ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO

“Nursing care for the patient with chronic renal failure undergoing hemodialysis treatment.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10204142


Alane Vanessa Castro da Silva1
Sanawá Regina Honorio da Silva2
Tâmyssa Simões dos Santos3


Resumo

Introdução: A insuficiência renal crônica (IRC) é uma preocupação crescente na saúde pública brasileira, com um aumento significativo no número de pacientes afetados nos últimos anos. Este aumento, frequentemente relacionado a condições como hipertensão e diabetes, coloca uma pressão adicional sobre o sistema de saúde, destacando a importância dos cuidados de alta qualidade para os pacientes. A enfermagem desempenha um papel crítico no cuidado desses pacientes, desde o monitoramento das sessões de hemodiálise até o fornecimento de apoio emocional e educação em saúde. Objetivo: O objetivo principal deste estudo é analisar o impacto da enfermagem na qualidade de vida de pacientes com insuficiência renal crônica submetidos a tratamento de hemodiálise. Mais especificamente, busca-se entender como os cuidados terapêuticos e educacionais fornecidos por esses profissionais estão diretamente relacionados à sobrevida do paciente. Metodologia:
Este estudo é uma revisão bibliográfica que busca resumir e sintetizar o conhecimento sobre a assistência de enfermagem a pacientes com insuficiência renal. Foram utilizadas fontes de informação disponíveis na literatura, com uma abordagem sistemática que incluiu a definição de objetivos, critérios de inclusão e exclusão, avaliação e interpretação dos resultados. Os artigos foram coletados de fontes online, periódicos de enfermagem e livros relevantes publicados entre 2010 e 2023. Resultados: Os enfermeiros desempenham uma série de papéis fundamentais, incluindo monitoramento das sessões de hemodiálise, intervenção rápida para lidar com complicações, construção de relacionamentos empáticos com os pacientes e fornecimento de apoio emocional. Além disso, a educação em saúde desempenha um papel crucial na promoção da qualidade de vida desses pacientes. Os pacientes com IRC enfrentam desafios físicos e emocionais significativos devido à doença e ao tratamento. A enfermagem desempenha um papel insubstituível na equipe de saúde que cuida desses pacientes, garantindo a segurança e a eficácia do tratamento, além de promover o bem-estar emocional e a adaptação dos pacientes à sua nova realidade. A detecção precoce e a intervenção eficaz também são fundamentais para lidar com as complicações que podem surgir durante as sessões de hemodiálise. Conclusão: Em conclusão, a enfermagem desempenha um papel crítico no cuidado de pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento de hemodiálise. Seu compromisso em fornecer cuidados abrangentes, sensíveis e eficazes é essencial para ajudar os pacientes a enfrentarem os desafios da IRC e a melhorar sua qualidade de vida. Além disso, a detecção precoce de complicações e a promoção do autocuidado são aspectos cruciais para garantir o sucesso do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes com IRC.

Palavras-chave: Insuficiência Renal; Enfermagem; Hemodiálise.

Abstract

Introduction: Chronic Kidney Disease (CKD) is a growing concern in Brazilian public health, with a significant increase in the number of affected patients in recent years. This increase, often related to conditions such as hypertension and diabetes, places additional pressure on the healthcare system, highlighting the importance of high-quality care for patients. Nursing plays a critical role in the care of these patients, from monitoring hemodialysis sessions to providing emotional support and health education. Objective: The main objective of this study is to analyze the impact of nursing on the quality of life of patients with chronic kidney disease undergoing hemodialysis treatment. More specifically, it aims to understand how the therapeutic and educational care provided by these professionals is directly related to patient survival. Methodology: This study is a literature review aimed at summarizing and synthesizing the knowledge regarding nursing care for patients with renal insufficiency. Available literature sources were utilized, employing a systematic approach that encompassed goal definition, inclusion and exclusion criteria establishment, result evaluation, and interpretation. Articles were gathered from online sources, nursing journals, and relevant books published between 2010 and 2023. Results: Nurses play a series of fundamental roles, including monitoring hemodialysis sessions, promptly addressing complications, building empathetic relationships with patients, and providing emotional support. Additionally, health education plays a crucial role in promoting the quality of life of these patients. Patients with CKD face significant physical and emotional challenges due to the disease and its treatment. Nursing plays an irreplaceable role in the healthcare team caring for these patients, ensuring the safety and effectiveness of treatment while promoting emotional well-being and patient adaptation to their new reality. Early detection and effective intervention are also fundamental in dealing with complications that may arise during hemodialysis sessions. Conclusion: In conclusion, nursing plays a critical role in the care of patients with chronic kidney disease undergoing hemodialysis treatment. Their commitment to providing comprehensive, sensitive, and effective care is essential in helping patients face the challenges of CKD and improve their quality of life. Furthermore, early detection of complications and the promotion of self-care are crucial aspects in ensuring the success of treatment and the quality of life of CKD patients.

