REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10418670
Nayanna Ribeiro Quixaba;
Razmanna Lorena Silva Cobe;
Romeika Carla Ferreira de Sena;
Natasha Ribas de Figueiredo Ortiz Abreu;
Shayanne Moura Fernandes de Araujo.
RESUMO
As doenças tropicais negligenciadassão enfermidades transmissíveis altamente prevalentes em países tropicais e subtropicais. Trata-se de um grupo de doenças infecciosas provocadas por vírus, parasitas, fungos e bactérias e afetam inúmeros indivíduos em todo o mundo. Estas doenças deveriam ser menos persistentes, porém existem algumas falhas que contribuem para o aumento, entre elas o conhecimento insuficiente, falta de investimento em saúde e falha no sistema de saúde pública. O objetivo geral foi identificar através da literatura a assistência de enfermagem frente às doenças tropicais negligenciadas. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. A busca de dados foi realizada entre setembro a novembro de 2023, utilizando o portal da Biblioteca Virtual em Saúde com as seguintes bases de dados eletrônicas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; Medical Literature Analysis and Retrievel System Online; Scientific Electronic Library Online e a base de dados National Library of Medicine, onde foram usados os seguintes descritores, retirados do Descritores em Ciências da Saúde: “Doenças negligenciadas”, “Assistência de Enfermagem”, “Medicina tropical” e “Saúde Pública”, utilizando o operador booleano “AND” entre os descritores. Após aplicação de critérios de exclusão e inclusão, restaram o total de 07 artigos, dos quais foram discutidos no tópico dos resultados e discussão. É preciso uma visão mais humana e abrangente para perceber que essas doenças afetam populações negligenciadas e vulneráveis, que precisam de condições de vida dignas, saúde e justiça social. Os enfermeiros, inseridos neste contexto assistencial, devem ser capazes de compreender o paciente como um todo na sociedade contemporânea de modo eficaz, eficiente e efetivo. É notório que a participação da enfermagem é algo histórico e bastante plural, destacando-se as consultas de enfermagem, a busca ativa, a vacinação, as visitas domiciliares, a educação em saúde, a participação política e a educação profissional.
Palavras-chave: Doenças Negligenciadas. Assistência de Enfermagem. Medicina Tropical. Saúde Pública.
ABSTRACT
Neglected tropical diseases are highly prevalent communicable illnesses in tropical and subtropical countries. They constitute a group of infectious diseases caused by viruses, parasites, fungi, and bacteria, affecting numerous individuals worldwide. These diseases should be less persistent; however, several shortcomings contribute to their prevalence, including insufficient knowledge, lack of health investment, and failures in the public health system. The overall objective was to identify, through the literature, nursing care in the face of neglected tropical diseases. This is an integrative literature review. Data were searched between September and November 2023 using the Virtual Health Library portal with the following electronic databases: Latin American and Caribbean Health Sciences Literature, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, Scientific Electronic Library Online, and the National Library of Medicine database. The search utilized descriptors from the Health Sciences Descriptors: “Neglected Diseases,” “Nursing Care,” “Tropical Medicine,” and “Public Health,” employing the Boolean operator “AND” between descriptors. After applying exclusion and inclusion criteria, a total of 07 articles remained, which were discussed in the results and discussion section. A more humane and comprehensive perspective is needed to recognize that these diseases affect neglected and vulnerable populations, requiring dignified living conditions, health, and social justice. Nurses, within this care context, must understand the patient holistically in contemporary society effectively, efficiently, and effectively. The historical and diverse involvement of nursing is evident, including nursing consultations, active surveillance, vaccination, home visits, health education, political participation, and professional education.
Keywords: Neglected Diseases. Nursing Assistance. Tropical Medicine. Public health.
1 INTRODUÇÃO
As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) são caracterizadas como um grupo de doenças predominantes em países pobres e em desenvolvimento, presente nos continentes da África, América Latina e Ásia. Entretanto, cabe ressaltar que existem casos em países desenvolvidos. As DTNs são causadas por agentes infecciosos e parasitários classificados como vírus, bactérias, fungos, helmintos e protozoários. Estes agentes, por sua vez, afetam mais de 1 bilhão de indivíduos no planeta em aproximadamente 150 países que se destacam pela sua desigualdade e pobreza, de modo a ser um grande problema de saúde pública devido ao desinteresse e/ou desafios vivenciados pelos sistemas de saúde (Brito et al., 2022).
Dentro desse cenário, ressalta-se, que anualmente, mais de 200 mil indivíduos são vítimas das DTNs no mundo. No Brasil, ocorre aproximadamente mais de 10 mil óbitos anuais, principalmente por doença de Chagas, por exemplo. A desatenção frente às doenças é agravada pelo baixo investimento nos setores públicos e privados, pela falta de interesse da indústria na fabricação de novos medicamentos, métodos diagnósticos, vacinas, pesquisas devido ao perfil epidemiológico da população acometida e a indisponibilidade de dados para controle, além de serem fatores que dificultam o combate e contribuem com a prevalência das doenças (Santos et al., 2021; Brito et al., 2022).
