NURSING CARE FOR PATIENTS WITH TYPE 1 DIABETES MELLITUS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10966003
Giovanna Prado Basilio1;
Camilla Antunez Villagran2;
Luiz Alexandre Pereira de Toledo3;
Ana Paula Felix Arantes4
RESUMO
Diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, isso ocorre devido ao mau funcionamento do hormônio insulina, responsável por regular a quantidade de glicose na corrente sanguínea. O diabetes tipo 1 é uma condição complexa e que requer um acompanhamento contínuo para o controle adequado da doença e a prevenção de complicações. A enfermagem desempenha um papel central nesse cuidado, fornecendo suporte educacional, emocional e prático aos pacientes e suas famílias. Diante disso, esta revisão tem como objetivos detalhar os aspectos gerais da assistência de enfermagem no cuidado ao paciente com diabetes mellitus tipo 1, visando o controle glicêmico, a prevenção de complicações e a melhoria da qualidade de vida. Este trabalho foi conduzido por meio de revisão de literatura realizada na Universidade de Rio Verde, a partir do levantamento de artigos científicos e dissertações indexadas nas bases de dados como: Google Acadêmico, Pubmed e Scielo, sendo esta uma revisão metodológica narrativa, que se concentra na apresentação e síntese de conhecimento de forma narrativa e descritiva. Diante da complexidade e das demandas específicas associadas ao cuidado do paciente portador de Diabetes Mellitus Tipo 1, a assistência de enfermagem emerge como um elemento crucial para o manejo eficaz dessa condição crônica, através de uma abordagem centrada no paciente, os enfermeiros desempenham um papel fundamental na promoção da saúde, prevenção de complicações e melhoria da qualidade de vida desses indivíduos.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus; Enfermagem; Assistência.
ABSTRACT
Diabetes mellitus is a chronic disease characterized by increased blood glucose levels. This occurs due to the malfunction of the hormone insulin, responsible for regulating the amount of glucose in the bloodstream. Type 1 diabetes is a complex condition that requires continuous monitoring to adequately control the disease and prevent complications. Nursing plays a central role in this care, providing educational, emotional and practical support to patients and their families. Therefore, this review aims to detail the general aspects of nursing care in the care of patients with type 1 diabetes mellitus, aiming at glycemic control, preventing complications and improving quality of life. This work was conducted through a literature review carried out at the University of Rio Verde, based on a survey of scientific articles and dissertations indexed in databases such as: Google Scholar, Pubmed and Scielo, this being a narrative methodological review, which focuses in the presentation and synthesis of knowledge in a narrative and descriptive way. Given the complexity and specific demands associated with the care of patients with Type 1 Diabetes Mellitus, nursing care emerges as a crucial element for the effective management of this chronic condition, through a patient-centered approach, nurses play a fundamental role in promoting health, preventing complications and improving the quality of life of these individuals.
Keywords: Diabetes Mellitus; Nursing; Assistance.
INTRODUÇÃO
Diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, isso ocorre devido ao mau funcionamento do hormônio insulina, responsável por regular a quantidade de glicose na corrente sanguínea (1).
De acordo com dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF), estima-se que em 2021, aproximadamente 537 milhões de pessoas tenham diabetes mellitus em nível global. Esse número representa cerca de 9,3% da população mundial, além disso, estima-se que cerca de 1,1 milhão de pessoas morrem anualmente devido a complicações relacionadas à diabetes.
A assistência de enfermagem desempenha um papel fundamental no cuidado ao paciente com diabetes mellitus tipo 1. Os enfermeiros estão envolvidos na educação do paciente sobre a doença, seus sintomas, complicações e medidas de autocuidado. Eles fornecem orientações sobre a administração correta de insulina, monitoramento dos níveis de glicose, planejamento de refeições saudáveis e incentivo à prática de atividade física regular. Além disso, os enfermeiros desempenham um papel importante no suporte emocional e na orientação psicossocial, ajudando os pacientes e suas famílias a lidar com os desafios diários da doença. (2).
No entanto, a assistência de enfermagem ao paciente com diabetes mellitus tipo 1 enfrenta alguns desafios. A falta de tempo, e recursos adequados pode limitar a quantidade e a qualidade da educação fornecida aos pacientes. Além disso, a falta de coordenação entre os profissionais de saúde pode resultar em lacunas no cuidado e na comunicação inadequada entre os membros da equipe (2).
A adesão do paciente ao tratamento também pode ser um desafio, uma vez que o autocuidado no diabetes tipo 1 requer disciplina e mudanças no estilo de vida. A falta de suporte emocional e falta de acesso a recursos de apoio também podem afetar negativamente a assistência de enfermagem e o bem-estar do paciente (3).
