ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIAGNOSTICADO COM ANSIEDADE: ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO E PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR PSICOSSOCIAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505261256


Islania Rayssa Silva Lima1
Orientadora: Profa. Esp. Naianne Georgia Sousa de Oliveira2


RESUMO

Este estudo tem como objetivo analisar as estratégias de intervenção da enfermagem no manejo da ansiedade, promovendo o bem-estar psicossocial dos pacientes. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, realizada entre janeiro e abril de 2025, com base na seleção e análise de artigos científicos, livros, portarias e resoluções. A coleta de dados foi conduzida por meio de buscas sistemáticas em bases científicas. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 19 manuscritos foram selecionados para compor a amostra final. A análise dos dados revelou que a assistência de enfermagem desempenha um papel crucial no controle da ansiedade, sendo as
principais estratégias identificadas: comunicação terapêutica, educação em saúde e incentivo a técnicas de enfrentamento. Os resultados reforçam a importância de uma abordagem holística e
sistemática no cuidado ao paciente ansioso, destacando a necessidade de capacitação contínua dos profissionais de enfermagem.

Palavras-chave: Ansiedade. Enfermagem. Estratégias de intervenção. Bem-estar psicossocial.

1. INTRODUÇÃO 

A ansiedade é um transtorno psicológico amplamente prevalente, caracterizado por sentimentos de apreensão, preocupação excessiva e manifestações fisiológicas que podem comprometer a qualidade de vida dos indivíduos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os transtornos de  ansiedade estão entre as condições psiquiátricas mais comuns, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Esse quadro pode se manifestar de diversas formas, desde sintomas leves e transitórios até episódios graves e persistentes que interferem significativamente nas atividades cotidianas. Nesse contexto, a assistência de enfermagem assume um papel fundamental no manejo da ansiedade, proporcionando suporte integral ao paciente por meio de intervenções terapêuticas e estratégias voltadas para a promoção do bem-estar psicossocial. 

Diante da crescente prevalência dos transtornos de ansiedade, torna-se essencial compreender como a atuação dos profissionais de enfermagem pode contribuir para a redução dos sintomas ansiosos e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Assim, este estudo tem como objetivo principal investigar a eficácia das estratégias de intervenção de enfermagem no cuidado de pacientes diagnosticados com ansiedade, analisando seu impacto na redução dos sintomas, na qualidade de vida e na satisfação com o atendimento recebido. A questão central que norteia a pesquisa é: como a assistência de enfermagem pode contribuir para o manejo da ansiedade em pacientes, promovendo seu bem-estar psicossocial? 

A enfermagem desempenha um papel essencial na abordagem do paciente ansioso, pois está presente em diferentes contextos assistenciais, desde a atenção primária até unidades especializadas em saúde mental. Nesse sentido, é fundamental que os profissionais de enfermagem estejam capacitados para identificar as manifestações clínicas da ansiedade e implementar estratégias eficazes de cuidado, incluindo comunicação terapêutica, educação em saúde e técnicas para o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento. Além disso, a atuação do enfermeiro no monitoramento dos efeitos de intervenções farmacológicas e psicoterapêuticas é indispensável para garantir um tratamento seguro e eficiente. 

A importância deste estudo justifica-se pela necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a assistência de enfermagem no manejo da ansiedade, visando aprimorar as práticas clínicas e fortalecer a base científica para a tomada de decisões na área da saúde mental. Embora existam diretrizes estabelecidas para o tratamento dos transtornos de ansiedade, ainda há lacunas quanto à melhor abordagem a ser adotada pelos enfermeiros na prática diária. Dessa forma, esta pesquisa busca contribuir para a formação e atualização profissional, fornecendo subsídios teóricos e práticos para que os enfermeiros possam desempenhar seu papel de maneira mais assertiva e humanizada no cuidado de pacientes ansiosos.

Espera-se que os achados deste estudo possam auxiliar na construção de estratégias mais eficazes para o manejo da ansiedade, promovendo benefícios tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde envolvidos na assistência. Ao compreender a relevância do papel da enfermagem no suporte psicossocial e emocional dos indivíduos acometidos por transtornos de ansiedade, pretende-se incentivar a adoção de práticas baseadas em evidências que favoreçam a recuperação e o bem-estar dos pacientes. Dessa forma, esta pesquisa visa não apenas contribuir para a literatura acadêmica, mas também fornecer orientações aplicáveis à realidade da prática clínica, tornando-se um instrumento valioso para a melhoria da assistência de enfermagem no campo da saúde mental.

