pesquisadas a, a maternidade (A) teve maior prevalência de enfermeiras obstétricas e 4% apenas dos partos teve a episiotomia | A atuação da humanização é observada na prática de enfermagem, que favorece o parto sem interferir na fisiologia sob a percepção da mulher, principalmente porque tal prática vem ocorrendo na institucionalização do parto, refletindo em expectativas quanto a queda da mortalidade neonatal e materna, além de impulsionar a tecnocracia, muito utilizada para a assistência feminina. |
Nascimento, F.C.V. do, Silva, M.P. da; Viana, M.R.P., 2018 | Destacar a relevância do profissional de enfermagem no momento do parto. | Revisão integrativa de literatura | A atuação da enfermagem no momento do parto contribui para que as parturientes se sentirem seguras e confortáveis, o que favorece para o trabalho de parto ativo, com maior vínculo desde o prénatal. | O cuidado do profissional de enfermagem foi caracterizado como indispensável e favorável para o conforto e segurança das parturientes. |
Pereira et al., 2018 | Promover uma explanação acerca das práticas assistenciais humanizadas para a gestação e o parto com foco para as regiões sul e sudeste brasileiras | Pesquisa baseada em revisão narrativa de literatura | Os resultados positivos do suporte para mudança no modelo assistencial do parto são favoráveis para uma assistência humanizada e voltada para o autocuidado e de forma barata. | As decisões relativas ao tipo de parto devem ser de escolha da gestante, no entanto, essa possibilidade de forma heterogênea foi identificada entre os estados das regiões sul e |
acolhimento, conforto e cuidado. | ||||
Ferreira Jr., A. R. et al., 2021 | Destacar as potencialidades da atuação da enfermagem, bem como suas limitações no Centro de Parto Normal(CPN). | Pesquisa exploratória, qualitativa e descritiva. | O enfermeiro no CPN contribui com boas práticas para o parto, todavia, sefaz necessário uma maior visibilidade e reconhecimento de suas atribuições no processo materno-infantil. | Um dos grandes desafios se baseia na autonomia dos enfermeiros de forma ampliada e na gestão do cuidado clínico |
Semedo, A. C. S 2021 | Analisar qual a melhor prática realizada pelosenfermeiros obstétricos para o parto humanizado. | Pesquisa bibliográfica | As estratégias das competências dos enfermeiros especializados foram importantespara o aumento da satisfação de 33.01% dasmulheres e 90,7% para redução da percepção da dor. | Com a pesquisa proposta houve favorecimento para o parto humanizado, contribuindo para o protagonismo da autonomia da parturiente. |
Camargo et al. 2022 | Analisar as mulheres sobre as suas percepções dos cuidados dasenferrneiras obstétricas no parto na água. | Estudo qualitativo e empírico | Observam-se os resultados como satisfatórios, onde se baseiam em ambientes considerados com elevado acolhimento e expectativas baseadas em confianças, tendo a mulher no controle do próprio parto. | No estudo observado, a percepção da mulher durante o parto demonstrou ser uma intervenção de enfermagem favorável, segura e pautada no carinho e respeito. |
Jacob et al. 2022 | Observar a atuação dos enfermeiros na assistência àsmulheres no Centro de parto normal | Pesquisa qualitativa exploratória e descritiva | O estudo indicou que a atuação de enfermagem se baseou no cuidado obstétrico e humanizado, como também no prénatal. | O estudo apontou evidências de humanização na assistência de enfermagem obstétrica, o que é considerada relevante para reduzir métodos invasivos e valorização do parto e a fisiologia. |
Nascimento et al. 2022 | Observar os enfermeiros e sua atuação naprevenção da violência obstétrica. | Pesquisa descritiva, exploratória e qualitativa | O papel desempenhado pelos enfermeiros foi relevante par as | A proposta de execução de boas práticas de assistência e de maiores estudos |
4 DISCUSSÃO
Nesta etapa de pesquisa, sequencialmente são apresentados dois eixos temáticos que respondem à questão norteadora da pesquisa. A proposta de discussão se pautou nos resultados da revisão, segundo a tabela supracitada.
