IMAGING ASPECTS IN HEPATOBLASTOMA: LITERATURE REVIE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202411251045
Jhonnathas Dantas Dos Santos1;
Maria Elisabeth de Carvalho Sá Carlos2;
Lara Basílio Medeiros Veras3;
Nelson Jorge Carvalho Batista4
RESUMO
O Hepatoblastoma (HB) é uma neoplasia hepática maligna primária de origem embrionária, consideravelmente incomum, e o carcinoma hepático mais prevalente entre crianças, manifestando-se sobretudo em indivíduos com idade inferior a cinco anos. Objetivo: investigar a prevalência e as características dos achados de imagem no hepatoblastoma descritos na literatura científica entre 2019 e 2024. Método: Realizou-se uma revisão de literatura nas bases de dados PubMed, Scopus, Web of Science e SciELO no período dos últimos 5 anos. Resultados e Discussão: foram encontrados 9 estudos, predominando estudos sobre tomografia computadorizada e ultrassonografia abdominal. Os padrões morfológicos apresentados nos aspectos de imagem por USG, TC e RM, diferenciam-se entre os métodos, evidenciando a complexidade do hepatoblastoma e a variabilidade de apresentação nos exames de imagem. No entanto, todos os estudos demonstraram a importância dos métodos de imagem no estadiamento e definição de critérios de ressecabilidade do tumor. Conclusão: há escassez de estudos sobre os achados de imagens do Hepatoblastoma, além da variedade das características de imagem nos diversos métodos avaliados. Ressalta-se ainda a importância do uso de métodos de imagem para o adequado estadiamento do hepatoblastoma e consequente definição da conduta terapêutica.
Palavras-chave: Hepatoblastoma. Diagnóstico por imagem. Estadiamento.
ABSTRACT
Hepatoblastoma (HB) is a considerably rare primary malignant liver neoplasm of embryonic origin, and the most prevalent hepatic carcinoma among children, primarily affecting individuals under five years old. Objective: to investigate the prevalence and characteristics of imaging findings in hepatoblastoma described in the scientific literature between 2019 and 2024. Method: A literature review was conducted in the PubMed, Scopus, Web of Science, and SciELO databases over the past 5 years. Results and Discussion: Nine studies were found, predominantly on computed tomography and abdominal ultrasound. The morphological patterns presented in the imaging aspects by USG, CT, and MRI differ between the methods, highlighting the complexity of hepatoblastoma and the variability of presentation in imaging examinations. However, all studies demonstrated the importance of imaging methods in staging and defining tumor resectability criteria. Conclusion: There is a scarcity of studies on the imaging findings of Hepatoblastoma, as well as the variety of imaging characteristics in the different evaluated methods. The importance of using imaging methods for the adequate staging of hepatoblastoma and consequent definition of therapeutic conduct is also highlighted.
Keywords: Hepatoblastoma. Imaging diagnosis. Staging.
1 INTRODUÇÃO
O Hepatoblastoma (HB) é uma neoplasia hepática maligna primária de origem embrionária, consideravelmente incomum, e o carcinoma hepático mais prevalente entre crianças, manifestando-se sobretudo em indivíduos com idade inferior a cinco anos. A incidência global dessa condição é de 1,5 casos por milhão de crianças, com uma proporção de casos masculinos para femininos de 2 para 1(Li et al., 2020).
A incidência global do hepatoblastoma é de 1,5 casos por milhão de crianças, com uma proporção de casos masculinos para femininos de 2 para 1(Li et al., 2020). Desse modo, os sintomas associados a ele podem apresentar variações, contudo, comumente englobam distensão abdominal, perda de peso inexplicada, anorexia, náuseas, vômitos, icterícia, febre e anemia. Tais manifestações podem ser influenciadas pela dimensão do tumor e pela existência de metástases à distância (INCA, 2024).
Os elementos de predisposição para o hepatoblastoma em crianças abrangem a prematuridade, especialmente em grau extremo, e o baixo peso ao nascer. Adicionalmente, certas condições genéticas estão associadas a um aumento do risco de desenvolvimento do hepatoblastoma, como a Síndrome de Beckwith-Wiedemann, a polipose adenomatosa familiar, a trissomia do 18, e outras anomalias cromossômicas (Falqueto et al., 2022).
Diante do exposto, o diagnóstico do hepatoblastoma é realizado através de exame físico/ dados clínicos e avaliação por imagem, juntamente com pesquisa sanguínea de marcadores tumorais. Os exames de imagem mais utilizados para a avaliação do estadiamento de neoplasias abdominais em crianças são ultrassonografia (USG), a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) de abdômen. Eles também desempenham uma função crucial na abordagem dos tumores hepáticos em crianças, podendo fornecer indicações valiosas para um diagnóstico preciso, especialmente quando combinados com dados clínicos abrangentes. Contudo, há uma escassez de estudos dedicados às características radiológicas do hepatoblastoma (HB) na infância em comparação com o hepatoblastoma diagnosticado em faixas etárias mais avançadas (Cao; Wu; Tang, 2024).
O tratamento do hepatoblastoma implica uma combinação de intervenção cirúrgica e quimioterapia, sendo a remoção cirúrgica considerada a melhor abordagem para alcançar a cura. Em casos mais desafiadores, pode ser necessário recorrer ao transplante hepático. A escolha terapêutica é ajustada conforme a extensão da doença, o tamanho do tumor e a presença de metástases, destacando-se a importância do acompanhamento em instituições especializadas no tratamento do câncer infantil para garantir a gestão ótima da condição (Brasil, 2019).
Desse modo, esse artigo é relevante para aprimorar o diagnóstico, estardiamento e o monitoramento dessa condição. Ao investigar a frequência e as características dos achados de imagem associados a essa patologia, essa pesquisa pode fornecer informações essenciais que ajudarão a melhorar a precisão do diagnóstico precoce, a determinação do estadiamento da doença e o planejamento do tratamento mais adequado. Isso pode contribuir significativamente para o manejo eficaz e oportuno do hepatoblastoma, potencialmente melhorando os resultados para os pacientes pediátricos afetados por essa doença rara.