A escolha do tema é justificada pela relevância e importância desse cuidado na vida dos pacientes. O diabetes tipo 1 é uma condição complexa e que requer um acompanhamento contínuo para o controle adequado da doença e a prevenção de complicações. A enfermagem desempenha um papel central nesse cuidado, fornecendo suporte educacional, emocional e prático aos pacientes e suas famílias.
Dessa forma, o presente trabalho teve como problema de revisão: “quais as estratégias de enfermagem seriam mais eficazes no controle da glicemia, prevenção de complicações a curto e longo prazo, e melhoria da qualidade de vida do paciente com diabetes mellitus tipo 1?”
Acredita-se que a implementação de um programa de educação em saúde abrangente, que inclua orientações sobre o autocuidado, monitoramento glicêmico regular, administração correta de insulina e suporte emocional, resultará em melhor controle glicêmico, redução de complicações agudas e crônicas e melhoria da qualidade de vida dos pacientes com diabetes mellitus tipo 1, quando comparado ao cuidado convencional, sugerindo uma intervenção estruturada e voltada para a educação e suporte aos pacientes, realizada pela equipe de enfermagem, pode ter um impacto positivo na gestão do diabetes mellitus tipo 1.
Diante disso, esta revisão tem como objetivos detalhar os aspectos gerais da assistência de enfermagem no cuidado ao paciente com diabetes mellitus tipo 1, visando o controle glicêmico, a prevenção de complicações e a melhoria da qualidade de vida. Além de relacionar os principais fatores causadores de diabetes mellitus tipo 1, detalhar a influência da assistência de enfermagem na prevenção de complicações agudas e analisar o papel da enfermagem na identificação e manejo das complicações crônicas associadas a esta patologia.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido por meio de revisão de literatura realizada na Universidade de Rio Verde, a partir do levantamento de artigos científicos e dissertações indexadas nas bases de dados como: Google Acadêmico, Pubmed e Scielo, utilizando as palavras-chaves: “Diabetes Mellitus”; “Enfermagem” e “Assistência”. Sendo esta uma revisão metodológica narrativa, que se concentra na apresentação e síntese de conhecimento de forma narrativa e descritiva.
Foram considerados os artigos de idiomas português e inglês que estiverem dentro do tema proposto, bem como teses. Os arquivos foram discutidos antes de serem integrados ao trabalho para melhor coerência de dados obtidos. Foram excluídos da pesquisa apenas os trabalhos que fujam do tema enfatizado e não demonstrem clareza da metodologia de execução e que não pertençam ao período dos últimos 10 anos. Foram identificados 2.067 artigos, dos quais 27 foram utilizados.
REVISÃO DE LITERATURA
1. Aspectos conceituais sobre Diabetes Mellitus
Diabetes Mellitus tipo 1 é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico do indivíduo destrói as células produtoras de insulina no pâncreas, resultando em deficiência absoluta desse hormônio. Exigindo a administração diária de insulina para o controle dos níveis de glicose (3).
É mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens, e seu tratamento requer a administração diária de insulina. Esses pacientes precisam monitorar regularmente seus níveis de glicose, ajustar a dose de insulina, adotar uma dieta equilibrada e manter um estilo de vida saudável (4).
Em termos de sexo, não há uma diferença significativa na prevalência da diabetes mellitus entre homens e mulheres. Ambos os sexos podem ser afetados igualmente pela doença. Em relação à faixa etária, a diabetes mellitus pode afetar pessoas de todas as idades. No entanto, existem dois grupos etários que apresentam maior risco: a faixa etária mais avançada e a faixa etária mais jovem (5).
As causas exatas da diabetes mellitus não são totalmente compreendidas, mas fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante. Ter familiares de primeiro grau com diabetes aumenta o risco de desenvolver a doença. Além disso, fatores como excesso de peso, sedentarismo, dieta pobre em fibras e alto consumo de alimentos processados e açucarados também estão associados ao aumento do risco (6).
A diabetes mellitus tipo 1 não está relacionada a fatores de risco, como obesidade, e sua ocorrência é mais frequentemente observada em indivíduos com predisposição genética (7).
Os sintomas comuns da diabetes mellitus incluem aumento da sede, e da vontade de urinar, fadiga, perda de peso inexplicável, visão embaçada, feridas que demoram a cicatrizar, coceira frequente na pele e infecções recorrentes. No entanto, em alguns casos, a doença pode ser assintomática (8).
