ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO NO PRONTO-SOCORRO: UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA 

NURSING CARE FOR PATIENTS WITH ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION IN THE EMERGENCY ROOM: A NARRATIVE LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202508111829


Kauan Pereira Teckio1
Michele Aparecida da Silva Santos2
Raul Henrique Oliveira Pinheiro3


RESUMO 

O artigo tem por objetivo enfatizar o papel do enfermeiro no reconhecimento precoce do infarto  agudo do miocárdio (IAM) no pronto-socorro. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura,  realizada a partir de artigos científicos brasileiros disponíveis na íntegra utilizando descritores  em Ciências da Saúde (DeCS), critérios de inclusão e exclusão para melhor selecionar os artigos nos sites confiáveis. Foram analisados artigos científicos publicados em bases de dados  indexadas, abordando temas como infarto agudo do miocárdio, triagem, pronto socorro e enfermagem. Os autores identificarem os papeis do enfermeiro no IAM e os desafios enfrentados  pelos enfermeiros na triagem do paciente com infarto agudo do miocárdio (IAM) no pronto  socorro, analisando os sinais e sintomas e como o prognóstico precoce impacta na condição  clínica do paciente. Os resultados indicam que o papel do enfermeiro na triagem tem extrema  importância para a identificação precoce dos sintomas do IAM contribuindo para a redução do  tempo porta-balão e para o início imediato das intervenções. Conclui-se então que o enfermeiro  é profissional indispensável na detecção precoce do IAM nas unidades de pronto-socorro.  

Palavras-chave: Infarto agudo do miocárdio. Triagem. Pronto-socorro. Enfermagem. 

1. INTRODUÇÃO 

O infarto agudo do miocárdio (IAM) é decorrente de uma obstrução aguda que acomete  a oclusão da artéria coronária, através da formação de um coágulo ou placa de ateroma, com prometendo que o coração receba os nutrientes e o oxigênio para preservar a sua capacidade  funcional, além disso, a ocorrência dessa obstrução pode ocasionar inúmeras sequelas ameaçadoras, podendo evoluir a óbito, quando ocorre a interrupção em determinadas áreas levando a  perda da irrigação. No entanto, quando a área que deixa de ser perfundida é pequena, o risco  de morte é menor (Gasparoto, 2018).  

Ainda, é considerado uma das principais causas de mortes no Brasil, com uma média  anual de 350 mil casos, com uma taxa de mortalidade alarmante de aproximadamente 30%  da população brasileira. Dessa forma, o IAM é considerado uma emergência em saúde pública e o manejo qualificado é fundamental na redução de complicações, a fim de melhorar  o prognóstico do paciente. Entretanto, há desafios na avaliação realizada pela equipe de enfermagem, que podem comprometer a identificação e o atendimento adequado (Melo et al.,  2024). 

A letalidade está diretamente relacionada à morosidade no atendimento emergencial,  quando não identificados os sinais e sintomas. Diante disso a importância de o enfermeiro  observar, identificar e ouvir os relatos do paciente como: algia torácica com irradiação ao  braço esquerdo podendo ocorrer também no braço direito, elevação da pressão arterial, dor  epigástrica, náuseas, dispneia, síncope e sudorese (Brasil, 2023). 

Dentre os fatores de risco que podem levar ao IAM podemos citar: hipertensão, diabetes,  tabagismo, sedentarismo, obesidade, dieta inadequada, e estresse. Diante desses fatores  usando- se de estratégias e informações pode-se reduzir 50% na mortalidade. Dentre as estratégias de prevenção e tratamento estão as políticas de promoção à saúde (Frazão, 2021). 

Segundo Prado et. al (2022) a anamnese pode ser utilizada para um diagnóstico diferencial, evitando internações e complicações, ainda cita que o infarto agudo do miocárdio pode  ser classificado em cinco tipos: 1- Espontâneo por uma ruptura, dissecção erosão placa de ate roma; 2- Secundário a desequilíbrio isquêmico como espasmo, embolia, taquiarritmia, hipertensão ou anemia; 3- Resultante em óbito sem biomarcadores coletados; 4- Relacionado a intervenção coronária percutânea ou resultante de trombose; 5- Referente à cirurgia de revascularização do miocárdio. 

