REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411211827
Andressa Trajano Torres1
Beatriz de Araújo Luz1
Geovana Hellen Sales Santos1
Reysa Kelly Craveiro da Silva Almeida2
Conceição Ceanny Formiga Sinval Cavalcante2
RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista caracteriza-se como uma síndrome que afeta o desenvolvimento motor e psiconeurológico. O profissional de enfermagem possui papel fundamental na assistência do paciente portador do autismo, haja vista que este profissional atua diretamente na identificação precoce de sintomas do transtorno e prestação de cuidados. A presente pesquisa objetiva identificar, através de um revisão bibliográfica, quais condutas enfermagem envolvem-se na assistência aos pacientes com transtorno do espectro autista, no âmbito da atenção primária. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com vistas a avaliar e sumariar decorrências por meio do delineamento de uma temática ou indagação. A busca de amostragem foi realizada através do acesso eletrônico às bases científicas Google Acadêmico, Biblioteca Scientific Electronic Library Online, Cochrane Library e Biblioteca Virtual em Saúde, com os seguintes critérios de inclusão: produções disponíveis na íntegra, nacionais e internacionais, publicadas entre os anos de 2020 e 2024, que contemplassem a temática da pesquisa. Resultados: Ao fim do processo de seleção, oito artigos foram incluídos para revisão integrativa. A amostra encontrada reforçou a importância da atuação de enfermagem no âmbito das identificações diagnósticas iniciais do TEA, mas destacou a ausência de capacitação e conhecimento acerca do transtorno e manejo clínico adequado. Conclusão: Evidenciou-se entraves relevantes relacionados ao conhecimento e diagnóstico precoce do autismo na atenção primária. Assim, ações de educação permanente são necessárias diante da complexidade do transtorno e de sua prevalência atual. Ademais, é possível inferir que, apesar da relevância da temática, encontrou-se um número reduzido de publicações sobre a temática, favorecendo o desconhecimento de profissionais acerca do diagnóstico e acompanhamento.
Palavras-chave: Autismo. Cuidados de Enfermagem. Atenção Primária à Saúde.
ABSTRACT
Autism Spectrum Disorder is characterized as a syndrome that affects motor and psychoneurological development. The nursing professional has a fundamental role in the care of patients with autism, since this professional acts directly in the early identification of symptoms of the disorder and the provision of care. The present research aims to identify, through a literature review, which nursing conducts are involved in the care of patients with autism spectrum disorder, in the context of primary care. Methodology: This is an integrative literature review, with a view to evaluating and summarizing consequences through the delineation of a theme or question. The sample search was carried out through electronic access to the scientific databases Google Scholar, Scientific Electronic Library Online, Cochrane Library and Virtual Health Library, with the following inclusion criteria: fully available productions, national and international, published between the years 2020 and 2024, which contemplated the theme of the research. Results: At the end of the selection process, eight articles were included for integrative review. The sample found reinforced the importance of nursing practice in the context of the initial diagnostic identifications of ASD, but highlighted the lack of training and knowledge about the disorder and adequate clinical management. Conclusion: Relevant obstacles related to knowledge and early diagnosis of autism in primary care were evidenced. Thus, continuing education actions are necessary in view of the complexity of the disorder and its current prevalence. In addition, it is possible to infer that, despite the relevance of the theme, a small number of publications on the theme was found, favoring the lack of knowledge of professionals about diagnosis and follow-up.
Keywords: Autism. Nursing Care. Primary Health Care.
1. INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) trata-se de uma condição crônica, identificada na infância, que afeta aproximadamente 2% da população mundial. A classificação nosográfica do TEA engloba uma natureza dimensional, que interconecta diversas condições e ultrapassa fronteiras em torno dos rótulos diagnósticos. O transtorno apresenta múltiplas etiologias, combinando fatores ambientais e genéticos, e as manifestações deste podem comprometer o desenvolvimento do indivíduo ao longo da vida (Central of Disease Control, 2018; Bezerra et al., 2023).