As consequências da diabetes mellitus mal controlada são graves e podem afetar vários órgãos e sistemas do corpo. A doença está associada a um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como doença cardíaca coronariana e acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, a diabetes pode levar a complicações como doença renal crônica, doenças oculares (retinopatia diabética, catarata, glaucoma), problemas de circulação (como doença arterial periférica) e amputações (9).
Quanto a comorbidades, a diabetes mellitus está associada a um maior risco de desenvolvimento de várias outras condições médicas. Entre as comorbidades mais comuns estão as doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, colesterol elevado e problemas de circulação. Essas comorbidades estão relacionadas aos danos causados pelos níveis consistentemente elevados de glicose no sangue e podem apresentar complicações graves se não gerenciadas adequadamente (10).
O tratamento da diabetes mellitus envolve uma abordagem multimodal, incluindo a adoção de um estilo de vida saudável, controle da dieta (com foco em alimentos ricos em fibras, baixos em gorduras saturadas e açúcares), prática regular de exercícios físicos, monitoramento regular dos níveis de glicose no sangue, uso de medicações orais ou insulina, e educação do paciente sobre o autocuidado e controle da doença. O objetivo do tratamento é manter os níveis de glicose no sangue dentro da faixa e prevenir ou retardar as complicações associadas à doença (1).
2. Assistência de enfermagem na prevenção de complicações agudas da DM
A atenção primária à saúde desempenha um papel crucial no manejo da diabetes mellitus. Os centros de saúde e os profissionais de saúde da família desempenham um papel fundamental na prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes com diabetes.
O funcionamento de medicamentos e tecnologias essenciais para o tratamento da diabetes, como insulina, tiras de teste de glicemia e bombas de insulina, é fundamental. No Brasil, esses itens são garantidos pelo SUS, mas podem haver desafios relacionados à disponibilidade e distribuição, especialmente em áreas mais remotas (4).
A equipe de enfermagem desempenha um papel crucial no cuidado integral ao paciente portador de diabetes mellitus tipo 1, uma condição crônica que demanda uma abordagem multidisciplinar para seu manejo eficaz. O enfermeiro, como membro fundamental dessa equipe, desempenha funções diversas, desde a educação do paciente sobre sua condição até a administração adequada de insulina (11).
A educação do paciente é uma parte essencial do cuidado, e a equipe de enfermagem desempenha um papel central nesse processo. É necessário fornecer informações detalhadas sobre o controle glicêmico, dieta balanceada, monitoramento regular da glicose e o uso adequado de insulina. A enfermagem também desempenha um papel significativo na promoção de hábitos de vida saudáveis, incentivando a prática de atividades físicas regulares e a adoção de uma alimentação equilibrada (12).
Uma das principais questões agudas na DM é o descontrole glicêmico, que pode se manifestar tanto como hipoglicemia quanto como hiperglicemia. A hipoglicemia ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão abaixo do limite normal, enquanto a hiperglicemia indica uma elevação excessiva desses níveis; ambas as condições representam um risco significativo para a saúde do paciente diabético e requerem intervenções imediatas para evitar complicações graves (13).
O enfermeiro desempenha um papel crucial no manejo e prevenção dessas emergências glicêmicas. Na hipoglicemia, por exemplo, pode administrar glicose por via oral ou intravenosa, monitorar os sinais vitais do paciente e fornecer suporte emocional durante o episódio. Além disso, é responsabilidade do enfermeiro educar o paciente e seus cuidadores sobre os sinais e sintomas de hipoglicemia, assim como as medidas de prevenção, como ajustes na dieta e nos medicamentos (14).
Por outro lado, na hiperglicemia aguda, o enfermeiro pode ajudar na administração de insulina, monitoramento frequente da glicemia, hidratação adequada e intervenções para tratar sintomas como poliúria, polidipsia e polifagia; o enfermeiro desempenha um papel fundamental na identificação das causas subjacentes da hiperglicemia, como infecções ou problemas no controle medicamentoso (15).
A administração de insulina é uma responsabilidade crucial da equipe de enfermagem no tratamento do diabetes mellitus tipo 1. Isso inclui a orientação sobre técnicas de aplicação, horários adequados e ajustes de doses conforme necessário. Além disso, a equipe monitora de perto os níveis de glicose, identificando padrões e ajustando o plano de tratamento conforme as necessidades individuais do paciente (16).
No contexto do cuidado ao paciente diabético tipo 1, a prevenção e o gerenciamento de complicações também estão entre as responsabilidades da equipe de enfermagem. O monitoramento regular de possíveis complicações, como neuropatia, retinopatia e nefropatia, é essencial. A equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental na identificação precoce dessas complicações, encaminhando o paciente para avaliação e intervenção médica quando necessário (17).
