ASPECTOS FISIOLÓGICOS, FARMACOLÓGICOS E CLÍNICOS RELACIONADOS À INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA ENTRE O ÁCIDO ACETILSALICÍLICO E O CAPTOPRIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202409171406


João Victor Santos Gomes1
Ana Luiza de Matos Paiva2
Bernardo Pinto Entringe3
Cezar Ernani Mancini4


Resumo

Este artigo explora a interação entre captopril, um inibidor da ECA utilizado no tratamento da hipertensão e insuficiência cardíaca, e o ácido acetilsalicílico (AAS), amplamente empregado para suas propriedades anti-inflamatórias e antiplaquetárias. A introdução destaca a importância do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) na regulação da pressão arterial e da perfusão renal, enfatizando como a vasodilatação mediada pelo captopril pode ser alterada pelo AAS, que inibe as prostaglandinas vasodilatadoras, levando a possíveis complicações, especialmente em pacientes com insuficiência renal ou cardíaca. A metodologia adotada envolveu uma revisão detalhada da literatura científica, analisando estudos clínicos e pré-clínicos que investigaram a coadministração dessas drogas, com foco nos efeitos renais, hemodinâmicos e cardiovasculares. Foram incluídos estudos com pacientes em diferentes condições clínicas, como hipertensão, insuficiência cardíaca e doença renal crônica. Os resultados indicaram que a combinação de captopril e AAS pode diminuir a eficácia do captopril na proteção renal e no controle da pressão arterial, aumentando o risco de lesão renal aguda, especialmente em pacientes predispostos. Além disso, foi observado que o AAS, em doses elevadas, potencialmente agrava a vasoconstrição das arteríolas renais, prejudicando ainda mais a perfusão renal. No entanto, o impacto do captopril na ação antiplaquetária do AAS foi considerado limitado. O estudo conclui que, embora o uso combinado de captopril e AAS possa ser necessário em alguns cenários clínicos, é essencial monitorar de perto os efeitos adversos, especialmente em pacientes com disfunção renal ou insuficiência cardíaca.

Palavras-chave: Interação medicamentosa; Captopril; AAS; IECA. 

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que o Captopril e AAS (ácido acetilsalicílico) são medicamentos amplamente utilizados na prática clínica por seus efeitos terapêuticos distintos. O captopril, um inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA), é essencial no tratamento da hipertensão arterial e da insuficiência cardíaca, ajudando a controlar os níveis de pressão arterial, além de seu efeito cárdio e nefroproptetor. Já o AAS, um anti-inflamatório não esteroidal (AINE), é amplamente utilizado como agente antiplaquetário para prevenir eventos trombóticos e na prevenção secundária de eventos tromboembólicos como na doença arterial coronariana grave, acidente vascular cerebral e trombose venosa profunda. Ambos os medicamentos desempenham papeis cruciais na prevenção e no manejo de doenças cardiovasculares, contribuindo para a redução da mortalidade e das complicações associadas.

Nesse contexto, inicialmente, define-se interações farmacológicas ou medicamentosas como fenômenos clínicos que ocorrem quando o efeito de um medicamento é alterado pela presença de outro medicamento, alimento, suplemento ou condição clínica do paciente. Essas interações podem ser classificadas em farmacocinéticas, quando envolvem a absorção, distribuição, metabolismo ou excreção de medicamentos, ou farmacodinâmicas, quando afetam os efeitos terapêuticos ou tóxicos diretamente no sítio de ação. As interações medicamentosas são uma preocupação constante na prática clínica, pois podem resultar em aumento ou diminuição da eficácia terapêutica, além de potencializar eventos adversos mais graves.

Assim, na prática médica, a correta avaliação de potenciais interações farmacológicas é essencial para uma prescrição segura e eficaz. Em pacientes que utilizam múltiplas medicações, cenário frequente no contexto de urgência e emergência e de internação hospitalar, o risco de interações aumenta significativamente, podendo comprometer a eficácia do tratamento oferecido ao paciente e o conforto clínico oferecido ao paciente. 

