REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11726381
Suellyka Santos De Melo Fontes1
Orientador: Prof. Manoel Holanda Soares2
RESUMO
Introdução: Atualmente, o processo de envelhecimento, conhecido como senescência, caracterizado como um processo natural de envelhecimento que gradualmente afeta tanto as capacidades físicas quanto cognitivas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a faixa etária conhecida como “terceira idade” tem início entre os 60 e 65 anos. Uma das condições frequentes durante o processo de envelhecimento em idosos é a doença de Alzheimer, que se configura como uma patologia neurodegenerativa apresentando sintomas neuropsiquiátricos e cognitivos, resultando em incapacidade e deterioração da memória. Sua fisiopatologia é marcada pela degeneração sináptica extensiva e pela morte neuronal observada em áreas cerebrais relacionadas às funções cognitivas, como o córtex entorrinal, córtex cerebral, hipocampo e estriado ventral. Objetivo: Descrever achados da literatura sobre a assistência de enfermagem a pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, norteada pela seguinte pergunta: “quais são os cuidados prestados a pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer pelo profissional de enfermagem?”. Para a coleta dos artigos, utilizou as seguintes bases de dados: ScieLo, National Library of Medicine (PUBMED), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e SciVerse Scopus (Scopus), utilizando os descritores do DeCs/MeSH, com delimitação do tempo nos últimos cinco anos. Resultados: Encontrou déficits no conhecimentos dos enfermeiros sobre a doença de Alzheimer em pessoas idosas. Além disso, autores recomendam a utilização do processo de enfermagem para montar o plano de cuidado da pessoa idosa com Alzheimer. Conclusão: Portanto, é importante que o enfermeiro atue como gestor do cuidado da pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer, aplicando o processo de enfermagem, entendo as suas necessidades e sanando as dúvidas dos familiares acerca da doença, assim prestando uma assistência de qualidade que proporcione a pessoa idosa uma qualidade de vida melhor.
Palavra-chave: Doença de Alzheimer; Assistência de Enfermagem; Idoso.
ABSTRACT
Introduction: Currently, the aging process, known as senescence, is characterized as a natural aging process that gradually affects both physical and cognitive abilities. According to the World Health Organization (WHO), the age group known as “old age” begins between 60 and 65 years. One of the frequent conditions during the aging process in the elderly is Alzheimer’s disease, which is configured as a neurodegenerative pathology presenting neuropsychiatric and cognitive symptoms, resulting in disability and memory impairment. Its pathophysiology is marked by extensive synaptic degeneration and neuronal death observed in brain areas related to cognitive functions, such as the entorhinal cortex, cerebral cortex, hippocampus and ventral striatum. Objective: To describe findings from the literature on nursing care for elderly people with Alzheimer’s disease. Methodology: This is an integrative review of the literature, guided by the following question: “What care do nursing professionals provide to elderly people with Alzheimer’s disease?” The following databases were used to collect the articles: ScieLo, National Library of Medicine (PUBMED), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) and SciVerse Scopus (Scopus), using the DeCs/MeSH descriptors, with a time limit of the last five years. Results: Deficits in nurses’ knowledge about Alzheimer’s disease in elderly people were found. In addition, the authors recommend using the nursing process to develop a care plan for elderly people with Alzheimer’s. Conclusion: Therefore, it is important for nurses to act as managers of the care of elderly people with Alzheimer’s disease, applying the nursing process, understanding their needs and answering family members’ questions about the disease, thus providing quality care that provides the elderly person with a better quality of life.
Keywords: Alzheimer’s disease; Nursing assistance; Elderly.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, o processo de envelhecimento, conhecido como senescência, caracterizado como um processo natural de envelhecimento que gradualmente afeta tanto as capacidades físicas quanto cognitivas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a faixa etária conhecida como “terceira idade” tem início entre os 60 e 65 anos. O processo de envelhecimento humano abrange diversos aspectos, incluindo o envelhecimento cerebral, o qual pode resultar em desafios na compreensão de novos dados e na redução das capacidades de pensamento. Consequentemente, as funções cognitivas dos idosos tendem a se tornar mais lentas(Cancela, 2008).
Demência é uma condição resultante de uma afecção cerebral, caracterizada por ser crônica e progressiva, na qual ocorre uma deterioração das funções corticais, abrangendo memória, raciocínio, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e discernimento. Esse comprometimento das funções corticais pode impactar significativamente na qualidade de vida e na capacidade funcional das pessoas afetadas por essa condição (Sereniki; Vital, 2008).
Uma das condições frequentes durante o processo de envelhecimento em idosos é a doença de Alzheimer, que se configura como uma patologia neurodegenerativa apresentando sintomas neuropsiquiátricos e cognitivos, resultando em incapacidade e deterioração da memória. Sua fisiopatologia é marcada pela degeneração sináptica extensiva e pela morte neuronal observada em áreas cerebrais relacionadas às funções cognitivas, como o córtex entorrinal, córtex cerebral, hipocampo e estriado ventral (Sereniki; Vital, 2008).