2. METODOLOGIA 

Este estudo caracteriza-se como uma revisão sistemática da literatura, com abordagem qualitativa, cujo objetivo é identificar e analisar as evidências científicas disponíveis sobre as estratégia de intervenção de enfermagem no manejo da ansiedade, visando à promoção do bem-estar psicossocial dos pacientes diagnosticados com transtornos de ansiedade. A pesquisa abrangeu publicações científicas dos últimos dez anos, incluindo artigos originais, revisões sistemáticas e meta-análises que tratam especificamente das intervenções de enfermagem relacionadas à ansiedade. A população de interesse para este estudo são os pacientes adultos diagnosticados com transtornos de ansiedade, bem como as práticas de enfermagem e procedimentos utilizados para o manejo desses transtornos. 

A amostragem foi realizada por meio da seleção criteriosa de artigos científicos disponíveis nas principais bases de dados online, como PubMed, Scopus, Cochrane Library, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e CINAHL. Foram incluídos estudos que abordam intervenções de enfermagem no manejo da ansiedade, estratégias terapêuticas não farmacológicas e outras abordagens que possam contribuir para a promoção do bem-estar psicossocial dos pacientes. Artigos revisados, meta-análises e ensaios clínicos controlados foram priorizados por fornecerem dados mais robustos sobre a temática. 

Foram excluídos artigos que não tratam diretamente do tema de intervenções de enfermagem relacionadas à ansiedade, como aqueles focados em outros transtornos mentais ou que não abordam as estratégias de manejo específicas no contexto da enfermagem. Também foram descartados estudos que não possuíam informações detalhadas sobre os métodos de intervenção ou que não estavam acessíveis através das bases de dados selecionadas. 

A análise dos dados foi realizada de forma crítica e sistemática, utilizando a leitura e avaliação da qualidade metodológica dos estudos selecionados. A ênfase foi dada à análise das intervenções de enfermagem identificadas nos artigos, categorizando-as em estratégias psicoeducacionais, terapias complementares, suporte emocional e outras abordagens não farmacológicas. Além disso, a revisão também focou nas práticas de prevenção e nos protocolos adotados pela equipe de enfermagem, com destaque para a importância da educação em saúde e da capacitação contínua da equipe para o manejo da ansiedade. O processo de análise foi conduzido levando em consideração a qualidade metodológica dos estudos, a relevância dos resultados e sua aplicabilidade nas práticas de cuidado. 

Os artigos selecionados para esta revisão foram obtidos de fontes científicas confiáveis e respeitáveis, garantindo a integridade e a relevância das informações coletadas. Não houve necessidade de intervenção direta com seres humanos, uma vez que o estudo se baseou exclusivamente na análise de dados secundários provenientes de publicações científicas já existentes.

Todos os estudos utilizados foram devidamente citados e referenciados conforme as diretrizes acadêmicas de atribuição de autoria e créditos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A ansiedade é uma resposta emocional caracterizada por sentimentos de apreensão, nervosismo e preocupação intensa em relação a eventos futuros ou situações percebidas como ameaçadoras. Segundo a American Psychological Association (APA, 2024), “a ansiedade envolve antecipação de perigos futuros e é mais associada à tensão muscular e à vigilância em preparação para a ameaça”. Essa condição pode variar em intensidade, desde preocupações leves até crises debilitantes que interferem significativamente na vida cotidiana das pessoas. 

A ansiedade, apesar de ser uma resposta natural do organismo a situações desafiadoras, pode impactar de maneira significativa a qualidade de vida do indivíduo. Estudos recentes indicam que fatores como predisposição genética, estresse ambiental e histórico de experiências traumáticas podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos ansiosos (SOUZA, 2022). Esses fatores devem ser considerados pelos profissionais de saúde ao elaborar estratégias de intervenção personalizadas.

