REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411110718
Fernanda Bispo Da Cruz1; Francyleide Da Silva Rodrigues2; Hellen Thais Vieira Gois3; Joélio Pereira da Silva4; Conceição Ceanny Formiga Sinval Cavalcante5
Resumo: A violência sexual é um problema de saúde pública que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, com consequências graves para sua saúde física e mental, Nesse contexto, a enfermagem tem um papel fundamental no atendimento às mulheres que sofrem violência doméstica/sexual, destacando-se a necessidade de uma abordagem centrada na vítimal. Objetivo: Analisar o papel da enfermagem no atendimento a vítimas de violência sexual, identificando desafios e perspectivas para a melhoria da assistência. Metodologia: Revisão integrativa da literatura, utilizando bases de dados: PubMed, Google Acadêmico, Sciello e Biblioteca Virtual de Saúde-BVS em artigos e publicações feitas nos últimos cinco anos (2019-2023). Resultados: Foram identificados desafios significativos no atendimento, incluindo falta de capacitação, recursos inadequados e estigma social. A enfermagem desempenha papel crucial no acolhimento e cuidado das vítimas, necessitando de uma abordagem humanizada e empática. Discussão: A assistência de enfermagem às vítimas de violência sexual é fundamental para sua recuperação. É necessário investir em capacitação contínua, recursos adequados e combate ao estigma Conclusão: A implementação de protocolos assistenciais padronizados e suporte psicossocial para os profissionais de enfermagem também é essencial. A melhoria da assistência de enfermagem pode potencializar a eficácia do cuidado e promover a recuperação integral das mulheres afetadas
Palavras-chave: Violência sexual. Enfermagem. Assistência. Saúde pública. Cuidado humanizado.
Abstract: Sexual violence is a public health problem affecting millions of women worldwide, with severe consequences for their physical and mental health. In this context, nursing plays a fundamental role in attending to women who suffer domestico/sexual violence, highlighting the need for a victim-centered approach. Objective: To analyze the role of nursin in attending to victims of sexual violence, identifying challenges and perspectives for improving assistance. Methodology: Integrative literature review using databases: PubMed, Google Scholar, SciELO, and Virtual Health Library-BVS, including articles and publications from the last five years (2019-2023). Results: Significant challenges were identified in care, including lack of training, inadequate resources, and social stigma. Nursing plays a crucial role in welcoming and caring for victims, requiring a humanized and empathetic approach. Discussion: Nursing assistance to victims of sexual violence is essential for their recovery. It is necessary to invest in continuous training, adequate resources, and combating social stigma.Conclusion: Implementing standardized care protocols and providing psychosocial support to nursing professionals is also essential. Improving nursing assistance can enhance care effectiveness and promote the integral recove of affected women.
Keywords: Sexual violence. Nursing. Assistance Public healthHumanized care.
INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2021), a violência sexual é uma forma de agressão que atinge principalmente mulheres e envolve qualquer tipo de atividade sexual sem consentimento da vítima, incluindo tentativas de coerção para participação em tais atos contra a sua vontade.
Além disso, com potencial para impactar tanto a saúde física quanto a mental das mulheres, acarretando repercussões de longo prazo em suas vidas pessoais e profissionais. Nesse contexto, é importante ressaltar que a violência sexual também pode resultar em doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV, e gestações não planejadas (LIMA et al., 2020).
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2015, uma em cada dez mulheres brasileiras, entre 15 e 65 anos, já foi vítima de episódio de violência em algum momento da vida. O relatório também revela que, no Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. Essas estatísticas alarmantes destacam a persistência da violência sexual contra mulheres no país e a necessidade urgente de ações para enfrentar esse grave problema (NETA et al., 2020).
Nesse contexto, a enfermagem tem um papel fundamental no atendimento às mulheres que sofrem violência doméstica/sexual, destacando-se a necessidade de uma abordagem centrada na vítima, que respeite seus direitos e promova cuidados acolhedores e abrangentes. Além disso, é crucial que os profissionais de enfermagem estejam capacitados para reconhecer e tratar tanto as lesões físicas quanto as emocionais resultantes da violência sofrida, agindo com empatia, respeitando a privacidade e mantendo a confidencialidade (RODRIGUES et al., 2021).
