REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411260920
Eduarda Costa Brito1
Erika Emanuella Silva De Sousa2
Eryka Manuella Porto De Alencar3
Joélio Pereira da Silva2
Conceição Ceanny Formiga Sinval Cavalcante3
Resumo: A pré-eclâmpsia é uma condição grave que afeta a saúde materno-fetal, caracterizada por hipertensão e proteinúria após a 20ª semana de gestação. Objetivo: Analisar a assistência de enfermagem à gestante com pré-eclâmpsia e os desafios. Metodologia: Revisão integrativa de 20 artigos publicados entre 2019 e 2024. Resultados: A assistência de enfermagem é fundamental para prevenir complicações graves. Educação em saúde e tecnologia são ferramentas eficazes para melhorar resultados materno-fetais. Capacitação dos profissionais e infraestrutura adequada são essenciais. Conclusão: Este estudo destaca a importância da assistência de enfermagem no acompanhamento pré-natal das mulheres com pré-eclâmpsia. Assim, os resultados contribuem para melhorar a assistência à saúde e os resultados materno-fetais.
Palavras-chaves: Assistência de enfermagem. Gestante. pré-eclâmpsia. Risco gestacional. Pré-natal.
Abstract: Preeclampsia is a serious condition affecting maternal and fetal health, characterized by hypertension and proteinuria after the 20th week of pregnancy. Objective: To analyze nursing care for pregnant women with preeclampsia. Methodology: Integrative review of 20 articles published between 2019 and 2024. Results: Nursing care is essential to prevent severe complications. Health education and technology are effective tools to improve maternal-fetal outcomes. Professional training and adequate infrastructure are crucial. Conclusion: This study highlights the importance of nursing care in prenatal follow-up for women with preeclampsia. The findings contribute to improving healthcare and maternal-fetal outcomes.
Keywords: Nursing care. Pregnant woman. Preeclampsia. Gestational risk. Prenatal care.
1 INTRODUÇÃO
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por várias adaptações fisiológicas, muitas vezes sem complicações, caracterizando uma gestação de baixo risco, ou de risco habitual (VIANNA et al., 2023). No entanto, algumas gestações apresentam complicações que elevam os riscos para mãe e feto, exigindo atenção especial da enfermagem e da equipe multiprofissional.
A pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna e perinatal em países em desenvolvimento, como o Brasil. Caracteriza-se por ser uma condição multissistêmica, manifestando-se principalmente no terceiro trimestre e com sintomas específicos como hipertensão, edema e proteinúria (RODRIGUES LISBOA et al., 2024).
Essa condição envolve um aumento repentino da pressão arterial após a 20ª semana de gestação, com níveis de pressão iguais ou superiores a 140/90 mmHg e excesso de proteínas na urina, o que representa sérios riscos para a saúde da mãe e do bebê (Morais, 2023). As complicações decorrentes podem incluir descolamento prematuro da placenta e parto prematuro, elevando o risco de problemas para ambos (DULAY, 2022).
Alguns fatores de risco associados ao desenvolvimento da pré-eclâmpsia incluem a primeira gestação, gestações múltiplas, obesidade, hipertensão crônica, diabetes e histórico de pré-eclâmpsia (BIENO et al., 2023; DULAY, 2022). Sinais e sintomas podem variar de mulher para mulher, o que reforça a necessidade de um acompanhamento cuidadoso.
A pré-eclâmpsia é tratável com cuidados médicos, enquanto a eclâmpsia, sua forma mais grave, é uma emergência marcada por convulsões que exige intervenção imediata (Rodrigues Lisboa et al., 2024). Este acompanhamento deve começar assim que a gravidez é confirmada, sendo crucial para identificar fatores e condições de risco à saúde materna e fetal (ALVES, 2024).