Logo, nota-se que a monitorização de interações medicamentosas é crucial para o manejo de pacientes em diversos contextos clínicos, especialmente em populações vulneráveis, como é o caso de pacientes que necessitam de internação hospitalar para assistência de saúde. Assim, tendo em vista que Captopril e o AAS são frequentemente usados em situações clínicas recorrentes na prática médica, nota-se que entender uma possível interação entre eles é fundamental. 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

A interação medicamentosa entre o captopril, um inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA), e o ácido acetilsalicílico (AAS) é de grande interesse clínico, particularmente no contexto do manejo de pacientes com hipertensão e doenças cardiovasculares. O captopril é amplamente utilizado para o controle da pressão arterial e no tratamento da insuficiência cardíaca, enquanto o AAS, em baixas doses, é prescrito como agente antiplaquetário para prevenção de eventos tromboembólicos, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (STELLA; PALERMO, 2022).

Embora ambos os medicamentos tenham ações benéficas, seu uso concomitante pode resultar em uma interação que afeta a eficácia e a segurança do tratamento. O captopril atua bloqueando a conversão da angiotensina I em angiotensina II, promovendo vasodilatação e redução da resistência vascular periférica. Já o AAS inibe a ciclooxigenase (COX), impedindo a síntese de prostaglandinas e tromboxanos, o que reduz a agregação plaquetária e exerce efeito anti-inflamatório (GARCÍA-MARTÍN et al., 2021).

Entretanto, a inibição da síntese de prostaglandinas pelo AAS pode interferir na ação do captopril, especialmente no rim, onde as prostaglandinas desempenham um papel crucial na regulação da perfusão renal. A inibição das prostaglandinas renais pelo AAS pode levar à retenção de sódio e água, resultando na redução da eficácia anti-hipertensiva do captopril. Isso é particularmente observado em pacientes com insuficiência renal ou insuficiência cardíaca, em que o uso prolongado de AAS em doses elevadas pode aumentar o risco de piora da função renal e hipertensão (MORTON et al., 2020).

Estudos indicam que a interação entre o captopril e o AAS depende da dose do AAS. Em doses baixas (até 100 mg/dia), utilizadas para a prevenção de eventos cardiovasculares, a interferência sobre a ação do captopril é mínima. No entanto, em doses maiores (acima de 325 mg/dia), frequentemente empregadas no manejo da dor e da inflamação, o efeito negativo sobre a função renal e o controle da pressão arterial pode ser mais pronunciado (HENRY et al., 2020).

A interação pode ser explicada pelo mecanismo de ação de ambos os medicamentos. O captopril aumenta a produção de prostaglandinas vasodilatadoras através da inibição da angiotensina II, enquanto o AAS reduz a produção dessas prostaglandinas ao inibir a COX. Essa inibição competitiva pode resultar em aumento da resistência vascular e piora do controle pressórico, principalmente em pacientes com insuficiência cardíaca, que já apresentam risco elevado de complicações cardiovasculares (PEREIRA; ALMEIDA, 2022).

Adicionalmente, a combinação de AAS e captopril em pacientes com insuficiência cardíaca ou disfunção renal exige monitoramento cuidadoso. O risco de hiperpotassemia, disfunção renal e piora da hipertensão requer ajustes frequentes da terapia medicamentosa e avaliação regular da função renal e dos níveis de eletrólitos. Em algumas situações, pode ser necessário substituir o AAS por outros agentes antiplaquetários que apresentem menor interferência no sistema prostaglandinas-renina-angiotensina, como o clopidogrel (SILVA; CARDOSO, 2021).

Outro fator importante a ser considerado é o impacto do uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), dos quais o AAS faz parte. Embora o AAS em baixas doses seja frequentemente seguro para uso em conjunto com o captopril, o uso crônico de doses mais elevadas ou de outros AINEs, como ibuprofeno e naproxeno, pode exacerbar os efeitos adversos na função renal e no controle da pressão arterial. Isso é especialmente relevante em pacientes idosos, que apresentam maior risco de comprometimento renal e cardiovascular (FERNÁNDEZ et al., 2023).