Pesquisas recentes apontam que 20% da população idosa no Brasil possui cerca de 10% de chance de desenvolver uma condição neurodegenerativa. Na região Sudeste do país, entre 2008 e 2020, houve alta prevalência de Alzheimer em pessoas idosas, com elevados custos de tratamento e aumento na mortalidade. Estudos globais indicam uma incidência de aproximadamente 53 novos casos por cada 1.000 pessoas idosas com mais de 65 anos. O Alzheimer afeta entre 60-80% da população idosa mundial, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade, com cerca de 47 milhões de pessoas idosas afetados globalmente. A taxa de incidência varia de 0,16% para pessoa idosa entre 65 e 69 anos a 23,4% para aqueles com mais de 85 anos (Almeida; Pereira, 2022; Araújo et al., 2023).
O Alzheimer apresenta um sintoma característico, que é a diminuição da memória recente, sendo este um dos sinais menos graves. Entretanto, entre os sintomas mais severos estão a deterioração da memória antiga, dificuldades na linguagem, irritabilidade, comprometimento da orientação temporal e espacial. Adicionalmente, um dos indicadores principais é a repetição frequente de perguntas, incapacidade de elaborar soluções para problemas, desafios na condução de veículos e na localização de lugares conhecidos, além de dificuldade em acompanhar discussões complexas ou expressar emoções e ideias pessoais. Outros sinais incluem paranoia, agressividade, distorções na interpretação de estímulos visuais e auditivos, bem como uma tendência ao isolamento (Brasil, 2024).
Os fatores predisponentes ao Alzheimer abarcam idade avançada, antecedentes familiares da enfermidade, presença do gene APOE ε4, histórico de lesões cerebrais traumáticas, pressão sanguínea elevada, diabetes, excesso de peso, tabagismo, inatividade física, reduzido engajamento cognitivo e social, além de influências genéticas e ambientais. Tais elementos podem elevar a probabilidade de desenvolver o distúrbio, embora não garantam sua ocorrência. Os critérios típicos para diagnosticar a Doença de Alzheimer compreendem declínio na memória ou outras funções cognitivas, como linguagem, raciocínio, habilidades visuais-espaciais ou executivas; redução na realização das atividades cotidianas; resultados de exames de neuroimagem (ressonância magnética ou tomografia computadorizada) evidenciando atrofia cerebral e testes de biomarcadores que apontam a presença de proteínas específicas (Brasil, 2017).
A enfermagem assume o encargo de coordenar o cuidado, visto que é o profissional que mantém interação direta com o paciente em todas as faixas etárias, independentemente do estado de saúde. Este profissional adota medidas para aprimorar a qualidade de vida de todos os indivíduos; o cuidado oferecido aos pacientes com doença de Alzheimer é reconhecido como paliativo, visando minimizar os sintomas ao máximo e proporcionar apoio aos familiares e amigos ao longo do processo da doença. A asseguração de um cuidado competente e efetivo é confiada ao enfermeiro, que emprega conhecimentos científicos aliados à sua vivência pessoal e compartilhada com outros profissionais da área da saúde(Silva; Silva; Ferreira, 2021).
Diante do exposto, o objetivo geral do estudo é: descrever achados da literatura sobre a assistência de enfermagem a pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer. Em relação aos objetivos específicos pretende-se: identificar na literatura os principais desafios enfrentados ao cuidado da pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer e; descrever os principais achados da literatura sobre as estratégias inovadoras que o enfermeiro pode implementar no cuidado a pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Conceito de envelhecimento e doença de Alzheimer
Quando falamos do envelhecimento, estamos tratando de um estado que é classificado como “terceira idade” ou ainda “quarta idade”, porém, o envelhecimento não é um estado, e sim um progresso de degradação progressiva e diferencial. O envelhecimento afeta vários seres vivos, porém, ele pode datar o seu início de acordo com o nível no qual ele se situa (biológico, psicológico ou sociológico), que pode variar de acordo de indivíduo para indivíduo (Cancela, 2008).
Com isso, a idade biológica está relacionada ao envelhecimento orgânico, onde cada órgão tem modificações que reduz o seu funcionamento e também a sua capacidade de autorregulação durante a vida. Na idade social, entende-se que os hábitos, papel ou status da pessoa, como membro da sociedade, pois a sua idade irá ser determinada pela história ou cultura de um país. Também temos a idade psicológica, que é classificada como habilidades comportamentais relacionadas às mudanças do ambiente, que incluem a motivação, memória ou inteligência da pessoa (Cancela, 2008).
Além disso, também devemos compreender o processo da senescência, que é definido como um processo de envelhecimento natural, o qual vai comprometendo progressivamente as características físicas e cognitivas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define que a “terceira idade” tem o seu início entre os 60 a 65 anos (Cancela, 2008).