Diante disso, Lima et al. (2022), aponta que é essencial que os profissionais de enfermagem estejam preparados para reconhecer indicadores de risco e para educar a comunidade sobre os direitos das mulheres e a importância de denunciar casos de violência. Vale ressaltar que, é possível que a equipe de enfermagem desempenhe um papel importante na prevenção dos casos de violência por meio de iniciativas educativas realizadas em escolas e comunidades, com o objetivo de aumentar a conscientização e sensibilização sobre esse problema.
Galvão et al. (2021) destaca que, a necessidade de uma escuta atenta por parte dos profissionais de enfermagem, é importante para entender as necessidades da vítima e estabelecer um vínculo de confiança e empatia. Assim, através da escuta atenta, a equipe de enfermagem pode oferecer orientações sobre medidas de proteção, encaminhamento para exames e tratamentos necessários, além de fornecer informações sobre os direitos da vítima e as opções legais disponíveis (LIMA et al., 2021).
Assim, este trabalho visa contribuir para conscientizar a sociedade sobre a importância da mulher procurar os serviços de saúde após sofrer violência sexual. O objetivo deste trabalho é, verificar como funciona o processo de acolhimento nos serviços de saúde e ressaltar a importância de buscar assistência médica o mais rápido possível para prevenir gravidezes indesejadas e doenças graves, como HIV e sífilis.
Além disso, contribuir para o avanço do conhecimento em pesquisas futuras e criar um ambiente seguro e solidário, onde as mulheres se sintam encorajadas a buscar ajuda e apoio, garantindo que todas recebam o cuidado e respeito que merecem.
METODOLOGIA
Projeto de pesquisa feito por meio de uma revisão integrativa e qualitativa da literatura, utilizando as principais bases de dados como: PubMed, Google Acadêmico, Sciello e Biblioteca Virtual de Saúde-BVS em artigos e publicações feitas nos últimos cinco anos (2019-2023), também em monografias dispostas na biblioteca da faculdade. Os descritores a serem utilizados foram “Violência sexual”, “Violência doméstica”, “Enfermagem”, “Acolhimento” e “Mulheres”.
A seleção dos artigos foi realizada a partir da pesquisa nas principais bases de dados, nos quais foram encontrados 128 artigos relacionados ao tema, e eliminando os que fugiam ao tema, ou estavam em espanhol, sob critério de leitura dos títulos, resumos e textos completos. Assim, foram incluídos 20 artigos científicos que abordaram o papel da enfermagem no acolhimento e cuidado de mulheres vítimas de violência sexual, publicados nos últimos cinco anos, em português e inglês. Foram excluídos artigos que não abordavam a temática proposta.
A análise dos dados foi realizada por meio da síntese narrativa, que consiste na descrição dos resultados de forma explicativa e interpretativa. Foram identificadas as principais demandas das mulheres vítimas de violência sexual e doméstica no acolhimento pela enfermagem, as principais estratégias de acolhimento e cuidado para essas mulheres na perspectiva da enfermagem, bem como o impacto do acolhimento e cuidado de enfermagem na recuperação dessas mulheres.
REFERENCIAL TEÓRICO
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde-OMS, em parceria com a London School of Hygiene and Tropical Medicine e o Conselho de Pesquisa Médica, analisou dados de 80 países e descobriu que cerca de 30% das mulheres no mundo já sofreram violência física e/ou sexual em relacionamentos. Outro dado preocupante revelado pelo estudo é que 38% dos assassinatos de mulheres no mundo são perpetrados por seus parceiros. Essas estatísticas destacam a grave situação da violência de gênero e a urgência de medidas para combatê-la (OPAS/OMS, 2019).
Diante disso, a violência sexual é uma das formas mais graves de abuso enfrentadas pelas mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela envolve “qualquer ato sexual, tentativa de consumar um ato sexual, avanços sexuais indesejados ou ações para comercializar ou usar a sexualidade de uma pessoa através de coerção, independentemente da relação entre a vítima e o agressor, em qualquer contexto, incluindo o ambiente doméstico e o local de trabalho” (OMS, 2021).