Nesse contexto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são incluídas como DTNs, até o momento, a doença de Chagas, dengue, elefantíase, raiva, sarna, leishmaniose, hanseníase, esquistossomose, helmintíase, teníase, cisticercose, tracoma, bouba, micetoma, oncocercose, equinococose, úlcera de buruli, chikungunya, cromoblastomicose, drancunculose, tripanossomíase, infecções por trematódeos e envenenamento por cobras (Conceição et al., 2022).
Em diversas situações, não possuem diagnósticos e prescrição de tratamento de forma adequada e afetam mais facilmente populações precárias em locais menos favorecidos e em situação de vulnerabilidade, como áreas rurais e favelas, onde não há água potável e devidamente tratada, saneamento básico e más condições de higiene. Outro ponto importante foi a interferência do grande investimento em saúde nos últimos anos destinados à pandemia do Covid-19, no qual ocasionou grandes retrocessos em relação ao controle e prevenção das DTNs, cujo problema dificulta a erradicação e facilita o surgimento de novas doenças (Good et al., 2021).
No Brasil, destacam-se ações direcionadas majoritariamente dentre as DTNs à dengue, a qual recebe mais atenção, principalmente nas épocas de maior incidência de casos. Já as outras patologias aqui mencionadas são vistas com menor destaque e relevância, bem como os recursos destinados são menores ou de menor impacto no que diz respeito às campanhas de divulgação nas unidades básicas de saúde, redes sociais e comerciais de televisão. Infelizmente, há que se discutir ainda o desinteresse da indústria farmacêutica na fabricação de novos fármacos, métodos diagnósticos e desenvolvimento de vacinas para combater essas doenças, tendo em vista o perfil epidemiológico das populações mais atingidas e o retorno financeiro desejado (Souza et al., 2021).
Assim, a OMS propôs um plano, de 2021 até 2030, para mudar a situação das DTNs, cuja meta é combater as 20 doenças mais frequentes em áreas onde o acesso ao serviço e a qualidade de saúde são escassos, com vistas a incluir a participação de governos e comunidades. As metas para 2030 são: erradicar da lista duas doenças negligenciadas (a dracunculíase e a bouba); eliminar pelo menos uma dessas doenças de 100 países; reduzir em 90% o número de pessoas que fazem tratamento de DTNs e reduzir em 75% o tempo de vida perdido por incapacidade gerada por essas enfermidades (Brasil, 2022).
Para Martinho (2021), a importância da Enfermagem dentro desta realidade de modificações e cuidados é fundamental, considerando que uma de suas maiores características está associada à educação em saúde por excelência que está ontologicamente presente na formação dos enfermeiros. No entanto, é preciso que os sistemas políticos e a sociedade civil realmente reconheçam o valor destes profissionais essenciais para alavancar os sistemas de saúde.
A assistência de Enfermagem não só deve intervir nos problemas ligados a tais doenças, mas compreender que a assistência prestada a esse público é de suma importância e é traçada de acordo com os problemas e necessidades do portador de determinada patologia e da comunidade que o mesmo reside. Essa assistência deve ser realizada individualmente e coletivamente de maneira que facilite as ações de saúde, além de possibilitar autonomia e confiança ao indivíduo de forma que ele seja protagonista da sua saúde. Desse modo, este trabalho propõe-se a responder a seguinte pergunta de pesquisa: Quais são as ações da assistência de Enfermagem no controle e prevenção das doenças tropicais negligenciadas?
Desse modo, destaca-se a relevância dessa pesquisa, frente ao conhecendo das ações da enfermagem em seu cotidiano, uma vez que a presente temática poderá fortalecer o papel e a importância da sua assistência no que diz respeito às DTNs. Portanto, a parte da motivação em desenvolver este estudo encontra-se na imprescindível essência do papel do enfermeiro em ações de saúde pública. Por isso, é tão importante que desde a formação acadêmica, maiores reforços para a ampliação das discussões e conhecimento sobre os conceitos, formas de transmissão, fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção de cada uma das doenças negligenciadas para os profissionais de enfermagem possam desde a sua formação a sabedoria de poder assistir e enfrentar de forma eficaz os cuidados e atribuição ao contexto das DTNs.
Sendo assim, o objetivo geral deste estudo foi identificar através da literatura a assistência de enfermagem frente às doenças tropicais negligenciadas.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo revisão integrativa, o qual se origina por ser um método de pesquisa utilizado desde 1980, no âmbito da Prática Baseada em Evidências (PBE), que envolve a sistematização e publicação dos resultados de uma pesquisa bibliográfica em saúde para que possam ser úteis na assistência à saúde, acentuando a importância da pesquisa acadêmica na prática clínica (GIL, 2010).
A revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2019).
