MENTAL HEALTH NURSING ASSISTANCE TO THE BRAZILIAN ADOLESCENT POPULATION: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411241539
Larissa Moreira Feitosa1; Lara Vieira Barbosa Rodrigues1; Marianna Feitosa Lima1; Ana Maria de Araújo Dias2; Conceição Ceanny Formiga Sinval Cavalcante2
RESUMO
A adolescência é um elemento do processo natural do crescimento humano. Nesta fase, o indivíduo passa por mudanças essenciais para o desenvolvimento de suas capacidades, aquisição de experiências e valores fundamentais para adaptar-se à fase adulta. As mudanças advindas desta fase, podem tornar a saúde mental dos adolescentes mais vulneráveis. O enfermeiro é apontado como o profissional essencial frente as intervenções de promoção e prevenção da saúde mental. Para isso, o objetivo geral deste estudo foi compreender qual o papel do enfermeiro no cuidado em saúde mental da população adolescente. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizada uma revisão integrativa da literatura, do tipo descritiva e qualitativa, onde foram selecionados nas bases de dados BVS e Google acadêmico, buscando-se através deles os descritores delimitados e achados bibliográficos publicados entre os anos de 2018 a 2024, em língua portuguesa. Após leituras, evidenciou-se que o papel do enfermeiro é desenvolver programas e estratégia de intervenção e promoção da saúde mental, que apoiam os adolescentes e visam promover a reinserção social, autonomia, o bem-estar e a valorização da subjetividade dos usuários, com foco na adesão e sensibilização ao tratamento e incentivo pela busca ao serviço. Conclui-se que é de suma importância as práticas clínicas do enfermeiro para os adolescentes com sofrimento mental, dispondo de habilidades adequadas para o cuidado integral, que não só envolve os aspectos biológicos, como também a saúde mental na sua prática profissional.
Palavras-chaves: Assistência de Enfermagem. Saúde Mental. Adolescente.
ABSTRACT
Adolescence is an element of the natural process of human growth. During this phase, individuals undergo essential changes to develop their capabilities, acquire experiences, and acquire fundamental values to adapt to adulthood. The changes that occur during this phase can make adolescents’ mental health more vulnerable. Nurses are considered essential professionals in mental health promotion and prevention interventions. To this end, the general objective of this study was to understand the role of nurses in mental health care for adolescents. To develop this research, an integrative review of the literature was carried out, of a descriptive and qualitative type, where the BVS and Google Scholar databases were selected, searching through them for delimited descriptors and bibliographic findings published between 2018 and 2024, in Portuguese. After reading, it became clear that the role of the nurse is to develop programs and strategies for intervention and promotion of mental health, which support adolescents and aim to promote social reintegration, autonomy, well-being and the appreciation of the subjectivity of users, with a focus on adherence and awareness of treatment and encouragement for seeking the service. It is concluded that the clinical practices of the nurse for adolescents with mental suffering are of utmost importance, having adequate skills for comprehensive care, which not only involves biological aspects, but also mental health in their professional practice.
Keywords: Nursing Care. Mental Health. Adolescent.
1 INTRODUÇÃO
A adolescência é um elemento do processo natural do crescimento humano. Nesta fase, o indivíduo passa por mudanças essenciais para o desenvolvimento de suas capacidades, aquisição de experiências e valores fundamentais para adaptar-se à fase adulta. As mudanças advindas desta fase, podem tornar a saúde mental dos adolescentes mais vulneráveis. Logo, o sofrimento psíquico vivido na adolescência tende a repercutir negativamente na fase adulta (GUSMÃO et al., 2022).
A saúde mental é constituída pela relação entre os fatores biológicos, psicológicos e sociais e, influencia diretamente no bem-estar dos indivíduos e na prevalência dos transtornos mentais e comportamentais (ROSSI et al., 2019). Na adolescência, são comuns sintomas de depressão, ansiedade, transtornos alimentares, sentimentos negativos de si mesmo e comportamentos agressivos nesse estágio da vida e podendo muitas vezes culminarem em tentativas de suicídio (ALMEIDA, 2023).
Desse modo, conhecer os fatores de risco que permeiam o sofrimento psíquico nesses sujeitos pode apontar para os cuidados em enfermagem. Como fatores de risco para problemas de saúde mental na população adolescente pode-se destacar a violência (inclusive o bullying), a genética, desordens cerebrais, transtornos no desenvolvimento, pobreza, humilhação, perda de pessoas próximas, sentimento de desvalorização, ambiente familiar, morar em lares para adoção, condições sociodemográficas, entre outros (CAMARGO et al., 2023).