O acompanhamento pré-natal compreende, idealmente, seis consultas, nas quais a gestante deve receber atendimento educativo, abrangente e personalizado da equipe multiprofissional. Esse monitoramento possibilita a identificação precoce de patologias que possam interferir no curso normal da gestação, do parto e do pósparto (FIOCRUZ, 2021).
O enfermeiro, ao prestar cuidados, desempenha um papel fundamental de acolhimento e orientação sobre os riscos da pré-eclâmpsia, colaborando para que a gestante compreenda sua condição e participe ativamente dos cuidados necessários (GONÇALVES et al., 2021). A informação e orientação adequadas podem facilitar a colaboração da gestante no tratamento.
Este estudo tem como objetivo principal analisar a assistência de enfermagem prestada a gestantes com risco de desenvolver pré-eclâmpsia e eclâmpsia, abordando a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG). Desse modo, visa-se potencializar o papel da enfermagem no acompanhamento pré-natal, promovendo a detecção precoce de sinais e sintomas, e consequentemente, reduzindo o risco de complicações graves para mãe e feto. Diante disso, ao final deste trabalho espera-se que está pesquisa possa contribuir para futuras pesquisas tanto na comunidade acadêmica, quanto na área científica.
2 METODOLOGIA
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de caráter descritivo e exploratório, sobre a assistência de enfermagem à gestante com risco de pré-eclâmpsia. Para a seleção do material, foram utilizados artigos de revistas científicas, bibliotecas online e plataformas como Google Acadêmico, LILACS e Scielo. Os descritores utilizados foram “assistência de enfermagem”, “gestante”, “pré-eclâmpsia” e “risco gestacional”. Após a leitura preliminar, 40 artigos e um manual foram analisados, dos quais 20 artigos e 1 manual foram selecionados por estarem diretamente relacionados ao tema. O foco da seleção foi direcionado a artigos publicados entre 2019 e 2024, em português, que abordassem de forma exploratória a assistência de enfermagem no contexto da pré-eclâmpsia. Foram excluídos os artigos que não tratavam especificamente da temática proposta.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo, com o Conselho Federal de Enfermagem – COFEN, por meio da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, regulamentada pela Resolução COFEN nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, assegura à mulher assistência no pré-natal, parto e pósparto através da consulta de enfermagem. Isso garante a integralidade do cuidado à mulher e ao recém-nascido, promovendo a coordenação entre os diferentes pontos de atenção na Rede de Atenção à Saúde e os recursos comunitários disponíveis. Dessa forma, o papel do enfermeiro é essencial para assegurar o bom desenvolvimento materno-fetal durante o período gestacional (GOMES; MARQUES, 2024).
Ao diagnosticar pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade, a gestante deve ser internada para uma avaliação mais detalhada e garantir que não haja sintomas ou resultados laboratoriais que indiquem uma mudança para pré-eclâmpsia grave. Após essa avaliação inicial no hospital, o acompanhamento ambulatorial pode ser uma alternativa eficaz e econômica para manter o controle da gestante. Se o quadro permanecer estável, o parto deve ser induzido por volta das 37 semanas de gestação (BRASIL, 2022).
Durante a gestação, o corpo da mulher está sujeito a diversas mudanças fisiológicas, que são uma forma de adaptação à sua nova condição. Na maioria dos casos, essas alterações ocorrem sem apresentar complicações, o que caracteriza a gravidez como de baixo risco, risco habitual ou fisiológico. Entretanto, quando surgem complicações durante o pré-natal que possam ameaçar a saúde da mãe e do bebê, a gestação passa a ser considerada de alto risco, exigindo maior cuidado por parte da enfermagem e da equipe multiprofissional (SILVA et al., 2019).
Assim, a síndrome hipertensiva aparece como uma das principais complicações que resultam em mortes maternas, ocupando o segundo lugar nas causas de óbitos, ficando atrás apenas das mortes por hemorragia. Essa condição pode ser classificada em pré-eclâmpsia, eclâmpsia, hipertensão gestacional e hipertensão arterial crônica. Globalmente, essa síndrome está associada a aproximadamente 14% das mortes maternas, enquanto na América Latina esse número chega a 22% (FERREIRA et al., 2016; SILVA et al., 2019).
