ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10208024


Adriana Alves do Nascimento Reis Costa¹
Ana Beatriz Siqueira Marrocos²
 Rosimeire do Carmo³
Sâmia Correa Silva4


RESUMO 

Introdução: Considerando que o período gravídico é composto por diversas alterações, ressalta-se a importância da enfermagem frente a gestação e o puerpério afim de promover a educação em saúde e incentivar a busca por informações, pois a falta ou a prestação ineficaz da assistência de enfermagem nesse período pode aumentar os riscos de morbimortalidade. Objetivo: Discorrer sobre a importância da enfermagem na assistência ao pré-natal e pós-parto afim de evitar e reduzir complicações durante o período gestacional e puerpério. Método: Trata se de uma revisão integrativa de literatura realizada a coleta de dados por meio de buscas eletrônicas nas seguintes bases de dados científicas: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), tendo como critérios de inclusão artigos com publicação entre os anos de 2018 a 2023 no idioma português, foram selecionados somente artigos que abrangem o escopo do trabalho, totalizando em 16 estudos inclusos.  Resultados: A partir dessas observações, os resultados apontam para a atuação do profissional enfermeiro na atenção a mulher em seu ciclo gravídico puerperal, destacando que sua atuação abrange desde a prevenção e promoção de saúde até a identificação precoce de patologias maternas. Conclusão: O estudo permitiu conhecer e ressaltar pontos relevantes sobre a prática do profissional enfermeiro no processo do cuidado a mulher em seu ciclo gravídico puerperal, contribuindo para redução significativa do índice e da probabilidade de complicações e patologias durante o período gestacional e puerperal.   

Palavras-chave: Assistência de enfermagem. Pré-natal. Puerpério. Orientações na gestação. 

ABSTRACT:  

Introduction: Considering that the pregnancy period is made up of several changes, the importance of nursing in the face of pregnancy and the postpartum period is highlighted in order to promote health education and encourage the search for information, as the lack or provision of nursing care During this period, the risk of morbidity and mortality may increase. Objective: Discuss the importance of nursing in prenatal and postpartum care in order to avoid and reduce complications during the gestational and postpartum period. Method: This is an integrative literature review carried out by collecting data through electronic searches in the following scientific databases: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), having as inclusion criteria articles published between 2018 and 2023 in Portuguese, only articles that cover the scope of the work were selected, totaling 16 studies included. Results: Based on these observations, the results point to the role of professional nurses in caring for women in their pregnancy and puerperal cycle, highlighting that their role ranges from prevention and health promotion to the early identification of maternal pathologies. Conclusion: The study allowed us to understand and highlight relevant points about the practice of professional nurses in the process of caring for women in their pregnancy and puerperal cycle, contributing to a significant reduction in the rate and probability of complications and pathologies during the gestational and puerperal period. 

Keywords: Nursing assistance. Prenatal. Postpartum. Guidance during pregnancy. 

1.INTRODUÇÃO  

A assistência qualificada no período gravídico é importante para a realização de um parto e nascimento saudável, e tem o intuito de prevenir complicações, identificar problemas e reduzir danos durante o pré-natal, parto e puerpério (CARNEIRO et al., 2022). Essa assistência deve basear-se em fatores associados à mortalidade materna e neonatal, reforçando a acessibilidade e a qualidade dos cuidados (VILELA; PEREIRA, 2018). 

O objetivo do pré-natal, de acordo com a definição dada pelo Ministério da Saúde, é “assegurar o desenvolvimento da gestação permitindo o parto de um recémnascido saudável, sem impacto para a saúde materna” (Brasil, 2012).  De mesmo modo, o período puerperal é definido como o período após a dequitação que se estende até o 42º dia, compreendido como uma fase de diversas modificações psicoemocionais, sociais, físicas e hormonais (ZUGAIB, 2016). 

O profissional enfermeiro desempenha um papel essencial na assistência prénatal e puerperal, atuando de forma integrada com os demais profissionais de saúde (SILVA, 2023). Sendo assim, o enfermeiro é capacitado para intervir nas estratégias de promoção da saúde, prevenção de doenças e uso da humanização na assistência prestada (GOMES, 2023). Em sua atuação compete acompanhar e apoiar as mães neste momento de transição do ciclo de vida, promovendo informações para que a mulher possa desenvolver autonomia em suas ações, proporcionando-lhe segurança nas escolhas (SANTOS, 2021). 