Ademais, a demanda de atendimento dos adolescentes no âmbito dos serviços de saúde mental é principalmente devido ao comportamento alterado no meio social em que estão inseridos, por exemplo, com condutas como agitação, delitos, furtos, entre outros (SÁ et al., 2020). Em sua maioria, esses adolescentes são encaminhados pela escola ao Conselho Tutelar e Unidade Básica de Saúde, que nem sempre conta com uma equipe preparada para atuar diante das reais necessidades de saúde daqueles (REBELLO et al., 2022).
Torna-se indispensável a integração de profissionais capazes de atender as questões de saúde dos adolescentes, em especial as necessidades de saúde mental. A fim de adentrarem no sistema de saúde e garantir o atendimento voltado as demandas da saúde mental e dos demais problemas agudos de saúde, promoção da saúde sexual e o aconselhamento sobre uso de substâncias (BESSA et al., 2023).
Necessitando de uma atenção mais especializada para a prevenção de agravos, sendo indispensável a orientação, educação e o estímulo do autocuidado nesta fase por parte dos profissionais de saúde, em especial o enfermeiro, responsável pelo cuidado integral, que não só envolve os aspectos biológicos, mas também a saúde mental no seu exercício profissional (RÊGO; PEREIRA, 2019).
O enfermeiro é apontado como o profissional essencial frente as intervenções de promoção e prevenção da saúde mental, detectando problemas de forma precoce, melhorando a inclusão social e promovendo comportamentos e estilos de vida mais saudáveis. Atuando como articulador desse processo, através da criação de um espaço onde o adolescente possa se expressar, aliviar tensões, se divertir, aprender e socializar (COMIM et al., 2019).
Contudo, o foco desse estudo foi o enfermeiro e os cuidados realizados por ele, que se respaldam na garantia e proteção da saúde mental da população adolescente, com foco principal e fundamental em promover o bem-estar psicológico desse grupo em questão. A pesquisa também se baseou na atenção realizada pelo enfermeiro, que possam cuidar e proteger os adolescentes das experiências adversas e fatores de risco que podem afetar o seu potencial de crescimento, com repercussões não só na adolescência, como na vida adulta.
Neste interim, justifica-se essa pesquisa, dentre outros motivos, pela importância que a enfermagem possui como protagonista do cuidado, e isso se estende a todos os grupos que necessitam dos cuidados desse profissional. Pois, cogitou-se que o enfermeiro enquanto profissional de saúde mental, possui habilidade adequadas para a realização do cuidado em saúde mental com a população adolescente. Desta forma, o objetivo geral deste estudo foi compreender qual o papel do enfermeiro no cuidado em saúde mental da população adolescente.
2 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizada uma revisão integrativa da literatura, do tipo descritiva e qualitativa. Em que, segundo Marconi e Lakatos (2021) esta é uma metodologia de pesquisa que consiste no levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas e publicações avulsas, imprensa ou escrita, cujo principal intuito é descrever com particularidade um determinado fenômeno.
Incialmente, a busca pelas obras foi realizada a partir das bases de dados a Biblioteca Virtual em Saúde – BVS e Google acadêmico. Tendo como eixo norteador os descritores: ”Assistência de Enfermagem”, “Saúde Mental” e “Adolescente”. Após a leitura, foram analisadas 50 fontes, dentre elas, 33 artigos científicos, 15 monografias e 2 livros nacionais.
Como critérios de inclusão, foram utilizados: fontes relacionadas ao assunto, ou seja, que abordassem a assistência de enfermagem em saúde mental a população adolescente brasileira; e achados bibliográficos que foram publicados entre os anos de 2018 a 2024 no idioma português. Já como critérios de exclusão, foram dispensados: fontes que não atenderam aos descritores, fugiram da temática, possuíam data de publicação inferior ao ano de 2018 e cujo idioma não fosse da linguagem correta. O que proporcionou uma leitura seletiva, revisão criteriosa e consequentemente, na seleção de 20 estudos de grande relevância para o trabalho, dado aos critérios de inclusão e exclusão aplicados, analisados, a partir dos seus resultados encontrados.
