ASPECTOS EMOCIONAIS VIVENCIADOS PELOS CUIDADORES DE INDIVIDUOS COM ALZHEIMER

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102491446


Antônio Sergio Oliveira Xavier
  Erismar Leite Da Cruz Tinoco
  Khadija Silva De Andrade
Taís Monteiro
                                                                                  Orientador: Pedro Augusto Paula do Carmo 


INTRODUÇÃO

O envelhecimento é uma das fases da vida. O mundo está envelhecendo. Tanto isso é verdade que estima-se que para o ano de 2050 exista cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos ou mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento (BRASIL, 2006). Com o processo de envelhecimento humano, muitas funções corporais entram em declínio, dando início a um novo ciclo chamado velhice. Nessa fase ocorre uma maior dificuldade de aprendizagem, as pessoas com o envelhecimento normal podem esquecer coisas ou detalhes, mas as que sofrem de demência esquecem eventos completos (ESTEFANACCI, 2022). Logo      mostra a imensa importância para a nossa sociedade pelo fato de que os idosos podem apresentar doenças múltiplas e crônicas que exigem cuidados específicos, entre elas a doenças de Alzheimer (LIMA-COSTA; VERAS, 2011).

O Alzheimer é uma condição que causa deterioração gradual do sistema nervoso, resultando em declínio cognitivo e da memória, dificuldades nas atividades diárias e comportamentais, e uma gama de sintomas neuropsiquiátrico (CAMPOS et al., 2018). Pertence a uma característica neurodegenerativa irreversível, que avança gradualmente, começando de forma sutil e marcada por uma deterioração contínua das habilidades cognitivas e comportamentais. Está associada ao senescência  e tem seu início com mais frequência após os 65 anos, ocasionando a perda das habilidades de pensar, raciocinar, memorizar, afetando a área da linguagem e produzindo alterações no comportamento (TEIXEIRA et al., 2021).

Dados demonstram que em aproximadamente 70% dos casos de demência no mundo, o Alzheimer é avaliado a principal. Estudos demonstram que devido ao  envelhecimento da população, cerca de 50 milhões de pessoas vivem com a doença, número que deve aumentar nos próximos anos. No Brasil a patologia afeta 1,2 milhão de pessoas e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. (BRASIL, 2023).

Com base na análise, a expectativa de vida média das pessoas afetadas pelo Alzheimer varia de 8 a 10 anos. Os estágios da doença dividem-se em quatro fases: A forma inicial caracterizada pelas alterações na memória, na personalidade, e nas habilidades visuais e espaciais; a forma moderada apresenta dificuldade para fala, realizar tarefa simples e coordenar movimentos, agitação e insônia; a forma grave inclui resistência a execução de tarefas  diárias, incontinência urinária, disfagia, deficiência motora progressiva; a fase terminal é definida por restrição ao leito, odinofagia, infecções recorrentes  (BRASIL, 2011).

O Alzheimer torna a pessoa dependente com perdas cognitivas, necessitando de assistência em suas atividades cotidianas. Na maioria das vezes os cuidadores são membros

da familia que podem ser recohecidos como cuidadores informais e formais. Os cuidadores informais são aqueles que não recebem remuneração, já os formais sim recebem (SILVA et al., 2018).

Cuidar é mais do que bem estar é uma atitude que envolve mais que agir. É  ofertar  atenção, proteção, responsabilidade com o outro. Sem o cuidado o ser humano deixa de ser humano. A maior instigação é conciliar trabalho com cuidado,  o principal cuidador a maioria das vezes é um familiar próximo e acaba se envolvendo emocionalmente (SANTOS et al., 2017). Segundo com SEIMA (2014) cuidar de uma pessoa implica a assistência ao outro com atenção com um dispêndio de tempo, energia e dinheiro durante longos períodos.

Conforme as políticas públicas nacionais envolvendo a pessoa idosa, a responsabilidade é de compromisso da família, todavia, estes não recebem apoio necessário, e ao oferecer o cuidado, muitas vezes podem colocar em risco a própria vida e dos indivíduos com a doença de Alzheimer por desconhecimento e pela carga excessiva do cuidado (ILHA, et al., 2016).

O cuidador familiar necessita de orientação e acompanhamento devido aos requisitos exigidos, como tempo, paciência, desgaste físico e emocional, disponibilidade, conhecimento da doença, criatividade e flexibilidade. O cuidador informal é aquele que desempenha cuidados não profissionais, ou seja, sem receber nenhuma remuneração, ao contrario do cuidador formal que recebe remuneração (BURLA et al., 2014).

A descoberta da doença gera na família sentimentos de injustiça, raiva e medo, levando à busca por informações para tranquilizar todos. A família precisa se adaptar conforme o avanço da doença, pois os cuidados diários acumulam sentimentos negativos, aumentando o risco de problemas de saúde física e/ou psicológica. O modo como o cuidador familiar lida com a situação influencia na saúde do paciente, podendo afetar sua qualidade de vida e estabilidade diante da doença. Conflitos e reaproximações na família podem ocorrer devido ao impacto do cuidado de um paciente com Alzheimer, podendo levar à institucionalização. A má qualidade de vida e o estresse são comuns entre os cuidadores, devido ao desconhecimento das primeiras manifestações da doença do paciente. (TALLHAFERRO; ARAKAKI; CARRASCO,2015).

O conteúdo se faz pertinente conforme Folle (2015), pois há um notável aumento de idosos com Doença de Alzheimer em território brasileiro. Entretanto, a escassez de material técnico é evidente tornado essencial elaboração de recursos que auxiliem os profissionais a implementarem sua assistência de maneira eficiente aos cuidadores. O auxílio, a assistência a este indivíduo são geralmente por um familiar.