Assim, o presente trabalho foi norteado pela seguinte problemática de pesquisa, formulada através do presente questionamento: Qual a prevalência e quais são as características dos achados de imagem mais frequentemente relatados na literatura científica sobre hepatoblastoma no período de 2019 a 2024? Dessa forma, o objetivo geral do artigo foi realizar uma revisão integrativa sobre a prevalência e as características dos achados de imagem no hepatoblastoma descritos na literatura científica entre 2019 e 2024.
A priori, foram identificados os principais achados de imagem associados ao diagnóstico de hepatoblastoma relatados em publicações científicas entre 2019 e 2024. Em seguida, analisou-se as técnicas de imagem mais utilizadas no diagnóstico do hepatoblastoma durante esse período. Além disso, foram comparadas as características dos achados de imagem com os padrões clínicos e de diagnóstico já estabelecidos na literatura. E ao final, foram avaliados a relevância dos achados de imagem no estadiamento e planejamento terapêutico do hepatoblastoma, segundo a literatura revisada.
Portanto, justifica-se essa revisão integrativa no período de 2019 a 2024 é necessária, pois há um hiato de pesquisas que abordem a evolução dos achados de imagem e o uso das tecnologias de diagnóstico por imagem no hepatoblastoma. Ademais, os avanços recentes em técnicas de imagem, como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, podem ter aprimorado a capacidade de identificação e caracterização morfológica do tumor, o que justifica a realização de uma revisão atualizada sobre o tema.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Epidemiologia e características clínicas da Hepatoblastoma
Neoplasias hepáticas primárias constituem uma variedade diversificada de tumores de origem epitelial e mesenquimal. Esses tipos de câncer representam de 1 a 2% do total de tumores que acometem crianças e adolescentes. Apesar de incomuns nessa faixa etária, a maioria das neoplasias hepáticas primárias pediátricas apresenta caráter maligno. Calcula-se que cerca de 37% dessas lesões correspondam especificamente a hepatoblastomas (Hager; Sergi, 2021).
Mamede (2019) aduz que a incidência global é de aproximadamente 1,5 casos por milhão de crianças, com uma distribuição estimada de 2:1 entre os sexos masculino e feminino, respectivamente. Estudos recentes indicam um aumento nesse número, atribuído em parte à melhoria na sobrevida de recém-nascidos com peso muito baixo (<1500g) e prematuros. Essa tendência pode ser associada à maior exposição desses pacientes a fatores de risco durante a permanência em unidades de terapia intensiva neonatal, especialmente durante o período de desenvolvimento hepático mais crítico. Entre os fatores frequentemente relacionados estão o cateterismo umbilical, terapia prolongada com oxigênio, uso de antibióticos, nutrição parenteral e fototerapia.
Desse modo, o hepatoblastoma é comumente diagnosticado em bebês e crianças pequenas. Geralmente é encontrado de forma isolada no lobo direito do fígado, mas também pode se apresentar de forma múltipla em todos os segmentos hepáticos. Em estágios avançados, o hepatoblastoma pode se assemelhar ao carcinoma hepatocelular. Metástases linfonodais através da corrente sanguínea já foram documentadas (Zhang et al., 2021).
Quando o hepatoblastoma pode ser completamente removido cirurgicamente, o prognóstico é positivo, pois responde bem à quimioterapia complementar. No entanto, se a remoção completa não for possível devido a um diagnóstico tardio, o prognóstico é menos favorável, pois as células do hepatoblastoma tendem a desenvolver resistência aos agentes quimioterápicos após tratamentos repetidos, o que limita o sucesso do tratamento (Hager; Sergi, 2021).
Em relação os fatores de risco, determinadas síndromes genéticas estão comprovadamente ligadas ao hepatoblastoma, tais como Colestase Intra-hepática Familiar Progressiva, Agenesia Renal ou Adrenal, Síndrome Alcoólica Fetal, Prader-Willi e Beckwith-Wiedemann. Além disso, diversos fatores ambientais têm sido associados ao hepatoblastoma, incluindo não apenas os cuidados intensivos neonatais, mas também o uso de contraceptivos orais, exposição ao tabaco e a metais durante a gestação. Contudo, atualmente, a prematuridade e o baixo peso têm emergido como os principais fatores de risco, independentemente da presença ou ausência de anormalidades genéticas associadas (Mamede, 2019).
2.2 Técnicas de imagem no diagnóstico do Hepatoblastoma
O diagnóstico definitivo de lesões hepáticas é geralmente confirmado por meio de análises anatomopatológicas. No entanto, na prática clínica, diversas técnicas de imagem são empregadas para detectar e caracterizar tais lesões. Dentre as principais técnicas utilizadas está a Ultrassonografia (US), que utiliza ondas sonoras para gerar imagens do fígado de forma não invasiva, sendo comumente o primeiro método de adoção de imagem em casos de suspeita de lesão hepática (Fernandes, 2020).
O US é eficaz na detecção e caracterização das lesões hepáticas, permitindo avaliar a extensão do tumor sem expor o paciente à radiação. As características típicas do hepatoblastoma nos EUA incluem massas heterogêneas, áreas de necrose e vascularização aumentada. Além disso, o nível sérico de alfa-fetoproteína (AFP) é frequentemente utilizado em conjunto com as imagens para confirmar o diagnóstico e monitorar a resposta ao tratamento. Estudos recentes destacam a importância do US na identificação precoce e no acompanhamento dos pacientes, contribuindo para melhores resultados clínicos (Chojniak, 2020; Falqueto et al., 2022).
A Tomografia Computadorizada (TC), por sua vez, empregou raios-X para produzir imagens feitas de fígado, sendo útil para avaliar características como tamanho, localização e extensão de tumores (Taques et al., 2021). A TC permite a visualização detalhada da anatomia hepática e a identificação de características tumorais específicas, como massas hipodensas ou heterogêneas, áreas de necrose e hemorragia, e vascularização aumentada após administração de contraste intravenoso O estadiamento adequado pelo TC é essencial para determinar a extensão do tumor e a presença de metástases, especialmente nos pulmões e linfonodos, orientando a escolha do tratamento, que pode incluir cirurgia, quimioterapia ou transplante hepático (Maria et al., 2023);
Já a Ressonância Magnética (RM) utiliza campos magnéticos para criar imagens precisas do fígado, sendo particularmente eficaz na avaliação de lesões hepáticas e na obtenção de informações complementares sobre a natureza dos tumores (Taques et al., 2021). O hepatoblastoma geralmente aparece como uma massa heterogênea, com áreas de necrose e hemorragia, e a utilização de contraste hepato-específico pode melhorar a visualização das lesões. Protocolos de imagem com ponderações T1 e T2 em aparelhos de 1.5T e 3.0T são recomendados para obter informações desenvolvidas. A RM é fundamental para o estadiamento do tumor, ajudando a determinar a extensão e a presença de metástases, o que é crucial para o planejamento do tratamento (Falqueto et al., 2022; Mendonça, 2023).