Ao discutir a violência sexual, a questão de gênero vai além das diferenças anatômicas, abrangendo as desigualdades culturais e sociais impostas aos homens e mulheres. Essas desigualdades tornam as mulheres mais vulneráveis a violências, repressões, intolerâncias e injustiças, que podem até levar à morte. Para enfrentar esses problemas, é crucial realizar estudos e implementar políticas de prevenção, contenção e punição. É essencial lutar por uma sociedade mais justa e igualitária (MARQUES, 2020).
No Brasil, a violência de gênero, particularmente a violência sexual contra mulheres, se enraizou culturalmente, com o silêncio prevalecendo e as autoridades subestimando esses casos. A sociedade brasileira patriarcal definiu o papel das mulheres como propriedade de pais e maridos, restringindo seus direitos e controle sobre seus próprios corpos. Essa naturalização da violência fez com que o sofrimento das mulheres se tornasse invisível ou visto como algo normal (ROMEIRO; BEZERRA, 2020).
Contudo, no atendimento de saúde, os profissionais de enfermagem desempenham um papel crucial no acolhimento de vítimas de violência sexual. Muitas vezes, são os primeiros a ter contato direto com essas mulheres, dedicando a maior parte do tempo ao cuidado delas. Os enfermeiros podem proporcionar um ambiente seguro e de apoio, acolhendo e ajudando as vítimas de violência sexual no processo de tratamento e recuperação, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida (BATISTETTI; LIMA; SOUZA, 2020).
É fundamental que, os profissionais de enfermagem demonstrem qualidades como empatia, sensibilidade e serenidade. Essas virtudes são importantes para proporcionar uma escuta atenta e perceptiva, permitindo a identificação dos riscos e dificuldades que as mulheres em situação de violência sexual enfrentam, com atendimento completo e cuidadoso. (MOTA; AGUIAR, 2020).
No contexto de apoio a mulheres em situações de violência, o papel do enfermeiro é de extrema importância. Ao oferecer cuidados, o enfermeiro avalia as várias dimensões da existência dessas mulheres. É imprescindível identificar os elementos que contribuem para o desenvolvimento da resiliência. O enfermeiro deve manter uma postura acolhedora, estabelecendo um diálogo aberto e mostrando-se flexível, com o intuito de criar uma conexão humanizada, ética e empática. Nesse ambiente, o enfermeiro tem a habilidade de incentivar a resiliência, atua como um suporte fundamental para que as mulheres enfrentem e superem o trauma (FORTINARI; LABRONICI, 2019).
Costa et al. (2019), ressaltam a necessidade de estabelecer e aplicar protocolos assistenciais em ambientes de atenção primária e hospitalar. A padronização das práticas profissionais por meio desses protocolos é essencial para assegurar a proteção dos pacientes em variados cenários de atendimento.
Assim, o Processo de Enfermagem (PE) é utilizado como um instrumento valioso para o cuidado de indivíduos que sofreram violência sexual/doméstica. Pois, na recepção da vítima, os enfermeiros empregam o PE, conduzindo uma anamnese e exame físico detalhados, o que permite a identificação precisa dos problemas de saúde e de enfermagem de cada caso. Utilizando esses dados, elaboram um plano de cuidados personalizado, adotando intervenções que respeitam as necessidades específicas de cada mulher que sofreu a violência (SOUZA et al., 2019).
Segundo Lima et al. (2022), os profissionais de enfermagem se deparam com desafios significativos só longo desse processo, que incluem a necessidade de um treinamento especializado, o enfrentamento de situações que demandam grande sensibilidade emocional, a atenção para evitar a revitimização das mulheres e a luta contra a carência de recursos adequados para prestar um atendimento digno e eficiente.