Diante disso a pré-eclâmpsia, que se coloca como o tema central deste estudo, é uma desordem multissistêmica específica da gestação humana e do puerpério, podendo surgir após a vigésima semana de gestação, durante o parto e até 48 horas após o nascimento. Ela se caracteriza pelo desenvolvimento de hipertensão associada à proteinúria e/ou edema nas mãos ou no rosto. Essa condição afeta principalmente as primigestas, sendo os sinais e sintomas mais comuns a presença de edemas nos membros inferiores, dor epigástrica, escotomas e cefaleia na região da nuca (BRASIL, 2012; FERREIRA et al., 2016; KAHHALE; FRANCISCO; ZUGAIB, 2018; SANTANA et al., 2019).
Desta maneira, embora sua etiologia permaneça desconhecida, atualmente fatores imunológicos, genéticos e falhas na invasão placentária são considerados possíveis explicações para a ocorrência dessa doença. A fisiopatologia da pré eclâmpsia pode levar à redução da perfusão placentária, o que resulta em alterações na função endotelial, ativação do processo inflamatório, diminuição dos níveis de prostaglandinas e aumento da ação do tromboxano (BANDEIRA et al., 2023).
No entanto, apesar de a enfermagem ser essencial para garantir uma assistência de qualidade e promover ações voltadas à prevenção e/ou tratamento de complicações como a pré-eclâmpsia, ainda se observa fragilidade no atendimento oferecido. Muitos profissionais não estão adequadamente capacitados para prestar um cuidado satisfatório, humanizado e centrado no binômio mãe-feto. Frequentemente, o atendimento se limita à prescrição medicamentosa e à aferição da pressão arterial, o que dificulta o reconhecimento de sinais e sintomas de risco que a gestante pode apresentar (DAMACENO; CARDOSO, 2022; SARMENTO et al., 2020; SANTANA et al., 2019).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a busca pelos artigos nas bases de dados escolhidas, encontrou-se cerca de 465 artigos na busca avançada. Notou-se, na leitura dos títulos, que muitos se repetiam e outros não preenchiam os critérios de inclusão e exclusão adotados. Chegou-se a análise dos 20 estudos selecionados revelou uma diversidade de metodologias e enfoques. Entre os estudos, 12 eram revisões integrativas e 8 adotaram uma abordagem qualitativa. As revisões integrativas tiveram como principal objetivo avaliar estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e manejo clínico da pré-eclâmpsia, enquanto os estudos qualitativos buscaram compreender a experiência das gestantes e dos profissionais de saúde no atendimento às gestantes de alto risco.
Base de dados | Artigo encontrados | Artigo selecionado |
Google Scholar | 234 | 13 |
LILACS | 48 | 3 |
SciELO | 183 | 4 |
Total | 465 | 20 |
Quadro 1: elaborado pelo autor
O Quadro-2 detalha os títulos, anos de publicação, objetivos e desfechos de cada estudo. As revisões integrativas destacaram a importância da detecção precoce dos sinais de risco, da melhoria nas práticas clínicas, e da capacitação contínua da equipe de saúde para lidar com complicações gestacionais. E um dos principais pontos ressaltados foi a necessidade de protocolos claros para a monitorização de pressão arterial e identificação precoce da síndrome hipertensiva gestacional.
Quadro 2: elaborado pelo autor
4.1 DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ
A Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG) é um tema de grande relevância na saúde materno-fetal, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil, onde essa condição está entre as principais causas de morbidade e mortalidade materna e perinatal (RODRIGUES LISBOA et al., 2024). Essa condição é caracterizada pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana de gestação, em mulheres que anteriormente não apresentavam hipertensão. A DHEG pode levar a complicações graves para a mãe e o feto, incluindo parto prematuro, restrição do crescimento fetal e danos a órgãos como o fígado e os rins (BATISTETTTI, LIMA & SOUZA, 2020).