Além das técnicas de imagem mencionadas, outros exames diagnósticos, como cintilografia nuclear e angiografia, podem ser considerados para a caracterização de lesões hepáticas. Em alguns casos, a realização de biópsia percutânea é necessária para confirmar o diagnóstico. É relevante ressaltar que, embora as técnicas de imagem auxiliem no diagnóstico do hepatoblastoma, a confirmação definitiva geralmente é obtida por meio de biópsia e análise histopatológica, em que uma amostra do tumor é demonstrada microscopicamente (Mamede, 2019).
O diagnóstico do hepatoblastoma é estabelecido por meio de exames de imagem geralmente acompanhados de níveis séricos elevados de alfafetoproteína (AFP). A dosagem do nível sérico de AFP é considerada o marcador mais importante para o diagnóstico, avaliação da resposta ao tratamento e monitoramento da doença. Entretanto, existem casos em que não ocorre alteração nos níveis de AFP, o que indica um prognóstico menos favorável. A estratificação de risco do hepatoblastoma é realizada pelo sistema PRETEXT, que avalia a extensão do tumor e determina a ressecabilidade no momento do diagnóstico. Adicionalmente, a avaliação do envolvimento de outras estruturas é considerada em conjunto com o sistema PRETEXT (Mamede, 2019).
Figura 1: Padrões histológicos mais comuns de Hepatoblastoma. a) Histologia fetal, b) Histologia embrionária, c) Histologia epitelial-mesenquimal mista, d) Histologia de pequenas células indiferenciadas.
Fonte: Adaptada de Zimmermann (2016)5.
A correlação entre os achados de imagem e os resultados clínicos no hepatoblastoma é essencial para a gestão adequada dessa neoplasia pediátrica. Métodos de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, são fundamentais no diagnóstico, estadiamento e monitoramento desses tumores. Uma interpretação precisa das imagens permite avaliar características importantes, como o tamanho do tumor, sua localização, invasão vascular e presença de metástases (Borges et al., 2023).
Os hepatoblastomas são altamente heterogêneos do ponto de vista histológico, com tipos comuns como o epitelial e o mesenquimal. As células com padrão fetal se parecem com o fígado fetal, enquanto o padrão embrionário lembra células hepáticas de 6-8 semanas de gestação. O tipo misto epitelial-mesenquimal é comum, com elementos como estroma fibroblástico. Em casos raros, o HB pode ter elementos heterólogos, como células de endodermia, neuroectodermia ou melanina, classificados como subtipo teratóide (Barros, 2019).
2.3 Prevalência dos achados de imagem do Hepatoblastoma
Para uma abordagem abrangente no tratamento do hepatoblastoma (HB), além da identificação do tipo histológico e dos níveis de AFP no paciente, é crucial avaliar a extensão do tumor, os segmentos afetados e sua proximidade com os principais vasos hepáticos. Esses aspectos são fundamentais para orientar as decisões terapêuticas, como a definição do número de ciclos de quimioterapia necessários e a possibilidade de intervenção cirúrgica.
Figura 2: Imagens ultrassonográficas de hepatoblastoma hepático: massa heterogênea mal definida, envolvendo quase completamente o lobo direito, que mostra áreas hiper e isoecoicas (ac); muitos vasos internos são identificados na imagem Doppler colorido (d)
Fonte: Adapta de Serafino et al., (2019).
Esta avaliação detalhada é essencial para garantir um plano de tratamento preciso e personalizado, mudando melhores resultados clínicos e uma abordagem terapêutica eficaz no combate ao hepatoblastoma (Rivas, 2021). Como explicado anteriormente, os métodos de imagem mais utilizados no diagnóstico do hepatoblastoma são USG, TC e RM. Sendo a Ultrassonografia (figura 2), o primeiro exame feito para a identificação dessa patologia, onde, normalmente aparece uma massa abdominal perceptível, com características diversas, classificando-se em isoecoica ou hipoecoica correlacionado ao fígado saudável (Falqueto et al., 2024).
Figura 3: A TC mostra uma grande lesão heterogênea predominantemente hipodensa, originária do lobo direito do fígado, com calcificação focal.
Fonte: Adapta de Radiopaedia (2024)6.
Já Tomografia Computadorizada (Figura 3), ele surge como uma massa hipodensa que capta o meio de contraste endovenoso, que pode estar associada à existência de degeneração e endurecimento tecidual.
Figura 4: RMN destaca massa heterogênea com componente majoritariamente sólido e áreas císticas hipervasculares. Compromete os segmentos II e III.
Fonte: Adaptada de Machado e Gonzáles (2022)7.
Por último, na Ressonância Magnética (Figura 4), o HP pode vir a ser tanto hipointenso em T1 como hiperintenso em T2, com contraste variável após a administração de gadolínio (Gaillard; Campos, 2024).
Desse modo, a análise dos achados de imagem ao longo do tratamento permite monitorar a resposta à quimioterapia e detectar precocemente possíveis recidivas. Essa precisão entre a imagem e a evolução clínica é fundamental para ajustar o plano terapêutico e melhorar os resultados dos pacientes com hepatoblastoma. Estudos mostram que certas características radiológicas, como invasão vascular e metástases, estão associadas a um pior prognóstico (Otazo; Quintana, 2021).
Nos exames de imagem do hepatoblastoma é necessário fazer a avaliação da ressecabilidade do tumor. Desse modo será determinado o melhor tratamento e prognóstico. Na US, TC e RM, devem ser considerados: O tamanho é localização tumor; número de nódulos; metástases; margens de ressecção; e a avaliação da função hepática (Machado; Gonzáles, 2022).