O envelhecimento do ser humano envolve vários aspectos, entre eles, temos o envelhecimento cerebral, que pode trazer dificuldades para interpretar novas informações, além de diminuir as habilidades de raciocínio. No caso, as funções cognitivas da pessoa idosa ficam mais lentas. Durante o envelhecimento, ocorre algumas modificações de funcionamento e estrutura do cérebro, como a redução do volume do córtex, dos números de neurônios, de neurotransmissores, a hipotrofia dos sulcos corticais e também a atrofia (Cardoso, 2009).
Uma das doenças comuns no envelhecimento de idosos, é a doença de Alzheimer, que é considerada uma doença neurodegenerativa que tem manifestações, consequências físicas e cognitivas, que pode causar incapacitação e deficiência de memória. A sua fisiologia é caracterizada pela perda maciça sináptica e morte neuronal observada em regiões cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas, como o córtex entorrinal, córtex cerebral, hipocampo e estriado ventral (Sereniki; Vital, 2008).
Umas das principais evidências encontradas nos cérebros das pessoas portadoras de Alzheimer estão no parênquima cerebral, que tem fibrilares amioloidais localizados nas paredes dos vasos sanguíneos, que estão relacionados a uma diversidade de diferentes tipos de placas senis, acúmulo anormal de filamentos de proteínas tau e formação de novelos neurofibrilares, perda sináptica e neuronal, ativação da glia e inflamação (Sereniki; Vital, 2008) (Figura 01).
Figura 1 – Evolução do cérebro com Alzheimer
Fonte: Doutor Cérebro (2018).
2.2 Epidemiologia da doença de Alzheimer na população idosa
O envelhecimento coletivo é uma tendência mundial, que traz grandes desafios para sociedade e atenção para as doenças que atinge a “terceira/quarta idade”. Mundialmente, temos observado o crescimento da proporção de pessoas idosas em comparação com os jovens. Para que haja um envelhecimento saudável, a OMS recomenda que seja adotado e implementado o envelhecimento ativo da população idosa brasileira, que é considerado como um processo de melhoria das oportunidades de segurança, participação e saúde, tendo o objetivo, de melhorar a qualidade de vida de pessoas idosas (Romero; Maia, 2022).
Observou que a tendência de doenças neurodegenerativas está aumentando mundialmente na população idosa, onde atinge de maneira negativa as famílias, comunidades e sistemas de saúde. Estima-se que as doenças neurogenerativas dobraram a sua incidência, entre os anos de 1990 e 2016, que são consequências do envelhecimento da população e pelo crescimento da população, e assim, uma das principais doenças neurodegenerativas, como a demência, retrata a quinta causa de morte global de idosos (Romero; Maia, 2022).
Nos EUA, foi realizado um estudo sobre as despesas médicas, que mostram que as doenças neurodegenerativas superam as contas médias destinadas para as doenças cardiovasculares e o câncer. Em outro estudo, encontrou que a doença de Alzheimer representa cerca de 40-80% dos casos de demência em idosos. Em um estudo sobre a Carga de Doença, realizado em 2019, encontrou que o Brasil teve a segunda maior prevalência por idade de demência, onde relatou 1.037 casos para 100.000 habitantes. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), no ano de 2019, o Brasil registrou 2 milhões de pessoas com demência, onde 50% dos casos eram da doença de Alzheimer (Romero; Maia, 2022).
Estudos mais recentes relatam que cerca de 20% da população brasileira é idosa, e em torno de 10%, tem a possibilidade de desenvolver uma doença neurodegenerativa. Entre 2008 e 2020, encontrou-se que na região Sudeste do Brasil, alta prevalência para doença de Alzheimer em idosos, além de gastos altos para o tratamento da doença, e mortalidade. Isso corrobora com informações de estudos mundiais, onde indica que a incidência da doença de Alzheimer nas faixas etárias maior de 65 anos é aproximadamente de 53, onde relata 231 casos novos por ano em 1.000 idosos (Almeida; Pereira, 2022).
A doença de Alzheimer é uma doença que atinge cerca de 60-80% da população idosa mundial, sendo uma das principais causas de morbimortalidade. Dados globais estimam que a doença de Alzheimer atinge cerca de 47 milhões de pessoas idosas, que são afetados por essa demência. A taxa de incidência da doença de Alzheimer entre as pessoas idosas variam de acordo com a sua faixa etária, em pessoa idosa com 65 a 69 anos (0,16%) e pessoa idosa mais de 85 anos (23,4%) (Araújo et al., 2023).
2.3 Sinais e sintomas da doença de Alzheimer
O Alzheimer tem um sinal característico, que é a perda de memória recente, que é um dos sintomas mais leves, porém, um dos sintomas graves é a perda de memória remota (fatos antigos), falhas na linguagem, irritabilidade, prejuízo na capacidade e no espaço e tempo. Além disso, um dos principais sinais e sintomas é a repetição da mesma pergunta várias vezes, incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas, dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos, de acompanhar conversas ou pensamentos complexos, de expressar ideias e sentimentos pessoais, além de suspeita injustificada, agressividade, interpretações erradas de estímulos visuais e auditivos, além de tendências de isolamento (Figura 02) (Brasil, 2024).