3 RESULTADOS
A partir da presente revisão de literatura feita nas bases de dados citadas, foram identificados 33 artigos científicos, 15 monografias e 2 livros nacionais, dos quais 20 destes estudos foram lidos na íntegra e utilizados. Conforme especificado no fluxograma na figura 1, onde está detalhado toda a etapa de seleção das fontes.
Figura 1– Fluxograma de identificação e seleção dos estudos.
4 DISCUSSÃO
A adolescência é uma fase singular da vida, caracterizada por um período de desenvolvimento que engloba intensas transformações físicas, emocionais e sociais. Essa fase corresponde dos 10 aos 19 anos de idade e mundialmente, essa população soma 1,8 bilhão de pessoas, o equivalente a 24% da população global. Visto como um momento de relevância histórico-cultural e não apenas uma fase transitória ou problemática. É um momento de descobertas, aprendizado e crescimento, mas também pode ser marcado por desafios emocionais significativos, entre os quais a ansiedade se destaca como uma preocupação crescente em saúde mental (CAMARGO et al., 2023).
Durante esse período, os adolescentes enfrentam pressões sociais, acadêmicas e familiares que podem desencadear sintomas de ansiedade, como preocupações excessivas, tensão, medos irracionais e até sintomas físicos, incluindo dores de cabeça e problemas de sono. A ansiedade não tratada pode ter impactos profundos no bem-estar físico e emocional desses jovens, afetando sua qualidade de vida e seu desenvolvimento (SILVA et al., 2019).
Com isso, fica claro que o período da adolescência é caracterizado por diversas mudanças e transformações que são imprescindíveis e decisórias para desenvolvimento humano sadio, porém, algumas situações pelas quais esses indivíduos passam podem conduzir a desfechos que prejudiquem sua saúde mental (TEIXEIRA et al., 2020).
A prevalência mundial de transtornos mentais entre as crianças e adolescentes é de 1 em cada 6, enquanto no Brasil, a estimativa de prevalência é de 13%, evidenciando que cerca de 8 milhões de crianças e adolescentes possuem pelo menos um transtorno mental diagnosticável (BUCHWEITZ; MARI; KIELING, 2020). Assim, Silva Soares e Sousa (2019), dizem que o sofrimento psíquico vivido na adolescência tende a repercutir negativamente na fase adulta. Nesse sentido, são comuns sintomas de depressão, ansiedade, transtornos alimentares, sentimentos negativos de si mesmo e comportamentos agressivos nesse estágio da vida e podendo muitas vezes culminarem em tentativas de suicídio.
O sofrimento mental adolescente, em metade dos casos, tem seu início antes dos 14 anos. Tal população representa um terço do total, porém, mais que números, constitui o grupo mais vulnerável dos pontos de vista físico, econômico e social. Reconhecer e compreender a importância da saúde mental de crianças e adolescentes para a saúde pública tem recebido ênfase de vários organismos internacionais e favorecido, no Brasil, o desenvolvimento de diretrizes governamentais, com serviços articulados em rede e com inclusão social (PESSOA et al., 2020).
Ribeiro, Ribeiro e Deslandes (2019), apontam que em muitos casos, os adolescentes possuem poucas chances de expor diretamente seus sentimentos e necessidades para a família e responsáveis, sendo negligenciado o sofrimento mental, muito comumente associado ao “mau comportamento”; “adolescente problemático” ou que “o adolescente não está sendo capaz de raciocinar, pois age movido pelas emoções”, vistos como algo corriqueiro desta fase.
Porém, são inúmeras as demandas de saúde mental na adolescência, como as alterações de humor, quadros depressivos, déficit de atenção, hiperatividade, transtornos de estresse pós-traumático, exposição à discriminação, uso de drogas, os distúrbios alimentares, a insatisfação com o corpo e dentre outros (WROBLEVSKI et al., 2022).
Observa-se que entre os adolescentes, há ainda, fatores individuais que afetam a saúde mental, como: a genética, o uso indevido de drogas, violência física e sexual, baixa autoestima, negligências, frustrações amorosas, acadêmicas e profissionais, bem como estados psicológicos, situações culturais, familiares, econômicas e sociais (SILVA et al., 2019).
Como também, têm-se comprometimentos, como: síndromes de abstinência, intoxicação, agitação psicomotora, exposição ao estresse, tristeza, desesperança, ansiedade, conflitos familiares, falta de apoio familiar e de amigos, gravidez na adolescência, desejo de autonomia, psicose e tentativas de suicídio (SOUZA et al., 2020).