2.2 BASE DE DADOS E ESTRATÉGIA DE BUSCA
A busca de dados foi realizada entre setembro a novembro de 2023 utilizando o portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) com as seguintes bases de dados eletrônicas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE); Scientific Electronic Library Online (SciELO) e a base de dados National Library of Medicine (PUBMED), onde foram usados os seguintes descritores, retirados do Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Doenças negligenciadas”, “Assistência de Enfermagem”, “Medicina tropical” e “Saúde Pública”, utilizando o operador booleano “AND” entre os descritores.
Para uma melhor estruturação frente à elaboração do estudo, o mesmo seguiu o percurso metodológico descrito através do quadro 1:
Quadro 01 – Percurso metodológico
| 1 | Identificação do problema ou temática e questão norteadora |
| 2 | Critérios de inclusão/exclusão |
| 3 | Amostragem (seleção dos artigos) |
| 4 | Definição das informações que existe nos trabalhos revisados |
| 5 | Análise e interpretação dos artigos |
| 6 | Apresentação da revisão integrativa. |
Na primeira etapa, evidenciou-se a necessidade de ressaltar a questão norteadora do estudo, que é: quais são as ações da assistência de Enfermagem no controle e prevenção das doenças tropicais negligenciadas?
A segunda etapa constituiu-se pelo estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão e busca na literatura: os critérios de inclusão de artigos foram: artigos em inglês, espanhol e português, texto completo e tema relacionado ao estudo que abordem a temática do estudo nos últimos 10 anos.
Como critérios de exclusão, foram descartados estudos que não se relacionavam com a temática, editoriais, cartas ao editor, artigos incompletos, repetidos e que não respondessem à pergunta de pesquisa.
Na terceira etapa, depois de uma leitura cuidadosa, foi feita a seleção dos estudos de acordo com a temática abordada, objetivos, metodologia e a definição das informações foram extraídas dos estudos selecionados.
Na quarta etapa, foi realizada a avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa e análise através da correlação dos mesmos, que foi realizada com olhar crítico, com o intuito de buscar informações evidenciadas nos estudos corroborando ou confrontando as temáticas abordadas.
Na quinta etapa, foi realizada a análise do estudo, a leitura e releitura dos artigos. Em seguida, foram coletados dados sobre a identificação do artigo e autores, ano de publicação, objetivos do estudo, características metodológicas, resultados e conclusões, que foram analisados e categorizados de acordo com a temática. Os resultados foram investigados e discutidos conforme a literatura.
Por fim, a sexta etapa consistiu na apresentação da revisão e síntese do conhecimento assimilado. A importância do presente estudo se deu pela necessidade de ampliar e aprofundar os conhecimentos à cerca do atendimento do enfermeiro com este público nessa área considerada restritiva. Em relação aos objetivos, realizados na busca de artigos, deviam ter total relação com o tema deste estudo para melhor identificar e responder a todos os objetivos enfatizados pela presente pesquisa.
Os dados encontrados foram colocados no quadro 02 a partir do agrupamento dos artigos da seguinte forma: número; autores, revista, título e objetivos.
A avaliação dos artigos e outros documentos selecionados para a pesquisa se deram por meio da leitura dos títulos, resumos, objetivos e conclusão dos estudos. Além disso, foi feito uma dialética entre os autores no tópico discussão, buscando uma sequência lógica, respeitando a construção dos objetivos propostos, como proposta de método para discussão dos resultados.
Contudo, foi feita a apresentação da revisão, com dados pertinentes à atuação das principais ações do enfermeiro e a assistência de Enfermagem em relação às doenças tropicais negligenciadas, contemplando as etapas percorridas pelas autoras com o objetivo de atender a questão norteadora da pesquisa e seus objetivos.
A seguir, apresenta-se o fluxograma com a estratégia de busca dos artigos:
Figura 01-Fluxograma de Identificação, seleção e exclusão de artigos.
Fonte: (Elaboração das autoras, 2023).
Baseado no fluxograma acima supracitado e utilizando os descritores “Doenças negligenciadas”, “Assistência de Enfermagem”, “Medicina tropical” e “Saúde Pública” o operador boleano “AND”, foi realizado o cruzamento destes, sendo encontrado o quantitativo de 174 artigos, sendo na BVS (37) e PUBMED (137). Após aplicação dos critérios de exclusão e inclusão restaram o total de 07 artigos, sendo BVS (04) e PUBMED (03), dos quais foram discutidos no tópico dos resultados e discussão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No quadro 02, apresenta-se os 07 artigos que foram incluídos como resultado da pesquisa.
Os estudos inseridos no quando abaixo estão apresentados de uma forma que visa facilitar a identificação dos artigos e a extração de dados, cada artigo incluído recebeu um código, composto pela letra A referente a palavra artigo.