O transtorno autístico não apresenta causa definida. Contudo, estudos referem a predisposição genética como fator determinante, por meio de mutações espontâneas durante o desenvolvimento fetal. Porém, há também evidências de fatores ambientais, tais como: estresse, infecções, exposição às substâncias nocivas na gestação e desequilíbrios metabólicos (Rabha et al., 2021).
A prevalência do autismo é quatro vezes maior entre crianças do sexo masculino, em comparação ao sexo feminino. Estima-se que no Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas possuam o transtorno do espectro autista. Deste público, 400 a 600 mil possuem idade inferior a 20 anos. Assim, compreende-se que a patologia tende a afetar de modo majoritário jovens e crianças (Araújo et al., 2019; Santos et al., 2019).
O diagnóstico do TEA é baseado nas alterações comportamentais apresentadas pelo paciente e inclui avaliação do comportamento social, comunicativo, adaptativo, trejeitos atípicos e aspectos cognitivos (Bezerra et al., 2023). De acordo com o quadro sintomatológico, pode-se classificar o TEA em: autismo clássico, Síndrome de Asperger e o Transtorno Desintegrativo da Infância (BRASIL, 2022).
Os padrões sintomáticos do autismo podem ser percebidos ainda nos primeiros anos de vida do indivíduo, e o diagnóstico realizado até três anos de idade. As consultas de enfermagem e puericultura, que possuem caráter puramente clínico, são fundamentais no reconhecimento de comportamentos restritivos e déficits no desenvolvimento psicossocial da criança. Logo, o profissional de enfermagem pode auxiliar diretamente no rastreio precoce do autismo (Moraes; Ferreira, 2023)
A assistência de enfermagem quando implantada de modo sistemático pode contribuir diretamente para a melhora no enfrentamento das problemáticas vivenciadas pelo paciente autista e sua rede familiar, haja vista que, o cuidado de enfermagem é fundamental na promoção da qualidade de vida e saúde, prevenção de agravos e estímulo do desenvolvimento das habilidades sociais, culturais e motoras do paciente (Lord et al., 2018).
No âmbito da assistência à saúde, o profissional de enfermagem desempenha um papel crucial, sendo um agente terapêutico no cuidado de pacientes com TEA. Além de prestar assistência direta aos pacientes, este profissional pode intervir positivamente no suporte emocional e na aceitação do diagnóstico, trazendo uma abordagem fundamental para promover o bem-estar de toda a família e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (COFEN, 2021).
A Atenção Primária à Saúde- APS representa a entrada principal para o acolhimento de indivíduos com condições de neurodesenvolvimento, visto que, nas consultas de puericultura realizadas pela equipe de enfermagem, ocorre a triagem, avaliação dos marcos de desenvolvimento infantil e a identificação precoce dos sinais de TEA. Assim, a aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem- SAE é fundamental para garantir a assistência holística ao paciente com TEA, desde o diagnóstico até o acompanhamento cotidiano (Filha et al., 2019).
Neste contexto, o acompanhamento do profissional de enfermagem aos pacientes com o transtorno expressa a necessidade de formação de uma rede de apoio e suporte, bem como de intervenções favoráveis à promoção do autocuidado, redução de estresse e manutenção do bem-estar e autonomia (Moura; Fernandes, 2019).
A laboração dos enfermeiros diante das características do TEA é essencial, exigindo do profissional atitudes fundamentadas na individualidade do paciente. Assim, este assume o protagonismo no processo de cuidar, apoiado nos diagnósticos e intervenções de enfermagem. Ao considerar o comprometimento do autocuidado e atividades cotidianas, tais como; alimentar-se, vestir-se e higienizar-se, as potenciais intervenções de enfermagem devem voltar-se ao uso de estratégias lúdicas frente a cada atividade com motivação reduzida (Magalhães et al., 2022).
Ainda que a consulta de enfermagem seja primordial no cuidado ao paciente com TEA, diversos entraves permeiam a identificação precoce do transtorno e, por consequência, afetam o tratamento e acompanhamento do paciente. A falta de recursos e treinamento adequados pode limitar a capacidade do profissional de enfermagem no reconhecimento do quadro sintomatológico do transtorno (Steyer; Lamoglia; Bosa, 2018).