Os desafios da enfermagem vão além do atendimento clínico, estendendo-se aos obstáculos sociais como o estigma e o preconceito ligados à violência sexual. Muitas vítimas hesitam em procurar auxílio por temerem o julgamento ou culpabilização. É essencial, portanto, que os enfermeiros estejam equipados para abordar essas barreiras de maneira sensível e empática, assegurando um espaço acolhedor e sem preconceitos (ALMEIDA et al., 2021).
Diante disso, a abordagem humanizada da enfermagem é crucial para a recuperação das mulheres que passaram por violência sexual. Santos et al. (2020), salientam que um acolhimento atencioso e de qualidade está intrinsecamente relacionado a resultados positivos, como a aderência ao tratamento e a melhora do bem-estar físico e emocional, além de ajudar na prevenção de complicações futuras.
A atuação da enfermagem é vital tanto na promoção da saúde quanto no fortalecimento das mulheres que enfrentaram a violência sexual, apoiando-as na reconstrução de suas trajetórias de vida. O cuidado prestado pelos enfermeiros fomenta a resiliência e a independência, capacitando-as a redefinir sua identidade e a superar as consequências adversas da violência (SOUZA et al., 2021).
Assim, a enfermagem ocupa uma posição essencial no suporte a essas mulheres, oferecendo não apenas apoio emocional e assistência, mas também orientação para o acesso a outros serviços necessários, com uma assistência integral e decisiva para a recuperação física e emocional, auxiliando na superação do trauma e na reconstrução do viver dessas mulheres (COSTA et al., 2023).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a análise de 20 artigos na íntegra, foram utilizados 10 artigos, para a confecção desses resultados, sobre o papel da enfermagem no atendimento a mulheres vítimas de violência sexual. O quadro (QUADRO-1) a seguir sintetiza a análise, associando as contribuições de autores que abordam diferentes aspectos desse atendimento, desde a importância de uma abordagem empática até o papel educativo da enfermagem na prevenção da violência.
QUADRO-1: Elaborado pelas autores.
Autor/ ano | Periódico | METODOLOGIA | Resultados |
LIMA et al. (2020) | Revista de Enfermagem | Revisão de literatura | A violência sexual impacta a saúde física e mental das mulheres, podendo resultar em doenças sexualmente transmissíveis e gestações não planejadas. |
RODRIGUES et al. (2021) | Revista Eletrônica Acervo Saúde | Revisão de literatura | A enfermagem desempenha papel central no acolhimento de vítimas de violência, respeitando direitos e privacidade, além de tratar lesões físicas e emocionais. |
LIMA et al. (2022) | Revista Brasileira de Enfermagem | Revisão de literatura | Profissionais de enfermagem devem ser capacitados para reconhecer sinais de risco e educar a comunidade sobre os direitos das mulheres e a violência. |
GALVÃO et al. (2021) | Revista Eletrônica Acervo Saúde | Revisão de literatura | A escuta atenta dos enfermeiros é fundamental para criar confiança e oferecer um cuidado adequado, incluindo encaminhamentos e proteção às vítimas. |
MOTA et al. (2021) | Revista Brasileira de Enfermagem | Revisão de literatura | A violência sexual é um problema de saúde pública, com efeitos psicológicos devastadores nas vítimas, exigindo intervenções de longo prazo. |
SOUZA et al. (2019) | Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde | Revisão de literatura | Os enfermeiros precisam ser treinados para identificar rapidamente as vítimas de violência sexual e oferecer suporte imediato e adequado. |
BATISTETTI et al. (2020) | Fun Care Online | Revisão de literatura | A enfermagem desempenha um papel crucial na condução de exames e na coleta de evidências em casos de violência sexual. |
COSTA et al. (2021) | Revista Brasileira de Educação e Saúde | Revisão de literatura | Ações educativas lideradas por enfermeiros em escolas e comunidades são eficazes na prevenção de violência sexual. |
ALMEIDA et al. (2022) | Revista Brasileira de Enfermagem | Revisão de literatura | A formação acadêmica de enfermeiros deve incluir módulos sobre violência de gênero e como atender vítimas de violência sexual. |
MOTA et al. (2020) | Nursing (São Paulo) | Revisão de literatura | A colaboração intersetorial entre saúde, justiça e assistência social é essencial para oferecer um suporte abrangente às vítimas. |
O PAPEL CRUCIAL DA ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO A VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL
Assim, vale destacar que a assistência de enfermagem às vítimas de violência sexual é um tema de extrema relevância, devido as alarmantes estatísticas apresentadas por diversas organizações. Estudos como o da OMS (2019) em parceria com a London School of Hygiene and Tropical Medicine e o Conselho de Pesquisa Médica, destacam que cerca de 30% das mulheres em todo o mundo já sofreram violência física e/ou sexual em relacionamentos, sendo a maioria delas jovens. Por isso se enfatiza a urgência de medidas de combate a esta situação como maneira de proteção.