Keywords: Renal Insufficiency; Nursing; Hemodialysis.

  1. Introdução

Conforme aponta a Sociedade Brasileira de Nefrologia, o Brasil tinha um estimado de 133.464 pacientes com insuficiência renal em dezembro de 2018. Este número representa um aumento de 55.875 pacientes na última década, e uma prevalência global de pacientes em diálise que cresceu 58%, com um aumento médio anual de 6,4% (Neves et al., 2020).

Souza et al. (2018) descrevem a insuficiência renal (IR) como uma condição na qual os rins sofrem alterações funcionais, especialmente em seu papel de filtrar resíduos e excesso de água. Esta disfunção renal pode levar ao aumento da pressão arterial e à incapacidade de produzir hormônios como a eritropoietina, vital para a produção de hemácias.

Marinho et al. (2017) reforçam que a insuficiência renal crônica (IRC) traz consigo mudanças emocionais e de estilo de vida significativas para o paciente, incluindo sentimentos de medo e insegurança, que podem resultar em transtornos psicológicos mais frequentes do que na população em geral.

Neste contexto, o profissional de enfermagem assume uma função crítica. Estes profissionais frequentemente têm o contato mais próximo com o paciente, proporcionando cuidados e ações educativas baseadas em suas observações. A perspectiva holística é crucial para ajudar os pacientes a se adaptarem à sua nova realidade e a viver com a doença renal crônica (Fortes et al., 2013).

Dado este cenário multifacetado, a enfermagem desempenha um papel crucial na equipe de saúde, fornecendo cuidados essenciais para a qualidade de vida do paciente durante todo o processo de tratamento. O objetivo principal deste estudo é analisar como o profissional de enfermagem impacta na qualidade de vida de pacientes com insuficiência renal crônica que estão em tratamento de hemodiálise. Mais especificamente, busca-se entender como os cuidados terapêuticos e educacionais ministrados por esses profissionais estão diretamente relacionados à sobrevida do paciente.

2. Metodologia

O presente estudo é uma revisão bibliográfica que tem como objetivo é resumir e sintetizar o conhecimento existente sobre a assistência da enfermagem frente à pacientes com insuficiência renal, com base em fontes de informação disponíveis na literatura. De acordo com as autoras Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, em sua obra “Metodologia do Trabalho Científico” (2010), a pesquisa bibliográfica é definida como um levantamento e análise da produção já existente na literatura sobre um tema ou problema de pesquisa. Essa abordagem envolve a consulta e revisão de fontes bibliográficas, como livros, artigos científicos, teses, dissertações, relatórios técnicos e outras publicações acadêmicas, com o objetivo de obter informações relevantes para embasar um estudo ou uma investigação.

Para alcançar esse propósito, uma abordagem sistemática foi empregada, na qual os artigos selecionados foram categorizados e analisados de forma a facilitar o entendimento do tema. O processo de revisão bibliográfica envolveu várias etapas, que incluíram a definição de objetivos, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, bem como a avaliação e interpretação dos resultados.

Os artigos considerados para esta revisão foram coletados a partir de fontes de dados online, incluindo a plataforma Scielo, a Biblioteca Virtual em Saúde, além de periódicos e revistas de Enfermagem publicados no período de 2010 a 2023. Além disso, foram consultados livros publicados antes deste período que ofereciam informações relevantes para o tema em questão.