Partindo deste pressuposto, é neste momento em que há a necessidade de acolher e adaptar-se às demandas individuais em cada caso, sendo essencial a educação em saúde e o incentivo à procura de informação, evidenciando que a falha ou a prestação inadequada dessa assistência de enfermagem no período gravídico puerperal leva ao aumento da morbimortalidade materna e perinatal (COSTA, 2020). 

Nessa perspectiva, o estudo justifica-se pela sua relevância na pretensão de contribuir na melhoria na qualidade dos cuidados à saúde materna e neonatal e reforçar a importância da equipe de enfermagem no que diz respeito à promoção e prevenção saúde da mulher direcionada ao pré-natal e puerpério. 

Após o exposto acima, surge a questão norteadora desta pesquisa: Como a assistência de enfermagem contribui para prevenção de complicações durante o ciclo gravídico puerperal? 

Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo discorrer sobre a importância da enfermagem na assistência ao pré-natal e puerpério de forma a manter condutas e orientações eficazes, reduzindo assim o índice e a probabilidade de complicações durante o período gestacional e puerperal. 

2.MATERIAIS E MÉTODOS  

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que visa coletar e sintetizar descobertas de estudos realizados através diferentes metodologias, com a finalidade de contribuir para a compreensão do tema investigado (SOARES, et al., 2014). 

As buscas foram realizadas no período de agosto a outubro de 2023 nas seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Virtual da Saúde (BVS). Os descritores utilizados foram: Assistência de enfermagem, Pré-natal, Atenção Primária, Pós-parto e Puerpério. Os operadores booleanos “AND” e “OR” foram utilizados para cruzar descritores e palavras-chave. 

Foram definidos como critérios de inclusão: artigos com período de publicação entre 2018 e 2023 e no idioma português, que estivessem relacionados aos temas apresentados neste trabalho. E como critérios de exclusão: Edições de obras duplicadas; relatórios gerenciais; notas prévias; dossiês e artigos que não abrangem o escopo do estudo. 

O processo de busca de artigos ocorreu em três etapas: Inicialmente foi realizada uma busca individual entre os três pesquisadores; após este processo os títulos e os resumos de cada publicação foram lidos atentamente para verificar se atendiam aos critérios de inclusão, sendo excluídos artigos que não atenderam aos critérios de inclusão e artigos duplicados; depois foram mantidos somente artigos que abrangem o escopo do estudo, estes foram submetidos a uma análise na íntegra do seu conteúdo.   

Após o termino das três etapas e leitura minuciosa na íntegra dos artigos, esta revisão foi fundamentada em uma amostra final composta por um total de 16 artigos completos inclusos.  

3.RESULTADOS E DISCUSSÕES  

3.1A importância do acompanhamento Pré-Natal na Promoção de Saúde  

Na assistência ao pré-natal é essencial ofertar uma experiência positiva e qualificada, por meio da promoção do cuidado respeitoso, individualizado e centrado na mulher a cada contato, com a implementação de práticas efetivas e informações relevantes. No entanto, é essencial enfrentar os desafios de acesso e considerar fatores sociais e culturais na prestação desse cuidado (SANTOS, 2021). 

Estudos evidenciaram a importância de um acompanhamento pré-natal adequado, pois ele representa papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante (CARNEIRO et al., 2022). Entre as principais patologias e fatores de risco estão as Infecções, Diabetes Mellitus Gestacional, Hipertensão, descolamento da placenta, eclâmpsias e pré-eclâmpsias (SILVA, 2023).  

A qualidade da atenção pré-natal na Atenção Primária à Saúde (APS), realizada de forma a valorizar os aspectos subjetivos do cuidado bem como às particularidades da gestante e de sua família. Isso requer a promoção de um cuidado singular pautado em protocolos bem delineados e embasados em evidências científicas, e promovendo uma comunicação eficaz no âmbito da rede de atenção à saúde (AMORIM et al., 2022). A saúde da mulher deve ser vista como um todo, transcendendo o estado biológico de reprodução, concedendo o direito de participar nas decisões sobre sua saúde e acesso as informações pertinentes a sua gestação (CABELLO et al., 2018). 

Ações educativas realizadas pela equipe de saúde como meio de promover a saúde materna. Utiliza de esclarecimento de dúvidas sobre o processo gestacional e fornecimento de informações sobre cuidados a serem tomados. (CARDOSO et al., 2019). O acompanhamento pré-natal destaca-se como fator essencial na prevenção e proteção de fatores de risco gestacionais, possibilitando a identificação e o manuseio clinico (PAULA; BARBOSA, 2019).  