Diante disso, há um consenso entre os autores quanto à importância da equipe de enfermagem na prevenção de complicações. Para Gonçalves et al. (2021), a enfermagem deve adotar uma postura proativa, promovendo avaliações contínuas durante o pré-natal e fornecendo educação em saúde para a gestante e sua família.
Almeida et al. (2024) reforçam essa visão, destacando que o envolvimento familiar e o acompanhamento multiprofissional contribuem para que a gestante siga orientações e participe ativamente do processo de cuidado. No entanto, Rezende et al. (2022) argumentam que a eficácia desse acompanhamento depende diretamente de uma abordagem interdisciplinar, sugerindo que a colaboração entre enfermagem, médicos e outros profissionais é essencial para oferecer um cuidado personalizado, adaptado às particularidades de cada paciente.
Por outro lado, alguns autores divergem sobre as principais barreiras para um atendimento efetivo. Para Santos et al. (2020), a DHEG é uma condição sistêmica complexa que envolve inflamação e erros no processo de invasão trofoblástica, o que afeta órgãos como rins, fígado e placenta. Santos e colegas apontam que a falta de compreensão da fisiopatologia da doença e a escassez de protocolos específicos limitam a capacidade dos profissionais de oferecer um cuidado adequado.
Cerilo et al. (2023) acrescentam que é essencial realizar treinamentos regulares, mantendo a equipe de enfermagem atualizada e capacitada para manejar a DHEG com conhecimento aprofundado sobre sua fisiopatologia e sintomas. Em contraste, Ferreira et al. (2021) enfatizam que a falta de infraestrutura em muitas unidades de saúde brasileiras é um dos principais desafios, especialmente em regiões mais carentes, onde faltam recursos para monitoramento e tratamento adequados.
4.2 DIAGNÓSTICO PRECOCE E O TRATAMENTO DA DHEG
Nesse contexto, estudos mostram que o diagnóstico precoce é um ponto crucial. A pré-eclâmpsia, quando detectada nos estágios iniciais, pode ser controlada, minimizando os riscos de complicações graves, como o descolamento prematuro da placenta e o parto prematuro, que representam ameaças tanto para a mãe quanto para o bebê (DULAY, 2022). Além disso, a detecção precoce da DHEG permite o início imediato do tratamento adequado, o que pode reduzir significativamente o risco de complicações graves.
O tratamento para DHEG geralmente envolve a monitorização rigorosa da pressão arterial, do estado geral de saúde da mãe e do desenvolvimento fetal. Em casos mais graves, pode ser necessário o internamento hospitalar para garantir um acompanhamento mais próximo (SOUZA, 2022). A terapia medicamentosa também pode ser utilizada para controlar a pressão arterial e prevenir complicações.
A detecção precoce da DHEG também permite a implementação de medidas preventivas, como a restrição de atividades físicas, o aumento da ingestão de cálcio e o acompanhamento nutricional (BENEDETTI, 2020). Além disso, a educação em saúde é fundamental para que as gestantes compreendam a importância do tratamento e do acompanhamento médico regular.
Segundo Bueno (2023), a hipertensão na gravidez é uma das maiores causas de mortalidade materna e perinatal no Brasil, destacando a importância de um acompanhamento rigoroso durante o pré-natal. Portanto, a abordagem multidisciplinar e o diagnóstico precoce são fundamentais para prevenir complicações e garantir resultados positivos na gestação.
A colaboração entre médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde é essencial para oferecer um cuidado integral e humanizado às gestantes com DHEG. A comunicação eficaz entre a equipe de saúde e a gestante também é crucial para garantir a adesão ao tratamento e o acompanhamento regular (LIMA, 2022).