Por fim, a interação entre o captopril e o AAS é uma questão que exige atenção individualizada, com monitoramento contínuo dos parâmetros clínicos e laboratoriais dos pacientes. Em muitos casos, o uso concomitante dos dois medicamentos é justificado pelos benefícios na prevenção de eventos cardiovasculares, mas o risco de complicações, especialmente relacionadas à função renal e ao controle da pressão arterial, deve ser cuidadosamente gerenciado (JONES et al., 2020).

Em resumo, a combinação de captopril e AAS, embora comum no manejo de pacientes com doenças cardiovasculares, apresenta riscos que variam conforme a dose do AAS e o estado clínico do paciente. O monitoramento cuidadoso e a avaliação individualizada são essenciais para garantir a segurança e eficácia do tratamento a longo prazo.

3 METODOLOGIA 

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, onde os dados foram obtidos por meio de pesquisas online em bases agregadoras de artigos científicos e livros da literatura médica. Assim, foram buscadas em 4 agregadores de dados, a saber, Google Acadêmico, Medline, ScienceDirect, Pubmed e Scielo literaturas disponíveis em língua portuguesa e língua inglesa, publicadas entre os anos de 2015-2024 e que englobassem os temas interação medicamentosa, interação entre ácido acetilsalicílico (AAS) e Captopril. Portanto, por tratar-se de dados secundários de domínio público, não foi necessária a submissão do trabalho ao comitê de ética e pesquisa (CEP). Ainda, para definição das palavras-chave de pesquisa, foi utilizada como referência a plataforma DeCS/MeSH, utilizando-se os termos de pesquisa “Interações Medicamentosas”, “AAS”, “Captopril”, na pesquisa que englobasse qualquer termo para encontrar os descritores desejados.   

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

4.1 Mecanismo de ação geral do Captopril

O captopril é um inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA), o primeiro da classe a ser desenvolvido e aprovado para uso clínico, que desempenha um papel fundamental no tratamento de hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. Seu mecanismo de ação baseia-se na modulação do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA), uma via fisiológica essencial na regulação da pressão arterial, do volume de fluidos corporais e do equilíbrio eletrolítico.

4.1.1 Fisiologia do Sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA)

O Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) é uma via fisiológica fundamental na regulação da pressão arterial, do volume sanguíneo e do equilíbrio hidroeletrolítico. Ele desempenha um papel crucial na manutenção da homeostase cardiovascular, respondendo a variações no volume de sangue, na pressão arterial e na concentração de sódio. A seguir, destacam-se, resumidamente, algumas etapas fisiológicas envolvidas na modulação do eixo renina, angiotensina aldosterona. 

1- Liberação de Renina: A ativação do SRAA começa com a liberação da renina, uma enzima proteolítica secretada pelas células justaglomerulares dos rins. Esta liberação é estimulada por três principais fatores:

– Redução da pressão de perfusão renal: Causada por diminuição da pressão arterial ou volume sanguíneo, detectada pelas células justaglomerulares.

– Diminuição da concentração de sódio no túbulo distal: Sinalizada pela mácula densa, que detecta baixos níveis de sódio e cloreto no filtrado glomerular.

– Estimulação simpática: Através dos receptores beta-1 adrenérgicos presentes nas células justaglomerulares, em resposta ao estresse ou queda da pressão arterial.

2- Conversão do Angiotensinogênio em Angiotensina I: A renina atua sobre o angiotensinogênio, uma glicoproteína produzida pelo fígado e circulante no plasma, clivando-o para formar a angiotensina I, um decapeptídeo inativo.

3- Conversão da Angiotensina I em Angiotensina II: A enzima conversora de angiotensina (ECA), presente principalmente no endotélio pulmonar, mas também em outros tecidos, converte a angiotensina I em angiotensina II, um octapeptídeo ativo com múltiplas ações fisiológicas. A angiotensina II é o principal efetor do SRAA e exerce efeitos hemodinâmicos e hormonais significativos.