Nesta perspectiva, portanto, este estudo tem por objetivo principal identificar, através de um revisão bibliográfica, quais condutas enfermagem envolvem-se na assistência aos pacientes com transtorno do espectro autista, no âmbito da atenção primária. Busca-se delinear as principais ações de enfermagem relacionadas a triagem e diagnóstico precoce e identificar possíveis entraves e desafios que permeiam a oferta de saúde integral aos indivíduos com TEA.
2. METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com vistas a avaliar e sumariar decorrências por meio do delineamento de uma temática ou indagação. Galvão e Ricarte (2019) afirmam que, devido à sua abordagem metodológica, a revisão integrativa possibilita a análise e síntese de múltiplos resultados a despeito de um assunto ou tema, favorecendo uma compreensão abrangente do fenômeno analisado. Ademais, possibilitam o reconhecimento de lacunas nas áreas de estudo.
Para a laboração do estudo, adaptou-se a operacionalização metodológica proposta por Mendes, Silveira e Galvão (2019), baseada em etapas interligadas: formulação da questão de pesquisa, elaboração dos critérios de inclusão e exclusão, coleta de dados, análise dos estudos selecionados, interpretação dos resultados e apresentação da revisão de conhecimento.
Consoante ao planejamento das variáveis de interesse, a questão norteadora seguiu os parâmetros do acrômio PICo, sendo População, Interesse e Contexto.
P: pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA);
I: assistência de enfermagem;
Co: atenção primária em saúde.
Destarte, tem-se a seguinte questão norteadora: como se dá a assistência de enfermagem frente ao transtorno do espectro autista, no âmbito da atenção primária?
Os parâmetros adotados para a seleção das amostras incluíram artigos específicos relacionados à pesquisa, sem restrições de idioma. Os critérios de inclusão foram: produções disponíveis na íntegra, nacionais e internacionais, publicadas entre os anos de 2020 e 2024, que contemplassem a temática da pesquisa. Foram excluídas publicações fora do intervalo temporal e que não atendessem os critérios de seleção.
Em harmonia com a elaboração dos critérios de elegibilidade e com a questão norteadora do estudo, a busca de amostragem foi realizada através do acesso eletrônico às bases científicas: Google Acadêmico, Biblioteca Scientific Electronic Library Online (SciELO), Cochrane Library e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Com o propósito de tornar a busca fidedigna aos objetivos da presente pesquisa, utilizou-se os seguintes descritores: ‘’transtorno do espectro autista’’, ‘’atenção primária’’ e ‘’enfermagem’’, os quais agruparam-se através da expressão booleana AND.
Os resultados coletados foram avaliados através de leitura exploratória, com agrupamento das produções por nível de evidência, segundo a seriação hierárquica de Stetler et al. (1998). Houve, portanto, a categorização, codificação e resumo de desfechos logrados, permitindo uma interpretação ampla e imparcial. A tradução e leitura laboriosas permitiram uma análise minuciosa dos dados obtidos.
Diante desta premissa, os dados quantitativos foram digitados e analisados no aplicativo Microsoft Excel 2016, enquanto os dados qualitativos foram averiguados através de análise de conteúdo, com inclusão ou descarte de estudos. Desta maneira, os resultados foram apresentados descritivamente, sintetizados através de quadro, e serão discutidos à luz da questão norteadora da presente pesquisa.
Esta pesquisa dispensou a apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), visto que os dados que subsidiaram os resultados são secundários e de acesso público, disponíveis em plataformas de conexão livre. Portanto, esta pesquisa encontra-se em anuência com as diretrizes e normas regulamentadoras da Resolução nº 466/2012.
Fluxograma 1. Processo de seleção das amostras
Fonte: Autores (2024)
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao fim do processo de seleção, 08 (oito) artigos foram incluídos para revisão integrativa. Seguindo os critérios de elegibilidade e respondendo à questão norteadora da presente pesquisa, as publicações foram categorizadas conforme ano de publicação, autores, tipologia do estudo, objetivos e nível de evidência. Os artigos selecionados estão dispostos no quadro sinóptico abaixo:
Quadro 1. Variáveis dos artigos incluídos na revisão integrativa.