A forma como a ansiedade se manifesta pode ser diversa e muitas vezes subjetiva, dependendo da experiência individual de cada pessoa. Conforme destaca Barlow (2018, p. 12), “a ansiedade pode surgir em resposta a uma variedade de estímulos percebidos como ameaçadores, reais ou imaginários”. Isso pode incluir desde situações sociais desconfortáveis até preocupações persistentes com problemas de saúde ou financeiros, refletindo uma ampla gama de desafios psicológicos que indivíduos enfrentam diariamente. 

Do ponto de vista biológico, a ansiedade está associada a respostas do sistema nervoso autônomo, especialmente o aumento da atividade do sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para a “luta ou fuga” em face do perigo percebido (NIMH, 2023). Segundo Kandel et al. (2019, p. 561), “mecanismos neurais subjacentes à ansiedade envolve interações complexas entre neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, e estruturas cerebrais como a amígdala e o córtex pré-frontal”. 

Além dos sintomas físicos e biológicos, a ansiedade pode ter um impacto significativo na saúde mental a longo prazo. Como observado por Hirschfeld et al. (2017, p. 224), “a ansiedade crônica está associada a um risco aumentado de desenvolvimento de transtornos depressivos e outras condições psiquiátricas”. Isso ressalta a importância de abordagens eficazes de tratamento e gestão da ansiedade, que variam desde terapias psicológicas até intervenções farmacológicas, dependendo da gravidade e das necessidades individuais do paciente. 

A ansiedade é uma resposta natural e adaptativa em muitos contextos, mas pode se tornar debilitante quando ocorre de forma persistente e desproporcional em relação às ameaças percebidas. Como sugere APA (2024), compreender os fatores que contribuem para a ansiedade e desenvolver estratégias eficazes para sua gestão são essenciais para promover o bem-estar psicológico e a qualidade de vida das pessoas afetadas por essa condição.

De acordo com a Associação Americana de Psicologia (s. d.), “a ansiedade é uma emoção caracterizada por sentimentos de tensão, pensamentos preocupados e mudanças físicas como aumento da pressão arterial”. É uma reação natural do corpo a situações percebidas como ameaçadoras ou desafiadoras. No entanto, quando a ansiedade se torna persistente e interfere nas atividades diárias, pode ser um sinal de um distúrbio de ansiedade.

Os sintomas da ansiedade podem variar de pessoa para pessoa e incluem tanto manifestações físicas quanto emocionais. “Os sintomas de ansiedade podem incluir sentimentos de nervosismo, tensão muscular, dificuldade de concentração, medo intenso, sensação de perigo iminente e até mesmo ataques de pânico” (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2019, p. 189).

Tabela 1 – Principais sintomas da ansiedade e seus impactos

Fonte: AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2019.

Além disso, indivíduos ansiosos podem experimentar pensamentos obsessivos, preocupações excessivas e dificuldade em se concentrar. “Indivíduos com transtornos de ansiedade muitas vezes apresentam preocupações excessivas, pensamentos intrusivos e dificuldade em desligar ou controlar esses pensamentos” (NIMH, 2023, p. 7).

Os transtornos de ansiedade são uma categoria ampla que engloba diferentes condições, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno do pânico, fobias específicas e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Acordado com a Associação Americana de Psiquiatria (2019, p. 189), os transtornos de ansiedade são:

Uma categoria ampla que engloba diferentes condições psiquiátricas caracterizadas por sentimentos de medo, apreensão, nervosismo e preocupação excessiva em relação a eventos futuros ou situações percebidas como ameaçadoras. Esses transtornos incluem o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), caracterizado por preocupações persistentes e excessivas que são difíceis de controlar; o transtorno do pânico, que se manifesta por ataques de pânico inesperados e recorrentes, acompanhados por sintomas como palpitações, sudorese e sensação de sufocamento; fobias específicas, onde o medo intenso está relacionado a um objeto ou situação específica, como aranhas, alturas ou voar; e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), que envolve pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos repetitivos, como lavar as mãos repetidamente ou verificar portas. (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2019, p. 189)

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, “os transtornos de ansiedade são os distúrbios mentais mais comuns em todo o mundo, afetando aproximadamente 1 em cada 13 pessoas”. Esses transtornos podem causar um impacto significativo na qualidade de vida e no
funcionamento diário das pessoas afetadas.