Figura 2 – Sinais e sintomas da doença de Alzheimer.
Fonte: Dr. Carlos Genética (2024).
Além disso, o estado clínico do Alzheimer é dividido em quatro estágios. O estágio 1, é caracterizado como a forma inicial da doença, tendo alterações na personalidade, memória e habilidades visuais e espaciais. O estágio 2, conhecido como a forma moderada da doença, é definido pela dificuldade de realizar tarefas simples, para falar, e coordenação de movimentos, além dos sintomas de insônia e agitação. O estágio 3, definido pela forma grave da doença, é caracterizado pela incontinência urinária e fecal, deficiência motora progressiva, dificuldade para comer e resistência à execução de tarefas diárias. E o estágio 4, o último estágio e conhecido como estágio terminal, é definido por dor à deglutição, mutismo, restrição ao leito e infecções intercorrentes (Brasil, 2024).
2.4 Fatores de risco para doença de Alzheimer
Existem alguns fatores de riscos relacionados a doença de Alzheimer, como o baixo nível de escolaridade, pois, geralmente as pessoas com nível de escolaridade maior não tem dificuldades para executar atividades intelectuais difíceis, e que oferecem maior estimulo cerebrais, além disso, a história familiar e a idade são considerados fatores de risco, pois o histórico de demência na família pode acarretar a doença (Brasil, 2024).
A causa da doença de Alzheimer permanece não identificada, embora tenha havido avanços significativos na compreensão de seus mecanismos bioquímicos e genéticos. É conhecido que o fragmento de 42 aminoácidos da proteína precursora Beta-amiloide desempenha um papel crucial na formação das placas senis, e que a maioria das formas hereditárias da doença está relacionada à superprodução dessa proteína (Brasil, 2017).
Algumas proteínas que constituem os emaranhados neurofibrilares, especialmente a proteína Tauhiperfosforilada e a ubiquitina, foram identificadas, mas a relação entre a formação das placas, os emaranhados neurofibrilares e o dano celular permanece incerta. Sabe-se que o alelo E4 do gene da apolipoproteína E (ApoE) é aproximadamente três vezes mais prevalente em pessoas com doença de Alzheimer do que em indivíduos de controle pareados por idade, e que pessoas homozigotas para esse alelo têm um risco maior de desenvolver a doença do que as não homozigotas. No entanto, a eficácia do teste da ApoE como método de triagem na população em geral é limitada devido à sua baixa sensibilidade e especificidade (Brasil, 2017).
2.5 Diagnóstico da doença de Alzheimer
Para chegar ao diagnóstico da Doença de Alzheimer, deve-se seguir os critérios estabelecidos pela National Institute on Agingand Alzheimer’s Association Diseaseand Related Disorders Assosciation (NIA/AA) (Figura 03). Os critérios comuns para o diagnóstico da Doença de Alzheimer são: declínio de memória ou outra função cognitiva, como linguagem, capacidade de raciocínio, visual-espacial ou habilidades executivas; declínio das atividades diárias; exames de neuroimagem (ressonância magnética ou tomografia computadorizada) mostrando atrofia cerebral e testes biomarcadores que indicam a presença de proteínas específicas (Brasil, 2017).
Demência é identificada quando ocorrem sinais cognitivos ou comportamentais (neuropsiquiátricos) que (a) prejudicam a capacidade no emprego ou em ocupações habituais;
(b) indicam uma diminuição em comparação com níveis anteriores de desempenho e funcionamento; (c) não são atribuíveis a delirium (confusão aguda) ou a uma condição psiquiátrica grave. A deterioração cognitiva é identificada e diagnosticada por meio da junção de entrevista com o paciente e informante que possua familiaridade com o histórico do paciente, e de avaliação cognitiva objetiva, por meio de análise breve do estado mental ou avaliação neuropsicológica. A avaliação neuropsicológica é necessária quando a entrevista e a análise cognitiva breve conduzidas pelo médico não forem adequadas para estabelecer um diagnóstico confiável (Brasil, 2017).
Figura 3 – Critérios para o diagnóstico da doença de Alzheimer
Fonte: Brasil (2017)
2.6 Tratamento da doença de Alzheimer
O manejo da doença de Alzheimer deve ser abordado de forma multidisciplinar, considerando os diferentes indícios e sintomas da condição, bem como suas particularidades comportamentais. O propósito da terapia farmacológica é promover a estabilidade do declínio cognitivo, comportamental e da capacidade de realização das atividades cotidianas (ou alterar as manifestações da enfermidade), minimizando eventuais efeitos colaterais (Brasil, 2017).