Na unidade de pronto socorro exames de sangue de marcadores cardíacos e eletrocardiograma podem ser usados no diagnóstico. A aplicação do protocolo ajuda na sobrevida do  paciente como: oferta de oxigênio, analgésico, e remédios para atuar na circulação sanguínea  e nas placas de gordura: ácido acetilsalicílico, isossorbida, sinvastatina e clopidogrel (Brasil,  2021).  

Um atendimento de qualidade necessita de profissionais de enfermagem preparados para  identificar a patologia em tempo hábil, demonstrando confiança e resolutividade ao paciente  e aos familiares. O enfermeiro também é o responsável pela educação em saúde da população,  informando formas de promoção à saúde e prevenção de doenças cardiovasculares. Entretanto,  muitos enfermeiros não se sentem preparados para atuarem frente a uma IAM causando medo  na triagem nas unidades de pronto-socorro (Timóteo, 2021). 

Diante do exposto, surge a necessidade de capacitação dos profissionais da enfermagem,  com foco no desenvolvimento de um protocolo de triagem eficaz, buscando ativamente atualizações por meio de artigos ou trabalhos científicos. Vale ressaltar ainda, que a negligência  na emergência pode levar à piora do prognóstico do infarto agudo do miocárdio. 

Com isso, cabe ao enfermeiro realizar todas as coletas de informações necessárias assim  que o paciente é admitido no pronto socorro. O propósito da coleta de dados é investigar as  queixas do indivíduo, focando na intensidade da dor, além de investigar por intermédio do  relato doenças pré-existentes, histórico familiar, alergias e medicamentos de uso contínuo  quando utilizado (Melo et al., 2024).  

A partir dessas considerações, o presente artigo tem por objetivo geral enfatizar o papel  do enfermeiro no reconhecimento precoce do infarto agudo do miocárdio (IAM) no pronto socorro. E quanto aos objetivos específicos os mesmos foram divididos em: 1) a importância  do atendimento inicial diante dos sinais e sintomas; 2) avaliar os desafios enfrentados na  triagem; e 3) observar seu impacto no prognóstico do paciente. Com base nisso, a pesquisa  contribui para a atualização científica sobre o tema, fornecendo informações pertinentes a  serem aplicadas no pronto-socorro (PS). 

2. METODOLOGIA 

Neste tópico será apresentada a metodologia empregada nesta pesquisa, expondo os  procedimentos metodológicos que nortearam o estudo com a finalidade de atingir os objetivos  propostos.  

A revisão bibliográfica segundo Alves et al. (2002) trata-se de uma contextualização  para o problema e a análise das possibilidades presentes na literatura, a partir da concepção do  referencial teórico da pesquisa. Para Cordeiro et al. (2007) a revisão narrativa apresenta uma  temática mais aberta e que dificilmente parte de uma questão específica. Por essa razão,  realizou-se uma revisão narrativa da literatura em artigos publicados em periódicos indexados  em base de dados científicas.  

Segundo Lacerda et. al. (2012, p. 61) as bases de dados:

são sistemas de indexação de periódicos, livros, teses, relatórios, anais de eventos dentre outros, a fim de facilitar as buscas de referências bibliográficas e assim, servirem de plataforma teórica para pesquisas futuras.

No presente estudo foi necessário realizar cinco etapas: 1) a elaboração de uma pergunta norteadora – “Como o enfermeiro pode identificar o paciente com IAM, avaliar sinais  e sintomas do quadro, identificar os principais desafios enfrentados na triagem e seu impacto  no prognóstico do paciente no pronto-socorro?”; 2) foi realizado o levantamento nas bases  de dados com o auxílio da estratégia de busca definida; 3) coletada as informações dos arti gos; 4) realizada análise dos estudos incluídos; e 5) desenvolvida a discussão e conclusão  dos resultados encontrados.  

As bases de dados utilizadas nesta pesquisa foram: Scielo Brasil, PubMed (National  Library of Medicine), Periódico Capes, BVS (Biblioteca Virtual da Saúde). Com a ideia de  filtrar os trabalhos foi utilizado os descritores em Ciências da Saúde: infarto agudo do miocárdio; triagem; pronto-socorro; enfermagem. E no idioma inglês foram utilizados: acute myocardial infarction; screening; emergency room and nursing combinados com o uso do  operador booleano “AND”.  

Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos disponíveis na íntegra compreendidos entre os anos de 2020 e 2024, publicados no idioma português e inglês que contemplem  os objetivos do trabalho. Já os critérios de exclusão se aplicaram a artigos indisponíveis na  íntegra, publicados fora do período determinado e sem relevância ao tema. Por fim, os artigos selecionados foram listados em um quadro composto por itens como: título, ano, principais  resultados encontrados. Essa organização permitiu a discussão e comparação dos dados encontrados.  

3. RESULTADO 

Inicialmente, foram localizados 265 artigos utilizando as bases de dados Periódico Capes, PubMed, SCIELO BRASIL e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com a busca restringida  nos últimos 5 anos. Esses artigos foram analisados e descartados primeiramente por título, em  seguida por resumo, e posteriormente lidos na íntegra para aplicação dos critérios de inclusão.  

Na plataforma Capes foram identificados 65 artigos, sendo selecionado apenas 02. Na  PubMed, dos 02 artigos inicialmente encontrados, apenas 0 foram selecionados após o processo de triagem. Na Scielo Brasil foram encontrados 39 e selecionado 06 para compor a pesquisa. Por fim, na BVS, foram localizados 159 artigos, dos quais 07 foram incluídos na análise  final. Ao término do processo de seleção, a amostra final consistiu em 15 artigos que contemplavam o objetivo da pesquisa (Quadro 1). 

Após seleção dos artigos nas bases de dados, utilizando os critérios de inclusão e exclusão foram encontrados os seguintes resultados: 

Quadro 1 – Descrição dos artigos inclusos na pesquisa.

Fonte: Elaboração própria (2025)

4. DISCUSSÃO 

4.1 Identificação do IAM 

Segundo Bett et al. (2022) nos últimos anos houve um crescimento de doenças aterosclerose cardíaca na população, causando um aumento no número de óbitos com essa patologia.  Sabemos que a aterosclerose é o acúmulo de gordura nas artérias que resulta no interrompimento de sangue e como consequência a morte celular que quando não interrompida pode resultar na morte do paciente (Gaguida, et al, 2024). 

Bett et al. (2022) abordam que as doenças cardiovasculares possuem um alto índice de  morbimortalidade, sendo responsável por 31% das mortes no mundo, e ainda discorrem que a  doença além de gerar graves complicações ao paciente, tais como a incapacidade, ainda possuem um alto custo para a saúde pública.

 De acordo com dados recentes do relatório da Organização Mundial da  Saúde (OMS), 17,9 milhões de pessoas morrem anualmente de DCV, e  prevê-se que até 2030 os óbitos chegarão a 25 milhões por ano,  tornando-se a principal causa de morte no mundo. No Brasil, dentre as  doenças cardiovasculares, o IAM é responsável pela primeira causa de  morte no Brasil (Bett et al., 2022, p.2).

Uma dieta rica em alimentos industrializados, carboidratos, tabagismo, falta de atividade física, aumento de gordura saturada, são fatores que desenvolvem doenças como diabetes e hipertensão arterial, elevando assim as chances de ocorrer o infarto agudo do miocárdio.  Vale ressaltar que esses são fatores evitáveis desde que a população conheça os seus malefícios  e como evitá-los (Bett, et al, 2022). O Ministério da Saúde (2024), cita o resultado de uma  pesquisa do PNS, realizada em 2019 que traz dados que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e 14% da população brasileira tem colesterol elevado.  

Em Brasil (2022) é apresentado os sintomas que ocorrem durante um infarto: dor epigástricas, dor no peito que pode seguir para o braço esquerdo (raramente para o lado direito),  falta de ar, sudorese, sensação de desmaio, e a dor pode irradiar para as costas. Cabe aos profissionais de saúde ficarem atentos quando os pacientes relatam esses sintomas, visto que intervenções rápidas evitam óbitos.  

4.2 Assistência de enfermagem ao paciente infartado 

O profissional enfermeiro, durante a realização da triagem, ao suspeitar de infarto deve  realizar um eletrocardiograma, que se trata de um exame sem custo, além de ser rápido e fácil,  e que complementa os sintomas para o diagnóstico de infarto. Lembrando que a angina estável  passa ao utilizar medidas de conforto, por sua vez a angina instável antecede o infarto e não  passa com medidas de conforto e tem duração superior a 20 minutos (Bett, et al, 2022). 

Assim, o eletrocardiograma quando executado no local de atendimento  e interpretado por um profissional habilitado é capaz de reduzir em 34%  o tempo de início de tratamento efetivo, além de proporcionar maiores  taxas de tempo ideal para realização de angioplastia quando indicado  ocasionando uma redução na mortalidade intra-hospitalar em pacientes  com IAM (Bett, et al, 2022, p. 4).