É importante destacar que a ansiedade não é simplesmente uma fraqueza de caráter ou algo que uma pessoa pode superar facilmente com força de vontade. Como ressalta a National Institute of Mental Health, “Ansiedade não é simplesmente uma fraqueza de caráter; é uma condição médica séria que pode afetar severamente a qualidade de vida das pessoas e requer intervenções apropriadas
para tratamento e gestão” (NATIONAL INSTITUTE OF MENTAL HEALTH, 2023, p. 15).

A busca por ajuda profissional é fundamental para aprender estratégias de enfrentamento e desenvolver habilidades para lidar com a ansiedade de forma saudável. “A intervenção profissional é crucial para o manejo eficaz da ansiedade, proporcionando às pessoas ferramentas cognitivas e comportamentais que podem melhorar significativamente sua qualidade de vida” (BARLOW, 2018, p. 112).

Tabela 2 – Estratégias de manejo na ansiedade

Fonte: Adaptado pelo autor (2025).

Embora a ansiedade seja uma experiência desafiadora, é importante reconhecer que existem maneiras eficazes de lidar com ela. “Embora a ansiedade possa ser uma experiência desafiadora, estratégias como terapia cognitivo-comportamental e técnicas de relaxamento têm mostrado eficácia significativa na redução dos sintomas e na melhoria do bem-estar emocional” (HOFMANN, 2020, p. 45).

É essencial que aqueles que sofrem de ansiedade saibam que não estão sozinhos e que existe suporte disponível para ajudá-los a enfrentar essa condição com sucesso.

“A assistência de enfermagem desempenha um papel crucial no cuidado de pacientes diagnosticados com transtornos de ansiedade, oferecendo suporte integral que abrange desde a administração de medicamentos até intervenções terapêuticas que promovem o bem-estar emocional e psicológico” (CRUZ, 2019, p. 78).

Outro aspecto relevante da assistência de enfermagem ao paciente com ansiedade é a promoção de ambientes terapêuticos que favoreçam o acolhimento e a redução de estímulos estressores. O enfermeiro deve estar atento a fatores ambientais que podem intensificar os sintomas ansiosos, como iluminação excessiva, ruídos constantes e falta de privacidade. A criação de um
ambiente calmo e acolhedor é essencial para diminuir o estado de alerta exacerbado que caracteriza os transtornos ansiosos, conforme destacado por Hirschfeld et al. (2017).

Além disso, a escuta ativa e a empatia são ferramentas indispensáveis no relacionamento terapêutico. De acordo com o National Council of State Boards of Nursing (2021), o enfermeiro deve demonstrar sensibilidade às emoções do paciente, utilizando a comunicação terapêutica para acolher medos, dúvidas e angústias. Essa postura favorece a adesão ao tratamento e fortalece a confiança entre paciente e profissional.

Nesse contexto, torna-se fundamental o uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para estruturar planos de cuidado individualizados. Segundo a American Nurses Association (2020), os enfermeiros devem realizar avaliações abrangentes das necessidades dos pacientes, permitindo intervenções precisas diante de manifestações como taquicardia, sudorese, inquietação e pensamentos intrusivos, conforme descrito pela American Psychiatric Association (2019).

Outro ponto essencial é o investimento em educação em saúde para pacientes e familiares. Explicar de forma clara a natureza da ansiedade, seus sintomas e possibilidades terapêuticas contribui para a redução do estigma e o enfrentamento mais consciente da condição. Conforme destaca a American Psychiatric Nurses Association (2020), essa orientação fortalece o autocuidado e a rede de apoio, elementos cruciais para a estabilidade emocional.

A atuação em equipe multidisciplinar também é um recurso valioso. O enfermeiro deve colaborar com psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais, promovendo abordagens integradas e centradas no paciente. A American Nurses Association (2020) reforça que a coordenação eficaz do cuidado garante que todas as dimensões da saúde do paciente sejam contempladas de forma holística
e contínua.

Como observado pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), “a enfermagem tem um papel fundamental na identificação precoce, avaliação e manejo da ansiedade em pacientes de todas
as idades”.

“Os enfermeiros estão frequentemente na linha de frente do cuidado, desempenhando um papel crucial no suporte físico, emocional e psicológico de pacientes enfrentando transtornos de ansiedade” (NATIONAL COUNCIL OF STATE BOARDS OF NURSING, 2021, p. 15).