Os agentes que inibem a acetilcolinesterase, como donepezila, galantamina e rivastigmina, são prescritos para tratar a doença de Alzheimer em estágios leves a moderados. A justificativa para o uso de medicamentos que afetam a atividade colinérgica reside na ampliação da liberação ou na prolongação da ação da acetilcolina nas sinapses cerebrais relevantes. A análise global de meta-análises e revisões sistemáticas publicadas desde 2013 sobre a eficácia e segurança do tratamento farmacológico para a demência associada à DA indica que esses inibidores podem aliviar os sintomas, especialmente os relacionados à cognição e à função global, sendo recomendados para casos de demência leve a moderada. Não há distinção significativa na eficácia entre os três medicamentos. A troca de um fármaco por outro só é justificada em casos de intolerância ao medicamento, não por falta de resposta clínica (Brasil, 2017).
A prática de exercícios físicos demonstrou benefícios na função cognitiva de pacientes com demência devido à doença de Alzheimer, apesar das limitações na pesquisa, dificultando recomendações específicas sobre o tipo de exercício. Intervenções diádicas, envolvendo o paciente e o cuidador em atividades psicossociais e adaptando o ambiente, mostraram eficácia na redução do declínio funcional, mas a qualidade da evidência é considerada baixa devido à heterogeneidade nas intervenções. A evidência sobre os benefícios de treinamento cognitivo para demência ainda é limitada, sugerindo necessidade de mais estudos. Outra revisão destacou a eficácia de técnicas comportamentais e de comunicação para cuidadores e cuidados individualizados para pacientes agitados, embora as limitações na descrição das intervenções tenham sido identificadas. É crucial melhorar a padronização e descrição das intervenções não medicamentosas para sua efetiva incorporação no tratamento da demência (Brasil, 2017).
2.7 Assistência de enfermagem a pessoa idosa com a doença de Alzheimer
A enfermagem tem a responsabilidade de gerenciar o cuidado, pois é o profissional que mantém contato direto com o paciente em todas as idades, independentemente da condição de saúde. Esse profissional implementa medidas para melhorar a qualidade de vida de todos os indivíduos; o cuidado prestado ao paciente com doença de Alzheimer é considerado paliativo, com o objetivo de minimizar os sintomas ao máximo e proporcionar conforto aos familiares e amigos durante o curso da doença. A garantia de um cuidado qualificado e eficaz é atribuída ao enfermeiro, que utiliza conhecimentos científicos em conjunto com sua experiência pessoal e compartilhada por outros profissionais de saúde (Silva; Silva; Ferreira, 2021).
O enfermeiro deve oferecer um cuidado personalizado de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, buscando a equidade como princípio fundamental. Para alcançar esse objetivo, utiliza-se o Processo de Enfermagem (PE), que consiste em cinco etapas: avaliação de enfermagem, realização do diagnóstico de enfermagem conforme a taxonomia da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), planejamento de enfermagem utilizando a Nursing Outcomes Classification (NOC), implementação com base na Nursing Interventions Classification (NIC) e evolução de enfermagem novamente com o auxílio da NOC. Através do PE, o enfermeiro pode identificar mudanças positivas e negativas no estado do paciente e, assim, implementar ações para melhorar sua condição clínica, oferecendo orientações, cuidados, intervenções, encaminhamentos, prevenção de doenças e promoção da saúde tanto para o paciente quanto para seus familiares e amigos (Figura 04) (Silva; Silva; Ferreira, 2021; Conselho Federal de Enfermagem, 2024).
Figura 4 – Enfermeiro em atendimento a pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer
Fonte: Primordial Cuidados (2024).
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABA), é responsabilidade do enfermeiro promover a educação em saúde, utilizando seus conhecimentos para identificar complicações e aplicar os melhores métodos de instrução aos cuidadores e/ou familiares, orientando ações, ensinando a reconhecer sinais de alerta e os possíveis danos à saúde decorrentes de cuidados inadequados, além de fornecer informações sobre medicações e tratamentos para melhorar o cuidado. O estabelecimento de uma comunicação eficaz entre enfermeiro e paciente é crucial, pois facilita o cotidiano e aumenta a eficácia do cuidado. Durante a fase inicial da doença de Alzheimer, é recomendado o uso de frases curtas, fala lenta e terapias multissensoriais. Na fase intermediária, incentiva-se o diálogo prazeroso, e na fase avançada, o contato visual é associado à identificação de objetos e ao uso do toque (Silva; Silva; Ferreira, 2021).
A assistência de enfermagem a pacientes com doença de Alzheimer envolve a análise, identificação, planejamento, implementação e avaliação contínua do cuidado, visando a melhoria da qualidade de vida do indivíduo. O enfermeiro irá desenvolver ações como avaliação do estado clínico e geral da pessoa idosa, planejamento da assistência de enfermagem, com o plano de enfermagem elaborado, educação em saúde para os cuidadores e familiares da pessoa idosa, irá atuar como coordenador de cuidados para as pessoas idosas com a doença de Alzheimer, além de prestar suporte emocional para pessoa idosa com a doença de Alzheimer e os seus familiares (Silva; Silva; Ferreira, 2021; Conselho Federal de Enfermagem, 2024).