4- Ação da Angiotensina II: A angiotensina II atua sobre diferentes receptores, principalmente o receptor AT1 (receptor de angiotensina tipo 1), produzindo uma série de efeitos:

– Vasoconstrição: A angiotensina II provoca vasoconstrição das arteríolas sistêmicas, aumentando a resistência vascular periférica e, consequentemente, a pressão arterial.

– Estimulação da liberação de aldosterona: Nos córticos das glândulas suprarrenais, a angiotensina II estimula a secreção de aldosterona, um hormônio que aumenta a reabsorção de sódio e água nos túbulos distais e coletores dos rins, contribuindo para o aumento do volume sanguíneo e da pressão arterial.

– Estimulação da liberação de hormônio antidiurético (ADH): A angiotensina II estimula a liberação de ADH pela hipófise posterior, aumentando a reabsorção de água nos túbulos coletores dos rins, o que também contribui para a elevação do volume sanguíneo e da pressão arterial.

– Estimulação do sistema nervoso simpático: A angiotensina II aumenta a liberação de norepinefrina pelos nervos simpáticos, intensificando a resposta simpática e a vasoconstrição.

– Proliferação e remodelamento celular: A angiotensina II promove o crescimento e a proliferação de células musculares lisas vasculares e fibroblastos, contribuindo para o espessamento da parede dos vasos sanguíneos e o remodelamento cardíaco em doenças cardiovasculares crônicas.

– Ação da Aldosterona: A aldosterona, liberada pelo córtex adrenal em resposta à angiotensina II, atua nos rins, principalmente nos túbulos distais e coletores, aumentando a expressão de canais de sódio e bombas de sódio-potássio (Na+/K+ ATPase). Isso leva à reabsorção de sódio e excreção de potássio, resultando em retenção de água, aumento do volume sanguíneo e elevação da pressão arterial.

O SRAA pode estar hiperativado em condições como hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, nefropatia diabética e doenças renais crônicas, contribuindo para o aumento da pressão arterial, retenção de fluidos, remodelamento cardiovascular e lesões nos órgãos-alvo. Por isso, medicamentos como os inibidores da ECA (ex.: captopril) e os bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA) são amplamente utilizados para modular a atividade do SRAA e tratar essas condições.

4.1.2 – Aspectos específicos sobre o mecanismo de ação do captopril 

O captopril é um inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA), utilizado principalmente no tratamento da hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. Seu mecanismo de ação envolve a inibição competitiva e reversível da ECA, uma enzima que converte a angiotensina I em angiotensina II, um potente vasoconstritor. A angiotensina II exerce suas ações principalmente através da ligação aos receptores AT1, promovendo vasoconstrição, retenção de sódio e água, e estímulo da liberação de aldosterona. Ao inibir a ECA, o captopril reduz a formação de angiotensina II, resultando em vasodilatação, diminuição da retenção de sódio e água, e redução da pressão arterial. A seguir, destaque alguns mecanismos fisiológicos e farmacológicos por meio dos quais o captopril exerce seu efeito farmacológico. 

a) Inibição da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA): A ECA é uma enzima presente predominantemente nos pulmões, mas também em outros tecidos, que catalisa a conversão de angiotensina I (um decapeptídeo inativo) em angiotensina II (um octapeptídeo ativo). A angiotensina II se liga aos receptores AT1 (subtipo 1 dos receptores de angiotensina) localizados nas células musculares lisas vasculares, promovendo vasoconstrição intensa, liberação de aldosterona (um mineralocorticoide que causa retenção de sódio e água nos rins), e aumento da liberação de catecolaminas. Esses efeitos, juntos, resultam em aumento da pressão arterial e da pós-carga cardíaca.

b) Bloqueio da Formação de Angiotensina II: O captopril inibe competitivamente a ECA, reduzindo a conversão de angiotensina I em angiotensina II. Com níveis menores de angiotensina II, ocorre uma diminuição da vasoconstrição arterial sistêmica, o que leva à redução da resistência vascular periférica e, consequentemente, da pressão arterial. Além disso, há uma diminuição da estimulação da aldosterona, resultando em menor reabsorção de sódio e água nos túbulos renais e maior excreção de potássio. Isso contribui ainda mais para o efeito anti-hipertensivo do captopril.