Segundo (Cesário et al.2021) é de suma importância que o enfermeiro realize  corretamente a anamnese e o exame físico do paciente, de forma rápida e eficaz reduzindo o  tempo de necrose dos músculos. Para Silva e Passos, (2020), o primeiro atendimento da  enfermagem (na triagem) seguindo protocolo de classificação de risco, realizando sinais vitais,  sinais e sintomas, e em caso de IAM tentando identificar as manifestações clínicas da doença  como: dor no peito, dor em braço esquerdo, náusea e vômito. 

Existem também o exame de troponina, CK-MB e CK- TOTAL que são utilizados para  o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. Porém, até o resultado deles é indicado realizar o  eletrocardiograma em até 10 minutos do início dos atendimentos dos pacientes e, quando disponível, no atendimento pré-hospitalar (Ministério da Saúde, 2025). A enfermagem atua  desde a identificação do IAM, realização da coleta de exames, realização do eletrocardiograma  e administração de medicamentos conforme protocolo e prescrição médica (Ministério da Saúde, 2025).  

O enfermeiro tem papel fundamental frente a um paciente com infarto, pois é na abordagem inicial que é realizada a recolha de informações, bem como comorbidades e alergia medicamentosa através do processo de triagem. Frente a um infarto o enfermeiro vai além de cui dador, organizar e conduzir a equipe para o desenvolvimento da assistência, também avaliar o estado psicológico do paciente nesse momento. Ressalta a importância da atenção aos familiares que estão ao lado de fora esperando notícias, informar o que está acontecendo reduz e evita  desentendimentos entre familiares e profissionais (Cesário, et al, 2021).

Para diagnóstico e intervenção utiliza-se NANDA (diagnóstico de  enfermagem), NIC e NOC (referente à intervenção de enfermagem).  Por ser um paciente que necessita de cuidados completos e  monitoramento contínuo, o paciente deve ser acompanhado em unidade  de terapia intensiva (UTI) por no mínimo 24 horas para o diagnóstico  precoce da situação clínica (Cesário et al, 2021, p.73). 

Cesário et al. (2021) destacam que ainda são funções do enfermeiro e da equipe de enfermagem identificar à suspeita de infarto agudo do miocárdio: conseguir um acesso venoso  periférico, realizar eletrocardiograma, coletar exame de sangue para marcadores específicos e  enviar ao laboratório, verificar sinais vitais, administrar oxigenoterapia e medidas não farmacológicas e farmacológicas para alívio da dor. Além disso, diminuir o estresse causado pelo  ambiente se faz necessário e a enfermagem precisa intervir diante deles. 

4.3 Promoção à saúde ao paciente infartado 

Na unidade básica de saúde, o enfermeiro deve realizar eventos de promoção à saúde,  utilizando espaços de reuniões na comunidade, eventos e palestras em escolas, realizando assim  a educação em saúde. Além disso, deve debater sobre o assunto e as formas de evitar a doença,  aproximando a população do autocuidado. Ainda deverá informar sobre a disponibilidade dos  exames de rotina, consultas ou encaminhamentos dos pacientes para o especialista, consulta  com a nutricionista e psicóloga é essencial para uma aproximação da população com a saúde,  resultando na erradicação dos fatores que levam ao IAM (Alves et al., 2024).  

Alves et al. (2024) já ressalta em sua pesquisa que o enfermeiro deve possuir conhecimento teórico e prático frente ao infarto, buscando realizar uma assistência de alta qualidade e  eficiente. Quando o enfermeiro sabe identificar os sinais e sintomas de IAM ele consegue ter uma tomada de decisão imediata, agilizando o atendimento, o transporte, e apressando o tratamento e intervenções que reduzem sequelas e evitam o óbito. Além disso, destaca que é de  suma importância que o enfermeiro utilize o processo de enfermagem para uma intervenção  qualificada diante ao quadro clínico do paciente.  