Nesse sentido, ressalta-se que é essencial que o enfermeiro preste uma assistência de qualidade desde o início da gestação até o parto, a fim de prevenir patologias inerentes à gestação e promover melhor qualidade de vida no período gravídico e pós-parto, além de contribuir para a redução de complicações e para a promoção de saúde (SILVA, 2023). 

3.1.1 Acesso Limitado 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de consultas recomendadas é de no mínimo 6 (seis), sendo ideal uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre, e deve haver médicos e enfermeiros entre eles (BRASIL, 2013). Porém, há uma problemática acima desse processo devido existência de falhas na assistência, como início tardio, número insuficiente de consultas e realização incompleta dos procedimentos necessários (SILVA, 2023).  

Conforme observado por Costa (2020), mulheres em áreas rurais e de baixa renda enfrentam dificuldades para acessar serviços de saúde, o que compromete a eficácia desses cuidados pré-natais. É evidente que as relações entre os fatores sociodemográficos influenciam nos resultados sobre a saúde materna e infantil (PAULA; BARBOSA, 2019). Esses fatores podem estar relacionados ao nível macroestrutural, como questões sociais econômicas ou também determinadas pela qualidade de vida a qual a gestante está condicionada (COSTA, 2020).  

O enfermeiro deve fazer a coleta de informações quanto ao contexto em que a mulher está inserida, e reconheça as situações de vulnerabilidade sociais do binômio mãe-bebê e utilize a Rede de Atenção à Saúde para enfrenta-las (SANTOS, 2021). Seguindo os princípios do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) em que toda gestante tem o direito a uma assistência humanizada, segura e de qualidade durante a gestação, parto e puerpério (CARDOSO et al., 2019)  

A implementação de políticas públicas é fundamental para garantir que todas as gestantes tenham acesso ao acompanhamento pré-natal e proporcionar qualidade a assistência ofertada as gestantes. Todas as orientações dadas pelos profissionais de saúde às gestantes durante o pré-natal são parte importante desse processo de cuidado (GOMES, 2023). 

3.2Integralidade dos cuidados de enfermagem durante o período puerperal 

Estudos demonstram que o período após o parto é um momento de grande vulnerabilidade devido às alterações e a adaptação do binômio mãe-filho. Além disso, é um momento em que a atenção de todos se volta para o recém-nascido e o cuidado com a mãe é deixado de lado (ZUCHATTI, 2020). Os intensos efeitos hormonais no organismo da mulher, aumentam o risco de doenças mentais, principalmente em mulheres que tiveram complicações obstétricas (ROSALINO, 2020).  

Salienta-se que a saúde materna requer maior atenção nesse período, pois o pós-parto é uma fase que pode causar grandes prejuízos à vida da mãe, e compreender os fatores de risco para o desenvolvimento desses danos é fundamental para traçar um plano de intervenção na prevenção, detecção precoce e tratamento (SANTOS, 2021).  

Conforme a recomendação da Rede Cegonha, o regresso da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde deve ocorrer entre 7 a 10 dias após o parto, e devem ser incentivados não somente durante o pré-natal, mas também na maternidade e nas visitas domiciliares pelos agentes comunitários de saúde (Brasil, 2012).  

Preconizado a Primeira Semana de Saúde Integrada (PSSI), que inclui uma estratégia de saúde com ações de assistência pós-parto às mulheres e aos recémnascidos. Visto que boa parte das situações de morbidade e mortalidade materna e neonatal ocorrem na primeira semana após o parto, essas ações têm o intuito de contribuir para a prevenção e promoção da saúde (VILELA; PEREIRA, 2018). 

É fundamental que a equipe de saúde, principalmente o profissional de enfermagem, esteja atento a sinais e sintomas da mulher puérpera para poder ofertar um cuidado de qualidade a essa mulher (ZUCHATTI, 2020). Além disso, é necessário a conscientização do profissional acerca da importância da consulta puerperal e se comprometer com essa questão, promovendo atividades educativas durante o prénatal e fortalecer a referência e contra referência entre a atenção básica e a maternidade onde ocorreu o parto (VILELA; PEREIRA, 2018). 