Quadro 02 – Artigos selecionados para o resultado da pesquisa.
| N° | AUTORES | REVISTA | TITULO | OBJETIVOS |
| A1 | SANTOS, Charles Souza et al. 2017. | Esc Anna Nery | Representações sociais de profissionais de saúde sobre doenças negligenciadas. | Analisar os conteúdos e a estrutura das representações sociais construídas pelos profissionais de saúde acerca das doenças negligenciadas. |
| A2 | BRITO, Maria Dairla dos Santos et al. 2017. | Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia | Papel de enfermagem na orientação preventiva de doenças infectoparasitarias negligenciadas. | Relatar ações que qualificam a assistência de enfermagem visando à prevenção dessas doenças infectoparasitárias para assim possibilitar uma intervenção adequada, visando à qualidade de vida de uma determinada população. |
| A3 | LÔBO, Cremeilda Dantas de Abrantes et al. 2018 | Rev Esc Enferm USP | O ensino da educação em vigilância em saúde na formação do enfermeiro. | Investigar o ensino da vigilância sanitária nos cursos de graduação em enfermagem no Brasil, buscando-se conhecer como essa temática é abordada durante o processo de formação dos enfermeiros. |
| A4 | SANTOS, Charles Souza et al. 2020. | Cogit. Enferm. | Dimensão prática das representações sociais dos profissionais de saúde sobre as doenças negligenciadas | Analisar a dimensão prática das representações sociais dos profissionais de saúde sobrem doenças negligenciadas. |
| A5 | SOBRAL, Natanael et al. 2020. | Inf. & Soc.:Est. | O qualis e os periódicos científicos na produção de conhecimento em doenças tropicais negligenciadas | Analisa o Qualis Capes e os periódicos científicos na produção de artigos em Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), considerando pesquisadores vinculados aos Programas de Pós-Graduação (PPG) e Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) aderentes às DTN e os servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). |
| A6 | ESTEQUI, Jeanine Geraldin et al. 2021. | Cuid Enferm. | O protagonismo da enfermagem nas doenças infecciosas e epidemias comunitárias no brasil. | Evidenciar a participação da enfermagem no enfrentamento às doenças infecciosas e epidemias comunitárias. |
| A7 | ROCHA, Maria Izabel Félix et al. 2023. | Rev Panam Salud Publica | Mortalidade por doenças tropicais negligenciadas no Brasil no século XXI: análise de tendências espaciais e temporais e fatores associados | Analisar a distribuição espaço-temporal e os fatores associados à mortalidade por doenças tropicais negligenciadas (DTNs) no Brasil de 2000 a 2019. |
Após leitura dos artigos selecionados, foram agrupados por macro temáticas onde foi possível desenvolver 4 subcapítulos para dissertar os resultados e discutir os mesmos.
Segundo Feres e Silva (2021) está previsto que o Sistema Único de Saúde (SUS) também é responsável pela articulação como uma parte crucial dos deveres estatais, a seguridade da assistência à saúde, para toda a população, uma vez que esta tem se constituído como um verdadeiro desafio para a concretização do direito à saúde no Brasil. Mesmo com os inegáveis avanços nos últimos anos, assegurar que todos os brasileiros tenham acesso ao tratamento adequado às suas enfermidades continua sendo uma realidade distante.
Ainda de acordo com os autores acima, dentro deste cenário, um dos mais graves problemas está relacionado às principais e mais presentes DTNs, tais como a doença de Chagas, as leishmanioses e a esquistossomose. Atualmente, esse grupo de enfermidades afeta mais de 1,7 bilhão de indivíduos em todo o mundo, acometendo, prevalentemente, as populações mais empobrecidas.
Frente a este contexto, Martinez et al (2022) ressalta que a esquistossomose é uma das DTNs que pode levar a complicações cardiovasculares importantes. No entanto, a relação cardiovascular na esquistossomose ainda precisa ser totalmente elucidado, por causa do número limitado de casos e ausência de evidência confiável, considerando que a doença ocorre tipicamente em locais sem infraestrutura adequada para uma coleta de dados robusta.
Sendo assim, sabe-se que as DTNs constituem um grupo heterogêneo de enfermidades que caracterizam algumas características em comum, a exemplo: ocorrência em populações pobres e desassistidas; acometem populações com pouca visibilidade, ou melhor dizendo, com diminuída capacidade de argumentações e poder político ineficaz; a maioria das doenças não se dissemina amplamente; e várias destas enfermidades provocam estigma e discriminação aos afetados, favorecendo para o agravamento do quadro de pobreza e desalento (LUNA; CAMPOS, 2020).
Para Filho et al (2022) tal cenário provoca e se constitui um forte desafio para a atenção à saúde básica dos indivíduos, bem como para a formação de recursos humanos preparados para o seu enfrentamento das DTNs. É notório que estes enfretamentos têm em comum a necessidade de uma consistente base de conhecimentos sobre as demandas que a população precisa acerca da saúde e os modos de cuidado dispensados à população a elas mesmas.
Nessas circunstâncias, o contexto assistencial para lidar com as DTNs requer atenção não somente clínica, farmacológica e biológica, o que se requer além disto é um enfoque integral dos profissionais envolvidos, social e cultural frente a análise das classes sociais, o que por ventura já se torna um desafio para a saúde pública.