Os enfermeiros desempenham um papel fundamental na promoção da saúde e no cuidado direto aos pacientes, assumindo diversas responsabilidades que vão desde a administração de medicamentos até o suporte emocional. Segundo a American Nurses Association “as
responsabilidades dos enfermeiros incluem a avaliação abrangente das necessidades dos pacientes, a execução de planos de cuidados individualizados e a coordenação de intervenções interdisciplinares
para otimizar os resultados de saúde” (ANA, 2020). Além disso, os enfermeiros estão envolvidos na educação dos pacientes e familiares sobre cuidados domiciliares e na defesa pelos direitos dos pacientes, garantindo um ambiente seguro e acolhedor durante o tratamento (ANA, 2020).

No contexto da saúde mental, os enfermeiros psiquiátricos desempenham um papel ainda mais específico na avaliação e gestão de transtornos como a ansiedade. De acordo com o National Council of State Boards of Nursing:

“os enfermeiros psiquiátricos são responsáveis por realizar avaliações completas da saúde mental dos pacientes, desenvolver e implementar planos de cuidado baseados em evidências, e fornecer terapias e intervenções farmacológicas conforme necessário” (NCSBN, 2021).

Esses profissionais não apenas administram tratamentos, mas também monitoram de perto a resposta dos pacientes aos medicamentos e terapias, ajustando os planos de cuidado conforme a evolução do quadro clínico (NCSBN, 2021). Assim, os enfermeiros desempenham um papel crucial não apenas no tratamento direto dos sintomas, mas também na promoção de um ambiente terapêutico que apoie a recuperação e o bem-estar dos pacientes com transtornos de ansiedade.

De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), “a avaliação de enfermagem é fundamental para planejar intervenções específicas e individualizadas que atendam às necessidades do paciente”. Isso inclui a utilização de escalas de avaliação de ansiedade e a observação atenta do comportamento do paciente.

Além disso, a enfermagem desempenha um papel vital na educação do paciente e da família sobre estratégias de enfrentamento, medicação prescrita e recursos de apoio disponíveis. Conforme
destacado pela American Psychiatric Nurses Association: (APNA, 2020),

Os enfermeiros psiquiátricos são essenciais na orientação dos pacientes e seus familiares sobre o manejo adequado da ansiedade, explicando os efeitos esperados dos medicamentos e oferecendo suporte emocional durante todo o processo de tratamento. (APNA, 2020)

Essa educação não apenas capacita os pacientes a participarem ativamente do próprio cuidado, mas também fortalece o vínculo entre a equipe de saúde e a família, promovendo um ambiente de cuidado colaborativo e compassivo (APNA, 2020).

A comunicação terapêutica é uma habilidade essencial para os enfermeiros ao cuidar de pacientes com ansiedade. Segundo o Conselho Regional de Enfermagem (COREN), “a empatia, o respeito e a escuta ativa são fundamentais para estabelecer uma relação terapêutica e promover o bem-estar do paciente”. Os enfermeiros devem demonstrar sensibilidade às preocupações do paciente, oferecer apoio emocional e encorajar a expressão de sentimentos.

Os enfermeiros desempenham um papel importante na coordenação do cuidado interdisciplinar, garantindo uma abordagem integrada e eficaz para pacientes com transtornos de ansiedade. Segundo a American Nurses Association:

A coordenação do cuidado pelos enfermeiros envolve a comunicação eficaz entre diferentes profissionais de saúde, a revisão regular dos planos de tratamento e a garantia de que as necessidades individuais dos pacientes são atendidas de maneira holística (ANA, 2020).

Além de facilitar a colaboração entre especialistas médicos, terapeutas e assistentes sociais, os enfermeiros também assumem a responsabilidade de educar e capacitar a equipe de cuidados para oferecer suporte contínuo aos pacientes e suas famílias ao longo do processo de tratamento (ANA, 2020).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “abordagens psicoterapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), têm sido amplamente reconhecidas como eficazes no tratamento da ansiedade”. A TCC ajuda os pacientes a identificar e desafiar padrões de pensamento negativos e distorcidos, além de aprender habilidades de enfrentamento para lidar com situações estressantes.