ANO | AUTORES | TIPOLOGIA DO ESTUDO | OBJETIVO | N.E. |
2023 | MEDEIROS, T. de S. P. et al.1 | Revisão integrativa da literatura | Analisar a atuação do enfermeiro na vigilância do desenvolvimento infantil, e no rastreamento dos sinais precoces de autismo na puericultura. | II |
2022 | SILVA, A. C. G. et al. | Revisão integrativa da literatura | Descrever a atuação do enfermeiro na APS junto a equipe multiprofissional no atendimento à criança com TEA e sua família. | II |
2021 | CORRÊA, I. S.; GALLINA, F.;SCHULTZ, L. F. | Pesquisa descritiva de abordagem qualitativa estruturada | Descrever o conhecimento da enfermeira da Estratégia da Saúde da Família sobre indicadores para a triagem do TEA e sua experiência na aplicabilidade na consulta de puericultura. | V |
2023 | OLIVEIRA, A. R. P. de.; MORAES, J. R. M. M. de.; CABRAL, I. E. | Pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa | Descrever as percepções de enfermeiros sobre detecção precoce dos sinais de alerta do TEA nas consultas de puericultura | V |
2023 | MORENO, C. V. C.; ANDRADE, R. V. de. | Revisão bibliográfica | Perceber a contribuição do enfermeiro(a) durante as consultas de puericultura a identificação precoce da síndrome de Asperger como um transtorno do espectro autista, de modo a contribuir para a disseminação de informações e promover maior conscientização e compreensão social. | II |
2024 | VIEIRA, J. M.; AZEVEDO, B. M. da S. de.; SILVESTRE, M. A. D. de O. | Revisão sistemática | Analisar a atuação do enfermeiro da atenção primária frente ao paciente portador do TEA, o impacto da assistência qualificada de enfermagem na atenção primária e as adversidades encontradas durante a assistência. | II |
2021 | CARVALHO, R. R. C. S. et al. | Revisão bibliográfica descritiva | Analisar como a literatura científica brasileira reporta a assistência do enfermeiro a crianças autistas no âmbito da Atenção Básica à Saúde. | II |
2021 | BECERRA, M. D.; CAFIERO, P.; MARQUIANI, D. | Estudo de coorte retrospectivo | Fornecer informações sobre como lidar com os pacientes diagnosticados com TEA no primeiro nível de cuidado, descrevendo a população de pacientes em tratamento especificando características do processo de diagnóstico, acompanhamento e tratamento dos pacientes. | IV |
Fonte: Autores (2024)
A priori, ressalta-se que os resultados encontrados reforçam a importância da atuação de enfermagem no âmbito das identificações diagnósticas iniciais do TEA. O estudo proposto por Medeiros e colaboradores (2023) afirma que há limitações relevantes no conhecimento de profissionais de enfermagem, no contexto da assistência ao TEA. Os autores destacam que a assistência holística ao paciente com o transtorno representa um grande desafio para os profissionais da saúde e atribui aos enfermeiros a garantia de maior eficácia no tratamento.
A produção científica da amostra, em totalidade, aborda a respeito da atuação de enfermagem frente ao acolhimento e tratamento de crianças autistas, salientando a consulta de puericultura como oportuna para avaliação da saúde mental. De acordo com Pedraza et al. (2023) o enfermeiro deve ser capaz de avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor, a alimentação e ações básicas da infância. Tais aspectos são descritos como fundamentais para a avaliação de um possível diagnóstico de TEA.
Santos Filho et al. (2020) aborda que a avaliação do profissional de enfermagem durante a consulta de puericultura possui grande relevância para a descoberta do autismo. Desta forma, o conhecimento desse profissional com relação às manifestações clínicas do TEA na infância é fundamental para o diagnóstico médico e intervenções de enfermagem.