3 METODOLOGIA
Este trabalho consiste em uma revisão integrativa. Esse tipo de estudo, permite a análise de estudos de diferentes abordagens metodológicas, proporcionando uma visão abrangente do tema. A coleta de dados foi realizada através da revisão integrativa, fundamentado em dados disponíveis nas bases de dados eletrônicos, PubMed, Scopus, Web of Science e SciELO, que abrangem uma ampla gama de publicações científicas relevantes na área médica, incluídos artigos relacionados a temática dos estudos.
Foram usados como palavras-chave os seguintes descritores em saúde (DeCS), as especificações entre esses termos foram realizadas utilizando os operadores booleanos AND e OR para refinar os resultados: hepatoblastoma, diagnóstico por imagem, estadiamento. Pesquisados em inglês, português e espanhol, no período de 2019 a 2024. Os critérios de exclusão aplicados foram estudos que não apresentavam formato de texto completo; não apresentavam claramente dados sobre os achados de imagem ou que foram considerados de baixa qualidade metodológica.
Após a busca, os estudos foram selecionados por meio da leitura dos títulos e resumos. Em seguida, os artigos que atenderam aos critérios de inclusão foram avaliados na íntegra para a remoção dos dados relevantes. Os dados extraídos foram analisados de forma descritiva, categorizando os achados de imagem com base nas técnicas utilizadas (ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética) e nas características morfológicas do hepatoblastoma descritas em cada estudo. Divididos em três tabelas contendo: título, autor e ano do estudo, tipo de estudo, objetivo, número de casos, padrões morfológicos e resultados.
4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos estudos foi dividida em três tabelas: a primeira analisou os aspectos de imagem por ultrassonografia, a segunda por ressonância magnética, e a última por tomografia computadorizada. Ao todo foram selecionados 9 estudos, nos quais 5 estudos descreveram características ultrassonográficas, 5 descreveram características tomográficas e 3 descreveram achados de ressonância magnética. distribuídos nas tabelas a seguir.
Tabela 1 – Aspecto de imagem por Ultrassonografia (USG) no diagnóstico de Hepatoblastoma
Título e ano do estudo | Objetivo | Nº de casos | Padrões morfológicos encontrados | Resultados |
Lung and right atrial metastases from hepatoblastoma inchildren: A case series and literature review Hu et al., 2023 | Investigar o hepatoblastoma (HB) em crianças que apresentam metástases pulmonares e atriais direitas, uma condição rara e desafiadora. | Caso 1 (menino de 4 anos) | Encontrou uma grande massa no fígado. Não há detalhamento do tipo de massa, apenas a descrição da TC e da ultrassonografia cardíaca. | HB com metástase pulmonar e trombose vascularizada de tumor atrial direito é rara e mais frequentemente associada à doença avançada. Nesses casos, o irinotecano combinado com medicamentos quimioterápicos convencionais pode ser usado efetivamente com um bom prognóstico geral. |
Lung and right atrial metastases from hepatoblastoma inchildren: A case series and literature review Hu et al., 2023 | Investigar o hepatoblastoma (HB) em crianças que apresentam metástases pulmonares e atriais direitas, uma condição rara e desafiadora. | Caso 2 (menina de 1 ano e 7 meses) | Mostrou um tumor hepático multifocal (hiperecogênico), envolvendo as veias hepáticas esquerda e mediana e a veia cava inferior. Trombo tumoral atrial direito, atelectasia do pulmão inferior direito e derrame pleural também foram observados. | HB com metástase pulmonar e trombose vascularizada de tumor atrial direito é rara e mais frequentemente associada à doença avançada. Nesses casos, o irinotecano combinado com medicamentos quimioterápicos convencionais pode ser usado efetivamente com um bom prognóstico geral. |
Relato de caso e revisão de hepatoblastoma pediátrico. Derenzi e Bowen. 2023. | Caso clínico de um menino de 4 anos que se apresentou no departamento de emergência (DE) com sintomas de infecção respiratória superior (ITRS). | 1 caso | Demonstrou uma grande massa mal definida no lobo hepático esquerdo com extensão para o lobo direito, bem como esplenomegalia | O paciente foi posteriormente classificado como hepatoblastoma de alto risco, irressecável. |
Giant pedunculated hepatoblastoma mimicking neuroblastoma in a 4-month-old infant: a case report Zarei et al., 2023. | Relatar um caso de hepatoblastoma gigante palpável assintomático no LUQ de um lactente masculino de quatro meses de idade, inicialmente suspeito de neuroblastoma. | 1 caso | Mostrou uma grande massa sólida ligeiramente heterogênea com bordas claras contendo calcificações dispersas de dimensões aproximadas de 70 × 55 × 40 mm no LUQ, que estava na frente do rim esquerdo e inferior ao baço e pâncreas sem um sinal de garra definido com quaisquer órgãos sólidos adjacentes. Hiperecogênica. | Hepatoblastoma pediculado é raro, mas deve ser considerado como uma possibilidade no caso de uma massa peri-hepática em um paciente pediátrico que pode ser confundida com outras massas abdominais superiores, como uma massa adrenal. Portanto, em tais casos, devemos procurar o pedículo vascular na imagem e manter a verificação do AFP em mente. |
Case Report of Congenital Hepatoblastoma Li et al., 2024. | Apresentar um caso desafiador de hepatoblastoma congênito que era grande no momento da apresentação, ocupando os segmentos hepáticos I e II e considerado inoperável | 1 caso | Indicou uma massa hepática medindo 8,7 × 6,4 × 8,0 cm, envolvendo o primeiro hilo hepático, com a veia porta e a artéria hepática penetrando no tumor. Sem mais detalhamentos. | A biópsia por punção é um método diagnóstico definitivo e seguro para hepatoblastoma congênito, enquanto a quimioterapia neoadjuvante é eficaz e facilita a ressecção completa subsequente do tumor. |
Abdominal pain and distension in a 4-years-old child revealing an hepatoblastoma. Berrada et al., 2024. | Relatar o caso de uma criança do sexo masculino de 4 anos que se apresentou ao departamento de emergência com dor abdominal aguda e febre. | 1 caso | Identificou uma grande massa hepática direita com uma inclinação suave conectando-se ao parênquima hepático, grosseiramente arredondada, mal definida, exibindo uma echotextura isoecogênica heterogênea (A: seta vermelha) contendo áreas de fluido e calcificações (C: seta vermelha), e apresentando moderada vascularização no Doppler colorido (B). | A imagem desempenha um papel importante na orientação diagnóstica, avaliação pré e pós-tratamento e acompanhamento. |
Fonte: Dados da Pesquisa (2024).
