ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES ONCOLÓGICOS

NURSING ASSISTANCE IN PALLIATIVE CARE FOR ONCOLOGY PATIENTS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249261429


Ana Maria dos Anjos Rodrigues ¹
Fabiany Mendonça Lima ¹
Geovana Rodrigues Xavier ¹
Juliana Araújo Lima ¹
Maria Cleoneide Pereira da Costa ¹
Tainara Lima Viana Colombo ²


Resumo

Nas últimas décadas, os cuidados paliativos têm se tornado uma parte essencial do campo da saúde, especialmente com o envelhecimento da população e o aumento de doenças crônicas e terminais. Este estudo explora a atuação da enfermagem nos cuidados paliativos, com foco nas competências necessárias, nos desafios enfrentados e nas contribuições para a qualidade de vida dos pacientes oncológicos. A prática de enfermagem em cuidados paliativos exige uma abordagem holística que considera não apenas o controle de sintomas, mas também o suporte emocional, social e espiritual dos pacientes e de suas famílias. Além disso, o estudo destaca a importância da formação contínua e especializada para garantir um cuidado de qualidade e humanizado. A atuação do enfermeiro, como elo da equipe multidisciplinar, é fundamental para garantir uma assistência integral e centrada no paciente, respeitando a autonomia e promovendo dignidade durante o processo de morrer.

Palavras-chave: Cuidados paliativos. Enfermagem. Qualidade de vida. Câncer. Suporte emocional. Equipe multidisciplinar. Humanização do cuidado.

1        INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, os cuidados paliativos têm ganhado destaque no campo da saúde, especialmente em função do envelhecimento da população e do aumento de doenças crônicas e terminais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados paliativos são definidos como uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, que enfrentam problemas associados a doenças potencialmente fatais, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificando precocemente e tratando dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Nesse contexto, a enfermagem desempenha um papel fundamental na prestação desses cuidados. A atuação do enfermeiro nos cuidados paliativos vai além do controle de sintomas físicos, abarcando também o suporte emocional, o acolhimento das famílias e a garantia de dignidade ao paciente durante o processo de morrer.

A Organização Mundial da Saúde (2023) define os cuidados paliativos como uma abordagem que visa a melhoria da qualidade de vida de pacientes e seus familiares, através da prevenção e do alívio do sofrimento, identificando e tratando precocemente a dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. O cuidado humanizado, que é a essência da prática de enfermagem, torna-se ainda mais relevante em situações de fim de vida, onde o foco deixa de ser a cura e passa a ser a qualidade de vida.

A enfermagem, como uma das principais profissões na linha de frente dos cuidados, desempenha um papel crucial nesse contexto. Segundo Silva e Oliveira (2022), o enfermeiro é um dos principais responsáveis pela implementação de intervenções paliativas, promovendo conforto, bem-estar e alívio de sintomas em pacientes em condições terminais. A prática de enfermagem nos cuidados paliativos exige uma abordagem centrada no paciente, que considera não apenas os aspectos clínicos, mas também as necessidades emocionais e sociais, tanto do paciente quanto de seus familiares.

De acordo com Costa e Andrade (2024), os cuidados paliativos são uma resposta ao sofrimento humano, que não deve se limitar ao controle de sintomas, mas também incluir a promoção da dignidade e o respeito à autonomia do paciente. A enfermagem, portanto, desempenha um papel fundamental na humanização dos cuidados em fim de vida, atuando de forma holística e integrada em equipes multiprofissionais. Entender o papel do enfermeiro nos cuidados paliativos é essencial para garantir uma assistência integral e qualificada aos pacientes que se encontram nessa condição. Este trabalho tem como objetivo explorar a atuação da enfermagem nos cuidados paliativos, destacando as competências necessárias, os desafios enfrentados e as contribuições dessa prática para a qualidade de vida dos pacientes.

2        METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica de natureza explicativa, com abordagem qualitativa. A investigação foi conduzida por meio de consultas a livros, periódicos indexados e materiais acadêmicos disponíveis em bases de dados sistematizadas e no ambiente digital. A seleção das fontes seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão, fundamentados no recorte temporal estabelecido para o estudo. Para a coleta de dados, foram priorizados documentos que abordassem a temática da enfermagem em cuidados paliativos. A busca foi realizada em bases de dados amplamente reconhecidas, como Scielo e PubMed, garantindo a relevância e a qualidade científica das fontes utilizadas. Os critérios de inclusão consideraram publicações em português que apresentassem evidências pertinentes e que estivessem em conformidade com os objetivos da pesquisa.