Silva e estudiosos (2022), destacam similarmente a importância do enfermeiro no atendimento a crianças com o transtorno do espectro autista. Todavia, os autores apontam lapsos no conhecimento teórico e capacitação frente a este atendimento, resultando em dificuldades para o diagnóstico precoce e acompanhamento holístico.
Consoante ao autor precedente, Carvalho et al. (2021) constata o papel primordial dos profissionais de enfermagem frente ao TEA. Contudo, a pesquisa indica que os entraves relacionados à assistência e acolhimento são reflexos da complexidade da sintomatologia do TEA, destacando a pluralidade de etiologias e fatores, dificultando, sobremaneira, o diagnóstico precoce.
De modo complementar, Feifer et al. (2020) afirma que a fragilidade citada na assistência de enfermagem inicia-se ainda na formação acadêmica, onde a carga horária destinada ao ensino da temática é reduzida, testificando a dificuldade de formar profissionais capacitados para atuar frente ao TEA.
Nascimento e colaboradores (2018) afirmam que os profissionais de enfermagem referem diversas dificuldades nos serviços de referência que o paciente deve ser encaminhado, demonstrando a necessidade de protocolos da descrição da rede de atenção do SUS ou organogramas para a triagem da patologia. Todavia, as diretrizes do Ministério da Saúde de Atenção à Reabilitação da Pessoa com TEA já contemplam o projeto terapêutico singular, dispondo de fluxograma específico para acompanhamento e atendimento na rede de atenção à saúde do SUS (BRASIL, 2015).
Santos et al. (2024) destaca que inúmeros instrumentos de triagem do TEA podem ser utilizados para o rastreamento precoce na primeira infância, delineando possíveis sinais de risco. Dentre os instrumentos, destaca-se a escala Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT), recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria para crianças com idade igual ou superior a 18 meses.
Conjectura-se, portanto, que os profissionais de enfermagem enfrentam barreiras para a utilização de instrumentos próprios para a triagem e rastreamento do autismo. Nesse ínterim, Oliveira, Moraes e Cabral (2023) concordam com os estudos anteriores e reiteram a existência de lacunas que comprometem a identificação precoce de sinais de atraso no desenvolvimento infantil, ausência de coordenação do cuidado, além do déficit na qualificação da assistência.
Nunes et al. (2020) afirma que diante da falta de capacitação e divulgação de materiais facilitadores para o reconhecimento dos sinais e sintomas do TEA entre profissionais de saúde, impossibilita-se a avaliação e o planejamento de estratégias de acolhimento, com vistas a prover eficiência no auxílio ao diagnóstico.
Moreno e Andrade (2023) apresenta resultados divergentes, enfatizando a importância do enfermeiro na construção de uma abordagem holística e centrada no paciente com TEA. Os autores afirmam que a presença ativa e a conscientização do enfermeiro na atenção primária à saúde desempenham um papel primordial na prestação de cuidados específicos dos pacientes nessa população, e que estes possuem maestria nas estratégias de acolhimento e diagnóstico.
Corrêa, Gallina e Schultz (2021) concluem que o profissional de enfermagem deve ter aptidão para realizar o rastreamento de alterações do desenvolvimento, através de instrumentos dispostos nas diretrizes do Ministério da Saúde. A pesquisa destaca que, embora os profissionais de enfermagem sejam capazes de identificar na criança sinais de alteração no desenvolvimento infantil, há dificuldades para conceituar o TEA e aplicar instrumentos de triagem precoce.
Ao avaliar o conhecimento dos enfermeiros na abordagem ao paciente com TEA, Silva et al. (2022) sugere que a assistência e o conhecimento podem ser aprimorados a partir de treinamentos acerca da sintomatologia do transtorno e da utilização adequada do instrumento de Triagem de Desenvolvimento Infantil, presente na Caderneta de Saúde da Criança. Esta capacitação é necessária para que intervenções de enfermagem possam ser promovidas para apoiar a família no cuidado do portador de TEA.
Concordante aos achados anteriores, Vieira, Azevedo e Silvestre (2024) salientam a falta de conhecimento acerca do transtorno entre os profissionais de enfermagem da atenção básica. Os autores apontam que é necessário capacitar e reunir tais profissionais, com vistas a desenvolver o processo de enfermagem de modo efetivo.