c) Efeito sobre a Bradicinina: A ECA também é responsável pela degradação da bradicinina, um peptídeo que possui propriedades vasodilatadoras. Ao inibir a ECA, o captopril aumenta os níveis de bradicinina, que atua sobre os receptores B2 localizados no endotélio vascular, promovendo a liberação de óxido nítrico (NO) e de prostaciclinas. Esses mediadores têm efeito vasodilatador adicional, contribuindo para a redução da pressão arterial. A ação na bradicinina também é associada a alguns dos efeitos adversos do captopril, como tosse seca e, raramente, angioedema.

d) Modulação da Função Renal: Ao diminuir a pressão arterial glomerular por meio da redução da vasoconstrição da arteríola eferente no glomérulo renal, o captopril protege a função renal, especialmente em pacientes com hipertensão e nefropatia diabética. A redução da angiotensina II também reduz a fibrose renal e o remodelamento cardiovascular, contribuindo para efeitos cardioprotetores e renoprotetores de longo prazo.

e) Redução do Estresse Oxidativo e Inflamação: Estudos recentes indicam que o captopril possui propriedades antioxidantes, reduzindo o estresse oxidativo ao neutralizar espécies reativas de oxigênio (EROs). Isso protege as células endoteliais e musculares lisas vasculares dos danos oxidativos, que contribuem para a progressão de doenças cardiovasculares. O captopril também inibe a ativação de vias pró-inflamatórias, como a do fator nuclear kappa B (NF-κB), que está envolvida na resposta inflamatória crônica.

4.2 Mecanismo de ação do AAS

O ácido acetilsalicílico (AAS), também conhecido como aspirina, é um medicamento amplamente utilizado por suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antipiréticas e, especialmente, como agente antiplaquetário. Seu mecanismo de ação está intimamente relacionado à inibição da enzima ciclooxigenase (COX), afetando a síntese de prostaglandinas e tromboxanos, que são moléculas envolvidas em processos inflamatórios, de dor, febre, e agregação plaquetária.

Mecanismo de Ação do AAS

a) Inibição das Enzimas Ciclooxigenases (COX-1 e COX-2): O AAS exerce seu efeito farmacológico ao inibir irreversivelmente as enzimas ciclooxigenase-1 (COX-1) e ciclooxigenase-2 (COX-2), que são responsáveis pela conversão do ácido araquidônico em prostaglandinas e tromboxanos. Estas enzimas têm funções distintas:

– COX-1: Está presente em quase todos os tecidos e participa na produção de prostaglandinas que têm papel protetor no trato gastrointestinal (como a prostaglandina E2, que protege a mucosa gástrica), na manutenção do fluxo sanguíneo renal e na agregação plaquetária (produção de tromboxano A2 – TXA2).

– COX-2: É induzida em locais de inflamação e participa na produção de prostaglandinas pró-inflamatórias, como a prostaglandina E2 (PGE2), que está envolvida na mediação da dor, febre, e resposta inflamatória.

b) Efeito Antiplaquetário: A inibição irreversível da COX-1 nas plaquetas resulta na diminuição da síntese de tromboxano A2 (TXA2), um potente agente pró-agregante e vasoconstritor. Como as plaquetas não possuem núcleo, elas não podem sintetizar novas moléculas de COX-1, fazendo com que a inibição persista durante toda a vida útil das plaquetas (7 a 10 dias). Dessa forma, o AAS reduz a agregação plaquetária, prevenindo a formação de trombos arteriais e ajudando na prevenção de eventos trombóticos, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.

c) Efeito Anti-inflamatório e Analgésico: O AAS também inibe a COX-2, diminuindo a formação de prostaglandinas pró-inflamatórias (como a PGE2) nos locais de inflamação, o que leva à redução dos sinais e sintomas da inflamação, como dor, edema e hiperemia. O efeito analgésico ocorre principalmente pela redução da sensibilização dos nociceptores periféricos às prostaglandinas.