3.2.1Depressão Pós-Parto  

Durante o puerpério a mulher passa pelo processo de adaptação a essa nova fase, logo, a vulnerabilidade em que a puérpera se encontra diante da nova mudança de rotina e os desafios para o cuidado com o recém-nascido geram uma tendência para o déficit do autocuidado (FERREIRA et al., 2021). Nesse período, então, a mulher terá de se adaptar e investir ao corpo não grávido, muitas vezes sentindo-se pressionada a exercer a maternidade, mostrando para si e para o mundo que é capaz de ser mãe. Depara-se, então, em um estado de mudanças hormonais, físicas e emocionais significativas que, dependendo de sua história de vida e do apoio ofertado pelas pessoas ao seu redor, podem levar a ajustes psicológicos a longo prazo (ROSALINO, 2020). 

O período pós-parto tem sido considerado como um momento da vida da mulher em que os transtornos mentais, especialmente a depressão, são mais prevalentes, podendo persistir por vários anos e manifestar-se de maneira recorrente, principalmente se não for tratada desde os primeiros sintomas, que muitas vezes estão presentes durante a gravidez (BRITO et al., 2022).  Além disso, estudos também indicam que ter tido depressão em algum momento da vida ou durante a gestação aumenta a probabilidade de desenvolver depressão no período pós-parto. Nesse contexto, um fator frequentemente relacionado à Depressão Pós-Parto (DPP) é o nível de apoio social recebido pela mulher somados a grandes mudanças que ocorrem com a chegada de um novo membro a dinâmica familiar (RODRIGUES; LEMES; PINHEIRO, 2020). 

Nesse sentido, é importante salientar que o enfermeiro desempenha um papel crítico, abrangendo tanto a identificação precoce da depressão quanto a assistência a mulheres durante o pré-natal e após o parto (ROSALINO, 2020). O apoio profissional intensivo dos enfermeiros no período puerperal torna-se significativo como parte integral do cuidado, incluindo a educação e encaminhamento para recursos psiquiátricos quando necessário (FERREIRA et al., 2021). No entanto, durante a assistência de enfermagem, os profissionais tendem a lidar muito mais com os problemas físicos em detrimento do bem-estar das mães, e nem sempre compreendem a dimensão emocional e psicológica da puérpera (ROSALINO, 2020).  

O enfermeiro deve estar atento ao cuidado do binômio mãe-filho, garantindo a integralidade do cuidado para com eles (FERREIRA et al., 2021). É crucial não ignorar qualquer sintoma relacionado a DPP que surja durante a gestação.  Após o rastreamento dos sintomas, os profissionais de saúde têm a oportunidade de iniciar intervenções e tratamento precocemente, que pode envolver educação sobre práticas de autocuidado, como manter uma alimentação saudável, aumentar a atividade física, garantir um descanso adequado e construir uma rede de apoio (RODRIGUES; LEMES; PINHEIRO, 2020).  

A enfermagem tem papel importante na prevenção da DPP através da educação em saúde, escuta ativa do nascimento e acompanhamento das necessidades das mães, como na terapêutica através da identificação precoce, criação de rede de apoio e encaminhamento adequado (SOUZA et al., 2020). O encaminhamento aos membros da equipe interdisciplinar, capacitados para oferecer cuidados farmacológicos, psicoterapia e aconselhamento familiar, minimizando o impacto negativo que pode ter no relacionamento entre mãe e filho, bem como no desenvolvimento da criança (RODRIGUES; LEMES; PINHEIRO, 2020).  

3.3A atuação da enfermagem no pré-natal e puerpério 

A enfermagem desempenha um papel fundamental como facilitadora no processo de desenvolvimento da autonomia da gestante, proporcionando-lhe segurança nas escolhas realizadas. Nesse contexto, as gestantes estarão mais preparadas, munidas de conhecimento sobre si mesmas, sobre a gestação e a maternidade, e psicologicamente preparadas para vivenciar os momentos de parto, nascimento de um filho e pós-parto. O atendimento humanizado à mulher, com ênfase na educação em saúde, constitui a abordagem mais eficaz para garantir a adesão ao acompanhamento pré-natal e as orientações fornecidas pelos profissionais de saúde a respeito de todo o processo da gestação, parto e puerpério (SILVA, 2023). 