Para a pesquisa, foram utilizados os descritores “insuficiência renal”, “enfermagem” e “hemodiálise”, combinados com o operador booleano “AND”. Dessa forma, foram criadas combinações de termos, como “Insuficiência renal crônica AND Enfermagem” e “Tratamento de Insuficiência Renal AND Cuidados da Enfermagem”. Os estudos que não geraram resultados relevantes para essas combinações foram excluídos da análise.

Com base na análise realizada, o estudo incluiu publicações dos últimos oito anos que se concentraram em aspectos relacionados ao papel da enfermagem no bem-estar dos pacientes com insuficiência renal crônica, bem como estratégias para melhorar sua qualidade de vida.

No entanto, como em qualquer pesquisa, é importante reconhecer que este estudo não está isento do risco de viés. Para minimizar esse fator, foram avaliados os métodos dos estudos considerados para inclusão. Além disso, utilizou-se um critério temporal, excluindo trabalhos publicados antes de 2010, e foram descartados artigos que não estavam alinhados com os objetivos da pesquisa, com base na análise dos títulos e resumos. Como resultado, foram selecionados 13 artigos para análise, proporcionando uma visão abrangente sobre o papel da enfermagem na qualidade de vida de pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à hemodiálise.

3. Revisão Bibliográfica

3.1 Origens da Insuficiência Renal Crônica

A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é caracterizada por uma deterioração gradual e irreversível da função renal (Valle; Souza; Ribeiro, 2013). Essa condição tem se tornado uma crescente preocupação em saúde pública, agravada pelo envelhecimento da população e pelo aumento da prevalência de hipertensão arterial e diabetes mellitus (Lira; Avelar; Bueno, 2015).

De acordo com dados de 2018 da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), as principais causas da IRC em 2017 foram hipertensão (34%) e diabetes (31%). O diagnóstico precoce é crucial para a implementação de tratamentos conservadores ou de diálise, uma vez que o atraso pode resultar em complicações fatais (Madeiro et al., 2013).

Os maiores contribuintes para o desenvolvimento da IRC são a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM) mal gerenciados. Frequentemente assintomáticas, essas condições deterioram não apenas os vasos sanguíneos renais, mas também outros sistemas do corpo. Isso pode levar a complicações como retinopatia, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), entre outros (Valle; Souza; Ribeiro, 2013).

Independentemente da causa subjacente, os principais impactos em pacientes com IRC incluem complicações como anemia, acidose metabólica, desnutrição, distúrbios no metabolismo de cálcio e fósforo e uremia. Esses impactos negativos podem ser minimizados ou atrasados se a IRC for identificada cedo e tratada de forma eficaz (Lira; Avelar; Bueno, 2015).

Conforme Lira; Avelar e Bueno (2015) esclarecem, os rins têm múltiplas funções, incluindo a remoção de resíduos metabólicos como ureia, creatinina e ácido úrico. Eles também mantêm o equilíbrio hídrico do corpo, eliminando excesso de água, sais e eletrólitos, o que ajuda a evitar edemas e hipertensão.

Portanto, o diagnóstico de IRC implica uma perda irreversível dessas funções vitais, levando a um declínio em vários sistemas bioquímicos e fisiológicos do corpo. A classificação da IRC pode ser feita com base nos fatores de risco associados e na taxa de filtração glomerular, que serve como um indicador do nível de função renal (Valle; Souza; Ribeiro, 2013).

3.2 O papel do enfermeiro frente o paciente com insuficiência renal e tratamento de hemodiálise.

É evidente que, além das responsabilidades de enfermagem convencionais, como a monitorização dos sinais vitais, a observação de cateteres e fístulas, a detecção de anormalidades e intervenção rápida, há também a necessidade de uma abordagem holística para garantir um atendimento seguro e eficaz ao paciente.

A terapia de hemodiálise é uma área complexa, repleta de detalhes, particularidades e complicações. Portanto, o enfermeiro desempenha um papel crucial no controle de todos os aspectos envolvidos. Isso inclui supervisionar as ações dos técnicos de enfermagem, garantir a condição das máquinas e dos insumos, gerenciar os múltiplos fármacos utilizados no tratamento, além de cuidar do ambiente para proporcionar conforto aos pacientes e prevenir infecções (Aguiar; Guedes, 2017).