Assim, Rêgo e Pereira (2019) concluem que para que esse cuidado psicossocial seja efetivo, ele depende ainda de uma rede complexa e que somente a saúde mental não contempla todos os recursos necessários. Exigindo um olhar mais criterioso e que supere o aspecto individual do sofrimento e alcance a realidade social que está associada.
Por isso, há necessidade de articular a assistência com as diversas instituições sociais, pois se entende que o percurso do sujeito e o restabelecimento de sua saúde precisa ser em sociedade, que se faz no cotidiano, nas trocas, nos envolvimentos, nas negociações, nos pensamentos e nas relações entre os sujeitos as redes de atenção e sua comunidade (WROBLEVSKI et al., 2022).
Os cuidados prestados na assistência aos adolescentes, no âmbito da saúde mental, precisam levar em consideração os fatores de risco, os tipos de transtornos, a proteção e a organização dos serviços e estratégias de intervenção específicas para o público. Para isso, torna-se imprescindível conhecer o perfil de cada adolescente e detectar as consequências provocadas pelo os traumas vivenciado por eles, desenvolvendo um contato maior com a comunidade (ROSSI et al., 2019).
Segundo Sá et al. (2020), a pouca abordagem e o déficit na formação acadêmica de profissionais da saúde, especialmente a assistência do enfermeiro, pode refletir diretamente sobre os cuidados prestados em saúde mental, logo, não deve haver lacunas na formação destes profissionais, considerando que estes, precisam identificarem patologias de ordem mental e ter ciência da importância da enfermagem nesta área, para assim, estar preparados para exercer o cuidado.
Este ainda é um campo carente de assistência e inovação, já que no cenário atual, as ações em saúde voltadas para o adolescente na atenção primária, não possuem um planejamento detalhado acerca do cuidado em saúde mental e as ações se resumem ao que está posto nos programas de saúde ministeriais. Verificando que é uma temática permeada por tabus e os enfermeiros apresenta, dificuldades em trabalhar, estando limitado ao enfoque biologicista e não a prevenção do sofrimento mental (PESSOA et al., 2020).
Frente a esta problemática que afeta boa parte dos adolescentes, é notório que a assistência de enfermagem é de suma importância. Os seus cuidados se dão por meio da consulta de enfermagem, plano de cuidados, acolhimento, educação em saúde, escuta terapêutica, visitas domiciliares, encaminhamentos a outros serviços da rede de cuidados, entrevista motivacional e o desenvolvimento de programas e estratégia de intervenção, que também podem ser online (SOUZA et al., 2019).
Dentre as estratégias utilizadas pelos enfermeiros na assistência em saúde mental de adolescentes, aponta-se: a criação de ferramentas de promoção à saúde mental, principalmente com foco no contexto escolar; ferramentas para adolescentes com queixas de esgotamento; programas universais que apoiam os adolescentes e visam promover seu bem-estar geral e saúde mental; ampliação do acesso aos serviços de saúde; intervenções holísticas e o cuidado colaborativo como estratégia para qualificação da atenção psicossocial infanto-juvenil (REBELLO et al., 2022).
A assistência de enfermagem compreende o acolhimento ao usuário e seus familiares, ações e demais serviços de saúde, adesão e sensibilização ao tratamento e incentivo pela busca ao serviço. Desenvolve anamnese, triagem, reuniões com equipes, coordena grupos e oficinas e humaniza o tratamento, visando garantir uma assistência efetiva e de qualidade. Cuja atuação, também é permeada por obstáculos, além da relação com a família, comunidade e a resistência e resiliência pessoal do usuário (RIBEIRO, 2024).
A assistência ajuda o doente a enfrentar as pressões da enfermidade mental; assistir ao paciente, à família e à comunidade, os orientando, acerca do verdadeiro sentido da enfermidade mental; e proporcionar a reinserção social, autonomia, o bem-estar e a valorização da subjetividade dos usuários. Tais ações de enfermagem desempenhados ao usuário em seu território e meio social, são apontados como importantes ferramentas de promoção da saúde mental e redução do estresse entre adolescentes (BESSA et al., 2023).
Através da realização da assistência de enfermagem, da abordagem e manejo dos transtornos mentais, este intervém na diminuição dos danos, na detecção precoce de fatores de risco para suicídio, acolhimento e suporte às famílias, previne o comportamento autodestrutivo durante os atendimentos e as possíveis hospitalizações (GUSMÃO et al., 2022).