Batistettti, Lima e Souza (2020) destacam que os profissionais de enfermagem desempenham um papel crucial no acolhimento das vítimas de violência sexual, sendo frequentemente os primeiros a terem contato direto com essas mulheres. Além disso, os enfermeiros dedicam grande parte do tempo ao cuidado, proporcionando um ambiente seguro e de apoio para as vítimas durante o processo de tratamento e recuperação. No entanto, Mota e Aguiar (2020) salientam que, para oferecer um atendimento completo e cuidadoso, é imprescindível que os enfermeiros possuam tanto conhecimento técnico-científico vasto quanto uma conduta humanizada.
Contudo, alguns autores discordam da abordagem tradicional de assistência às vítimas de violência sexual. Segundo Silva et al. (2022), a enfase excessiva na conduta humanizada pode levar a uma abordagem paternalista, onde os profissionais de enfermagem assumem o papel de “protetores” das vítimas, em vez de empoderá-las para tomar controle de suas próprias vidas. Em vez disso, os autores sugerem uma abordagem mais centrada na autonomia e na capacitação das vítimas.
Outro ponto de vista crítico é apresentado por Oliveira e Santos (2021), que argumentam que a assistência de enfermagem às vítimas de violência sexual precisa ir além do cuidado individualizado e considerar as estruturas sociais e econômicas que perpetuam a violência. Eles defendem a implementação de programas de prevenção e intervenção comunitária, que abordem as causas profundas da violência e promovam a igualdade de gênero.
Além disso, Castro e Ferreira (2020) sugerem que a tecnologia pode ser uma ferramenta valiosa na assistência às vítimas de violência sexual. Eles defendem o desenvolvimento de aplicativos e plataformas online que forneçam apoio emocional e informações práticas para as vítimas, além de facilitar o acesso a serviços de saúde e justiça.
DESAFIOS NO ATENDIMENTO: CAPACITAÇÃO, RECURSOS E EVITAÇÃO DA REVITIMIZAÇÃO
Ademais, segundo Lima et al. (2022), os profissionais de enfermagem enfrentam desafios significativos ao longo desse processo, incluindo a necessidade de um treinamento especializado, a atenção para evitar a revitimização das mulheres e a luta contra a carência de recursos adequados. Diante disso, é fundamental que os enfermeiros estejam preparados para abordar essas barreiras de maneira sensível e empática, assegurando um espaço acolhedor e sem preconceitos (Almeida et al., 2021).
No entanto, há uma necessidade crítica de treinamento especializado para que os profissionais de enfermagem possam lidar com as complexidades emocionais e físicas que envolvem o atendimento a vítimas de violência sexual. Lima et al. (2022) apontam que a falta de capacitação adequada pode levar a falhas no atendimento, resultando em revitimização das mulheres.
Outro ponto , é a carência de recursos adequados em muitos ambientes de atenção primária e hospitalar limita a capacidade dos enfermeiros de fornecerem um atendimento de qualidade. Costa et al. (2019) enfatizam a importância de estabelecer protocolos assistenciais padronizados para assegurar a proteção dos pacientes.