No contexto da enfermagem, as prerrogativas legais permitem que o enfermeiro desempenhe um papel significativo na prestação de assistência de saúde à gestante, parturiente, puérpera e recém-nascido. Segundo a Lei n.º 195/1997 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), o enfermeiro pode solicitar exames de rotina e complementares como parte de suas atividades profissionais conforme os protocolos estabelecidos. Além disso, a consulta de enfermagem na rede básica de saúde segue um roteiro estabelecido pelo Ministério da Saúde, com respaldo legal garantido pela legislação do exercício profissional e pelo Decreto n.º 94.406/87 (PAULA; BARBOSA, 2019). 

Similarmente, a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem permite que o pré-natal de baixo risco seja acompanhado integralmente pelo enfermeiro, pois o mesmo possui embasamento teórico-científico e respaldo legal para prestar assistência nesse contexto (CARDOSO et al., 2019). Diante do exposto, cabe ressaltar que o SUS preconiza, dentre seus princípios, a integralidade da assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo de ações, serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigido em cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema. Além disso, destaca-se que a integralidade na assistência depende primordialmente de quem a prática, neste caso, o enfermeiro (PAULA; BARBOSA, 2019). 

O enfermeiro atua de maneira a ofertar assistência integral a gestante por meio de ações e procedimentos técnicos, cujo objetivo é criar condições para promoção de saúde à gestante, visando melhorar a qualidade da assistência e assegurar uma gestação sem intercorrências (GOMES, 2023). A literatura aponta que o cuidado que abrange a educação em saúde, visando construir conhecimento para a mulher, reduz as complicações maternas e neonatais de maneira inclusiva. Essa abordagem deve ser embasada em políticas públicas destinadas a promover um cuidado direcionado para as necessidades e inquietações da mulher durante esse período de transição, por meio de programas educacionais (SANTOS, 2021).  

Outro ponto relevante a ser destacado é a recomendação que a gestante participe do acompanhamento pré-natal, não se limitando apenas à interação com os profissionais de saúde. Nesse sentido, o momento desse acompanhamento estendese além das consultas, sendo incorporado a utilização da Caderneta da Gestante, que se trata de um instrumento de importância, uma vez que abarca tantas informações de natureza clínica quanto orientações destinadas à gestante e à sua rede de apoio. Através dela, é possível adquirir conhecimento e promover reflexões aprofundadas sobre a evolução da gestação e do processo da parturição (COSTA, 2020). 

É fundamental que o profissional de enfermagem compreenda seus fundamentos e a importância da assistência integral e escuta qualificada, afim de promover o acolhimento e fortalecer as relações interpessoais entre eles e a mulher no seu ciclo gravídico-puerperal (CARDOSO et al., 2019). O enfermeiro visto como protagonista para transformar o período pré-natal e pós-parto em um momento menos agravante a saúde da mulher (ZUCHATTI, 2020). 

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Através deste estudo pôde-se ressaltar a importância da enfermagem na assistência ao pré-natal e pós-parto, enfatizando que desempenha um papel central na Promoção de saúde a mulher em seu ciclo gravídico puerperal e na Prevenção de complicações maternas e neonatais por meio de condutas e orientações práticas.  

Dessa forma, o objetivo estabelecido neste estudo foi alcançado, visto que foi possível identificar a integralidade do papel desempenhado pelos profissionais de enfermagem nesse contexto, uma vez que sua atuação abrange desde a prevenção e identificação precoce de complicações potenciais até a promoção do bem-estar físico e emocional de gestantes e puérperas.  

Conforme os resultados obtidos, conclui-se que a prática do profissional enfermeiro no processo do cuidado se faz presente nos dois momentos estudados: pré-natal e puerpério, tendo atuação direcionada aos aspectos fisiológicos e emocionais da mulher, contribuindo para a redução significativa do índice e da probabilidade de complicações e patologias durante o período gestacional e puerperal.   

No entanto, sugere-se que estudos posteriores, especialmente aqueles aplicados, possam se interessar por essa temática, introduzindo o conhecimento como colaborador no meio acadêmico e profissional sobre a importância da assistência qualificada e as funções do profissional de enfermagem durante o ciclo gravídico puerperal. 

REFERÊNCIAS 

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ZUGAIB, M. Zugaib obstetrícia básica. 3. Ed. – Barueri, SP: Manole, 2016. 


¹Graduandos do curso de Bacharel em Enfermagem, Centro Universitário UniLS – Brasília, DF. ** Professora orientadora do Centro Universitário UniLS no curso de Enfermagem.