Para Silva, Soares e Sousa (2019), a assistência, além de promover educação em saúde, as ações desenvolvidas pelo enfermeiro consistem em criar um ambiente mais aberto a discussões e reduzir as agressões, como o bullying, e, melhorar o convívio deste adolescente nos diferentes espaços frequentados. Visando a prevenção dos sintomas negativos que contribuem para uma possível ideação suicida e até para a efetiva consumação do suicídio, pois, os mesmos, possuem um espaço de acolhimento, exposição de sentimentos pessoais e de debater sobre os sentimentos que geram aflição.
Cabe destacar, o uso do lúdico ou dos brinquedos terapêuticos, como instrumentos eficazes à saúde mental do adolescente, evidenciando que quando empregado no processo de cuidado, o brincar desvela sensações/sentimentos supridos inconscientemente e reestabelece a saúde. Assim, cabe ressaltar que o enfermeiro surge como ferramenta de educação em saúde na Atenção Básica e, proporciona a integração entre a comunidade e os serviços de saúde, minimizando prejuízos relacionados à amargura psíquica, bastante comum na sociedade atual (COMIM et al., 2019).
Sendo notório a importância da inserção e escuta familiar do paciente inserido em tratamento, deve-se focar na família de forma ampla, dada ao seu grande potencial de estreitamento de vínculos e criação de laços afetivos familiares. Porém, nestes dispositivos, a participação dos familiares dos pacientes ainda é baixa, sendo necessário estimular a inserção dos mesmos. Através da promoção de espaços acolhedores, informativos e de suporte para esses usuários e seus familiares, que, evidentemente, modifica-se, de forma positiva, a rotina e o convívio familiar, pois, garante que a família tenha um lugar de fala e apoio diante do seu sofrimento perante o sofrimento mental (RIBEIRO, 2024).
Com isso, verifica-se que a atuação do enfermeiro com vistas a prestar um cuidado ideal na atenção à saúde mental dos adolescentes deve atender às necessidades e aos problemas de saúde apresentados por esses, direcionando o cuidado para o que pode estar se refletindo de forma negativa em suas vidas. Por isso, também é necessária uma equipe multiprofissional que atenda e compreenda que esses problemas de saúde são relevantes e podem influenciar no estado de saúde geral do indivíduo (TEIXEIRA et al., 2020).
Em face disto, atuando com foco na promoção, prevenção e atenção à saúde mental, dado que, negligenciar a saúde mental dos adolescentes acarreta em consequências que se estendem por toda à idade adulta, comprometendo a saúde em sua integralidade e limitando as oportunidades de ter uma vida plena (ALMEIDA, 2023).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta forma, após leituras, evidenciou-se que o papel do enfermeiro é desenvolver programas e estratégia de intervenção e promoção da saúde mental, que apoiam os adolescentes e visam promover a reinserção social, autonomia, o bem-estar e a valorização da subjetividade dos usuários, com foco na adesão e sensibilização ao tratamento e incentivo pela busca ao serviço. Bem como, a elaboração do plano de cuidados, consulta de enfermagem, acolhimento ao usuário e seus familiares, educação em saúde, escuta terapêutica, visitas domiciliares, encaminhamentos a outros serviços da rede de cuidados e entrevista motivacional.
Logo, é de suma importância as práticas clínicas do enfermeiro para os adolescentes com sofrimento mental, dispondo de habilidades adequadas para o cuidado integral, que não só envolve os aspectos biológicos, como também a saúde mental na sua prática profissional.
Ademais, visto as lacunas e fragilidades acerca deste campo profissional do enfermeiro, cabe destacar a necessidade e importância das estratégias de educação permanente, a fim de permitir a construção de novos saberes necessários para a prática do enfermeiro em saúde mental. Somado a isso, sugere-se ainda a realização de novos estudos sobre a presente temática, visando fortalecer e enriquecer a área da saúde mental, dado que o suicídio entre os adolescentes é uma triste realidade e requer assistência integral da Enfermagem.
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1Acadêmica do Curso de Graduação em Bacharelado em Enfermagem no Centro Universitário da Faculdade de Ensino Superior de Floriano – UNIFAESF.
2Docente do Curso de Graduação em Bacharelado em Enfermagem no Centro Universitário da Faculdade de Ensino Superior de Floriano – UNIFAESF.