No entanto, alguns autores argumentam que a solução não está apenas no treinamento especializado, mas também na mudança da cultura institucional. Segundo Silva et al. (2022), é necessário criar um ambiente de trabalho que valorize a empatia e a compaixão, e que permita aos enfermeiros compartilhar suas próprias experiências e emoções. Além disso, os autores defendem a implementação de programas de apoio emocional para os profissionais de enfermagem que trabalham com vítimas de violência sexual.
Outro ponto de vista é apresentado por Oliveira e Santos (2021), que sugerem que a tecnologia pode ser uma ferramenta valiosa na superação dos desafios enfrentados pelos enfermeiros. Eles defendem o desenvolvimento de aplicativos e plataformas online que forneçam treinamento especializado, recursos e apoio emocional para os profissionais de enfermagem, além de facilitar o acesso a serviços de saúde e justiça para as vítimas.
Além disso, Castro e Ferreira (2020) apontam que a parceria com organizações não governamentais e grupos de apoio à vítimas de violência sexual pode ser fundamental para superar a carência de recursos adequados. Eles defendem a criação de redes de apoio que permitam aos enfermeiros acessar recursos de serviços especializados, além de promover a articulação entre os diferentes níveis de atenção à saúde.
SUPERANDO BARREIRAS: CAPACITAÇÃO CONTÍNUA, APOIO PSICOSSOCIAL E COMBATE AO ESTIGMA
Diante disso, vale ressaltar que, estigma social e o preconceito relacionados à violência sexual muitas vezes impedem que as vítimas procurem ajuda, temendo julgamento ou culpabilização. Almeida et al. (2021) destacam a necessidade de um ambiente acolhedor e sem preconceitos.
Para isso, faz-se necessário implementar programas de capacitação contínua para os profissionais de enfermagem, abordando não apenas os aspectos técnicos, mas também a dimensão emocional do atendimento a vítimas de violência sexual (Lima et al., 2022).
Assim, desenvolver e implementar protocolos assistenciais padronizados em todos os níveis de atenção à saúde para assegurar um atendimento uniforme e de qualidade (Costa et al., 2019). E oferecer suporte psicossocial para os profissionais de enfermagem, ajudando-os a lidar com o estresse e a carga emocional que acompanham o atendimento a vítimas de violência sexual (Santos et al., 2020).
Para que haja, a diminuição dos estigmas, é preciso então, desenvolver campanhas de conscientização pública para reduzir o estigma e o preconceito em relação às vítimas de violência sexual, promovendo uma cultura de acolhimento e respeito (Almeida et al., 2021). Desta forma, a implementação dessas melhorias pode potencializar a eficácia da assistência de enfermagem às vítimas de violência sexual, contribuindo para um ambiente de cuidado mais acolhedor e eficiente, e promovendo a recuperação integral das mulheres afetadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, a violência sexual é uma chaga em nossa sociedade que exige uma resposta contundente e humanizada. A enfermagem, como protagonista no cuidado às vítimas, desempenha um papel fundamental na reconstrução da dignidade e da saúde dessas mulheres. No entanto, é imperativo que superemos os desafios identificados, investindo em capacitação contínua, recursos adequados e combate ao estigma social.
Torna-se necessário retificar faltas que favorecem tal, assumindo o compromisso de criar um ambiente de acolhimento e respeito para aqueles que sofrem. A assistência de enfermagem às vítimas de violência sexual não é apenas uma questão de saúde pública, mas uma questão de direitos humanos.
Portanto, é essencial que os profissionais de enfermagem, juntamente com a sociedade civil e as instituições governamentais, unam forças para erradicar essa violência e promover uma cultura de respeito, igualdade e justiça. Somente assim poderemos construir um futuro mais seguro e digno para todas as mulheres, livres da sombra da violência sexual
Referências
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1Graduanda do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro universitário. E-mail: fernandapablo2020@gmail.com
2Graduanda do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro universitário. E-mail: francileyderodrigues@gmail.com
3Graduanda do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro universitário. E-mail: hthaisgoes@gmail.com
4Enfermeiro. Docente do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro universitário. E-mail: joeliops@hotmail.com
5Enfermeira. Docente do curso de enfermagem-UNIFAESF Centro Universitário. E-mail: ceanny@hotmail.com