Diante de todo a sua participação com o enfretamentos das DTNs, uma das principais participações do profissional da saúde, encontra-se os da enfermagem no contexto do tratamento e controle, uma vez que estes estão diretamente relacionados com a educação em saúde de acordo com os achados. Portanto, o profissional da enfermagem quem deve assumir o papel de protagonista na prevenção e controle dessas doenças, o que deve ser feito planejando intervenções realmente integrais, ou seja, políticas públicas, econômicas e sanitárias (FILHO et al., 2022).
Sendo assim, este estudo permitiu evidenciar que, no que se refere à atenção aos indivíduos que são acometidos pelas DTNs, exige dos profissionais um preparo diferenciado, a fim de que possam prestar uma assistência adequada às necessidades biopsicossociais destas pessoas, contrapondo-se à conduta fortemente pautada em aspectos biológicos curativistas que, por vezes, encontra-se enraizadas na prática. No entanto, sabe-se que no contexto assistencial da enfermagem, é sabido que esta categoria ainda possui fragilidades na perspectiva dos cuidados com pessoas acometidas por enfermidades destas categorias, fragilidades que vão além da sua qualidade pessoal e/ou profissional, posto que muitas delas guardam relação com a cansativa rotina e condições precárias de trabalho, bem como por alguns comportamentos do paciente (ESTEQUI et al., 2021).
Assim por meio de contato com textos específicos acima supracitados e outros que entram neste estudo para embasar e fortalecer a estrutura teórica, pode-se observar que a temática em questão requer mais encontros, são muitos pontos a serem abordados que requer tempo para serem esclarecidos no atendimento básico de saúde, dando oportunidade aos indivíduos acometidos pelas DTNs de poderem também relatar suas experiências, com objetivos de preencher as necessidades surgidas.
3.2 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO CONTROLE E PREVENÇÃO DAS DTNS
Em meio ao que o estudo em si se propôs, os artigos analisados demonstram em certa constância as qualidades e atribuições aos enfermeiros como líder. Ressaltando que tais profissionais fazem parte do processo de comunicação e treinamento, tornando-se, portanto, um instrumento útil e capaz de harmonizar e promover subsídios de confiança para a equipe. Por sua vez, sabe-se que a saúde pública brasileira sofreu e sofre diversas modificações possibilitando a inserção da enfermagem nas atividades voltadas à atenção à saúde básica (ESTEQUI et al., 2021).
De acordo com Sobral et al (2020) o Brasil encontra-se dentro de uma realidade que através das vulnerabilidades existentes possibilitam a proliferação do desenvolvimento e avanço das DTNs, dada a coexistência das variáveis que envolvem, principalmente: diversidade ecológica, clima quente e úmido, condições sociais de pobreza, onde uma parte significativa da população em zona rural e políticas descontinuadas no âmbito do saneamento, educação e saúde pública não são no geral tão eficazes. Dentro deste cenário, chama a atenção o papel de destaque do Brasil na produção científica no campo da Medicina Tropical (Medtrop) e sua liderança nas redes de colaboração neste domínio, onde a enfermagem em alguns casos pode evidenciar o engajamento dos pesquisadores e das instituições nacionais na busca por soluções para os problemas locais existentes.
Diante disto, em meio a análises realizadas, a prática dos treinamentos de liderança pode proporcionar melhoria considerável na assistência, o que se reforça com a análise da literatura. A iniciativa e vontade de mudança também surgem como descritor importante para a qualificação desses líderes que envolvem a enfermagem, os quais o mercado atual exige. Contudo, sabe-se que diante dos resultados, o enfermeiro que atua no cuidado preventivo de doenças tropicais negligenciadas possui grande responsabilidade pela criticidade dos pacientes assistidos, especialmente no contexto que envolve a educação, compreensão sobre sua patologia e cuidados (ESTEQUI et al., 2021).
Para Lobô (2018) é muito importante os profissionais da saúde aprenderem sobre DTNs, tornando-se necessário abrir mais oportunidades para a pesquisa e treinamentos com finalidade de abordar essas doenças, pois o conhecimento é a base para o enfrentamento e controle das mesmas. Sabe-se, portanto, que as parasitoses negligenciadas estão associadas aos determinantes sociais, como as condições socioeconômicas, ambientais e comportamentais que influenciam a ocorrência de fatores de risco com consequentes problemas de saúde na população.
Segundo o autor Estequi et al (2021) os cuidados assistenciais da enfermagem precisam ser realizados individualmente e coletivamente de maneira que facilite as ações de Saúde, além de possibilitar autonomia e confiança ao indivíduo de forma que ele seja protagonista da sua saúde. Além disso, essas parasitoses estão relacionadas à contaminação de alimentos e reservatórios de água, principalmente por negligência pública e dos moradores de determinada área, afetando especialmente o desenvolvimento físico, psicossomático e social de escolares, além de estar diretamente influenciando no grau de desnutrição das populações.