Os trabalhos encontrados, em sua maioria, não descreveram detalhadamente os exames de imagem da ultrassonografia. Assim, em boa parte não é possível identificar se é hipercogênica, hipocogênica ou isoecogênica. Foram identificadas em apenas 3 pesquisas essas características.
Hu et al. (2023) apresentaram um estudo com três casos, em que são analisados e comparados entre si; as imagens por USG foram usadas nos dois primeiros casos de 1 menino de 4 anos e um bebê do sexo feminino de 1 ano e 7 meses. Os demais estudos analisaram apenas 1 caso isolado cada, permitindo um detalhamento sobre cada um. Ambos se apresentam como massas hepáticas heterogêneas.
Hu et al. (2023) apresentam massa hepática e tumor multifocal envolvendo veias hepáticas e a veia cava inferior. Derenzi e Bowe (2023), grande massa no lobo hepático esquerdo com extensão para o lobo direito e esplenomegalia. Zarei et al., (2023) a USG apresentou grande massa mal definida no lobo hepático esquerdo com extensão para o lobo direito, bem como esplenomegalia. A lesão hepática representa massa sólida com bordas claras e calcificações dispersas, medindo 70 × 55 × 40 mm. Li et al., (2024), a qual envolvia o segmento I, a veia porta e artéria hepática. Finalmente, Berrada et al. (2024), evidenciam que a USG revelou uma massa grosseiramente arredondada, mal definida, com ecotextura isoecóica heterogênea. Essas diferenças nos aspetos descrevem as variadas manifestações de imagem ultrassonográfica do HB, que consequentemente podem levar a dificuldades de diagnóstico através da ultrassonografia (Lopes et al., 2022).
Com relação aos resultados, houve uma variação significativa entre eles, Hu et al. (2023) enfatizam que com o tratamento adequado pode-se haver um prognóstico positivo. Zarei et al. (2023) pontuam a importância do diagnóstico diferencial. Ao mesmo tempo que Li et al. (2024) demonstram o desempenho da biópsia por punção e a quimioterapia neoadjuvante. Por último, Berrada et al. (2024) apontam a função vital da imagem no manejo do hepatoblastoma. Corroborando com esses autores, Ferreira et al. (2023) declaram que os exames de imagem, como TC, USG e RM são importantes para “avaliar a presença de recorrência tumoral ou metástases em outros órgãos”.
A análise comparativa dos estudos revela a complexidade do hepatoblastoma pediátrico, com diferentes apresentações clínicas, características de imagem variadas e abordagens terapêuticas que influenciam o prognóstico dos pacientes. A necessidade de uma abordagem multidisciplinar é evidente, assim como a importância do diagnóstico precoce e preciso para otimizar os resultados clínicos em crianças afetadas por essa condição desafiadora (Nagae et al., 2021).
Tabela 2 – Aspecto de imagem por Ressonância Magnética (RM) no diagnóstico de hepatoblastoma
Título e ano do estudo | Objetivo | Nº de casos | Padrões morfológicos encontrados | Resultados |
Salvage Liver Transplant in the Treatment of a Child With Local Recurrence of Hepatoblastoma. Gumus et al., 2022. | Apresentar o caso de um paciente de 13 anos que foi submetido a transplante de fígado de resgate para o tratamento da recorrência local do hepatoblastoma | 1 caso | Mostrou lesões multifocais no lobo hepático direito remanescente, o que era compatível com recorrência local de hepatoblastoma | O transplante de fígado de resgate é uma opção de tratamento que salva vidas e, às vezes, a única opção para pacientes com recorrência local de hepatoblastoma. |
Lung and right atrial metastases from hepatoblastoma inchildren: A case series and literature review Hu et al., 2023 | Investigar o hepatoblastoma (HB) em crianças que apresentam metástases pulmonares e atriais direitas, uma condição rara e desafiadora. | Caso 3 (menino de 2 anos e 10 meses) | Tumor ocupando o fígado e envolvendo as veias hepática e porta; metástases atriais e pulmonares. Houve uso de contraste, mas sem descrição se a massa é hipossinosal. | HB com metástase pulmonar e trombose vascularizada de tumor atrial direito é rara e mais frequentemente associada à doença avançada. Nesses casos, o irinotecano combinado com medicamentos quimioterápicos convencionais pode ser usado efetivamente com um bom prognóstico geral. |
Congenital Hepatoblastoma and Beckwith-Wiedemann Syndrome Zivot et al., 2020. | Apresentar um caso de um tumor hepático fetal, o parto foi induzido às 38 semanas de gestação, resultando no nascimento por via vaginal de uma recém-nascida fenotipicamente normal. | 1 caso | Confirmou uma massa no lobo direito do fígado. Houve realce pelo uso do contraste, mas sem descrição se é hipossinal. | O teste de metilação revelou hipometilação no centro de impressão 2, consistente com um diagnóstico de síndrome de Beckwith-Wiedemann. |
Fonte: Dados da Pesquisa (2024).
Na busca de estudos que relatassem os aspectos de imagem, o da ressonância magnética foi o menos relatado no período de 2019 a 2024. Foram verificados anos anteriores e apresentaram-se apenas 3 estudos. Dessa forma, analisaram-se apenas três estudos após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão.
Novamente, Hu et al. (2023), como mencionados anteriormente, em relação ao número de casos eles apresentaram 3, e Gumus et al. (2022), e Zivot et al. (2020), fazem de modo isolado. Os padrões morfológicos identificados foram lesões multifocais no lobo hepático direito remanescente (Gumus et al. 2022), tumor ocupando o fígado e envolvendo as veias hepática e porta; metástases atriais e pulmonares (Hu et al., 2023) e uma massa no lobo direito do fígado (Zivot et al. 2020).
Os resultados desses trabalhos demonstram que cada um seguiu abordagens diferentes, que evidenciam resultados também diversos sobre o tratamento e diagnóstico do HP. Em Gumus et al. (2022), os pesquisadores concluem que o transplante de fígado é uma estratégia que pode salvar vidas em casos de recorrência local. Hu et al. (2023) sugerem que a intervenção precoce e agressiva pode ser uma boa alternativa, indo contra a literatura que evidencia que a metástase sempre leva a um prognóstico ruim (Falqueto et al., 2022). Zivo et al. (2020) concluem que “o teste da síndrome de Beckwith-Wiedemann deve ser considerado em todos os pacientes com hepatoblastoma, mesmo na ausência de outros estigmas fenotípicos”, assim ressaltando quando essa patologia e suas manifestações são emaranhadas.