Kroeger-Geoppinger et al. (2019) aponta que a ausência de formação específica dos profissionais de enfermagem em relação ao autismo resulta no desconhecimento das características da condição e compromete as práticas de cuidados. Desta forma, a ausência de conhecimento técnico sobre o transtorno representa um desafio significativo na assistência de enfermagem.
No que concerne o perfil dos pacientes atendidos pelos profissionais de enfermagem, a coorte realizada por Becerra, Cafiero e Marquini (2021) foi o único estudo da amostra a delinear o perfil epidemiológico de pacientes assistidos pelo primeiro nível de atenção. A pesquisa estrangeira apontou uma população heterogênea de crianças do sexo masculino (87,5%) e feminino (14,3%) o, com idade média de 8,1 anos. Os prontuários médicos avaliados levaram à conclusão de que apenas 28,57% dos pacientes receberam tratamento psicofarmacológico, destacando dificuldades na acessibilidade da abordagem terapêutica específica.
O perfil apontado pelo estudo corrobora com as afirmações de Vilar et al. (2019), onde a condição é prevalente no sexo masculino, com sintomatologia evidente ainda nos primeiros anos de vida. Quanto ao tratamento farmacológico, ressalta-se que o transtorno não possui cura e o uso de fármacos é indicado em quadros de irritabilidade, hiperatividade ou ansiedade (Montenegro et al., 2018).
Nesta perspectiva, portanto, repara-se que a assistência de enfermagem à pessoa com TEA é fundamental para promoção de um cuidado ativo às necessidades e ao sofrimento do paciente, livre de preconceitos e permeado de uma escuta qualificada e holística. Destaca-se que para melhorar o diagnóstico prévio, é necessário capacitar o profissional de enfermagem, visto que sem os conhecimentos necessários torna-se complexo identificar e acompanhar o paciente com TEA.
4. CONCLUSÃO
O transtorno do espectro autista afeta o neurodesenvolvimento em distintos níveis, comprometendo o indivíduo em diferentes áreas do desenvolvimento desde a primeira infância. A partir dos achados é possível refletir a importância da assistência de enfermagem diante da identificação precoce, cuidado e promoção de saúde da criança e de sua rede de cuidado familiar. Contudo, foi possível delinear entraves acerca do conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre o autismo.
A partir da análise dos estudos da amostra, observa-se a relevância do conhecimento de instrumentos de triagem que auxiliam no diagnóstico precoce. É necessário que o profissional de enfermagem possua conhecimentos teóricos e práticos relacionados à aplicabilidade de tais instrumentos, avaliando de modo frequente o indivíduo com os possíveis sintomas.
Embora possuam um papel fundamental no rastreio de sintomas precoces do TEA, estes profissionais, de modo frequente, não possuem capacitação durante ou após a sua formação. Diante destes fatos, constata-se, ainda, que mesmo que os instrumentos de triagem estejam disponíveis para aplicabilidade, há pouco conhecimento acerca de sua função, recomendação e uso adequado. Assim, ações de educação permanente são necessárias diante da complexidade do transtorno e de sua prevalência atual.
Ademais, é possível inferir que, apesar da relevância da temática, encontrou-se um número reduzido de publicações sobre a temática, favorecendo o desconhecimento de profissionais acerca do diagnóstico e acompanhamento. Propõe-se que esta pesquisa possa fomentar a realização de outras, com temática semelhante, contribuindo para a assistência de qualidade, disseminação do conhecimento e detecção precoce do transtorno ainda nos primeiros anos de vida do indivíduo. Desta forma, as lacunas relacionadas ao atendimento integral e a assistência prestada, serão minimizadas.
REFERÊNCIAS
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1Acadêmica do Curso de Graduação em Bacharelado em Enfermagem no Centro Universitário da Faculdade de Ensino Superior de Floriano – UNIFAESF.
2Docente do Curso de Graduação em Bacharelado em Enfermagem no Centro Universitário da Faculdade de Ensino Superior de Floriano – UNIFAESF.