Com isso, sabe-se que a assistência de enfermagem não só deve intervir nos problemas ligados a tais doenças como a dengue, doença de chagas, leishmaniose, esquistossomose, dentre outras arboviroses, como também deve considerar os aspectos históricos e culturais relacionados aos hábitos da população, principalmente em relação a higiene de acordo com Santos et al (2017). Ainda de acordo com os autores aqui citados, as ações que qualificam a assistência de enfermagem, são as ações de caráter preventivo e de promoção a saúde, cuja finalidade é obter a melhoria da população adscrita, realizando ações que tragam a implementação das políticas públicas de saneamento básico, criando ambientes favoráveis à qualidade de vida e trazendo reforço às ações comunitárias.
Dentro destas circunstâncias, Sobral et al (2020) acrescenta que mediante este contexto é preciso realizar continuamente educação em saúde como um meio fundamental para que haja o engajamento e a sensibilização da população diante da promoção e da prevenção para uma melhor qualidade de vida no contexto familiar com relação as DTNs, focando também na manipulação, armazenamento e preparo de alimentos torna-se uma observação importante além de ensinar como deve ser a conduta em relação a água a ser consumida, por exemplo.
Para Estequi et al (2021) o profissional de enfermagem deve se colocar como facilitador do conhecimento através de processos educativos através de atividades desenvolvidas pelos enfermeiros no enfrentamento das doenças infecciosas e epidemias comunitárias visando sempre que as ações de enfermagem estejam voltadas para as doenças como um todo, reverenciando todos os seus aspectos. Com isso, é notório e possível dizer e acrescentar neste cenário que o enfermeiro em sua práxis profissional se torna um agente promotor em saúde, capaz de cuidar de pessoas em sua totalidade por meio das ações de enfermagem, destacando-se as ações de vigilância ativa, mapeamento epidemiológico, consultas de enfermagem, vacinação, visitas domiciliares, promoção a saúde e aprimoramento profissional.
Em construção deste contexto a orientação e a oferta de apoio emocional são atribuições do enfermeiro, fundamentais para o fortalecimento do vínculo entre profissional e usuário, favorecendo-o no enfrentamento da doença. Com isso, a participação da enfermagem é algo histórico e bastante plural, destacando-se as consultas de enfermagem, a busca ativa, a vacinação, as visitas domiciliares, a educação em saúde, a participação política e a educação profissional (ESTEQUI et al., 2021).
3.3 DESAFIOS E DIFICULDADES NA BUSCA ATIVA DAS DTNS
Para Lobô (2018) estudos que analisaram profissionais de saúde cujo resultados apontaram algumas dificuldades no que concerne às DTNs, como a falta de medicamentos e de exames, assim como do desafio de acesso à unidade de saúde, aspectos psicológicos e estigma, bem como o medo do diagnóstico, gerando inúmeras expectativas e sentimentos em relação à doença. Vale dizer, que apesar da Enfermagem possuir a maior parte da equipe de trabalhadores da saúde com 58,8%, existem ainda poucos pesquisadores no campo de investigação dessas doenças e além do grande número registrado de DTNs, causando milhares de mortes que poderiam ser evitadas.
De acordo com Paes e Santana (2023) mesmo diante da escassez de pesquisas que abordassem a temática mais a fundo e didaticamente, é possível observar que mesmo frente aos desafios enfrentados pela busca ativa das DTNs, as contribuições do enfermeiro e sua equipe ao longo dos últimos anos, assim como da sua importância, tanto das de ações de vigilância epidemiológica, quanto na liderança assistencial junto à equipe de enfermagem são evidentes. Entretanto, vale reiterar o impacto das ações de educação em saúde sobre a condição atual e real de cada localidade a qual são responsáveis, o que possibilita a investigação de casos em tempo hábil, com identificação e tratamento precoce, com precaução frente a prevalência dos casos de incapacidade e melhor qualidade de vida.
Segundo Santos et al (2017) sabe-se que o Brasil é um dos países com maior desenvolvimento acerca de informações sobre as doenças negligenciadas, ainda se faz necessário uma maior investigação na área pelo que se pode ainda conhecer sobre essas doenças.
Corroborando com este contexto, Estequi et al (2021) relata que por esse motivo, são considerados sérios problemas de Saúde Pública tais enfermidades. Dentre os fatores de risco que as envolvem destacam-se: a falta de higienização e a precariedade do saneamento básico, o que torna a população mais suscetível a essas doenças que apesar de prevalecer em condições de pobreza, também contribuem para a desigualdade social em comparação aos artigos utilizados, percebeu-se que 100% dos artigos relatam que nesse processo, a assistência de enfermagem é de suma importância e é traçada de acordo com os problemas e necessidades do portador da parasitose e da comunidade em que o mesmo reside.