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que tem como definição, a análise de estudos relevantes que dão suporte para tomada de decisão e melhoria da prática clínica, que possibilita a síntese do conhecimento de um determinado assunto. Esta revisão, seguiu as seis etapas, como 1) Identificação do tema e elaboração da pergunta de pesquisa; 2) Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão dos estudos; 3) Categorização dos estudos encontrados; 4) Avaliação dos estudos incluídos; 5) Interpretação dos resultados e 6) Apresentação da revisão integrativa (Mendes; Silveira; Galvão, 2008).
Nesta revisão, adotou a estratégia PICO, tática utilizada para construção e elaboração de questão norteadora de pesquisa, que estabeleceu o P (população) “pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer”, I (intervenção) “assistência de enfermagem e/ou cuidados de enfermagem” e O (outcomes/desfecho) “quais são as intervenções da enfermagem?”. O elemento C (comparação) não foi empregado neste estudo, pois, a utilização poderia limitar o alcance satisfatório dos resultados na busca (Santos; Pimenta; Nobre, 2007). Diante disso, definimos a pergunta norteadora da pesquisa como: “quais são os cuidados prestados a pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer pelo profissional de enfermagem?”.
Para a coleta dos artigos, utilizou as seguintes bases de dados: ScieLo, National Library of Medicine (PUBMED), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e SciVerse Scopus (Scopus), entre 20 de julho de 2023 até 13 de novembro de 2023, utilizando os descritores do Descritores da Saúde (DeCS/MeSH) em inglês: “Aged”, “Alzheimer disease” e “nurse care”; em espanhol: “Anciano”, “enfermedad de Alzheimer” e “atención de enfermería”; em português: “idoso”, “doença de Alzheimer” e “assistência de enfermagem”; todos os descritores com o operador booleano “AND”.
Os critérios de inclusão desse estudo foram estudos primários, nos idiomas inglês, português e espanhol, que abordassem a assistência de enfermagem/cuidados de enfermagem em pessoas idosas portadoras da doença de Alzheimer, com a delimitação de tempo dos artigos nos últimos cinco anos (2019-2023). Os critérios de exclusão deste estudo foram artigos que não condizem com a temática estudada.
Após isso, a estruturação da pesquisa nas bases de dados, foram incluídos os artigos identificados e exportados para o software Rayyan para realizar a análise dos artigos encontrados. Na análise, identificou os artigos duplicados, e foram excluídos. Após isso, foi realizado a leitura na integra dos artigos pelo título e resumo de cada (Fluxograma 01).
Fluxograma 1 – Fluxograma PRISMA dos artigos encontrados para esta revisão.
Fonte: Elaborado pela própria autora (2024).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram utilizados nesta revisão as seguintes bases de dados bibliográficos: PUBMED, LILACS, ScieLo e Scopus, que juntas forneceram um total de 202 artigos relativos à busca, os quais foram submetidos a critérios de avaliação (Fluxograma 01). Dos resultados que envolviam o tema, foram selecionados para esta revisão integrativa sete artigos, encontrados nos bancos da PUBMED (total 81, dois incluídos), LILACS (total 27, um incluído), ScieLo (total 13, dois incluídos) e Scopus (total 81, dois incluídos).
Os estudos incluídos foram resumidos no Quadro 01. Dos sete estudos incluídos, foram publicados entre 2019 e 2023, dois estudos envolvem a metodologia transversal, quatro estudos envolvem a metodologia exploratória-descritivo, um estudo envolve a metodologia reflexiva. Entre os estudos incluídos, três estudos tem como população alvo os cuidadores de pessoas portadores de Alzheimer, três envolvem enfermeiros cuidadores de pessoa idosa com Alzheimer e um estudo envolvem profissionais de saúde cuidadores de pessoas com Alzheimer. A maioria dos estudos abordam a temática desta revisão, sobre o conhecimento dos cuidadores acerca da doença e Alzheimer, e os cuidados que o enfermeiro pode prestar na assistência de enfermagem.
Quadro 1 – Síntese dos artigos selecionados para esta revisão.