Em    contrapartida,   foram   excluídos   trabalhos   duplicados, publicações  não submetidas à revisão por pares e estudos que não se enquadram na delimitação temática proposta. Após a seleção dos materiais, a análise dos dados foi conduzida por meio de leitura crítica e interpretativa, com ênfase na identificação de padrões, conceitos-chave e discussões relevantes à assistência de enfermagem. A metodologia adotada proporcionou uma compreensão aprofundada do fenômeno em estudo, baseada na síntese das informações coletadas.

3        RESULTADOS E DISCUSSÕES

A atuação do enfermeiro em cuidados paliativos é fundamental para garantir o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes, especialmente aqueles em estágios avançados de doenças graves e terminais. Segundo Silva e Santos (2024), o enfermeiro desempenha um papel central na assistência paliativa, atuando de maneira holística e focada na humanização do cuidado. Esse profissional é responsável não apenas pela gestão dos sintomas físicos, como dor e desconforto, mas também pelo suporte emocional e espiritual tanto para o paciente quanto para a família. A literatura destaca que um dos principais desafios enfrentados pelos enfermeiros em cuidados paliativos é lidar com o processo de morrer, uma vez que o manejo das emoções pode impactar a qualidade do cuidado prestado. Bastos et al. (2017) ressaltam que a experiência da morte, inevitável nessa área de atuação, exige do enfermeiro habilidades de comunicação, empatia e resiliência para lidar com o sofrimento dos pacientes e seus familiares. Nesse contexto, o suporte psicológico e a capacitação continuada desses profissionais são essenciais para minimizar os impactos emocionais negativos.

O papel do enfermeiro em uma equipe multidisciplinar nos cuidados paliativos é fundamental para garantir uma abordagem integral e humanizada para pacientes com doenças graves e terminais. Em uma equipe que inclui médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais de saúde, o enfermeiro desempenha um papel central, oferecendo cuidados contínuos e abrangentes que são essenciais para a qualidade de vida dos pacientes. Esse trabalho em equipe é crucial para a definição de um plano de cuidados que considere as dimensões físicas, emocionais, sociais e espirituais do paciente.

Os cuidados paliativos também envolvem questões éticas, como o respeito à autonomia do paciente e a tomada de decisões compartilhadas. Costa e Andrade (2024) afirmam que o enfermeiro deve ser um defensor dos direitos do paciente, garantindo que as suas preferências e valores sejam respeitados durante todo o processo de cuidado. Desempenham um papel central na coordenação entre os diversos membros da equipe de cuidados paliativos, incluindo médicos, psicólogos e assistentes sociais. Eles facilitam a comunicação e garantem que o plano de cuidados seja integrado e adaptado às necessidades do paciente, promovendo uma abordagem coesa e eficiente (HERMES; LAMARCA, 2023).

Manter a dignidade e a autonomia do paciente é uma prioridade nos cuidados paliativos. Os enfermeiros trabalham para garantir que as preferências e valores dos pacientes sejam respeitados em todas as decisões de cuidado, promovendo uma abordagem que valoriza a autonomia do paciente e respeita sua individualidade (FREIRE et al., 2024). Esta abordagem é crucial para garantir que o cuidado seja centrado no paciente e alinhado com suas preferências. Esta coordenação é crucial para assegurar que todos os aspectos do cuidado sejam abordados de forma harmoniosa.

O papel do enfermeiro em uma equipe multidisciplinar de cuidados paliativos é multifacetado e essencial para a eficácia do cuidado. Desde o gerenciamento de sintomas e o suporte emocional até a coordenação da equipe e a promoção da dignidade do paciente, os enfermeiros contribuem significativamente para a qualidade de vida dos pacientes em fim de vida.

A atuação integrada dos enfermeiros, com foco na abordagem holística e na comunicação eficaz, é crucial para garantir um atendimento humanizado e de alta qualidade. Além disso, a literatura sugere que a prática ética em cuidados paliativos exige do enfermeiro um equilíbrio entre a manutenção do conforto e a limitação de intervenções invasivas que possam prolongar o sofrimento (OLIVEIRA; COSTA, 2024).