3.4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO ACOMPANHAMENTO E TRATAMENTO DAS DTNs
As atribuições ou atividades desencadeadas pelos enfermeiros no enfrentamento das enfermidades infecciosas e epidemias comunitárias brasileiras apresentadas nos estudos inseridos nessa categoria e aqui já citados, abordaram ações de enfermagem voltadas para hanseníase, ISTs, raiva humana e tuberculose (BRITO et al., 2017).
Segundo Brito et al (2017) acrescenta que o profissional de enfermagem, mais precisamente o enfermeiro em sua práxis profissional torna-se um agente promissor no quesito saúde, pois este em sua formação tem capacidade de assistir e cuidar de pessoas em sua totalidade através das ações de enfermagem, destacando-se as ações de vigilância ativa, mapeamento epidemiológico, consultas de enfermagem, vacinação, visitas domiciliares, promoção a saúde e aprimoramento profissional. Ainda é responsabilidade deste profissional, a orientação e a oferta de apoio emocional aos usuários dos sistemas de saúde, tornando atribuições essenciais para o fortalecimento do vínculo entre profissional e paciente, favorecendo-os no enfrentamento da doença.
O enfermeiro ao reconhecer a educação em saúde como estratégia para detecção precoce e tratamento das variadas doenças negligenciadas aqui já citadas demonstra que há um processo de construção de ações vinculadas para o campo da vigilância da saúde o que caracteriza que, mesmo em que sua formação, o enfermeiro prossegue no conceito de controle, já compreendido em sua formação para o de vigilância em saúde (BRITO et al., 2017).
Corroborando com este cenário, Rocha et al (2023) ressalta que é possível perceber que as práticas educativas são realizadas pelos enfermeiros em campanhas vinculadas a própria saúde pública ou em função do aumento do número de casos de das DTNs concretizando assim, sua participação no controle e tratamento destas enfermidades. Contudo, é valido dizer que a educação em saúde em função do agravo que mais incide no território no momento, e as práticas educativas se resumem à distribuição de panfletos, fixação de cartazes e realização de palestras esporádicas. Dentre as ações já mencionadas, dá-se ênfase a visita domiciliar como potencial instrumento de assistência à saúde que proporcionado ao profissional de enfermagem a prestação de atendimento assistencial a domicílio.
Para Estequi et al (2021) a vantagem da visita domiciliar é assegurar uma análise do ambiente em que o indivíduo reside contribuindo com os ideais da Teoria Ambientalista, proporcionando um ambiente saudável e auxiliando a recuperação da saúde. Além das ações supracitadas, é evidente que a atuação da enfermagem no enfrentamento as DTNs, também tem associação a carências da falta de equipamentos de proteção individual, o que em muitos casos não permite uma assistência segura, o que pode gerar mobilização da classe profissional.
Contudo, historicamente, o enfermeiro e sua equipe participa politicamente na luta por direitos a saúde e direitos profissionais, configurando-se como uma das ações apresentadas nessa revisão.
Santos et al (2021) ressalta que a partir da análise dos artigos, foi possível identificar as principais ações de enfermagem realizadas no combate às doenças infecciosas e epidemias comunitárias que vão desde a assistência até a participação política, demonstrando a ampla atuação da categoria profissional neste campo. Sendo assim, espera-se que este estudo, ao mostrar esses aspectos, que vêm sendo explorados e evidenciados no contexto científico, provoque reflexão por parte dos profissionais de saúde que operacionalizam as ações e dos que gerenciam os serviços e, por conseguinte, possam provocar mudanças nessas práticas. Considerando que as representações sociais dos profissionais de saúde gerenciam e influenciam suas práticas de cuidado, modificando a realidade que os cerca e protagonizando novos saberes e conhecimentos indispensáveis para o controle, a prevenção e o tratamento das doenças negligenciadas, o estudo suscita reflexões sobre as práticas dos sujeitos envolvidos no processo saúde-doença.
Portanto, segundo Rocha et al (2023) o enfermeiro tem como medidas para detectar ou prevenir as DTNs através de variadas etapas: notificar o mais precocemente possível, compreender que a prevenção das DTNs é um processo em etapas, ou seja, deve-se priorizar a diminuição do risco de transmissão por meio de medidas educativas.
Com isso, é interessante que o enfermeiro em sua concepção de trabalhador de saúde e educador, criar um programa de prevenção que se adapte à sua região, levando-se em consideração os índices de prevalência, assim como os hábitos de vida da comunidade, principais fatores de risco locais, prioridades, custos, recursos disponíveis e outras características regionais (PAES; SANTANA, 2023).
Para Paes e Santana (2023) a forma mais simples de diminuir a ocorrência destas enfermidades é através da educação continuada, como evitar a aquisição desta enfermidade, promovendo o essencial, o bem-estar frente à proteção de doenças que podem ser evitadas. É notório que as atribuições de enfermagem nesse contexto, constata-se que em meio aos desafios e às dificuldades estão presentes, especialmente no que tange o controle de contatos, o tratamento ineficaz e o preconceito acerca das DTNs. Por isso, um instrumento importante é a consulta de enfermagem, a qual apresenta-se como um importante espaço para atendimento da integralidade do sujeito.