O papel do enfermeiro vai além da execução eficiente de técnicas ou procedimentos. Envolve, acima de tudo, uma abordagem de cuidado abrangente. Isso implica desenvolver habilidades de comunicação, que são essenciais para atender às necessidades dos pacientes (Santana et al., 2013).

Pacientes submetidos à hemodiálise necessitam de cuidados humanizados, e os enfermeiros desempenham um papel fundamental nisso. Através do cuidado, é possível oferecer atenção, respeito, paciência e outros elementos que estabelecem um sólido relacionamento interpessoal entre o paciente e o enfermeiro. Quando as expectativas do paciente são atendidas, ele se sente verdadeiramente cuidado, o que pode melhorar significativamente sua qualidade de vida (Freitas et al., 2018).

Os cuidados de enfermagem para pacientes em hemodiálise exigem sensibilidade e empatia por parte dos profissionais para reconhecer os desafios que esses pacientes enfrentam em relação à adesão ao tratamento (Ribeiro, 2016).

Além das palavras, as expressões faciais e corporais desempenham um papel crucial na comunicação e no estabelecimento de confiança entre os pacientes e a equipe de enfermagem. Toques físicos, como abraços e apertos de mão, podem proporcionar conforto em momentos de dor (Rezende; Porto, 2009).

Os pacientes em hemodiálise frequentemente enfrentam desafios psicológicos, uma vez que o tratamento pode afetar sua independência e autoimagem. No início do tratamento, é comum surgirem sentimentos depressivos que podem prejudicar a adaptação (Freitas; Mendonça, 2016).

Dado o impacto do tratamento nas relações sociais, familiares e no estado físico e psicológico dos pacientes, o estresse, a angústia e a depressão são comuns. A carência de informações sobre a doença, seu tratamento e suas perspectivas de vida podem contribuir para esses sentimentos. Portanto, a equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental ao ouvir, esclarecer dúvidas e fornecer orientações, fortalecendo assim os pacientes durante esse período (Rezende; Porto, 2009).

O enfermeiro também desempenha um papel crucial no apoio psicoafetivo e assistencial desde o momento do diagnóstico da IRC. Isso ajuda tanto o paciente quanto a família a aceitarem a realidade da doença (Ribeiro, 2016).

Pacientes com IRC enfrentam a difícil realidade de uma doença incurável que os torna dependentes de um tratamento doloroso e incerto. A enfermagem desempenha um papel vital no acompanhamento ambulatorial e domiciliar desses pacientes, fornecendo orientações e esclarecimentos constantes (Pilger et al., 2010).

Embora a literatura sobre o aspecto não técnico do cuidado de enfermagem em unidades de hemodiálise seja limitada, a interação entre a equipe de saúde e os pacientes emerge como um elemento central. Essa interação contribui para a assiduidade dos pacientes às sessões e para a construção de um ambiente de cuidado seguro e confiável (Rezende; Porto, 2009).

Costa et al. (2015) conduziu um estudo observando estudos de corte e estudos observacionais sem grupo controle, com o objetivo de analisar a importância da assistência de enfermagem na área nefrológica, especialmente devido ao aumento de pacientes em tratamento dialítico nos últimos anos. Em termos gerais, identificaram que a principal complicação clínica durante as sessões de hemodiálise, tanto em pacientes renais agudos quanto crônicos, é a hipotensão arterial. Isso provavelmente ocorre devido ao comprometimento imunológico, cardiovascular e metabólico desses pacientes.

De acordo com Costa et al. (2015), a hipotensão é a complicação mais frequente durante a hemodiálise, com uma ocorrência estimada entre 20% e 30%. A hipotensão ocorre devido à rápida remoção de uma grande quantidade de água do espaço intravascular para o espaço intersticial e intracelular, levando a uma redução na volemia. Quando a remoção de líquido e as trocas de eletrólitos são realizadas de forma rápida, pode ocorrer a síndrome do desequilíbrio, que se manifesta com cefaleia, náusea, vômito, agitação, hipertensão, cãibras musculares, dores nas costas e convulsões. Se a remoção de líquido for excessiva, pode causar hipovolemia e hipotensão. Além disso, cerca de 30% das sessões de hemodiálise observadas apresentaram algum tipo de complicação.