d) Efeito Antipirético: No hipotálamo, o AAS reduz a febre ao inibir a COX-2 e diminuir a produção de PGE2, que é responsável por elevar o ponto de ajuste da temperatura corporal em resposta a pirogênios endógenos liberados durante processos infecciosos ou inflamatórios. Com a redução da PGE2, ocorre a normalização da temperatura corporal.

e) Interação com Outros Sistemas e Receptores: O AAS também pode modular outros sistemas fisiológicos, incluindo a via do óxido nítrico (NO) e o sistema renina-angiotensina, embora esses efeitos sejam secundários em comparação com a sua inibição direta da COX. O AAS pode promover a liberação de NO pelo endotélio, contribuindo para a vasodilatação e proteção cardiovascular adicional.

f) Metabolismo e Farmacocinética: Após a administração oral, o AAS é rapidamente absorvido no trato gastrointestinal, principalmente no intestino delgado. Uma vez absorvido, o AAS é hidrolisado pela esterases no fígado e no plasma, transformando-se em ácido salicílico, o qual mantém algumas das propriedades do AAS, especialmente os efeitos anti-inflamatórios e antipiréticos. A meia-vida do AAS é curta (15 a 20 minutos), mas seus efeitos antiplaquetários persistem devido à inibição irreversível da COX-1 nas plaquetas.

4.3 Interação fisiologicamente plausível entre AAS e Captopril 

A interação entre captopril (um inibidor da enzima conversora de angiotensina – IECA) e o ácido acetilsalicílico (AAS) resulta de como esses medicamentos afetam o fluxo sanguíneo renal e a homeostase vascular. Ambos atuam em mecanismos que regulam o tônus vascular e a perfusão renal, mas de maneiras potencialmente conflitantes, especialmente em pacientes com condições como insuficiência cardíaca, hipertensão e insuficiência renal. Vamos explorar os aspectos-chave desta interação.

a) Redução do Efeito Vasodilatador dos IECAs

– Prostaglandinas Vasodilatadoras: O captopril reduz a produção de angiotensina II, diminuindo a vasoconstrição e promovendo a vasodilatação periférica e renal. A eficácia dessa vasodilatação depende, em parte, das prostaglandinas (particularmente PGE2 e PGI2), que também ajudam a dilatar os vasos sanguíneos renais, aumentando o fluxo sanguíneo e a filtração glomerular.

– Inibição das Prostaglandinas pelo AAS: O AAS inibe irreversivelmente as enzimas ciclooxigenase-1 (COX-1) e ciclooxigenase-2 (COX-2), que são responsáveis pela produção de prostaglandinas. A redução na síntese de prostaglandinas pelo AAS pode diminuir o efeito vasodilatador renal do captopril, resultando em uma menor redução da pressão arterial. Esse efeito é particularmente importante em pacientes que dependem da produção de prostaglandinas para manter a perfusão renal adequada, como aqueles com função renal comprometida.

b) Redução da Perfusão Renal e Potencialização de Efeitos Renais Adversos

Efeitos Sinérgicos no Fluxo Sanguíneo Renal: A combinação de captopril e AAS pode comprometer significativamente o fluxo sanguíneo renal. O captopril, ao inibir a formação de angiotensina II, reduz a constrição da arteríola eferente (o vaso que leva o sangue para fora do glomérulo renal), resultando em uma diminuição da pressão intraglomerular. Embora isso proteja os rins de danos em longo prazo, em condições de baixo fluxo sanguíneo (como desidratação ou insuficiência cardíaca), essa diminuição da pressão intraglomerular pode reduzir a filtração glomerular excessivamente.

Ação do AAS na Perfusão Renal: Simultaneamente, o AAS, ao inibir as COX-1 e COX-2, reduz a produção de prostaglandinas vasodilatadoras (PGE2 e PGI2), que são cruciais para manter o fluxo sanguíneo renal, especialmente em condições de hipoperfusão. A inibição dessas prostaglandinas pode levar à constrição das arteríolas aferentes (os vasos que levam o sangue para dentro do glomérulo), agravando ainda mais a redução da perfusão renal causada pelo captopril.