Vale dizer, portanto, que a ação do enfermeiro na atenção primária à saúde, resulta em um melhor entendimento do contexto da população assistida pelo profissional envolvido, tornando possível o atendimento da integralidade possibilitando a valorização da educação continuada como ferramenta de empoderamento do profissional à realização da educação em saúde, voltada para promoção da saúde individual e coletiva dos indivíduos que são acometidos pelas DTNs (SANTOS et al., 2021).
Isto porque não se pode desconsiderar o impacto que a construção social tem na prática profissional, considerando as condições estruturais dos serviços ofertados, a capacitação para a produção do cuidado e as políticas públicas direcionadas às pessoas com doenças negligenciadas.
Contudo, conforme determina Rocha et al (2023) por meio de contato com textos específicos, pode-se observar que o tema requer mais encontros e mais publicações frente a presente temática, são muitos pontos a serem abordados que requer tempo para serem esclarecidos no atendimento básico de saúde aos indivíduos portadores de algum tipo de DTNs, dando oportunidade de tratamentos aos usuários acometidos por estas doenças de poderem também relatar suas experiências, com objetivos de preencher as necessidades surgidas.
Ainda de acordo com os autores acima supracitados, mediante ao contexto, sugere-se que as intervenções no campo da saúde buscam priorizar além de uma assistência humanizada, foque na intensificação de exames e tecnologias que favoreçam o diagnóstico precoce dos indivíduos acometidos por DTNs, com intuito de elevar a proporção de curas e evitar a mortalidade como desfecho final. Sendo assim, da mesma forma, é imperativa a inclusão de indivíduos diagnosticados com DTNs na linha de cuidado da atenção primária à saúde, de modo a desconstruir as vulnerabilidades no processo saúde-doença dessa população e tornar as ações da enfermagem e demais profissionais de saúde mais efetivas.
Contudo, é valido acrescentar, que o MS instituiu algumas ferramentas normativos que tratam mais fundamentalmente da saúde de comunidades tradicionais, dentre elas estão: a Portaria n.º 992, de 13 de maio de 2009; a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra; a Portaria n.º 2.866, de 2 de dezembro de 2011; a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta; a Lei n.º 9.836, de 23 de setembro de 1999, ou Lei Arouca: cria o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS); a Portaria n.º 254, de 31 de janeiro de 2002: aprova a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas; o Decreto n.º 7.336, de 19 de outubro de 2010: cria a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Tais ferramentas citadas visam direcionar as três esferas de governo: federal, estadual e municipal com princípios, objetivos, diretrizes, estratégias e responsabilidades de gestão associados e buscando uma melhoria continua as condições de saúde desses segmentos sociais.
4 CONCLUSÃO
Diante das publicações citadas no presente estudo, viu-se uma carência significativa de publicações referente a esta temática e aos objetivos propostos por este presente artigo. Atualmente, o Brasil tem se deparado com a difícil realidade de atender a uma sociedade mais adoecida. A questão é saber exatamente se, num curto período de tempo, o País que tem uma distribuição, tanto de renda como de serviços sociais, notavelmente injustas será capaz de enfrentar, com êxito, este desafio, especialmente se tratando de doenças negligenciadas.
Em meio ao que se propôs o estudo, pode-se dizer que os objetivos propostos foram atendidos. No entanto, é preciso que se ressalte que a mudança no perfil demográfico e epidemiológico do Brasil, também chama a atenção para importantes desafios para o sistema de saúde, tais como: aumento na prevalência de doenças crônicas, aumento do número de sujeitos com alto grau de dependência, maiores demandas de internações, que são resultantes em maiores gastos com a saúde.
Os enfermeiros e demais profissionais da saúde inseridos neste contexto assistencial devem ser capazes de compreender o paciente como um todo na sociedade contemporânea de modo eficaz, eficiente e efetivo. É notório que a participação da enfermagem é algo histórico e bastante plural, destacando-se as consultas de enfermagem, a busca ativa, a vacinação, as visitas domiciliares, a educação em saúde, a participação política e a educação profissional. Entretanto, verifica-se que questões sanitárias corroboraram para o surgimento e para a institucionalização da enfermagem enquanto profissão no Brasil.
Ainda vale dizer, que o presente estudo traz como implicações para a prática a necessidade de resgatar esse conhecimento, incrementando e mantendo atualizados conteúdos sobre vigilância em saúde na formação do enfermeiro.
Tal necessidade se dá tanto pela relevância do papel do enfermeiro na prevenção, promoção e recuperação destes agravos que ainda hoje assolam o país, como da rápida resposta necessária diante do surgimento de novas doenças, como foi o exemplo da Covid-19.
É possível dizer que os artigos acima supracitados conseguiram atender aos propósitos deste estudo com relevância, ressaltando a enfermagem neste contexto tão importante e peculiar, muito embora haja importância de que novos estudos possam estar sendo desenvolvidos com a intenção de detalhar melhor a temática em questão.
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