A abordagem da enfermagem, ainda de acordo com Costa et al. (2015), inclui a detecção ágil desses eventos durante o tratamento e a pronta intervenção para garantir a eficácia do procedimento e melhorar a saúde do cliente. No entanto, eles enfatizam a importância de práticas de intervenções de enfermagem padronizadas para evitar que o cuidado se torne restrito e automático, o que poderia ser insuficiente para atender à complexidade e individualidade de cada paciente.

Nascimento et al. (2018) realizou uma leitura crítica e reflexiva sobre complicações durante a hemodiálise, abordando aspectos fisiopatológicos, etiologia, sinais e sintomas, alternativas terapêuticas e intervenções de enfermagem. A principal complicação durante a hemodiálise está relacionada às alterações hemodinâmicas causadas pelo processo de circulação extracorpórea e pela remoção de um grande volume de líquido em um curto período de tempo. Entre as complicações mais destacadas estão a febre, calafrios, dor lombar, cefaleia, vômitos e hipotensão.

Segundo Nascimento et al. (2018), o enfermeiro desempenha um papel crucial no monitoramento do paciente e na detecção de anormalidades durante a hemodiálise. A intervenção rápida é essencial para garantir um procedimento seguro e eficaz para o paciente. Dado que o enfermeiro passa a maior parte do tempo próximo ao paciente durante as sessões de hemodiálise, ele deve estar preparado para intervir prontamente e evitar outras complicações potenciais.

Grasselli et al. (2013) conduziu um estudo envolvendo 153 pacientes atendidos em uma clínica de médio porte em Minas Gerais, dos quais apenas 62 foram selecionados para participar da pesquisa e 37 responderam adequadamente ao questionário sobre qualidade de vida. O estudo avaliou a qualidade de vida dos pacientes com IRC submetidos à hemodiálise usando o questionário KDQOL SF-36, que inclui diversas dimensões relacionadas à saúde e à doença renal crônica.

Os resultados do estudo de Grasselli et al. (2013) mostraram que a qualidade de vida dos pacientes foi afetada negativamente em várias dimensões, incluindo papel profissional, vitalidade, função física, função emocional, saúde geral e sobrecarga da doença renal. Essa deterioração na qualidade de vida pode ser atribuída às dificuldades e desafios enfrentados pelos pacientes devido à doença renal e ao tratamento. Os enfermeiros desempenham um papel importante no auxílio aos pacientes durante esse processo.

Marchesan et al. (2013) realizou um estudo qualitativo em uma clínica renal na cidade de Cruz Alta, RS, com 12 pacientes em hemodiálise. As entrevistas semiestruturadas buscaram compreender a percepção dos pacientes sobre qualidade de vida e como eles enfrentavam os desafios impostos pela doença renal e pelo tratamento. Os resultados destacaram que a qualidade de vida dos pacientes é impactada negativamente pela doença e pelo tratamento, e que a equipe de saúde, especialmente os enfermeiros, desempenha um papel crucial no apoio emocional e no equilíbrio dos pacientes.

Silva et al. (2017) conduziu um estudo em um Centro de Nefrologia e Diálise no Rio Grande, RS, envolvendo nove pacientes com IRC submetidos à hemodiálise. O estudo utilizou entrevistas para coletar dados sobre a percepção dos pacientes em relação à qualidade de vida e ao tratamento. Os resultados mostraram que o conhecimento técnico-científico é importante, mas a sensibilidade dos profissionais de saúde, especialmente dos enfermeiros, é fundamental para ajudar os pacientes a lidar com a tensão emocional e a adaptação ao tratamento. Além disso, a educação em saúde desempenha um papel importante na promoção da qualidade de vida desses pacientes.