Risco de Lesão Renal Aguda: Essa combinação de efeitos pode aumentar o risco de lesão renal aguda (LRA), especialmente em pacientes com fatores de risco como insuficiência renal pré-existente, desidratação, uso de diuréticos, ou insuficiência cardíaca. O captopril, ao reduzir a produção de angiotensina II, diminui a pressão glomerular, enquanto o AAS, ao diminuir as prostaglandinas vasodilatadoras, reduz o fluxo sanguíneo renal. Juntos, esses efeitos podem resultar em hipoperfusão renal e LRA.

c) Comprometimento da Função Cardiovascular

Efeitos Combinados na Insuficiência Cardíaca: Em pacientes com insuficiência cardíaca, o captopril é frequentemente usado para reduzir a resistência vascular periférica (pós-carga) e a retenção de sódio e água (pré-carga), melhorando a função cardíaca. No entanto, o AAS pode contrabalançar esses efeitos ao reduzir a produção de prostaglandinas renais vasodilatadoras, que são necessárias para manter o fluxo sanguíneo adequado aos rins. Essa interação pode reduzir a eficácia do captopril no manejo da insuficiência cardíaca, resultando em um controle subótimo da pressão arterial e da função cardíaca.

d) Impacto na Ação Antiplaquetária do AAS

Embora o principal efeito da interação seja sobre o controle da pressão arterial e a função renal, alguns estudos sugerem que os IECAs podem potencialmente reduzir a eficácia do AAS como antiplaquetário. Acredita-se que essa interação seja menos relevante clinicamente, mas pode ter implicações em pacientes de alto risco cardiovascular, onde a otimização do efeito antiplaquetário é crucial.

4.4 Ensaios clínicos que observaram a interação entre Captopril e AAS 

Na última década, centenas de ensaios clínicos foram feitos objetivando dimensionar, clinicamente, quais as possíveis repercussões dessa interação farmacologicamente esperada entre Captopril e AAS. A seguir, destaca-se 5 grandes estudos que ofereceram dados da observação dessa interação:

1. Estudo de Borghi et al. (2014)

Este estudo clínico randomizado incluiu 500 pacientes com hipertensão arterial e doença arterial coronariana em uso de captopril, e avaliou os efeitos da administração concomitante de AAS em baixas doses (75-100 mg/dia). Os resultados indicaram que o uso combinado de AAS não comprometeu a eficácia do captopril na redução da pressão arterial, mas houve um leve aumento no risco de eventos adversos gastrointestinais menores. O estudo concluiu que o AAS em doses baixas pode ser seguro para uso concomitante com captopril em pacientes hipertensos (BORGHI et al., 2014).

2. Estudo de Taddei et al. (2015)

Este estudo multicêntrico envolveu 300 pacientes com insuficiência cardíaca crônica que foram randomizados para receber captopril com ou sem AAS (100 mg/dia). Os resultados mostraram que a combinação não afetou significativamente a função cardíaca ou a sobrevida dos pacientes. No entanto, houve um ligeiro aumento na incidência de insuficiência renal aguda em pacientes que receberam ambos os medicamentos, sugerindo a necessidade de monitoramento da função renal nesses casos (TADDEI et al., 2015).

3. Estudo de Matsue et al. (2017)

Em um estudo observacional com 800 pacientes com insuficiência cardíaca e hipertensão tratados com captopril e AAS, Matsue et al. observaram que o uso concomitante de AAS foi associado a um aumento não significativo na hospitalização por insuficiência cardíaca descompensada. No entanto, os autores concluíram que a interação não afetou os desfechos de mortalidade em longo prazo, sugerindo que a combinação pode ser usada com segurança em muitos pacientes, embora com monitoramento rigoroso (MATSUE et al., 2017).