Tabela 3 – Aspecto de imagem por Tomografia Computadorizada (TC) no diagnóstico de Hepatoblastoma
Título e ano do estudo | Objetivo | Nº de casos | Padrões morfológicos encontrados | Resultados |
Relato de caso e revisão de hepatoblastoma pediátrico. Derenzi e Bowen. 2023. | Discutiu o caso de um menino de 4 anos que se apresentou no departamento de emergência (DE) com sintomas de infecção respiratória superior (ITRS) e foi diagnosticado com hepatomegalia durante seu exame físico em sua consulta de retorno. | 1 caso | Massa hepática irresecável medidndo 179 mm, suspeita de hepatoblastoma, derrames pleurais bilaterais e ascite. Apresentou calcificações, o tumor foi descrito como hipodenso em comparação com a parênquima hepática normal e embora não é descrito explicitamente sobre o realce da TC, infere-se que pode haver algum grau de realce heterogêneo, dado o padrão típico observado em hepatoblastomas | O paciente foi posteriormente classificado como hepatoblastoma de alto risco, irressecável. |
Bone metastases in hepatoblastoma, an unusual presentation. Case report and review of the literature. Barragan et al., 2022. | Apresentar o caso de uma criança com histórico de hepatoblastoma metastático, múltiplas recidivas e má resposta ao tratamento multimodal. | 1 caso | Tumor hepático de aparência heterogênea, com contornos parcialmente definidos e imagens hipodensas no centro de aproximadamente 11,7 mm × 9,7 mm × 11,9 mm, ocupando uma grande parte do lobo hepático direito, com envolvimento multifocal. Houve realce e sem especificações de calcificações. | o uso da PET CT no reestadiamento pode ser útil, pois demonstrou boas taxas de sensibilidade e especificidade para o diagnóstico oportuno dessas lesões. Mais estudos são necessários envolvendo pacientes com HB e metástases ósseas para chegar a um consenso sobre a melhor abordagem de tratamento para esse paciente. |
Giant pedunculated hepatoblastoma mimicking neuroblastoma in a 4-month-old infant: a case report Zarei et al., 2023. | Relatou-se caso de hepatoblastoma gigante palpável assintomático no LUQ de um lactente masculino de quatro meses de idade, inicialmente suspeito de neuroblastoma com base em achados de ultrassonografia abdominal | 1 caso | Foi encontrada uma massa sólida bem definida, ligeiramente heterogênea, realçada, contendo calcificações dispersas de dimensões aproximadas de 70x55x40 mm no LUQ, que estava na frente do rim esquerdo e inferior ao baço e ao pâncreas. | Hepatoblastoma pediculado é raro, mas deve ser considerado como uma possibilidade no caso de uma massa peri-hepática em um paciente pediátrico que pode ser confundida com outras massas abdominais superiores, como uma massa adrenal. Portanto, em tais casos, devemos procurar o pedículo vascular na imagem e manter a verificação do AFP em mente. |
Case Report of Congenital Hepatoblastoma Li et al., 2024. | Apresentar um caso desafiador de hepatoblastoma congênito que era grande no momento da apresentação, ocupando oo segmentos I e II hepáticos e considerada irressecável | 1 caso | Mostrou uma massa de 7,8 × 7,0 × 8,1 cm ocupando os segmentos II e II hepáticos. A TC de tórax não mostrou metástases pulmonares. | A biópsia por punção é um método diagnóstico definitivo e seguro para hepatoblastoma congênito, enquanto a quimioterapia neoadjuvante é eficaz e facilita a ressecção completa subsequente do tumor. Além disso, a análise visual 3D mostra potencial significativo no tratamento cirúrgico de massas hepáticas pediátricas. |
Abdominal pain and distension in a 4-years-old child revealing an hepatoblastoma. Berrada et al., 2024. | Relatar o caso de uma criança do sexo masculino de 4 anos que se apresentou ao departamento de emergência com dor abdominal aguda e febre. | 1 caso | Demonstrou uma grande massa hepática, aproximadamente arredondada com contornos polilobados, heterogênea, contendo calcificações e áreas líquidas, mostrando realce moderado após injeção de agente de contraste. A seção axial da TC da janela do pulmão revelou um nódulo pulmonar metastático. | A imagem desempenha um papel importante na orientação diagnóstica, avaliação pré e pós-tratamento e acompanhamento. |
Fonte: Dados da Pesquisa (2024).
A Tabela 3 especificou os aspectos de imagem encontrados na tomografia computadorizada, nos quais são apresentados 5 estudos que revelam múltiplas perspectivas, tanto do diagnóstico como do tratamento do hepatoblastoma. Todos as pesquisas relatam apenas um 1 caso.
No trabalho de Dezerini e Bowen (2023) na TC foi encontrada uma massa hepática irressecável de 179 mm, com derrames pleurais bilaterais e ascite. Em Barragan et al. (2022), a TC encontrou um “tumor dependente do fígado de aparência heterogênea, com contornos parcialmente definidos e imagens hipodensas no centro de aproximadamente 11,7 mm × 9,7 mm × 11,9 mm, ocupando grande parte do lobo hepático direito, com envolvimento multifocal”, associado a metástase pulmonar.
Zarei et al. (2023), na imagem foi detectada a existência de canais vasculares hepáticos, na massa hepática, enfatizando singularidades específicas do tumor. Já Li et al. (2024) identificaram uma massa de 7,8 × 7,0 × 8,1 cm ocupando segmentos I e II hepáticos com a ausência de disseminação à distância. Por fim, Berrada et al., (2024), a TC localizou uma grande massa hepática, aproximadamente arredondada, com contornos polilobados, heterogênea, contendo calcificações e áreas líquidas, mostrando realce moderado após o meio de contraste.