Costa et al. (2016) realizou um estudo em um centro de hemodiálise no Alto Sertão da Paraíba, com 39 pacientes com IRC. O estudo utilizou questionários sociodemográficos e o WHOQOL-Bref para avaliar a qualidade de vida dos participantes. Os resultados destacaram a importância do cuidado e da assistência de enfermagem para os pacientes com IRC, enfatizando a necessidade de estabelecer um relacionamento entre o paciente e o profissional de saúde para compreender as necessidades individuais de cada paciente e proporcionar um cuidado humanizado.

Santos et al. (2018) realizou uma análise sistemática correlacionando diversos estudos anteriores sobre a terapêutica do tratamento da hemodiálise. Eles enfatizaram que a hemodiálise é um procedimento essencial para manter e prolongar a vida dos pacientes com IRC, mas cerca de 30% das sessões podem apresentar complicações. O enfermeiro desempenha um papel importante na resolução dessas complicações, e a educação em saúde é fundamental para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Freitas et al. (2016) buscaram identificar os cuidados de enfermagem prioritários durante a hemodiálise. Eles enfatizaram a importância do enfermeiro em estimular o autocuidado dos pacientes com IRC para facilitar sua adaptação ao tratamento e ao novo estilo de vida. Além disso, ressaltaram que as intervenções de enfermagem devem ser direcionadas para evitar sobrecarga hídrica e promover a saúde dos pacientes.

Esses estudos refletem a importância da enfermagem no cuidado de pacientes com IRC submetidos à hemodiálise e destacam a necessidade de uma abordagem sensível e humanizada para lidar com as complexidades físicas e emocionais desses pacientes. Além disso, enfatizam a importância da educação em saúde e do apoio emocional para melhorar a qualidade de vida desses pacientes.

4. Considerações finais

Em conclusão, a insuficiência renal crônica (IRC) representa um desafio crescente para a saúde pública no Brasil, com um aumento significativo no número de pacientes afetados ao longo dos anos. Este aumento, muitas vezes impulsionado por condições como hipertensão e diabetes, coloca uma pressão adicional sobre o sistema de saúde e destaca a importância de cuidados de alta qualidade para os pacientes.

Neste contexto, a enfermagem emerge como um pilar fundamental no cuidado e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes submetidos à hemodiálise. Os profissionais de enfermagem desempenham uma série de papéis críticos, que vão desde o monitoramento das sessões de hemodiálise até o fornecimento de apoio emocional e educação em saúde. A abordagem holística adotada pela enfermagem é essencial para ajudar os pacientes a se adaptarem à nova realidade da IRC e do tratamento de hemodiálise. Isso envolve não apenas procedimentos técnicos, mas também a construção de relacionamentos empáticos e confiáveis com os pacientes.

Além disso, a detecção precoce e a intervenção eficaz são cruciais para lidar com as complicações que podem surgir durante as sessões de hemodiálise, como a hipotensão. O enfermeiro desempenha um papel vital nesse aspecto, garantindo a segurança e a eficácia do tratamento, isso porque a qualidade de vida dos pacientes com IRC é profundamente afetada por essa condição e pelo tratamento exigente. Portanto, o papel da enfermagem vai além dos aspectos físicos, incluindo também o suporte emocional, o estímulo ao autocuidado e a promoção da saúde.

Outro assim, a enfermagem desempenha um papel insubstituível na equipe de saúde que cuida de pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento de hemodiálise. Seu compromisso em fornecer cuidados abrangentes, sensíveis e eficazes é essencial para ajudar os pacientes a enfrentarem os desafios da IRC e a melhorar sua qualidade de vida.

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Alane Vanessa Castro da Silva[1] Graduanda em Enfermagem pela UMJ- Universidade Mário Pontes Juca. E-mail: alanecastro28@gmail.com
Sanawá Regina Honorio da Silva[2] Graduanda em Enfermagem pela UMJ- Universidade Mário Pontes Juca. E-mail: sanawahonorio221@gmail.com
Tâmyssa Simões dos Santos[3]Enfermeira. Mestre em Educação em Ciências e Saúde- UFRJ. Docente do Centro Universitário Mário Pontes de Juca- UMJ