A educação continuada e a especialização na área de cuidados paliativos são fundamentais para que esses profissionais desenvolvam competências específicas, como o manejo da dor, o suporte psicológico e a comunicação efetiva com pacientes em final de vida. A carência de cursos específicos e a necessidade de maior investimento em programas de capacitação foram destacadas como barreiras para a melhoria da prática de cuidados paliativos no Brasil. No entanto, a literatura também aponta para a carência de cursos e treinamentos específicos, o que pode limitar a qualidade do atendimento oferecido (FREITAS; SOUZA, 2023).

Os cuidados paliativos têm um impacto direto na qualidade de vida dos pacientes. Estudos recentes, como o de Carvalho e Martins (2024), mostram que a implementação de cuidados paliativos adequados pode melhorar significativamente o conforto e o bem-estar dos pacientes, reduzindo o sofrimento e proporcionando uma melhor qualidade de vida até o final da vida. Os cuidados paliativos também oferecem suporte emocional e psicológico essencial. Pacientes terminais frequentemente enfrentam uma gama de emoções complexas, incluindo medo, ansiedade e tristeza.

O apoio psicológico proporcionado pela equipe de cuidados paliativos ajuda a lidar com esses sentimentos e proporciona um espaço seguro para o paciente expressar suas preocupações e medos (SILVA; OLIVEIRA, 2022). Este suporte é crucial para a saúde mental e emocional do paciente durante o final da vida. A implementação adequada dos cuidados paliativos tem um impacto direto na qualidade de vida dos pacientes terminais. Segundo Freire et al. (2024), cuidados paliativos bem estruturados promovem o bem-estar geral do paciente, não apenas aliviando sintomas físicos, mas também abordando aspectos emocionais e sociais.

A qualidade de vida é, portanto, significativamente melhorada quando os pacientes recebem cuidados que consideram todas as suas necessidades e preferências. Portanto, a atuação do enfermeiro em cuidados paliativos é complexa e exige uma abordagem integral e ética. Manter a dignidade e a autonomia do paciente é uma prioridade nos cuidados paliativos. Os enfermeiros trabalham para garantir que as preferências e valores dos pacientes sejam respeitados em todas as decisões de cuidado, promovendo uma abordagem que valoriza a autonomia do paciente e respeita sua individualidade (FREIRE et al., 2024).

A promoção da dignidade do paciente e o respeito por suas preferências são aspectos centrais dos cuidados paliativos. O atendimento é adaptado às necessidades e desejos do paciente, respeitando suas escolhas em relação ao tratamento e ao final da vida (SILVA; SANTOS, 2024). Isso garante que o paciente mantenha o controle sobre sua vida e receba cuidados de acordo com seus valores e crenças. Os cuidados paliativos têm um impacto significativo e positivo na vida dos pacientes terminais. Através do alívio de sintomas, suporte emocional, melhoria da qualidade de vida, e suporte às famílias, os cuidados paliativos contribuem para uma experiência mais digna e confortável durante o final da vida. É crucial que esses cuidados sejam oferecidos de forma abrangente e integrada, respeitando as preferências e necessidades individuais dos pacientes.

4        CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, a atuação do enfermeiro em cuidados paliativos revela-se complexa e envolve desafios consideráveis, ao mesmo tempo em que proporciona oportunidades significativas para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A literatura atual sublinha a importância da formação contínua e da abordagem holística no contexto dos cuidados paliativos. Estudos ressaltam que o suporte emocional, a capacitação especializada e a coordenação eficiente entre os profissionais de saúde são elementos cruciais para enfrentar os desafios associados a essa prática essencial. Além disso, a necessidade de uma formação especializada para os enfermeiros é evidente. Esses autores destacam que a educação continuada é fundamental para a melhoria das competências dos profissionais, permitindo-lhes oferecer cuidados mais integrados e sensíveis às necessidades dos pacientes em situação terminal.

Portanto, a prática de cuidados paliativos não apenas exige habilidades técnicas e conhecimentos específicos, mas também uma abordagem empática e coordenada, que considere as dimensões físicas, emocionais e espirituais do paciente. A atuação eficaz do enfermeiro é, assim, um fator determinante para proporcionar um atendimento de qualidade e digno, refletindo o compromisso com a humanização e o respeito à autonomia dos pacientes.

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1 Discente do Curso Superior de Enfermagem da Faculdade da Amazônia – UNAMA.

2 Docente do Curso Superior de Enfermagem da Faculdade da Amazônia – UNAMA.