4.4 O papel do profissional enfermeiro nas unidades de urgência e emergência e os cuidados pós-infarto 

O enfermeiro que atua em unidades de urgência e emergência ou no pronto atendimento  precisa saber identificar precocemente os sinais e sintomas do infarto, e conduzir ações imediatas para as intervenções necessárias. O processo da enfermagem é essencial na contribuição  de um diagnóstico precoce, intervenções, planejamento, acompanhamento e posteriormente  avaliação. Esse profissional ao perceber um possível infarto pode realizar o eletrocardiograma  e encaminhar o paciente para atendimento médico, a fim de diminuir a sintomatologia. Ademais,  deve ocorrer a monitorização contínua do paciente no atendimento e pós atendimento de IAM  a fim de evitar complicações, minimizando qualquer estresse e ansiedade que o paciente possa  apresentar, oferecendo um tratamento humanizado e integral. Saber ouvir o paciente, sanar dúvidas do paciente e familiares pois muitos tem a insegurança e medo do que estar por vir (Guilherme; Verissimo; Silva, 2023).  

4.5 Orientações e cuidados pós-infarto 

O cuidado durante a alta do pós-infarto é de suma importância fornecer orientações de  prevenção a complicações e de um próximo infarto, orientar o paciente a procurar a unidade  básica de saúde para continuidade da assistência ou fazer referência para que ela procure dar  continuidade aos cuidados no domicílio. Adotar hábitos saudáveis é fundamental e fazer uso  correto da medicação prescrita pelo médico é de extrema importância (SOARES et al., 2022). 

Outros autores ressaltam a importância do enfermeiro na triagem para o atendimento  precoce do paciente com IAM: 

O papel do enfermeiro inicia-se logo na admissão do paciente ao chegar  à unidade de urgência e emergência, como principal função atribuída é  diagnosticar precocemente e iniciar imediatamente os cuidados  emergenciais, aumentando a chance de sobrevida do paciente. O  diagnóstico precoce do IAM e as intervenções terapêuticas interferem  diretamente na morbidade e mortalidade dos pacientes (Prado, et al,  2022, p. 1224).

Para Moraes et al, (2023), a dor torácica está presente em várias patologias que dificulta  a enfermagem na triagem do paciente em risco de IAM, como o enfermeiro é o profissional que  realiza o primeiro contato ao paciente ele precisa conhecer os sinais e sintomas dos pacientes  para encaminhar para avaliação médica rápida, exames e tratamento. Portanto o enfermeiro  precisa estar preparado para assumir a triagem e seguir os protocolos utilizados pela instituição.  Realizar o atendimento em 10 minutos, com eletrocardiograma encaminhando o paciente o mais  breve possível para receber suporte clínico com terapia para trombose ou angioplastia  percutânea para evitar lesões no músculo cardíaco.  

Frente a suspeita do IAM o enfermeiro é responsável pela realização do ECG, coleta de  exames para marcadores cardíacos, oferta de oxigenioterapia, realizar monitorização cardíaca,  sinais vitais, glicemia capilar e acesso venoso periférico. Existe necessidade de utilização de  protocolos reconhecidos para garantir qualidade no cuidado e eficiência das intervenções. O  enfermeiro tem atuação reconhecida desde a promoção da saúde, prevenção e recuperação do  paciente com IAM (Melo, et al, 2024).  

O enfermeiro recebe formação generalista e muitas vezes sente-se inseguro para  triagem, portanto os autores sugerem: educação continuada, revisão de protocolo, curso de  treinamentos, atualização, autonomia e capacitação específica para triagem (Moraes, et al,  2023).  

São vários os cuidados ao paciente acometido por IAM que cabem ao enfermeiro sendo  eles os cuidados de enfermagem implementados para o conforto físico, manuseio de  equipamentos, à higiene, administração de medicamentos e outros procedimentos de preparo,  bem como a monitorização contínua de frequência cardíaca, pressão arterial e oxigenação  periférica, além do suporte psicológico ao paciente (Moraes, et al, 2023, p. 6). 

Outros autores mencionam a importância do enfermeiro no encaminhamento do  paciente para referência certa, citam que muitos pacientes esperam tempo demais para procurar  atendimentos nas unidades básicas de saúde ou pronto atendimentos mesmo apresentando  sintomas. Realizar orientação para que a população com sinais e sintomas de IAM procure  imediatamente a unidade de saúde mais próxima. Realizar uma triagem rápida e  direcionamento correto diminui os riscos de ter IAM. O enfermeiro precisa avaliar histórico de  doenças cardiovasculares, idade, sedentarismo, diabetes, tabagismo e portadores de marcapassos  que são fatores de risco para um IAM quando acompanhados pelos sintomas do mesmo (Souza et al, 2023). 