A neuropatia diabética é uma complicação comum e debilitante da Diabetes Mellitus, caracterizada pelo dano aos nervos periféricos, resultando em sintomas como dor, formigamento, dormência e fraqueza muscular, principalmente nas extremidades do corpo; em estágios avançados pode levar a complicações graves, como úlceras nos pés e amputações. O enfermeiro atua na identificação precoce desses sintomas, educando o paciente sobre cuidados com os pés e prevenção de lesões, colabora na gestão da dor, promoção da mobilidade e na adaptação do paciente às mudanças causadas pela neuropatia, contribuindo assim para uma melhor qualidade de vida (18).
A retinopatia diabética é uma complicação ocular caracterizada por danos nos vasos sanguíneos da retina, isso pode levar a problemas de visão, incluindo visão turva, manchas escuras ou perda da visão. O enfermeiro é crucial na prevenção e no manejo da retinopatia diabética por meio da educação do paciente sobre a importância do controle glicêmico, da monitorização da pressão arterial e do acompanhamento oftalmológico regular (19).
A nefropatia diabética é uma complicação renal grave e progressiva da Diabetes Mellitus, resultante do dano aos pequenos vasos sanguíneos dos rins, levando à diminuição da função renal e, eventualmente, à insuficiência renal. O enfermeiro auxilia na prevenção e no manejo da nefropatia diabética, enfatizando a importância do controle glicêmico rigoroso, da pressão arterial e da proteção renal por meio de uma dieta adequada e do monitoramento frequente da função renal; é envolvido na educação do paciente sobre sinais precoces de disfunção renal, como proteinúria e alterações na frequência urinária (20).
Além disso, a equipe de enfermagem desempenha um papel de apoio emocional, compreendendo as preocupações e desafios que os pacientes com diabetes tipo 1 enfrentam diariamente. O cuidado centrado no paciente inclui o incentivo à autogestão e o suporte psicológico para lidar com o impacto emocional da condição (11).
3. Papel da enfermagem na identificação e manejo das complicações crônicas associadas Diabetes Mellitus
De acordo com Santos et al., (21) no contexto da Atenção Básica de Saúde, segundo os protocolos estabelecidos nos Programas do Ministério da Saúde e disposições legais da profissão, o enfermeiro tem atribuições específicas entre outras, para realizar a Consulta de Enfermagem, solicitar exames complementares e prescrever medicações.
A consulta de enfermagem é uma atividade de fundamental importância para o acompanhamento dos portadores de DM1, pois possibilita sensibilizar o portador desta patologia sobre a sua condição de saúde e os seus familiares para seguir o seu plano de tratamento estabelecido pela equipe da Estratégia de Saúde da Família.
Esta consulta deve ter sempre como foco principal os fatores de risco que influenciam o controle do diabetes, como as mudanças no estilo de vida do paciente, incentivo à atividade física, redução do peso corporal e o abandono do tabagismo. Além disso, deve estar voltada para a educação permanente, atualização das rotinas dos Programas, prevenção de complicações com a manutenção de níveis glicêmicos normais e controle de fatores de risco (22).
Durante a consulta de enfermagem, o enfermeiro deve ser um profissional observador, atencioso e cordial com o paciente. Ele deve ser receptivo, ouvindo atentamente e demonstrando interesse em relação às necessidades do cliente, suas preocupações e problemas. Além disso, deve ser resolutivo, considerando as necessidades em saúde possíveis de serem atendidas na unidade, traçando estratégias que contemplem a utilização das rotinas de acordo com as necessidades do cliente. Também deve ser criativo, encontrando soluções específicas para cada situação. É fundamental que o enfermeiro esteja apto a ensinar e supervisionar o auto-monitoramento da glicemia capilar, além de orientar sobre insulinas, incluindo conservação, manipulação, doses, locais de aplicação e a própria aplicação (23).
Antes de iniciar as orientações relativas às insulinas, o enfermeiro deve realizar a coleta de dados, que inclui informações referentes ao paciente, família e comunidade, com o propósito de identificar as necessidades, problemas, preocupações ou reações humanas do diabético. Além disso, é necessário investigar a situação sócio-econômica, incluindo ocupação, moradia, alimentação, lazer, entre outros aspectos, com o objetivo de realizar orientações que o usuário possa seguir, ou seja, que estejam dentro do seu estilo de vida. Essa abordagem holística permite ao enfermeiro adaptar suas orientações e intervenções de acordo com as necessidades e realidade específicas de cada paciente, promovendo assim um cuidado mais eficaz e personalizado (24).