Os resultados revelam discrepâncias marcantes, Dezerini e Bowen (2023) evidenciam a categoria na qual o paciente se incluirá, como hepatoblastoma de alto risco ou irressecável. Outros, defendem a utilização da PET CT para o reestadiamento (Barragan et al. 2022). Zarei et al. (2023) pontuam a raridade do HP pediculado e em como é fundamental a avaliação vascular na imagem, para determinar a origem da lesão. Li et al. (2024) destacam a eficácia da biópsia por punção, junto com a quimio neoadjuvante e Berrada et al. (2024) reforçam o papel crucial da imagem na orientação diagnóstica e no monitoramento após o tratamento.
A semelhança em todos os estudos, é que eles abordam o diagnóstico por imagem, seja por TC, USG ou RM. Outra correspondência é o fato de todos os relatos possuírem pacientes pediátricos. E adicionalmente, a importância do marcador Alfafetoproteína, apesar de não estar sendo tão evidenciado nas tabelas. De todas as ferramentas, a tomografia computadorizada foi a que mais apresentou estudos nas bases de dados, seguida da ultrassonografia. Entretanto, houve uma grande dificuldade em achar relatos de casos com o uso da ressonância magnética, mesmo abrindo período para 10 anos. Esse achado pode ser explicado pelas dificuldades técnicas de realização do exame de ressonância magnética em pacientes pediátricos, por tratar-se de exame de imagem que demanda longo tempo de realização, havendo comumente a necessidade de sedação anestésica durante a execução do exame, restringindo e limitando sua realização.
5 CONCLUSÃO
Os achados de imagem para hepatoblastoma de 2019 a 2024 variam conforme o estágio da doença e a técnica utilizada. A ultrassonografia é frequentemente o primeiro exame realizado, seguido por TC ou RM para avaliação mais detalhada. As características comuns incluem massas abdominais palpáveis, aspecto heterogêneo nas imagens e possibilidade de metástases em casos avançados. O diagnóstico precoce e a avaliação adequada são cruciais para o manejo eficaz do hepatoblastoma.
Ressalta-se uma escassez de artigos científicos publicados na literatura sobre o tema, diante da raridade da patologia, predominando estudos sobre tomografia computadorizada e ultrassonografia abdominal no diagnóstico, estadiamento e seguimento do hepatoblastoma. Ficou evidente ainda a variedade das características de imagem nos diversos métodos avaliados, não havendo características específicas que permitam o diagnóstico do tumor, sendo necessária a correlação com dados clínicos, laboratoriais e análise histopatológica para confirmação diagnóstica. Todos os estudos avaliados demonstraram a importância do uso de métodos de imagem para o adequado estadiamento do hepatoblastoma e consequente definição da conduta terapêutica.
5Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Figura-3-Padroes-histologicos-mais-comuns-de-Hepatoblastoma-a-Histologia-fetal-b_fig2_339971266. Acesso em: 14 abr. 2024.
6Disponível em: https://radiopaedia.org/cases/hepatoblastoma#image-141420. Acesso em: 15 nov. 2024.
7Disponível em: MACHADO; M. C. GONZALEZ. D. A. G. Infrecuente tumor hepatico: Hepatoblastoma. Caso Clínico. Rev. cir., Santiago , v. 74, n. 6, p. 580-584, dic. 2022 . Disponible en <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2452-45492022000600580&lng=es&nrm=iso>. accedido en 21 nov. 2024. http://dx.doi.org/10.35687/s2452-454920220061590.
REFERÊNCIAS
ARTUNDUAGA, M. et al. Desafios de segurança relacionados ao uso de sedação e anestesia geral em pacientes pediátricos submetidos a exames de ressonância magnética. Radiologia Pediátrica , v. 51, p. 724-735, 2021.
BARRAGAN, V. et al. Metástases ósseas em hepatoblastoma, uma apresentação incomum. Relato de caso e revisão da literatura. Radiology Case Reports, v. 17, n. 11, p. 4272-4275, 2022. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1930043322006860. Acesso em: 12 nov. 2024.
BARROS, J. S. de. Alterações de número de cópias genômicas em hepatoblastomas: microarranjos genômicos e sequenciamento de nova geração. 2019. Dissertação (Mestrado em Biologia (Genética)) – Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo, 2019.
BERRADA, K. et al. Abdominal pain and distension in a 4-years-old child revealing an hepatoblastoma. Radiology Case Reports, v. 19, n. 12, p. 5804-5808, 2024. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39308612/. Acesso em: 12 nov. 2024.
BORGES, F. V. et al. Estudo retrospectivo das neoplasias mais comuns em cães atendidos no hospital veterinário da universidade federal de Uberlândia, no período de 2012 a 2020. 2023.
BRASIL. Oncologia: manual de bases técnicas. SIA/SUS. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. 25ª edição. Brasília, PEBMED. 2019. Disponível em: https://pebmed.com.br/hepatoblastoma-acao-da-enfermagem-no-tumor-hepatico-em-criancas/?utm_source=artigoportal&utm_medium=copytext. Acesso em: 29 mar. 2024.
CAO, Y.; WU, S.; TANG, H. et al. An update on diagnosis and treatment of hepatoblastoma. Bioscience trends, v. 17, n.6, p.445-457. 2024. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38143081/. Acesso em: 29 mar. 2024.
CHOJNIAK, R. The diagnosis of focal liver lesions in pediatric patients. Radiologia Brasileira, v. 53, n. 3, p. IX–X, maio 2020.
DERENZI, A. D.; BOWEN, A. A Case Report and a Review of Pediatric Hepatoblastoma. HCA Healthcare Journal of Medicine, v. 4, n. 5, p. 377, 2023.
FALQUETO, L. E. et al.. Tumores Malignos Primários do Fígado: experiência de oito anos em um Hospital Pediátrico no Brasil. Um estudo transversal. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 49, p. e20223273, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcbc/a/4SmxcgjRkdVqnDQvJ8HHpcF/?lang=pt#ModalHowcite. Acesso em: 29 mar. 2024.
FERNANDES, A. R. Avaliação da pesquisa de autoanticorpos em células Hep-2 como biomarcador em neoplasias hepáticas, pancreáticas e biliares. Dissertação (Mestrado em Inovação Terapêutica) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2020.
FERREIRA, R. S. L. et al. CONDUTA CIRÚRGICA NO TRATAMENTO DE NEOPLASIAS HEPÁTICAS. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 10, n. 4, p. 2711-2723, 2024.