Entre os desafios encontrados os autores citam: 

Os enfermeiros enfrentam desafios constantes ao atuar nessas unidades,  exigindo não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades de  tomada de decisão rápida e adaptabilidade a um ambiente dinâmico e  imprevisível. A gestão adequada dos recursos humanos é essencial para  garantir uma equipe suficiente e qualificada para atender às demandas  dos pacientes e manter a qualidade do serviço. Em resumo, o trabalho  dos enfermeiros em unidades de emergência envolve enfrentar desafios  complexos relacionados à infraestrutura, capacidade de resposta e  gestão de recursos humanos, destacando a importância de  investimentos e estratégias eficazes para garantir um atendimento de  excelência nessas circunstâncias dinâmicas (Melo, et al, 2024, p.6).

O impacto no prognóstico do paciente está ligado desde sua chegada na urgência e  emergência, pois receber paciente com o sintoma de dor torácica é muito comum, e para  melhorar o prognóstico do paciente infartado é necessário identificação rápida, reduzir o tempo  de esperar, iniciar os mais breves possíveis tratamento adequado e classificação de risco de  Manchester. Utilizar protocolo como ferramenta de trabalho auxilia o enfermeiro na conduta  eficaz e evitando perda de tempo e erro na classificação e continuidade da assistência. Portanto, o enfermeiro deve estar atento as manifestações clínicas que o paciente apresentar, principalmente quando são as indicativas de infarto agudo do miocárdio, para uma intervenção  hábil para um desfecho adequado e favorável ao paciente (Almeida, et al, 2024). 

Para um atendimento precoce o enfermeiro deve planejar as ações de enfermagem, acompanhar e avaliar a evolução do paciente, focando na principal queixa e submetendo o  paciente a exames complementares que ajudam no diagnóstico médico e intervenção precisa da  patologia. Na urgência o enfermeiro avalia inicialmente o paciente, na suspeita de IAM  encaminha para o médico para tratamento adequado e rápido para diminuir a sintomatologia  apresentada. Também são funções do enfermeiro e da equipe de enfermagem: observar o  paciente, anotar cada ação e alteração realizada, tomar decisões necessárias, verificar sinais  vitais, observar e avisar resposta negativa e positiva durante o tratamento, verificar necessidade  de oxigenioterapia, atentar ao conforto do paciente, ao acesso venoso periférico e administração  de medicamentos.  

O paciente infartado deve ser observado continuamente, comunicando ao médico  quaisquer alterações e até mesmo o encaminhamento para unidade de terapia intensiva. A  atenção a família também é necessária, esclarecendo dúvidas entre outros; o enfermeiro deve realizar esse acolhimento a quem acompanha o paciente com IAM oferecendo sempre cuidado  de forma integral em todos os momentos. Prestando, portanto, uma assistência de qualidade  para recuperar o paciente, evitar sequelas e óbitos do mesmo (Guilherme; Verissimo; Silva,  2023). 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Foi possível identificar a atuação do profissional enfermeiro desde a admissão do paciente  na unidade, a triagem e o encaminhamento para sala de emergência para uma intervenção rápida  e eficaz. Notou-se que através das manifestações clínicas que o paciente com IAM apresenta é  possível identificar a doença, realizar exame de ECG e coletar enzimas para confirmação do  quadro pelo médico.  

Ainda, ressalta-se a importância do processo de enfermagem realizado pelo profissional  enfermeiro que facilita o trabalho sendo uma ferramenta essencial no dia a dia. As dificuldades  encontradas foram na falta de recurso de materiais e humano, hoje com a padronização de triagem facilita ao enfermeiro desde que seguido o protocolo corretamente.  

Contudo, o prognóstico do paciente vai depender de diversos fatores como tempo de  atendimento, detecção da doença, fechamento de diagnóstico e tratamento. Diante dos fatos  mencionados, pode-se concluir que o profissional enfermeiro é indispensável na detecção precoce do IAM dentro das unidades de pronto-socorro.  

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1Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Campo Real Campus Guarapuava PR
e mail: kauanpt@hotmail.com

2Discente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Campo Real Campus Guarapuava PR
e mail: michele.mii08@gmail.com

3Docente do Curso Superior de Enfermagem do Centro Universitário Campo Real Campus Guarapuava PR.  Mestre em Fisiologia Humana (USP). e-mail: prof_raulpinheiro@camporeal.edu.br