Além disso, a utilização de tecnologias de informação em saúde, como sistemas de registro eletrônico de saúde, pode auxiliar na detecção precoce e no acompanhamento de gestantes com DHEG (SANTOS, 2022). A análise de dados também pode ajudar a identificar padrões e tendências na ocorrência de DHEG, permitindo a implementação de estratégias preventivas mais eficazes.
Por fim, é fundamental que as gestantes sejam orientadas sobre os sinais e sintomas de DHEG, como dor de cabeça, visão embaçada e dor abdominal, para que possam procurar ajuda médica imediatamente em caso de suspeita (OLIVEIRA, 2022). A conscientização e a educação em saúde são fundamentais para prevenir complicações e garantir uma gestação saudável.
4.3 A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL DAS MULHERES COM DHEG
A assistência de enfermagem é fundamental, de acordo com Santana et al (2019) tanto na prevenção quanto no manejo clínico da paciente com pré-eclâmpsia. Essa assistência deve seguir as recomendações da literatura e ser realizada com precisão e atenção. Entre as ações necessárias estão a aferição da pressão arterial até quatro vezes ao dia, a garantia de repouso no leito, a avaliação da proteinúria, a orientação para a mãe monitorar diariamente os movimentos fetais e a observação de sinais e sintomas de síndromes hipertensivas.
Além disso, é importante avaliar o local e a extensão do edema, se presente, registrar de forma precisa a ingestão de líquidos e a diurese, monitorar os sinais vitais, acompanhar os níveis séricos e urinários de eletrólitos e proteínas, bem como identificar sinais de sobrecarga ou retenção de líquidos na paciente (SANTANA et al., 2019).
Durante este estudo observou-se que, a assistência de enfermagem é importante pois tem como meio, garantir o bem-estar da mãe e do feto, identificando precocemente fatores de risco e sinais da DHEG (ALVEZ, 2024). No entanto, uma crítica recorrente que se faz observando os estudos é a falta de capacitação adequada dos profissionais de enfermagem para prestar uma assistência completa e humanizada a essas gestantes (DAMACENO; CARDOSO, 2022).
Pois durante a análise se viu que, muitas vezes, a enfermagem limita-se à aferição da pressão arterial e à administração de medicamentos, deixando de lado a observação atenta de sintomas mais sutis, como edemas, dor epigástrica e cefaleia, que são fundamentais para a detecção precoce da pré-eclâmpsia (SILVA et al., 2019).
Porém alguns estudos, mostraram que a relevância do tema para a enfermagem vai além do cuidado clínico. A relação de confiança estabelecida entre a gestante e o enfermeiro é fundamental para garantir que a paciente siga as orientações e participe ativamente do processo de cuidado. Quando a enfermagem assume um papel ativo de educadora e orientadora, a gestante se torna mais consciente de sua condição, o que facilita o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, além de melhorar a adesão às consultas e aos tratamentos prescritos (GIEDES, 2022).
No entanto, os estudos revelam que ainda há desafios significativos a serem enfrentados. A sobrecarga de trabalho nos serviços de saúde, aliada à falta de infraestrutura e de recursos, muitas vezes dificulta a prestação de um atendimento de qualidade. Isso impacta diretamente a capacidade da enfermagem de realizar um pré-natal adequado e de oferecer um acompanhamento personalizado às gestantes de risco (SILVA et al., 2024).
A literatura destaca a importância do diagnóstico precoce e monitoramento contínuo da DHEG para prevenir complicações graves (DULAY, 2022; REIS et al., 2024). No entanto, a capacitação inadequada dos profissionais de enfermagem e a infraestrutura precária dos serviços de saúde limitam a capacidade de oferecer um atendimento de qualidade (DAMACENO; CARDOSO, 2022; SILVA et al., 2024.