EIXO 1 – A humanização na assistência ao parto
De acordo com Vargens, Vasconcellos e Progianti (2017), o parto tem caráter mecanicista, o que requer intervenções e uso de técnicas e procedimentos medicalizados. O Brasil é considerado um dos países de taxa mais elevada de cesarianas. Assim, com a banalização e a medicalização do corpo há a necessidade de humanização do parto, que por meio do Ministério da Saúde e através de intensa medicalização do parto, corroborou para grandes índices de mortalidade, o que impulsionou a necessidade de promover melhorias e redução dessas taxas e assim favorecer uma participação mais ativa dos enfermeiros obstétricos.
Segundo Pereira et al. (2018), a proposta da humanização no âmbito obstétrico, visa mudanças no acesso, resolutividade, qualidade e assistência conforme o MS dispõe, logo, faz-se necessário reduzir uma gestação com modelo tecnicista, com ações preventivas e promover uma gestação mais humanizada, para maior efetividade do protagonismo da mulher, com maior segurança e conforto para o processo parturitivo.
De acordo com Nascimento, Silva e Viana (2018), o parto humanizado favorece fatores como: liberdade da mulher como protagonista da escolha do tipo de parto, além do conjunto de condutas voltadas para o nascimento saudável e da promoção do parto; ações preventivas da morbimortalidade, respeito ao processo fisiológico, além das intervenções que devem ser voltadas ao protagonismo da mulher no momento do parto, assemelhando-se a pesquisa de Pereira et al. (2018).
Para Camargo et al. (2022), a intervenção do parto humano foi considerada uma experiência positiva na água, com satisfação e o desejo para próximos partos. Os benefícios da humanização englobam experiências voltadas à: individualidade, redução de intervenções desnecessárias, bem-estar na expectativa de um parto que contribuirá para um bebê saudável, direito à privacidade, melhorias para cuidados seguros e com desmedicalização do parto regional. Já assistência do parto na água adota protocolos adequados, que são considerados como benéficos para o alívio da dor, contribuindo para o relaxamento e para liberdade de movimentos.
EIXO 2 – As implicações da assistência humanizada da enfermagem obstétrica na perspectiva da mulher
Consoante Ferreira et al. (2021), as necessidades da parturiente para uma assistência humanizada devem se pautar na redução das taxas de mortalidade, em práticas voltadas à melhor eficiência do trabalho de parto, na promoção da segurança do recém-nascido, como também da gestante e na melhoria de resultados neonatais e através da fisiologia da mulher. Nesse contexto, a prática da enfermagem na perspectiva da mulher contribui para que a parturiente atue ativamente no processo do parto, agindo como protagonista, assegurando a atenção humanizada e com direito ao nascimento seguro, o que favorece o cenário obstétrico brasileiro na reorganização da enfermagem para o seu reconhecimento profissional qualificado.
Pereira et al. (2018) observou que mesmo fazendo tentativas de ações destinadas para assegurar o bem-estar do recém-nascido e da mãe, o aumento das taxas de parto cesáreo é uma realidade inegável, logo, evidencia-se a necessidade de assistência humanizada para que mudanças no paradigma da saúde da mulher sejam efetivas. Desse modo, o trabalho do profissional de enfermagem, com equipe multidisciplinar, se faz necessário para que os direitos e o bem-estar da mulher e recém-nascidos sejam cumpridos através de um modelo humanizado.
Assim, o profissional de enfermagem favorece para o cuidado holístico, integral e cuidado interpessoal, pois, suas experiências atuam na área da saúde sexual e reprodutiva, com informações esclarecedoras e dos direitos das mulheres. As experiências das mulheres foram favoráveis, pois, os enfermeiros foram percebidos pelas: empatias, bondade, respeito, amor, cuidado ético e humano.
De acordo com Jacob et al. (2022), o dado de cesariana pela Organização Mundial da Saúde não pode ultrapassar 10%, no entanto, no Brasil essa prática atinge 55%. Somada a esta realidade, problemas de acesso às redes de atenção, medicalização, manobra de Kristeller, bem como práticas ineficazes são comuns nos serviços de assistência materna. Logo, o papel da enfermagem obstétrica é significativo para o cuidado da saúde da mulher e através de suas evidências científicas e práticas seguras contribui na redução de partos instrumentalizados, resgatando assim a humanização e a valorização do parto baseado na fisiologia, com assistência ao parto normal, seguro e qualificado. Assim, dentre as 11 participantes de sua pesquisa, apontaram que as enfermeiras obstétricas se pautaram em: escutas efetivas, avaliação qualificada quando assistida desde o pré-natal, garantindo também o acompanhamento humanizado, com orientações, conversas e o estabelecimento de vínculo de cuidado e confiança. Logo, houve o reconhecimento da atenção individualizada e humanizada, desde o pré-natal pelas parturientes.