Segundo a literatura, o enfermeiro deve investigar a percepção do usuário frente à patologia, o tratamento e o autocuidado, além de acrescentar informações sobre as queixas atuais, como tontura, cefaleia, alterações visuais, dor precordial, dispneia, paresia, parestesias, edema e lesões de membros inferiores. A atuação do enfermeiro nos programas de diabetes é de extrema relevância, pois ele possui uma visão e prática global das propostas de abordagem não farmacológica e medicamentosa, além de participar praticamente em todos os momentos do contato dos usuários com a unidade de Estratégia de Saúde da Família.
O pé diabético representa uma das complicações mais preocupantes e debilitantes da Diabetes Mellitus, resultante da combinação de neuropatia periférica, diminuição da circulação sanguínea e susceptibilidade aumentada a lesões. Os enfermeiros desempenham um papel vital tanto na prevenção quanto no tratamento das lesões associadas ao pé diabético; na frente preventiva, os enfermeiros educam os pacientes sobre a importância da inspeção diária dos pés, do uso de calçados adequados e da higiene dos pés para evitar lesões e infecções, além disso, avaliam regularmente a sensibilidade e a circulação dos pés, identificando precocemente qualquer sinal de lesão em potencial (25).
No que diz respeito ao tratamento, os enfermeiros empregam uma variedade de técnicas e tecnologias para promover a cicatrização de lesões e prevenir complicações, isso inclui a aplicação de curativos especializados, como curativos com alginato de cálcio ou hidrocoloides, para manter um ambiente de cicatrização úmido e proteger contra infecções. O uso de terapias avançadas, como terapia a vácuo e terapia com laser, pode ser empregado para promover a cicatrização de feridas mais complexas e diminuir o risco de amputação. Os enfermeiros também desempenham um papel fundamental na coordenação do cuidado interdisciplinar, trabalhando em estreita colaboração com médicos, podologistas, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde para garantir uma abordagem abrangente e eficaz no manejo do pé diabético (26).
Esses papéis são indispensáveis na prevenção e tratamento do pé diabético, empregando uma variedade de estratégias curativas e preventivas para minimizar o risco de lesões, promover a cicatrização e melhorar a qualidade de vida dos pacientes diabéticos (27).
A consulta de enfermagem é considerada diretamente relacionada ao processo educativo, sendo assim, o enfermeiro deve estimular o usuário, principalmente em relação ao autocuidado. Neste processo, o enfermeiro é reconhecido como um importante agente de estímulo à adesão aos programas de controle do diabetes. Sua intervenção vai além do aspecto clínico, englobando também o apoio emocional, a educação para a saúde e o incentivo à adoção de hábitos de vida saudáveis, o que contribui significativamente para o manejo eficaz da doença e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da complexidade e das demandas específicas associadas ao cuidado do paciente portador de Diabetes Mellitus Tipo 1, a assistência de enfermagem emerge como um elemento crucial para o manejo eficaz dessa condição crônica. Através de uma abordagem centrada no paciente, os enfermeiros desempenham um papel fundamental na promoção da saúde, prevenção de complicações e melhoria da qualidade de vida desses indivíduos.
A educação em saúde surge como uma ferramenta poderosa para capacitar os pacientes a assumirem um papel ativo no autocuidado, enfatizando a importância do monitoramento da glicemia, administração de insulina, adoção de hábitos alimentares saudáveis e prática regular de exercícios físicos.
Além disso, a consulta de enfermagem proporciona um espaço privilegiado para o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional e o paciente, permitindo uma avaliação holística das necessidades e uma elaboração de planos de cuidados individualizados. No entanto, é crucial reconhecer os desafios enfrentados tanto pelos pacientes quanto pelos profissionais de saúde, como a adesão ao tratamento, o manejo das emoções relacionadas à condição crônica e a busca por recursos adequados de suporte.
Portanto, é imperativo que a assistência de enfermagem seja contínua, holística e baseada em evidências, visando não apenas controlar os sintomas, mas também capacitar os pacientes a viverem uma vida plena e saudável, apesar do diagnóstico de Diabetes Mellitus Tipo 1.
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1Acadêmica de Enfermagem da Universidade de Rio Verde, Autora correspondente: Email: giovannapb74@hotmail.com;
2Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade de Rio Verde, Graduada em Enfermagem e Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria;
3Docente da Universidade de Rio Verde, Graduado em Biomedicina e Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Goiás;
4Docente da Universidade de Rio Verde, Graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual de Goiás, Mestra em Ciências Ambientais e Saúde pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e Doutoranda em Movimento Humano e Reabilitação pela Universidade Evangélica de Goiás