Além disso, a abordagem humanizada e educativa do cuidado é essencial para garantir que as gestantes sigam as orientações corretamente e participem ativamente do processo de cuidado (WOLFART, 2020). A relação de confiança entre o enfermeiro e a gestante é fundamental para o sucesso do tratamento. Outro desafio importante é a falta de conhecimento das gestantes sobre a DHEG e seus sintomas (BATISTA et al., 2020). Isso destaca a necessidade de educação em saúde eficaz e acessível para todas as gestantes.
A tecnologia também pode desempenhar um papel importante no manejo da DHEG, com o uso de aplicativos móveis de monitoramento de pressão arterial, como o “Blood Pressure Monitor” ou “Heart Rate Monitor”, que permitem aos pacientes realizar o acompanhamento diário da pressão arterial e obter alertas de possíveis alterações. Além disso, sistemas de telemedicina como o “Telmed” ou “Medweb” facilitam o contato entre pacientes e profissionais de saúde, proporcionando acompanhamento remoto e ajustes terapêuticos conforme necessário(MOTA; AGUIAR, 2020).
Doutros meios são, os dispositivos de monitoramento remoto de sinais vitais, como o “Wearable Device” ou “Portable Monitor”, oferecem dados em tempo real sobre pressão arterial e outros sinais, permitindo intervenções rápidas em casos de descompensação. Plataformas como o registro eletrônico de saúde (EHR) ou “Patient Portal” garantem que todas as informações de saúde estejam disponíveis e acessíveis para consulta e orientação clínica. Finalmente, algoritmos de inteligência artificial (IA) auxiliam na análise dos dados e na detecção de padrões de risco, contribuindo para decisões clínicas mais informadas e individualizadas no acompanhamento da DHEG (BATISTETTI; LIMA; SOUZA, 2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG) é uma condição complexa que requer um diagnóstico precoce e um manejo adequado para prevenir complicações graves. A assistência de enfermagem, a educação em saúde e a tecnologia podem desempenhar papéis importantes no manejo da DHEG, no entanto, é fundamental considerar as barreiras culturais e sociais que podem afetar o acesso e a utilização dessas estratégias.
Assim, este estudo destacou a importância da assistência de enfermagem no acompanhamento pré-natal das mulheres com DHEG, bem como a necessidade de capacitação dos profissionais de enfermagem e infraestrutura adequada dos serviços de saúde. Além disso, a educação em saúde e a tecnologia podem ser ferramentas eficazes para melhorar os resultados materno-fetais.
Espera-se que este trabalho possa contribuir, significativamente, para a literatura científica e acadêmica sobre a DHEG, fornecendo uma visão abrangente das estratégias de manejo e dos desafios enfrentados pelos profissionais de saúde. Os resultados deste estudo podem ser utilizados para informar políticas de saúde pública e diretrizes clínicas para o manejo da DHEG, desenvolver programas de capacitação para profissionais de enfermagem e saúde, orientar futuras pesquisas sobre a eficácia de intervenções de educação em saúde e tecnologia no manejo da DHEG e melhorar a compreensão dos fatores culturais e sociais que afetam o acesso e a utilização de serviços de saúde para mulheres com DHEG.
Além disso, este estudo pode servir como base para futuras pesquisas sobre a eficácia de intervenções de enfermagem personalizadas para mulheres com DHEG, o impacto da tecnologia na melhoria dos resultados materno-fetais e a relação entre a educação em saúde e a adesão ao tratamento em mulheres com DHEG.
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1Graduanda do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro universitário- e-mail: eduardacbrito@icloud.com
2Graduanda do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro universitário- e-mail: Erikaemanuella2002@gmail.com
3Graduanda do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro universitário- e-mail: erykamanuella654321@gmail.com
4Enfermeiro: especialista em nefrologia. Docente do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro universitário- email: joeliops@hotmail.com
5Enfermeira. Docente do curso de enfermagem- UNIFAESF Centro Universitário- e-mail: ceanny@hotmail.com