Conforme afirma Veloso et al. (2020), a enfermagem atua de forma indispensável, pois, trabalha para a garantia da parturiente ter uma atenção humanizada e, efetiva, com igualdade e com um modelo humanizado com base em filosofia institucional, além de incentivar a busca e o respeito à fisiologia de mulher livre de violência obstétrica.
Sob a linha de análise de Semedo (2021), o enfermeiro especialista apresenta habilidades técnicas, legais e éticas na saúde obstétrica, assim, contribui para competências e cuidados específicos realizados com domínio na resolução de problemas no parto humanizado, visto que, promove uma percepção positiva nas parturientes tais como: alívio da dor, melhoria na técnica de respiração, intervenção reduzida e com o aumento de satisfação.
Para Silva et al. (2020), as maternidades pesquisadas no Rio de Janeiro demonstram que a assistência humanizada, com práticas pautadas em boas práticas, com ênfase na fisiologia e através de métodos não invasivos revelam o papel da enfermagem na transformação da assistência obstétrica, para o cuidado humanizado e empoderamento da mulher como protagonista do processo parturitivo. O profissional de enfermagem favorece a atenção humanizada, assegurando o respeito, o cuidado e atuando em intercorrências da gestação e o acolhimento nas maternidades.
Sob a perspectiva de Nascimento et al. (2022), os profissionais de enfermagem são significativos para que discussões acerca de prevenção da violência obstétrica seja enfatizada, como também, acerca das boas práticas de assistência ao parto. Assim, evidencia-se o papel desses profissionais na educação em saúde, colaborando com informações preventivas e acerca da relevância do parto humanizado. Dentre as 10 enfermeiras pesquisadas, observou-se uma relutância de se falar sobre o tema e violências verbais, físicas e vexatórias, onde tais práticas também são recorrentes nas maternidades. Logo, a necessidade de um parto humanizado, acolhedor, confortável deve ser contemplado, assegurando os direitos constitucionais básicos da assistência da saúde da mulher.
5 CONCLUSÃO
Os estudos elencados na revisão de literatura apontam a relevância da enfermagem obstétrica, sob a perspectiva da mulher, uma vez que, contribui para: o protagonismo de mulher no processo parturitivo, oferta de suporte emocional, assistência humanizada, a fim de proporcionar segurança e conforto através de esclarecimentos e informações de escuta ativa, além de contribuir na redução das taxas de morbimortalidade e consequentemente o bem-estar materno, o que refletirá no momento do parto e informações de direitos pertinentes à saúde da mulher.
A proposta de assistência de enfermagem pré-natal e puerperal deve estar associada ao processo de humanização, bem como ao conjunto de condutas acolhedoras, com fácil acessibilidade nos serviços de saúde, sem intervenções desnecessárias e na prestação da assistência aos serviços de saúde de qualidade.
Logo, o papel da enfermagem contribui para que as gestantes se sintam confortáveis, desde o pré-natal, com práticas educativas, de acolhimento, acesso a informações, as quais sob o ponto de vista destas sãos favoráveis, pois, contribuem para: o sentimento de conforto, segurança, confiança além de uma assistência ética e que melhoram o momento do parto, através da efetivação da humanização.
Assim sendo, sob a percepção das puérperas a assistência farmacêutica favorece nos seguintes aspectos, a saber: Assegurar o parto humanizado, a valorização da fisiologia, diretos de integralidade da saúde, adesão às consultas, conforto emocional, prevenção de complicações, sentimento de acolhimento, cuidado, carinho e respeito, monitoramento e acompanhamento desde o pré-natal, bem-estar fisiológico e mental, orientações da saúde da mulher e consequentemente redução dos riscos de morbimortalidade.
Em suma, pode-se considerar que este estudo atingiu seu propósito inicial de colocar sobre análise a temática proposta. Todavia, se torna adequado salientar que, este estudo não pretendeu exaurir a discussão, uma vez que as questões discutidas podem ser ampliadas.
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1Acadêmicas do Curso de Enfermagem – Centro Universitário Mário Pontes Jucá – UMJ
2Docente orientadora do Curso de Enfermagem – Centro Universitário Mário Pontes Jucá – UMJ