AUTOR, ANO | PERIÓDICO | OBJETIVO | METODOLOGIA | PRINCIPAIS RESULTADOS |
Urbano et al., (2020). | Online Brazilian Journal of Nursing. | Identificar sob a ótica do enfermeiro o cuidado ao idoso com doença de Alzheimer e qual o principal desafio para sua realização. | Descritivo- exploratório, do tipo qualitativo. | Foram recrutados 15 enfermeiros que trabalhavam com idosos com doença de Alzheimer, onde apenas 14 (93%) relataram se sentirem capacitados prestar cuidados. Notou-se uma queixa comum entre eles, onde relatam que não há capacitação para cuidar do idoso portador da doença de Alzheimer. Também evidenciou que algumas famílias têm resistência no diagnóstico do idoso portador da doença de Alzheimer. |
Barbosa et al., (2019). | Escola Anna Nery. | Refletir sobre a integração das Teorias Transcultural de Leininger e a do Cotidiano de Heller, no suporte ao cuidado a idosos com Doença de Alzheimer. | Reflexivo, do tipo qualitativo. | A teoria viabiliza o fortalecimento da prática profissional do enfermeiro, além de prestar um cuidado holístico ao idoso portador de Alzheimer e seus familiares. Encontrou que ao utilizar a teoria Transcultural no idoso com Alzheimer, deve- se observar também o cuidado cultural, que seu valor essencial é a proximidade, que deve ser exercida ao criar uma relação de dialogo com o paciente e a familiar, para enriquecer o cuidado prestado. |
Faria et al., (2017). | Ciência, cuidado e saúde. | Compreender o processo de vivenciar o cuidado aos idosos com doença de Alzheimer. | Exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa. | Os idosos portadores da doença de Alzheimer, eram 5 mulheres e 3 homens, com idades entre 73 e 93 anos. O tempo de diagnóstico da doença variou entre 3 a 9 anos. Identificou que ao receber o diagnóstico da doença de Alzheimer, os familiares e o idoso tiveram sentimentos como ansiedade, raiva, tristeza, angústia, culpa, medo e depressão, além da falta de informações sobre a doença, que dificultou que a família identificasse a patologia no idoso. |
Ilha et al., (2016). | Escola Anna Nery. | Conhecer as dificuldades vivenciadas pelos familiares cuidadores de pessoas idosas com doença de Alzheimer e desenvolver estratégias que venham de encontro às dificuldades vivenciadas no processo de cuidado às pessoas idosas. | Exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa. | Ao realizar a entrevista com a família dos idosos portadores da doença de Alzheimer, conseguiu encontrar algumas dificuldades como dificuldade em reconhecer pessoas ou locais; dificuldade para aceitar o banho; dificuldades no autocontrole da medicação; riscos à saúde física; não aceitação da doença; esquecimento do caminho de casa e agressividade da pessoa idosa com Alzheimer. Com isso, o enfermeiro deve criar junto com os familiares estratégias para o cuidado da pessoa idosa com Alzheimer, para que haja adesão ao seu tratamento e envolvimento dos seus familiares no cuidado. |
Manson et al., (2020). | Applied Nursing Research. | Desenvolver uma descrição aprofundada das percepções relacionadas à satisfação com a vida no início e meados da doença de Alzheimer, a partir da perspectivas do paciente e do cuidador. | Qualitativa exploratória. | O enfermeiro na prestação de cuidado da pessoa idosa portadora de Alzheimer, deve levar em consideração a individualidade e os valores pessoais do idoso e seus familiares, pois, ao ser diagnosticado com essa patologia, geralmente esse aspecto é esquecido na assistência do cuidado. Recomenda-se identificar as mudanças individuais ao longo do tempo, como desligamento social ou a falta de estratégias adaptativas eficazes. |
Aljezawi (2021). | Nursing forum. | Explorar o conhecimento e a atitude em relação às pessoas com doença de Alzheimer entre enfermeiros jordanianos. | Estudo transversal. | Quase da metade dos enfermeiros recrutados (45,9%) não recebeu educação permanente sobre a doença de Alzheimer. Identificou que apenas 7,2% dos enfermeiros leram um artigo sobre doença de Alzheimer nos últimos 6 meses. Além disso, a maioria dos enfermeiros (88,9%) expressou que necessita de educação permanente sobre a doença de Alzheimer. |
Ayisi- Boatenget al., (2022). | African Journal of Primary Health Care & Family Medicine. | Avaliar o conhecimento sobre a Doença de Alzheimer e demências relacionadas entre os profissionais de saúde mal equipados. | Estudo transversal. | Identificou que a educação permanente dos profissionais de saúde é bem precária em relação ao conhecimento sobre a doença de Alzheimer, o seu diagnóstico, sintomas de gravidade e cuidados prestados. Recomenda- se workshop sobre o tema para que haja capacitação da equipe de saúde em relação a doença de Alzheimer em idosos. |
Fonte: Elaborado pela própria autora (2024).
Segundo o estudo de Urbano et al., (2020), os enfermeiros que prestam assistência as pessoas idosas com a doença de Alzheimer, carecem de capacitação, pois as informações entre os enfermeiros sobre a doença é escassar, e com a capacitação dos profissionais conseguiram prestar uma melhor assistência, identificando os sinais de gravidade precocemente. Ao está capacitado com o conhecimento sobre a doença, o enfermeiro consegue quebrar a resistência da família acerca do diagnóstico da doença de Alzheimer, além de diminuir barreiras na prestação do cuidado a pessoa idosa portadora dessa enfermidade.
De acordo com Barbosa et al., (2020) o enfermeiro deve utilizar uma teoria de enfermagem para fortalecer a prática profissional, pois irá habilitá-lo para o cuidado holístico da pessoa idosa e seus familiares. Ao receber o diagnóstico de Alzheimer, a dinâmica familiar e pessoal da pessoa idosa pode ser prejudicada, mas ao utilizar a Teoria Transcultural de Leininger, o enfermeiro consegue se aproximar do convivo da pessoa idosa portadora de Alzheimer, pois irá criar um relacionamento de proximidade entre o idoso e seus familiares, e assim, irá enriquecer a prática do cuidado, mantendo os valores culturais e o seu estilo de vida.