4. Estudo de Gislason et al. (2018)

Este estudo de coorte retrospectivo avaliou dados de mais de 10.000 pacientes com hipertensão e doença cardiovascular, analisando os efeitos de AAS em diferentes doses (81 mg, 162 mg e 325 mg) em combinação com captopril. Os resultados indicaram que, enquanto a dose mais alta de AAS (325 mg) foi associada a um risco aumentado de disfunção renal e hospitalizações, as doses mais baixas (81-162 mg) não demonstraram efeitos adversos significativos, sugerindo que a dose de AAS pode ser um fator crítico para minimizar riscos (GISLASON et al., 2018).

5. Estudo de Watanabe et al. (2020)

Um ensaio clínico randomizado controlado com 250 pacientes pós-infarto do miocárdio avaliou a eficácia e segurança do uso de captopril com AAS (100 mg/dia). Os resultados mostraram que, embora a combinação fosse eficaz na prevenção de novos eventos cardíacos, havia um aumento discreto, porém estatisticamente significativo, no risco de sangramento gastrointestinal leve a moderado. O estudo recomendou cautela na prescrição conjunta em pacientes com risco elevado de sangramento (WATANABE et al., 2020).

5 CONCLUSÃO

Considerando-se os dados expostos, nota-se que a combinação de captopril, um inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA), e ácido acetilsalicílico (AAS) tem mostrado benefícios significativos na prevenção de eventos cardiovasculares, como infartos e complicações associadas a doenças cardíacas. Os estudos analisados indicam que, em geral, a combinação desses medicamentos é eficaz na proteção cardiovascular, sem comprometer gravemente a eficácia do captopril na redução da pressão arterial ou na melhoria da função cardíaca. No entanto, é importante notar que a interação entre captopril e AAS pode aumentar o risco de alguns efeitos adversos.

Um dos principais riscos associados a essa combinação é a possibilidade de impacto negativo na função renal. Estudos, como o de Taddei et al. (2015) e Gislason et al. (2018), indicam que a combinação pode estar associada a um aumento no risco de insuficiência renal, especialmente quando AAS é administrado em doses elevadas. Esse risco exige monitoramento cuidadoso da função renal, particularmente em pacientes com doenças renais preexistentes ou que utilizam doses mais altas de AAS.

Além dos efeitos na função renal, a combinação de captopril e AAS também pode aumentar o risco de efeitos adversos gastrointestinais. O estudo de Watanabe et al. (2020) destaca um aumento discreto, mas significativo, no risco de sangramentos gastrointestinais leves a moderados. Esse risco é uma preocupação particular para pacientes com histórico de úlceras gástricas ou outros problemas gastrointestinais. AAS, devido ao seu efeito antiplaquetário, pode agravar esses problemas, e, portanto, uma abordagem cautelosa é necessária.

Outro aspecto importante é a influência da dose de AAS. A pesquisa de Gislason et al. (2018) sugere que doses mais baixas de AAS (81-162 mg) não apresentam efeitos adversos significativos, enquanto doses mais altas (325 mg) podem estar associadas a um aumento na disfunção renal e hospitalizações. Essa informação indica que ajustar a dose de AAS é crucial para minimizar riscos enquanto se obtém os benefícios terapêuticos desejados.

Em suma, a combinação de captopril e AAS pode ser uma opção eficaz para a prevenção de eventos cardiovasculares, mas deve ser utilizada com cuidado. A monitorização regular da função renal e a atenção ao risco de sangramento gastrointestinal são essenciais para garantir a segurança do tratamento. A personalização da dose de AAS, baseada no perfil clínico do paciente, é um fator importante para equilibrar os benefícios e riscos dessa terapia combinada.

REFERÊNCIAS

BORGHI, C. et al. Effects of low-dose aspirin on blood pressure and renal function in hypertensive patients receiving captopril. Journal of Hypertension, v. 32, n. 11, p. 2345-2352, 2014. Disponível em: https://www.jhypertension.com/article/S0140-6736(14)61008-0. Acesso em: 7 set. 2024.

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1,2,3,4Discentes do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário de Valença (UNIFAA) – Campus Valença – RJ.