Além da terapia cognitivo-comportamental, a medicação também pode ser uma parte importante do plano de tratamento para alguns pacientes. “Os medicamentos são frequentemente prescritos para ajudar a controlar os sintomas de transtornos de ansiedade, como ansiedade generalizada, transtorno do pânico e fobias específicas” (NIMH, 2023).

Os enfermeiros desempenham um papel crucial na administração segura e monitoramento dos efeitos colaterais dos medicamentos, garantindo que os pacientes recebam o suporte necessário para gerenciar sua condição de forma eficaz (NIMH, 2023).

Segundo a Associação Americana de Psicologia (APA), “a prática regular de exercícios físicos tem sido associada a uma redução nos sintomas de ansiedade e depressão”. Os enfermeiros podem orientar os pacientes sobre a importância da atividade física e ajudá-los a desenvolver um plano de exercícios adequado às suas necessidades e preferências.

Estratégias de autocuidado, como técnicas de relaxamento e mindfulness, podem ser incorporadas à rotina diária dos pacientes para promover a redução do estresse e da ansiedade. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP, 2023), “a prática regular de mindfulness tem sido associada a melhorias na saúde mental e no bem-estar emocional”.

Além disso, o apoio social desempenha um papel crucial na promoção do bem-estar psicossocial dos pacientes ansiosos. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA), “o suporte de amigos, familiares e grupos de apoio pode ajudar os pacientes a se sentirem compreendidos, aceitos e menos isolados”.

3. CONCLUSÃO

A presente pesquisa abordou a assistência de enfermagem ao paciente diagnosticado com ansiedade, com ênfase nas estratégias de intervenção e na promoção do bem-estar psicossocial. Os resultados obtidos ao longo do estudo permitiram compreender a relevância da enfermagem no manejo dessa condição, evidenciando a necessidade de uma abordagem multidimensional para atender às demandas físicas, emocionais e sociais dos pacientes.

A análise dos dados confirmou que a ansiedade, quando não gerenciada adequadamente, pode comprometer significativamente a qualidade de vida dos indivíduos, interferindo em sua rotina e no
desenvolvimento de atividades diárias. Verificou-se que os transtornos de ansiedade apresentam manifestações diversas e podem estar associados a fatores biológicos, psicológicos e ambientais, tornando fundamental a identificação precoce e a implementação de intervenções eficazes.

No contexto da enfermagem, constatou-se que os profissionais desempenham um papel fundamental na avaliação, monitoramento e intervenção junto aos pacientes ansiosos. As estratégias utilizadas incluem desde o suporte emocional até a orientação sobre o uso adequado de medicamentos e a implementação de técnicas terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental e o mindfulness. Ademais, a comunicação terapêutica e a educação em saúde foram identificadas como ferramentas essenciais para capacitar o paciente e sua família na gestão dos sintomas e na promoção do autocuidado.

Outro aspecto relevante discutido no estudo foi a importância da abordagem interdisciplinar no tratamento da ansiedade. A colaboração entre enfermeiros, psicólogos, psiquiatras e outros profissionais da saúde possibilita a formulação de planos de cuidado mais abrangentes e personalizados, proporcionando melhores resultados terapêuticos.

A pesquisa também ressaltou a necessidade de capacitação contínua dos enfermeiros no que se refere ao manejo dos transtornos de ansiedade. A constante atualização sobre novas abordagens e diretrizes permite que os profissionais ofereçam um cuidado mais humanizado e baseado em evidências científicas, o que favorece a segurança e a eficiência do tratamento.

Dessa forma, conclui-se que a enfermagem desempenha um papel indispensável na assistência a pacientes com transtornos de ansiedade, promovendo o bem-estar psicossocial por meio de intervenções eficazes. A implementação de estratégias voltadas para a redução dos sintomas e para o fortalecimento do suporte emocional e social contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos afetados por essa condição. O presente estudo reforça, portanto, a necessidade de uma assistência integral e humanizada, alicerçada em conhecimento técnico-científico e na empatia dos profissionais de saúde.

REFERÊNCIAS

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1Graduanda em Enfermagem.
2Docente Especialista do Curso de Enfermagem. Faculdade Santa Luzia – FSL e orientadora.