Faria et al., (2017) relatou em seu estudo, que geralmente o diagnóstico da doença de Alzheimer é recebido pela pessoa idosa e seus familiares com sentimentos de raiva, ansiedade, culpa, medo, angústia e depressão, e que há uma falta de desinformação da doença, que contribui para que passe um período de tempo sem identificação correta. A forma de combater a desinformação da doença, é que o enfermeiro atue na educação em saúde dos familiares, informando sobre a doença, as suas fases e como lidar com os conflitos que podem ocorrer com a pessoa idosa.
Em um estudo do sul do Brasil, com cinco famílias de pessoas idosas portadoras da doença de Alzheimer, a equipe de enfermagem conseguiu encontrar algumas dificuldades relatadas, como esquecimento do caminho de casa, agressividade da pessoa idosa com Alzheimer, dificuldade em relação ao dinheiro, dificuldade em reconhecer pessoas ou locais, dificuldades para aceitar o banho e em relação ao dinheiro. O enfermeiro como gestor do cuidado da pessoa idosa portadora do Alzheimer, deve criar estratégias junto com os familiares para que haja adesão ao seu tratamento e também envolvimento no seu cuidado.
De acordo com Manson et al., (2020) o enfermeiro na prestação do cuidado da pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer deve identificar fatores que interfiram na qualidade de vida do paciente e seus familiares, além disso, notar mudanças individuais que ocorrem ao longo do tempo, como o desligamento social ou a falta de estratégias eficazes aplicadas por familiares. O enfermeiro irá redefinir as prioridades de atividades do cuidado da pessoa idosa, além de elaborar o plano de cuidados e incentivar práticas que ofereçam uma melhora da qualidade de vida.
O autor Aljezawi (2021) relatou que o conhecimento dos enfermeiros sobre a doença de Alzheimer é muito escasso, e que apenas 7,2% dos enfermeiros relataram ler artigos relacionados ao tema. Encontrou que geralmente os enfermeiros não encontram muitas pessoas idosas portadoras da doença de Alzheimer na sua prática clínica, o que faz que tenham pouco interesse na capacitação do assunto. Porém, para que haja um incentivo, deve haver mais capacitações relacionados ao tema, pois assim irá proporcionar os enfermeiros conhecimento adequado para o tratamento dessa patologia em idosos.
Ayisi-Boatenget al., (2022) identificou em seu estudo que os profissionais de saúde possuem um conhecimento muito precário em relação a doença de Alzheimer, e o manejo na população idosa. Após a aplicação de um workshop com a equipe de saúde, percebeu melhoras no conhecimento sobre a doença, que podem ajudar na prestação de serviço à população idosa e seus familiares.
As limitações desta revisão foram as dificuldades de encontrar estudos atualizados referentes à prática de enfermagem no manejo do cuidado a pessoa idosa portadora de Alzheimer. Porém, ficou evidenciado que há lacunas na literatura sobre possíveis diagnósticos de enfermagem que podem ser utilizados no planejamento da assistência da equipe de enfermagem.
5. CONCLUSÃO
A pesquisa objetivou descrever achados da literatura sobre a assistência de enfermagem a pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer. Percebe-se que a população idosa vem crescendo devido ao aumento da expectativa de vida, com isso cresce a incidência de doenças relacionadas à demência no idoso, e uma das consequências é o déficit da função cognitiva. Verificou-se que devido a esta realidade, surgiu esta reflexão sobre o cuidado de enfermagem.
Diante desse cenário tornou-se fundamental um aprofundamento no nosso conhecimento do processo da DA, pois é uma condição que provoca deficiência cognitiva, e está fortemente associada à idade. É uma doença de curso progressivo, e o idoso torna-se dependente de cuidados que serão moldados conforme o grau da evolução desta patologia.
O enfermeiro é o profissional da saúde que prestará assistência e cuidado ao paciente com Alzheimer, sendo assim, o mesmo deve ter conhecimento acerca da doença de Alzheimer em pessoas idosas, para que possa diminuir as emoções negativas em idosos e seus familiares em relação ao diagnóstico da doença.
Verificou-se na pesquisa que existe déficit no conhecimentos dos enfermeiros sobre a doença de Alzheimer em pessoas idosas. Além disso, autores recomendam a utilização do processo de enfermagem para montar o plano de cuidado da pessoa idosa com Alzheimer.
Por fim, entende-se ser importante que o enfermeiro atue como gestor do cuidado da pessoa idosa portadora da doença de Alzheimer, aplicando o processo de enfermagem, entendendo as suas necessidades e sanando as dúvidas dos familiares acerca da doença, assim – prestando uma assistência de qualidade que proporcione a pessoa idosa uma qualidade de vida melhor.
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