Com isto há um possível fadiga  não apenas para o idoso doente, como também para o cuidador. A importância deste estudo se dá pela consequência da doença de Alzheimer na população brasileira, alinhando com a ocorrência  de envelhecimento e elevação  da expectativa de vida.

OBJETIVOS

  OBJETIVO GERAL

  • Caracterizar os aspectos emocionais vivenciados pelos familiares da pessoa       com Alzheimer;

 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Identificar as principais manifestações emocionais dos cuidadores familiares da   pessoa com a doença de Alzheimer;
  • Conhecer quais as dificuldades vivenciadas pelos familiares cuidadores da pessoa    com     Alzheimer;

MATERIAIS E MÉTODOS

Para atender aos objetivos propostos nesta pesquisa, optou-se por fazer uma abordagem qualitativa – descritiva, embasada pela revisão bibliográfica, a partir do acesso ao acervo das bibliotecas virtuais em saúde como a Scientific Electronic Library Online – SciELO, base de dados em Enfermagem – BDENF, Literatura Latino- americana e do Caribe em Ciências da Saúde –LILACS, REV@ENF – Portal de Revistas de Enfermagem. Para tal, utilizaremos as palavras chaves: Doença de Alzheimer, familiar, cuidador e cuidador familiar, devidamente indexadas na base de dados DeCS – Descritores em Ciências da Saúde.

Segundo Gil (2008) a pesquisa descritiva tem como objetivo descrever particularidades de determinadas fenômenos ou populações. A pesquisa qualitativa analisa o meio, o que exige que os pesquisadores adquiram conhecimento em seus cenários, tentando compreender fenômenos em termos de significados para determinado grupo em relação a algo especifico (AUGUSTO et al., 2011). Esta pesquisa tem o intuito com os descritos analisados promover uma melhor qualidade de vida aos idosos com doença de Alzheimer e aos cuidadores, promovendo um menor desgaste entre ambos.

REFERÊNCIAS

AUGUSTO, E. C. et al, Pesquisa Qualitativa: rigor metodológico no tratamento da teoria dos custos de transação em artigos apresentados nos congressos da Sober. Revista de Economia e Sociologia Rural, Volume: 51, Número: 4, Publicado: 2011.

BURLÁ,et al. Envelhecimento e doença de Alzheimer: reflexões sobre autonomia e o   desafio do cuidado. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bioet/a/kjBjVtHF4qHT7s4VX5FtR8r/?format=pdf. Acesso em: 20 abr. 2024.

BRASIL, Caderno de Atenção Básica (nº19) – envelhecimento e saúde da pessoa idosa.Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

BRAISL, Doença de Alzheimer. Brasilia: Ministerio da Saúde, 2011.

BRASIL, Alzheimer: condição afeta 1,2 milhões no Brasil. Brasília: Ministério da saúde,2023.Disponível:        https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202310/alzheimer-condicao-afeta-1-2- milhao-de-pessoas-no-brasil. Acesso em 12 abril. 2024.

CAMPOS, Lucas de Almeida et al. O cuidado familiar ao idoso com Alzheimer e suas implicações. Duque de Caixas: Revista EDUC, 2018.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pequisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

ESTEFANACCI, Richard G. Considerações gerais sobre o envelhecimento: expectativa de vida.         Manual              msd,      2022.                 Disponível:https://www.msdmanuals.com/pt- br/casa/quest%C3%B5es-sobre-a-sa%C3%BAde-de-pessoas-idosas/o-envelhecimento- corporal/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre envelhecimento#:~:text=O%20envelhecimento%20%C3%A9%20um%20processo,envelhece m%20em%20uma%20idade%20espec%C3%ADfica. Acesso em 17 mar. 2024.

FOLLE, Aline Duarte; SHI MI ZU ET AL. Representação social da doença de Alzheimer para familiares cuidadores: desgastante e gratificante. Brasilia: Revista da Escola de Enfermagemda Usp, 2015.

ILHA, Silomar,et al. Doença de alzheimer na pessoa idosa/família: Dificuldades vivenciadas e estratégias de cuidado. Escola Anna Nery –Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 138-146, mar. 2016.

LIMA-COSTA, M. F.; VERAS, R. Saúde pública e envelhecimento. Caderno de saúde pública, Rio de janeiro, v. 19, n. 3, p.700-1, maio- jun. 2011.

SANTOS, Darleia et al. Atenção á saúde do idoso por cuidadores informais no contexto domiciliar: revisão integrativa. Revista Sanare, Sobral- V. 16 n. 02, p 77- 84, julho-dezembro 2017.

SEIMA, Marcia Daniele; LENARDT, Maria Helena; Caldas, Celia Pereira. Relação no cuidado entre cuidador familiar e o idoso com Alzheimer. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Enfermagem, 2014.

SILVA Iara Luana Cardoso et al. Sintomas neuropsiquiátricos de idosos com demência: repercussões para o cuidador familiar. Texto contexto Enfermagem. 2018; 27(3):1-11. Disponivel em: https//dx.doi.org/10.1590/0104-07072018003530017.

TALHAFERRO, B. V.; ARAKAKI, I.  O.; CARRASCO, K. G. O impacto da doença de Alzheimer no familiar cuidador no interior do estado de São Paulo. Psicologia Revista, [S. l.], v. 24, n. 2, p. 229–251, 2015. Disponível em:  https://revistas.pucsp.br/index.php/psicorevista/article/view/27797. Acesso em: 5 de março de 2024.

TEIXEIRA, Ingrid Laura Nunes et al. Qualidade de vida do cuidador familiar de idoso com        Alzheimer: uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Revien, Curitiba, v.4, n.2, p. 5221-5237, 2021.