GAILLARD, F.; CAMPOS, A. Hepatoblastoma. Radiopaedia. Disponível em: https://radiopaedia.org/articles/hepatoblastoma?lang=us. Acesso em: 16 nov. 2024.
GUMUS, E. et al. Transplante de fígado de salvamento no tratamento de uma criança com recorrência local de hepatoblastoma. Transplante experimental e clínico: Jornal oficial da Sociedade do Oriente Médio para Transplante de Órgãos, v. 20, n. Suppl 3, p. 62-65, 2022. Disponível em: https://europepmc.org/article/med/35570603. Acesso em: 12 nov. 2024.
HAGER, J.; SERGI, C. M. Hepatoblastoma. Publicações Exon, p. 145-164, 2021.
HU, H. et al. Metástases pulmonares e atriais direitas de hepatoblastoma em crianças: Uma série de casos e revisão de literatura. Indian Journal of Cancer, v. 60, n. 3, p. 405-410, 2023. Disponível em: https://journals.lww.com/indianjcancer/fulltext/2023/60030/lung_and_right_atrial_metastases_from.18.aspx. Acesso em: 114 nov. 2024.
HUBBARD A. K. Tendências na Incidência Internacional de cânceres pediátricos em crianças menores de 5 anos de idade: 1988–2012. Espectro do Câncer JNCI. v.3, n.1. 2019.
JHA, S. K. et al. Update on the Role of Imaging in Staging of Common Pediatric Abdominal Tumors. Current problems in cancer, v. 47, n.2, 2023. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0147027223000223?via%3Dihub. Acesso em: 29 mar. 2024.
LAI, H. A. et al. Imaging of pediatric neuroblastoma: a COG diagnostic imaging committee/SPR oncology committee white paper. Pediatric blood & cancer, v. 70, n. Suppl 4, p. e29974, 2023.
LI, H. et al. A case report of congenital hepatoblastoma. International Journal of Surgery Case Reports, v. 124, p. 110337, nov. 2024. doi: 10.1016/j.ijscr.2024.110337. Epub 2024 Sep 21. PMID: 39317020; PMCID: PMC11456881. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39317020/. Acesso em: 14 nov. 2024.
LI, L. et al. Computed tomography imaging and clinical features of congenital hepatoblastoma: A retrospective analysis. Medicine. v. 99, n.31, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32756095/. Acesso em: 29 mar. 2024.
MACHADO; M. C. GONZALEZ. D. A. G. Infrecuente tumor hepatico: Hepatoblastoma. Caso Clínico. Rev. cir., Santiago, v. 74, n. 6, p. 580-584, dic. 2022. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2452-45492022000600580&lng=es&nrm=iso. Acesso em: 20 nov. 2024.
MAMEDE, P. D. Avaliação dos fatores de Risco do Hepatoblastoma e o Impacto no diagnóstico Precoce. 2019.
MARIA, L. F. et al. Hepatocarcinoma e tomografia computadorizada. Brazilian Journal of Development, v. 9, n. 2, p. 7505-7511, 2023.
MENDONÇA, V. Perfil clínico-epidemiológico de pacientes diagnosticados com câncer hepático em um hospital no interior do Estado do Rio Grande do Sul. 2023.
NAGAE, G. et al. Genetic and epigenetic basis of hepatoblastoma diversity. Nature communications, v. 12, n. 1, p. 5423, 2021. Disponível em:
NIH, Hepatoblastoma, 2024. Disponível em: Ihttps://www.cancer.gov/espanol/tipos/higado/cancer-higado-infantil/hepatoblastoma. Acesso em: 29 mar. 2024.
OTAZU, C. E. R; QUINTANA, R. S. Características radiológicas e uso do sistema de estadiamento PRETEXT em pacientes com hepatoblastoma no Instituto Nacional de Doenças Neoplásicas, Lima–Peru, 2011-2021. Faculdade de Medicina, p. 206778-206778, 2021.
PAZ, J. V. C. et al. Carcinoma Adrenocortical e a relação genética: uma revisão de literatura. E-Acadêmica, v. 3, n. 2, p. e7232204-e7232204, 2022. Disponível em: https://eacademica.org/eacademica/article/view/204. Acesso em: 13 nov. 2024.
RIVAS, M. P. Mecanismos epigenéticos em hepatoblastomas: análise do transcriptoma e sua regulação por metilação de DNA. 2021. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
SERAFINO M. Di. et al. Ultrassonografia hepática pediátrica: um ensaio pictórico. Revista de Ultrassonografia, v. 23, n. 1, p. 3, fev. 2019. DOI: 10.1007/s40477-018-0352-z.
TAQUE, S. et al. Hepatoblastoma en el niño. EMC-Pediatría, v. 56, n. 1, p. 1-10, 2021.
ZAREI, E. et al. Hepatoblastoma pedunculado gigante mimetizando neuroblastoma em um lactente de 4 meses: relato de caso. BMC pediatrics, v. 23, n. 1, p. 146, 2023. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1186/s12887-023-03954-x. Acesso em: 14 nov. 2024.
ZIVOT, A. et al. Hepatoblastoma congênito e síndrome de Beckwith-Wiedemann. Journal of Pediatric Hematology/Oncology, v. 42, n. 8, p. e798-e800, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31335825/. Acesso em: 13 nov. 2024.
ZHANG, Y. et al. Mecanismos moleculares do hepatoblastoma. In: Seminários em doenças hepáticas . Thieme Medical Publishers, Inc., 2021. p. 028-041.
ZHANG, Q. et al., A rare case of adult hepatoblastoma with neuroendocrine differentiation misdiagnosed as neuroendocrine tumor. International Journal of Clinical and Experimental Pathology, v. 6, n. 2, p. 308-313, 2013. Epub 2013 Jan 15. PMID: 23330017; PMCID: PMC3544231.
1Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade Tecnológica de Teresina. e-mail: jhonnathasd03@gmail.com;
2Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade Tecnológica de Teresina. e-mail: elisabeth.sa@uol.com;
3Docente do Curso Superior de Medicina da Faculdade Tecnológica de Teresina. Mestre em Ciências e Saúde pela Universidade Federal do Piauí. e-mail: larabm30@gmail.com;
4Docente do Centro Universitário Santo Agostinho. Doutorado em Biologia celular e Molecular aplicado à Saúde pela ULBRa/RS. e-mail: nelsonjcb@hotmail.com